Kháos escrita por Alice


Capítulo 5
Cinese


Notas iniciais do capítulo

Subs. fem.

Do grego: 1. movimento. 2. mudança. 3. agitação da alma.



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/807129/chapter/5

— O valor do aluguel é tratado diretamente com os locatários, vocês também podem conversar acerca dos pequenos reparos e mudanças que queiram fazer agora ou no futuro. O seguro é por parte de vocês, além das contas básicas, lógico. - rindo em cumplicidade, complementou sua fala com um comentário espertinho. - Mas de contas futuras vocês vão entender muito bem.

Ignorando o gesto que o corretor fez, gesticulando para a própria barriga em um crescimento imaginário, a Gibbler decidiu encarar a vista da janela da sala de jantar que dava para um jardim grande e espaçoso em vez de falar algo que poderia ocasionar em uma discussão. A casa em si era enorme, com quatro quartos e dois andares. Ramona realmente não conseguia entender o porque de Edson, o corretor de imóveis, apresentar para eles um espaço que obviamente não iria entrar em seu orçamento. E mais, para que eles precisariam de tanto espaço sendo que eram apenas os dois?

— Esse lugar é enorme. - Jackson falou impressionado, girando de braços abertos no meio da sala de jantar. - Não consigo tocar as paredes, Ramona! Nem parece a caixa de sapatos em que você mora.

— Que hilário. Você também mora lá, palhaço. - debochou, olhando desconfiada para as portas francesas que davam para o jardim. - O valor que você falou é fixo ou apenas inicial?

— Cem por cento fixo. Não tem como os donos aumentarem, vocês têm a minha palavra. - o homem calvo e alto declarou com um sorriso digno de um Oscar.

Ramona quis rir, ela definitivamente não estava acreditando naquilo. Era insano um lugar como aquele estar por um preço tão baixo em plena Nova Iorque. Sentiu um arrepio subir por sua espinha, algo terrível deve ter acontecido dentro daquelas paredes, não tinha qualquer outra explicação lógica.

— Sei. - comentou em clara desconfiança, resolvendo ignorar a risada divertida de Jackson. - Agora, escute bem, eu vou lhe fazer uma pergunta e espero uma resposta honesta.

— Claro.

— Qual crime aconteceu aqui?

Ramona. - o tom era carinhoso, porém o pedido era notável em sua voz. - Desculpe, senhor Edson. Ela anda meio paranóica por esses dias depois de uma maratona de filmes de terror. - se aproximou enquanto falava, a puxando em direção à cozinha. - Precisamos debater alguns pontos antes de...

— Não estou paranóica e se alguém fosse ficar assustado por conta de um ele ia ser você. - se desvencilhou das mãos dele, cruzando os braços inconformada. - Só preciso saber que crime aconteceu aqui para que essa casa seja alugada por um preço tão baixo. - o lançou um olhar irritado antes de se dirigir ao corretor. - Então, Edson, você vai falar ou não?

Edson riu nervosamente, puxando a gola da camisa social enquanto olhava ao redor. A Gibbler quase riu, sabia que estava certa e seu olhar triunfante fez Jackson sorrir divertido.

— Bem, não foi grande coisa. Eles ainda estão vivos, a maioria ao menos.

— Ah, meu Deus. - sabia que havia algo de errado! - Foi um massacre?

— Como eu disse, não é para tanto. - fez pouco caso, se recompondo rapidamente. - Foi apenas uma pequena tentativa de assassinato.

— Mas alguém morreu? - Jackson perguntou preocupado, puxando Ramona para o seu lado quando ela deu um passo em direção ao corretor.

— Apenas um, mas felizmente os outros foram resgatados a tempo. - bateu as mãos animado como se quisesse dissipar a áurea pesada. - Mas são águas passadas, tudo aconteceu há quase dois anos, então não há motivo para vocês se preocuparem.

— Ah, claro, a não ser o fato dessa casa estar sendo praticamente jogada nos nossos braços em plena Nova York!  - exclamou irritada, tentando se afastar de Jackson, porém, sendo impedida quando ele passou um braço por sua cintura. - Você falou que seria honesto ao nos apresentar um lugar e agora esconde o fato dessa casa ter sido o cenário de um massacre?

