O Landau Vermelho escrita por Matheus Braga


Capítulo 21
Capítulo 20




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Guilherme não ficou muito tempo pensando no que fazer. Assim que Amanda e os outros dois detetives deixaram sua sala, deixando sobre sua mesa os papéis que tratavam sobre as mortes de Juliana e Eduardo, o detetive pegou outra vez a relação dos envolvidos na morte de Alan, onde ele já havia riscado os nomes dos que já haviam sido mortos. Riscando também os nomes de Juliana e Eduardo, percebeu que haviam sobrado apenas duas pessoas.

Droga, ele pensou, escorando as duas mãos sobre a mesa. Havia sobrado pouca margem para qualquer ação preventiva, mas ele tentaria mesmo assim. Só uma coisa poderia ser feita naquele momento.

Batendo ambas as mãos sobre a mesa, o detetive se virou e seguiu na direção da sala do delegado Mascarenhas. A porta estava semiaberta quando ele chegou, então ele deu apenas duas batidas de leve na porta para se anunciar.

— Delegado. — Ele chamou.

O delegado Jorge, que estava sentado à sua mesa e concentrado no preenchimento de alguns formulários, apenas levantou os olhos.

— Pois não, detetive?

— Preciso de proteção policial para dois envolvidos no caso no qual estou trabalhando. — Guilherme disparou — Tenho evidências suficientes para acreditar que essas pessoas serão mortas em poucos dias caso não tomemos nenhuma atitude.

O delegado deu de queixo e continuou preenchendo os papéis diante de si.

— Só isso? — Jorge rubricou um papel com força e puxou outro formulário — Mais alguma coisa? Um cappuccino, talvez?

— É sério, delegado. — Guilherme baixou o tom de voz, denotando sua impaciência.

O delegado Mascarenhas largou o formulário que estava preenchendo e deu atenção ao detetive novamente.

— Sério? Do nada você aparece em minha sala pedindo que eu monte toda uma operação policial para proteger duas pessoas e quer que eu te leve a sério assim, de cara? — Havia ironia na voz dele — Ao menos exponha suas evidências, Guilherme.

O detetive bufou. Já deveria estar acostumado com o comportamento do delegado. Sem nem se dar ao trabalho de se sentar, Guilherme fez um resumão do caso do “Landau vermelho” até o momento, acrescentando o detalhe das mortes de Eduardo e Juliana e o fato de que só faltavam duas vítimas em potencial ainda vivas.

— As mortes têm acontecido com intervalos irregulares de poucos dias, delegado. — Guilherme estava finalizando — Se eu perder esses dois, não vou ter nenhuma chance de provar algo contra quem quer que esteja matando essas pessoas.

O delegado Jorge havia cruzado as mãos sob o queixo e agora avaliava Guilherme com um olhar severo.

— E você sabe onde essas pessoas moram? — Ele perguntou.

— Não, mas isso é fácil de descobrir.

O delegado assentiu levemente com a cabeça, olhando para os papéis sobre sua mesa e pensando a respeito.

— Você pode evidenciar tudo isso mesmo, não é, Guilherme? — Ele perguntou, após alguns segundos de silêncio.

— Sim, delegado. — O detetive confirmou.

— Ok. Vou preparar duas equipes e deixá-las à sua disposição com todo o material necessário. — Jorge se pôs de pé e começou a caminhar na direção da porta — Enquanto isso, descubra onde essas duas pessoas moram. Te encontro no estacionamento dos fundos em meia hora.

Dito isso, o delegado deixou o ambiente e seguiu pelo corredor. Sem perder tempo, Guilherme retornou depressa à sua sala e, com uma pequena ajuda de Amanda, logo descobriu os endereços das duas últimas possíveis testemunhas de seu caso: Bárbara e Willian. O detetive tratou de imprimir os respectivos endereços. Feito isso, pegou a pasta onde estavam os demais arquivos do caso do “Landau vermelho”, conferiu o relógio em seu pulso e seguiu para o estacionamento para guardar os documentos em seu carro.

Apesar de ainda não ter passado a meia hora solicitada pelo delegado Mascarenhas, o detetive não ficou surpreso ao ver que Jorge já havia reunido as duas equipes no pátio. Colocando os papéis no banco de trás de seu Honda Civic, Guilherme então se juntou ao delegado e aos demais policiais.