Edson pigarreou, erguendo o dedo ao chamar a atenção para si antes de corrigir descontraído:

Tentativa.

Ramona lançou um olhar cortante para Jackson que a ignorou ao abrir um sorriso nervoso para o corretor, que havia se encolhido quase imperceptivelmente diante do olhar dela.

— Vamos conversar um pouco.

— Claro, tomem o seu tempo. - o corretor declarou para o Fuller, puxando o celular do bolso e saindo da cozinha apressado.

A Gibbler beslicou o braço do amigo, que a soltou impaciente após o homem os deixar sozinhos. Cruzando os braços com raiva, se voltou para o Fuller que parecia estar à espera do que ela iria falar.

— Você não vê que tem algo de muito errado nisso tudo? - perguntou incrédula pela calma de Jackson, continuando antes dele abrir a boca. - Além da morte que aconteceu aqui, a qual ele não se deu ao trabalho de explicar como aconteceu, um lugar desse não fica por esse preço simplesmente pela boa vontade dos locatários. E mais, não precisamos de todo esse espaço então por que diabos ainda estamos aqui?

Parou incrédula, com a respiração rarefeita e o rosto corado. Jackson esperou, olhando ao redor do cômodo iluminado. Era o primeiro local que viam e estavam há quase duas horas somente ali, escutando todas as vantagens de uma casa tão grande para um casal tão jovem. Revirou os olhos tantas vezes que era capaz de ver seu cérebro em algum momento. Apesar de todas as tentativas de explicar que eles não estavam juntos, Edson resolveu simplesmente ignorar. Era como falar com a porra de uma parede e Ramona estava enlouquecendo! O homem era condescendente, dava prioridade para as falas de Jackson e fazia questão de chamá-la de queridinha ou boneca toda vez que ela expressava uma opinião. O que ela era? Na verdade, em que século ele estava?

— Eu sei que o senhor Edson pode estar sendo um pouco...

— Sexista? Machista? Ignorante? - o interrompeu, estreitando os olhos quando notou a leve contração nos cantos da boca dele.

Jackson se aproximou, passando a mão pela extensão dos seus braços enquanto tentava transmitir uma calma que Ramona sinceramente não sabia da onde havia surgido. Jackson Fuller era o contrário da calma e da paciência desde o dia em que se conheceram. Das duas uma, ou ela estava extremamente estressada ou seu melhor amigo realmente encontrou a porcaria da paz interior. Empinando o nariz em resistência, declarou:

— Ele é um idiota e por mais que seja tio da Daisy, eu não vou ficar nem mais um segundo ao lado dele ou eu juro, Jackson Fuller, outro assassinato vai ocorrer dentro dessa casa e vai ser sangrento.

Jackson a encarou por um tempo e riu, simplesmente riu. Isso a irritou tanto que Ramona apenas o deu às costas e saiu pelas portas francesas em direção ao jardim. Era maior do que o de sua casa em São Francisco, porém, parecia bem mais vazio e triste de alguma forma. Toda a casa parecia deprimente ou era apenas o seu humor que estava péssimo. A manhã que passara foi uma loucura e por mais que tenha feito um acordo de esquecer tudo, aquela batalha entre sua razão e suas emoções estava se tornando exaustiva. Flashs da noite anterior bombardeavam sua mente. Lembrava da festa, da aglomeração de pessoas, da competição de shots de maneira clara, porém, quando chegava ao seu apartamento tudo o que conseguia era lembrar de sensações. De mãos fortes passeando por seu corpo, da respiração pesada contra seu pescoço, de lábios quentes trilhando o vale dos seus seios, sua barriga, e descendo até...

— Ramona!

Piscou assustada quando o escutou. Engoliu em seco enquanto se abanava com a mão direita, puxando grandes lufadas de ar para os seus pulmões. Não era para estar pensando naquilo, principalmente com Jackson tão perto. Massageando o peito, virou para encarar seu melhor amigo que a observava preocupado.

— Você está bem?

— Sim, sim, estou. - respondeu, respirando fundo antes de abrir um pequeno sorriso. - Só estou cansada e tudo isso. - gesticulou para a casa atrás deles. - Não está ajudando.

— Eu sei. Também só quero ir para casa e deitar um pouco.

— Então vamos embora?

Não quis soar tão esperançosa, principalmente porque ela iria embora tendo o apoio de Jackson ou não. Sua vontade era mandar Edson para o inferno, mas Daisy gostava tanto daquele homem inconveniente. Mas ela entenderia, sua amiga era muito compreensiva para se deixar irritar por tão pouco.

— Sim, acho que já está na hora. - riu de seu claro alívio. - Só precisamos falar com o Edson.

— E dispensar ele.

— Talvez possamos dar outra chance ao homem?

— E parar dessa vez em uma locação para filme de terror? Não, obrigada.

Seguiu em frente, escutando a risada dele a acompanhar. Havia esquecido o quanto o Fuller sorria e ria, tanto dos outros quanto de si mesmo. Encontraram Edson no hall de entrada, ele digitava concentrado, mas logo abriu um sorriso de um vendedor esperançoso quando os avistou.

— E então, vão ignorar o pequeno contratempo e ficar com a casa?

— Hum, não. - torceu o nariz em desagrado. - Mas gostaríamos de marcar outra visitação para o próximo fim de semana.

Por Daisy. Pensou resignada.

— Certo. - ele concordou um tanto desanimado, porém, logo retornou à energia anterior. - Apenas próximo ao estúdio de dança em que você trabalha, se não estou enganado?

— Exatamen...

— Apenas? - Jackson a interrompeu, a testa franzia em confusão.

Ramona o encarou igualmente confusa.

— Sim, perto do meu trabalho.

— Mas e o meu trabalho? - a encarou incisivo.

— Ah, merda. - praguejou quando percebeu seu pequeno deslize. - Olha, Jack...

— Bom, senhor Edson. - a ignorou, sorrindo forçosamente ao estirar a mão em direção ao corretor. - Entraremos em contato com você depois.

— Claro.

"Tão monossílabico quando quer", pensou sarcástica ao acenar em adeus antes de seguir um furacão Jackson para fora da casa. Correu pelos degraus tentando acompanhar o homem temperamental que caminhava como se estivesse em uma maratona. "Não vou deixar minha vida girar em torno dele minha bunda, olha eu aqui exatamente onde disse que não estaria. Mas ele que pense que não vai escutar quando eu conseguir alcança-lo".

— Jackson Tanner-Fuller, será que dá para ser um adulto e parar antes de chegar na China?

— Eu estou ficando com raiva, Ramona, e não quero falar nada que possa me arrepender depois.

E se vai a paz interior, pensou enquanto o observava.

— Mas eu quero que você fale. - argumentou firme. - Eu sei que dei mancada ao procurar apenas apartamentos perto do meu trabalho, mas já resolvemos, então não precisa desse drama todo.

Respirando fundo, ele fechou os olhos fortemente enquanto apertava a ponte do nariz. Ramona esperou, sabia que ele iria falar tudo em algum momento.

— O que mais me irrita é que você não conversa comigo, apenas anuncia o que vamos fazer e espera que eu concorde. E olha que eu não estou aqui nem há duas semanas.

— Isso não é verdade, a sua opinião importa para mim. - sentiu seu sangue ferver quando o escutou fazer um som de desdém. - É verdade, ou eu teria te expulsando quando você chegou de repente na porta da minha casa!

O notou ficar tenso e olhar ao redor, fez o mesmo e percebeu que já reuniam um pequeno grupo de olhos curiosos. Olhou carrancuda para eles.

Essas pessoas não tem mais o que fazer?!

— Vamos conversar em casa.

Não emitiu opinião, apenas começou a caminhar sem olhar para trás. Se ele queria discutir então ela estaria pronta. A viagem de metrô foi lenta e carregada de tensão, minutos arrastados passando por duas pessoas que fizeram questão de sentar o mais distante possível do outro. A chegada ao complexo de apartamentos foi ainda mais estranha, praticamente correram escada acima em uma competição boba de quem chegaria primeiro. Ramona foi a vencedora, abrindo a porta dramaticamente e estendendo o braço em sinal de passagem. Jackson bufou, passando por ela antes da Gibbler entrar, bater a porta atrás de si e declarar sarcástica:

— Agora você pode ficar à vontade para despejar anos de ressentimento em mim.