— Ah, Guilherme, eu estava justamente falando de você. — Jorge pontuou ao vê-lo se aproximar — Senhores, a partir deste instante é o detetive De Paula quem está no comando da operação. Como eu já havia adiantado, vocês farão a proteção de duas testemunhas em potencial para um caso que está sendo investigado, e o detetive é quem dará as instruções que vocês deverão seguir.

O delegado fez um gesto de mão e passou a palavra para Guilherme, que agradeceu e discorreu brevemente sobre o caso do “Landau vermelho”, falando também sobre as duas vítimas em potencial ainda vivas e sobre como deveria ser feita a abordagem das mesmas.

— Eu acompanharei a primeira equipe para conversar com a Bárbara. Sabem como é, mulheres são mais sensíveis a esse tipo de situação e não queremos colocar ninguém em pânico. — Ele apontou para os policias mais à esquerda — Vocês, da segunda equipe, falarão com o Willian. Expliquem o que está acontecendo com o máximo de detalhes possível.

O detetive ainda passou mais algumas instruções, mas logo agradeceu e dividiu as duas equipes em quatro viaturas Chevrolet Blazer que estavam paradas logo atrás. Assim que os militares adentraram os veículos, Guilherme pegou seu próprio carro e seguiu para a rua, no que foi seguido pelas quatro viaturas. O comboio seguiu na direção de Contagem e se dividiu assim que passaram pela trincheira da Avenida General David Sarnoff. O detetive e as duas Blazer que vinham logo atrás seguiram para o bairro Riacho, onde Bárbara morava, e as outras duas viaturas seguiram na direção do bairro Industrial, endereço de Willian.

Guilherme teve de recorrer ao aplicativo Waze em seu celular para encontrar o endereço de Bárbara. Quase todas as ruas do bairro Riacho possuíam nomes de rios, e a rua onde ficava o condomínio em que a mulher morava, Rio Senegal, era uma das menores. Mas o aplicativo ajudou bastante, e logo indicou a rua correta. Subindo a Rua Mantiqueira, o comboio contornou a Praça Itaperuna e desceu pela Rua Padre José Maria de Man. A Rua Rio Senegal era a terceira à direita.

Ansioso por falar logo com Bárbara, Guilherme acelerou seu Honda Civic e dobrou a esquina da Rua Rio Senegal, logo percebendo duas coisas: a primeira foi que a rua era completamente ladeada por condomínios, o que lhe tomaria algum tempo até que ele identificasse o correto; a segunda foi o enorme Ford Landau bordô que dobrava a esquina oposta, 300 metros rua abaixo.

Por pouco as Blazer não atingiram a traseira do Honda Civic de Guilherme. O detetive pisou tão forte no freio que seu carro parou em pouquíssimos metros, e os policiais que dirigiam as viaturas que vinham atrás tiveram que golpear os volantes para o lado para evitar atingir o sedã do detetive. Foi uma verdadeira sinfonia de pneus cantando.

Ao volante do Civic, no entanto, Guilherme estava estático. Algumas centenas de metros à sua frente, estava a personificação do caso em que ele trabalhava. O enorme Landau bordô também havia freado, ficando exatamente de frente para o Honda do detetive. Apesar do céu nublado, sua grade dianteira cromada reluzia à claridade do dia como um sorriso sarcástico, e seus quatro faróis circulares se assemelhavam a olhos ferozes.

Como um predador.

O detetive nem hesitou. Ele sabia que aquele encontro não era mera coincidência. Aquele sedã bordô não era qualquer Landau. Aquele era o próprio “Landau vermelho”. Engatando a marcha do Civic, Guilherme pressionou o acelerador até o fundo e arrancou. Os policiais que dirigiam as Blazer perceberam a reação do detetive e notaram o Landau rua abaixo, e logo partiram também, rangendo os pneus e ligando as sirenes.

O Ford também reagiu, voltando de ré pela rua e fazendo subir uma nuvem de fumaça dos pneus traseiros. Dobrando a esquina, o sedã freou com força e seu volante foi virado bruscamente para a direita, fazendo-o girar sobre o próprio eixo e apontar a dianteira na direção de onde tinha vindo. Sem nem esperar, o sedã arrancou com ímpeto e partiu pela Rua Rio das Velhas em alta velocidade, o ronco de seu motor V8 atraindo os olhares das pessoas que passavam por perto.

O Civic e as Blazer logo dobraram a esquina também, mas o Landau já havia aberto uma boa distância. Abrindo o porta-luvas de seu carro com certa urgência e tateando às cegas, Guilherme por fim encontrou um rádio comunicador que costumava levar consigo. Dividindo sua atenção entre a rua e o rádio que segurava, o detetive sintonizou a frequência do rádio das viaturas e tratou de chamar os policiais.

— Equipe, aqui é o detetive De Paula. — Ele anunciou, desviando de uma caçamba que estava junto ao meio-fio — Estamos em perseguição a um veículo suspeito na Rua Rio das Velhas, no Riacho. Ford Landau em alta velocidade seguindo na direção da Avenida Firmo de Matos. Preciso do suporte de toda a equipe agora!

As outras duas viaturas, que haviam seguido para o bairro Industrial, logo responderam, dizendo que estavam a caminho. Mais à frente, o Landau serpenteava entre os carros estacionados e o próprio tráfego da rua, rabeando a traseira e deixando o som borbulhante de seu motor ecoar pelo escapamento duplo. O sedã avançou todos os cruzamentos com que se deparou sem sequer reduzir a velocidade, no que foi imitado por Guilherme e pelas viaturas que vinham logo atrás. Uma delas quase chegou a ser atingida por um ônibus em um deles, mas o detetive nem prestou atenção. Seu foco era o Ford bordô que corria velozmente alguns metros à frente.

As sirenes das Blazer ecoavam alto pela rua estreita, que logo tinha fim na avenida Rio São Francisco. Por um instante Guilherme pensou que o Landau reduziria para fazer a curva adiante, mas logo percebeu que isso não aconteceria. A marcha do sedã bordô foi reduzida, fazendo os dois canos de descarga espocarem, e o veículo entrou com toda velocidade na avenida. Sua traseira derrapou para a esquerda e quase subiu no canteiro central, mas o veículo logo se realinhou e voltou a acelerar.

Um suor frio correu pela testa de Guilherme.

Esse cara é o demônio ao volante, ele pensou, respirando fundo. A curva estava bem à sua frente, e ele precisava pensar rápido. Se ele reduzisse, daria mais espaço para o Landau fugir. E ele não permitiria que isso acontecesse.

Pressionando a buzina até o fundo, Guilherme virou o volante para a direita com força também e adentrou velozmente a Avenida Rio São Francisco. Por um instante o Civic pareceu derrapar de lado sem controle, mas logo o detetive acelerou e retomou a direção. O motorista de uma carreta baú que descia a avenida, se assustando com o Honda que surgira de repente em sua frente, freou repentinamente, travando as rodas do reboque.

As duas viaturas que vinham logo atrás de Guilherme imitaram seu movimento, mas a segunda Blazer acabou atingida na traseira pela carreta que vinha escorregando pela avenida na tentativa de parar. Guilherme ouviu o estrondo da colisão e olhou pelo retrovisor, percebendo o que havia acontecido.

— Merda! — Ele berrou, voltando a olhar para o Landau à frente.

Passando direto por uma rotatória, o sedã bordô avançou na direção da Avenida Firmo de Matos e logo dobrou à direita. Seus pneus cantaram novamente e a traseira rabeou mais uma vez, mas o sedã logo acelerava avenida acima. Guilherme imitou os movimentos do Landau, no que foi seguido pela Blazer logo atrás. De onde estavam, o detetive já podia imaginar para onde o Ford estava indo.

 — Central, aqui é o detetive De Paula. — Ele pegou o rádio comunicador novamente — Estou em perseguição a um Ford Landau na Avenida Firmo de Matos, seguindo na direção da rodovia Fernão Dias. Preciso de reforço.

A central não demorou a responder, dizendo que mobilizaria as viaturas mais próximas. O detetive apenas agradeceu e voltou sua atenção para o trânsito novamente, apertando o volante com mais firmeza.

O Landau estava cerca de 50 metros à frente do Civic de Guilherme. Por mais que o detetive acelerasse, parecia que nunca era o suficiente para acompanhar o Ford. O escapamento duplo do sedã bordô rugia vigorosamente enquanto o veículo desviava do tráfego leve da avenida, e Guilherme começou a estranhar aquilo. Ele sabia que o Landau era um veículo extremamente potente e bem construído, mas não era o suficiente para bater um Honda Civic numa perseguição.