O Fuller a encarou aborrecido, cruzando os braços antes de indagar entredentes:

— Do que você está falando? Tudo o que eu quero é que a gente converse antes de você decidir o que nós dois vamos fazer.

— Pare de dizer que eu te digo o que fazer. - pediu irritada, abandonando qualquer vestígio de que não estava ligando para aquela discussão. - Eu apenas esqueci do seu trabalho, esqueci, tá legal? Tem tanta coisa na minha cabeça agora, então para de fazer disso mais do que é. - cruzou os braços, inclinado o queixo em direção à ele. - Você tem essa mania irritante de ver muito onde não tem nada. Tudo isso não é grande coisa.

— Não é grande coisa? Ramona, quase nos mudamos para uma casa enorme só porque era mais conveniente para você...

— Mas não mudamos.

Jackson continuou apesar do rolar de olhos dela.

— Eu ia pagar por um lugar sendo que poderia estar morando em outro bem mais perto do meu emprego.

Respirou fundo, a vontade era de gritar com ele, mas seria apenas desperdício de energia. Se contentou em apenas apontar para a porta e declarar em um tom firme:

— Então vá, já que eu é quem decido tudo por aqui, estou te dizendo para ir. - insistiu, não recuando quando viu o rosto dele passar por diferentes tons de vermelho. - Vai, Jackson, não é o que você quer?

— Que grande merda, Ramona!

Jackson fechou os olhos, a respiração pesada enquanto tentava se acalmar. Ramona espelhava seu estado, o peito subindo e descendo pela adrenalina e raiva que se espalhava por seu corpo. Por fim, o Fuller abriu os olhos e a encarou com um óbvio parco controle.

— Será que podemos conversar sem você ficar na defensiva?

— Eu não estou na defensiva. - rebateu, fechando as mãos em punhos cerrados. - Você é quem está dizendo que seria mais fácil morar em outro lugar.

— E não é exatamente isso o que estamos fazendo? Procurando outro lugar para morar?

— Então por que você continua batendo na mesma tecla?

— Não me faça sentir que estou agindo igual um louco...

Você é quem está me enlouquecendo.

— Não! Merda, eu passei por um inferno em uma casa com alguém que me fez acreditar que tudo era culpa minha e não vou passar por isso de novo!

— Então para de dizer que eu sou a culpada, porra!

Seus gritos ecoaram pelo apartamento, sendo seguidos por um silêncio denso e pesado. Ramona sentiu o nó em sua garganta e inspirou fundo para conter as lágrimas, Jackson apertou os olhos com as pontas dos dedos, o corpo curvado como se carregasse um peso invisível. Os dois estavam estressados e exaustos, esquecer e seguir em frente não funcionava tão bem na prática quanto queriam, somado aos seus próprios problemas, tudo se tornava mil vezes mais complicado.

Um soluço escapou por seus lábios sem querer, cobriu a boca com as duas mãos quando teve a atenção de Jackson. Balançou a cabeça em negação quando ele se aproximou, dando um passo para trás a cada passo que ele dava em sua direção. O Fuller a encarou com o olhar culpado, logo a puxando contra o seu peito, a prendendo entre seus braços de maneira tão segura que Ramona desabou. Chorou contra o seu ombro enquanto sentia lágrimas quentes contra a lateral de sua cabeça. Não sabia o motivo delas, mas parecia que há tempos as lágrimas lutavam para sair.

— Desculpa por ter gritado com você. Me desculpa.

O pedido veio sussurrado contra sua orelha, assentiu enquanto tentava murmurar um pedido também, os sons que fez foram o suficiente para Jackson entender o que ela queria dizer. Retirou as mãos do rosto, deslizando os braços ao redor da cintura dele antes de se aconchegar contra o amigo. As lágrimas cessavam aos poucos, sua respiração regulando ao passar dos minutos. Foram criados escutando que nada se resolvia na base de gritos, o sensato era sentar e conversar, caso estivessem com a cabeça muito quente o aconselhável era deixar a conversa para outro dia. Mas conselhos eram por vezes ignorados e no calor do momento tudo o que em menos pensavam era no que os seus pais fariam.

— Acho que podemos conversar agora. - disse fracamente, sentindo a cabeça latejar em prelúdio a uma dor futura.

— Acho que devemos dormir um pouco agora. - reformulou, afastando-se um pouco para observá-la.

Ramona sorriu minimamnete, inclinando a cabeça para vê-lo melhor.

— Sim, estou me sentindo uma merda completa agora.

— Se a minha mãe te escutasse. - torceu o nariz levemente, sorrindo quando ela riu.

— Se a minha me escutasse. - fingiu um estremecimento, franzindo o nariz em uma careta quando ele espelhou sua risada.

Os olhos de Jackson brilhavam pelas lágrimas e pelo riso cansado, o rosto mais relaxado e livre da raiva anterior. Jackson Fuller não era alguém que combinava com a raiva, seu rosto era bondoso demais e seu sorriso livre demais para serem contaminados por um sentimento tão pesado. Ele merecia sempre experimentar a felicidade, e ser considerado nas decisões. Sua explosão foi o indício de que o noivado não foi tão calmo quanto o que ele fez todos acreditarem, mas essa era uma conversa para outro momento.

Não percebeu que ainda o encarava até que seus narizes se tocaram, respirou pela boca, subitamente tendo noção de sua respiração e provocando uma pequena falta de ar psicológica. Os olhos castanhos do Fuller a escaneavam novamente, a pupila dilatada revelando seus sentimentos. Ramona congelou, o sentindo movimentar o nariz contra o seu em um suave carinho. Fechou os olhos quando as mãos dele apertaram sua cintura, o calor das palmas invadindo o tecido e marcando a sua pele como fogo. Era o mesmo toque que sentira na madrugada, apenas mais suave e cuidadoso. Se sentiu inclinar contra ele, à procura de um maior contato que a proporcionou sentir as batidas do coração do outro contra o seu peito. Poderia jurar que o seu batia tão enlouquecidamente quanto o de Jackson. Ao sentir a respiração quente contra os seus lábios, seu cérebro emitiu um sinal de alerta, em letras grandes e garrafais.

— E-eu... - se afastou abruptamente, quebrando o contato visual e dando um passo para trás sem jeito.

Suas mãos deslizaram pesadas do corpo do Fuller, as cruzou na frente de seu próprio corpo as impedindo de agir sozinhas. Não levantou o olhar para encarar Jackson, não encontrava coragem para descobrir o que seu melhor amigo estava sentindo porque ela se encontrava um caos.

— Hum... e-então eu acho... acho que boa noite?

Assentiu rapidamente, começando a dar passos em direção ao seu quarto.

— Sim, boa noite.

Desejou, sorrindo minimamente para ele, encarando um ponto à distância de seu ombro para não olhar em seus olhos. Então girou em seus pés e deu meia volta, quase correndo até entrar em seu quarto, onde fechou a porta e pôde respirar em paz. Retirou os sapatos, caindo de cara contra o colchão. A cama se encontrava arrumada, os lençóis trocados assim como a manta de cima, porém, havia esquecido das fronhas e quando puxou um travesseiro para si, o aroma do perfume conhecido de Jackson invadiu seus sentidos.

— Não preciso disso por hoje.

Resmungou enquanto jogava todos os travesseiros no chão. Retirou a calça jeans e a blusa, puxando a manta por cima do corpo ao passo que fechava os olhos. Não estava com fome, tinha acordado tarde e antes da visita haviam parado para comer algo. E como precisava de um motivo para não esganar Edson, seu tour pela casa foi acompanhado de barras de cereais e de chocolate. A semana se iniciaria, tanto ela quanto Jackson voltariam a rotina de quase não se encontrarem, e quando estivessem juntos iria procurar algo que ocupasse suas mentes e os deixassem com no mínimo dois metros entre si. Tudo iria voltar ao normal e ela não sentiria mais vontade de beijar Jackson Fuller ou, pior, o arrastar de volta para a sua cama.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!




Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Kháos" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.