Nem mesmo um Uno Mille em uma reta, ele pensou para si mesmo, sarcasticamente. Porque por mais conservado que aquele Landau estivesse, ele já tinha mais de trinta anos. Mesmo o motor 302 V8 da Ford sendo extremamente durável, o detetive sabia que a idade pesaria sobre ele e o deixaria mais frouxo. Logo, não tinha como aquele veículo desenvolver tanta velocidade. A não ser que...

Um estalo ocorreu na mente de Guilherme. Como um tapa na nuca. Em todas as ações do Landau, ele havia agido, feito um enorme estrago e sumido rapidamente. Era necessário um motor muito forte para colidir contra muros, carros e adentrar uma igreja sem deixar de funcionar e depois ainda fugir rapidamente com o veículo avariado.

Ele não tem o motor original, Guilherme concluiu, alteando as sobrancelhas e deixando o ar escapar de seus pulmões. Esse carro foi construído para ser uma arma, um bate-estacas sobre rodas.

Ao mesmo tempo o Landau abriu para a esquerda e cortou um caminhão baú, desaparecendo da vista do detetive. Guilherme sabia que não poderia perder o sedã, pois a entrada para a rodovia era logo à frente. Forçado a diminuir a velocidade do Civic pela manobra do caminhão, que mudou de faixa após a ultrapassagem do Landau, Guilherme buzinou e abriu pela direita do veículo, quase subindo na calçada. O Ford já estava ganhando a rodovia, e o detetive não viu alternativa senão acelerar ainda mais. Contornando a alça de acesso à marginal, o Honda Civic adentrou a via repentinamente, fazendo com que os veículos que desciam por ela freassem. A Blazer que vinha logo atrás imitou o sedã do detetive e se jogou para a marginal também.

O Landau estava bem à frente, mas dali em diante ele só tinha duas alternativas: passar da marginal para a rodovia, onde Guilherme tinha certeza que poderiam alcançá-lo e fazê-lo parar, ou contornar por trás da churrascaria Carretão e entrar novamente para o bairro Riacho, caindo novamente em ruas estreitas. Uma emoção estranha fervilhou dentro de Guilherme. Um tipo de entusiasmo macabro, por saber que finalmente teria a chance de colocar as mãos em quem quer que estivesse dirigindo o “Landau vermelho”.

Sendo mais aberta e com o tráfego mais livre, a marginal permitiu que o Civic e a Blazer se aproximassem do sedã bordô. Correndo em paralelo, a viatura e o Honda estavam a menos de vinte metros do Ford.

Agora eu te pego, ele pensou.

Mas, de alguma forma, o motorista do Landau pareceu pensar exatamente a mesma coisa. Ele pareceu perceber que seria alcançado. À frente dos veículos, uma carreta tanque da White Martins dava seta para a esquerda, para adentrar a rodovia. Dando uma guinada rápida de volante e abrindo para a faixa da direita, o Landau acelerou e, num piscar de olhos, virou à toda para a esquerda e freou, jogando-se à frente da carreta. O motorista do veículo maior se assustou e freou por puro reflexo, travando as rodas do reboque. A enorme carroceria tanque começou a deslizar para a faixa da esquerda, fazendo a carreta virar um L.

Guilherme viu aquilo e freou, rangendo os dentes e retesando as mãos sobre o volante. A Blazer, logo ao lado, freou também. Os pneus dos veículos chiaram alto, acompanhando a frenagem do reboque, e uma nuvem de fumaça cinza se ergueu. Marcas pretas de derrapagem se desenharam no chão, e o cheiro de borracha queimada logo se fez sentir.

Foi um caos. Os veículos que vinham pela marginal foram forçados a frear forte também para não baterem, e por pouco não houve um enorme engavetamento. Quando os veículos por fim se imobilizaram, ouviu-se o som alto de um motor V8 sendo acelerado, enquanto o Landau ganhava a rodovia e desaparecia em alta velocidade.

Guilherme desceu de seu carro e correu até a rodovia, ainda vendo o sedã bordô se afastar ao longe. Subitamente possesso de raiva, a única coisa que ele conseguiu fazer foi fechar as mãos e soltar um grito.

— Droga! — Ele levou as mãos à cintura e andou em círculos por um tempo, mas logo se virou e apontou para os policiais na Blazer — Vocês aí! Comuniquem a central. Peçam todo o reforço possível. Quero buscas nos bairros às margens dessa rodovia daqui até a saída de Betim. Peçam um helicóptero para ajudar nas buscas. Façam o que for preciso, mas achem aquele carro!

 

o—o—o

 

Fernanda voltou do seu horário de almoço com uma sensação estranha na boca do estômago. Uma mistura de horror, asco, estranhamento e aflição. Durante o almoço, Adam havia a colocado a par do que vinha acontecendo às pessoas envolvidas no caso da morte de seu irmão, e ela se sentia estranha.

Por que alguém ia querer prejudicar Adam após tanto tempo? A encarregada não conseguia deixar de pensar no que o namorado havia lhe dito mais cedo ainda no armazém, de que seu retorno havia desagradado à maioria dos antigos parceiros de Antônio, que esperavam embolsar parte do patrimônio que ele havia deixado após falecer. Muito dinheiro estava em jogo, e Fernanda estava cansada de ver notícias em telejornais sobre atrocidades dos mais diversos tipos cometidas por pura e simples ganância.

A encarregada sentou-se em sua mesa e tentou concentrar-se em suas atividades, mas seu cérebro não parava de repetir a narrativa de Adam durante o almoço. Os auxiliares de Fernanda foram retornando do almoço também, logo assumindo suas funções. Não demorou muito para que a sala adquirisse seu típico ar de correria, o que contribuiu para que a encarregada se distraísse um pouco. Estranhamente, o funcionário que estava mais quieto era Bruno, que havia acabado de voltar do seu horário de almoço e finalizava algumas pendências antes de ir embora mais cedo. Ele havia aberto uma grossa pasta preta repleta de ordens de serviço sobre sua mesa e falava ao telefone com uma oficina mecânica, renegociando os descontos aplicados para a Transportes Peixoto.

O gestor de frota percebeu o olhar da encarregada sobre si e fez um gesto de mão na direção dela, como se perguntasse “O quê?”. Ela devolveu com um gesto negativo de cabeça e focou novamente em seu próprio computador. Bruno, no entanto, após finalizar sua ligação, puxou sua cadeira e aproximou-se de Fernanda.

— O que foi? — Ele questionou.

Ela balançou a cabeça, sem parar de digitar.

— Nada, não, Bruno. Eu só estou meio pensativa. — O tom de voz dela era pastoso.

O gestor de frota franziu o queixo, avaliando-a.

— Tem a ver com o Adam, não tem? Sobre o que vocês estavam conversando no armazém mais cedo. — Ele emendou, baixando o tom de voz — É alguma coisa grave?

Fernanda ajeitou-se na cadeira e franziu as sobrancelhas, indignada com o apontamento feito pelo rapaz.

— Como assim, Bruno? — Ela soltou, apenas para não ficar calada.

— Não precisa contar se não quiser, mas te conheço bem. — Ele afirmou, com um tom suave — Só não guarde muita coisa pra você. Se precisar conversar pra te ajudar a pensar...

— É, eu preciso, sim. — Fernanda emendou depressa, sem pensar muito — Quer dizer... Sim, eu preciso pensar. Aconteceu algo com o Adam e eu não estou sabendo interpretar direito as informações que ele me passou.

Bruno assentiu, com o semblante sério.

— Ok. Como eu vou embora daqui a pouco, a gente pode conversar mais tarde. — Ele estendeu a mão na direção dela — Que tal depois da minha apresentação?

A encarregada pensou um pouco, mas acabou por concordar.

— Tudo bem. Vai ser bom trocar umas idéias com outra pessoa, mesmo.

— Então, tá. — O rapaz começou a voltar para seu lugar, mas logo voltou até a mesa dela — Aliás... Você vai à minha apresentação, não vai?

Fernanda deu uma risadinha descontraída, sentindo-se ligeiramente melhor com aquilo.

— É lógico que vou, Bruno.

Ele abriu um sorriso.

 — Ótimo! — Ele voltou para o seu lugar — Vou deixar o seu ingresso na entrada.

Fernanda assentiu e voltou a se concentrar em seu e-mail. Bruno não era o ser humano mais ajuizado do mundo. Ela sabia que o rapaz tinha lá seus parafusos soltos, mas seria bom conversar com alguém sobre o que Adam havia dito a ela. E inteligente como era, Bruno poderia ajudá-la a entender por que alguém ia querer prejudicar o gerente.


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