Kháos escrita por Alice


Capítulo 16
Shinyuu


Notas iniciais do capítulo

Sign.: Um amigo de verdade, em quem podemos sempre confiar.



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Tentou manter o sorriso enquanto Rocki continuava a encará-los em silêncio, mas ao passar dos segundos seu sorriso foi desmanchando, os lábios torcendo-se em impaciência enquanto sua melhor amiga continuava a olhar para os dois em um transe incômodo. Jackson se remexia ao seu lado em desconforto e até seu bebê sentia a tensão sendo construída no ambiente, a movimentação incessante dentro de seu útero era a prova.

Fala alguma coisa.

Praticamente ordenou, estalando os dedos em frente à câmera para chamar sua atenção. Rocki finalmente piscou, abrindo a boca e soltando a mais alta gargalhada que Ramona já tinha escutado vindo dela. Encarou Jackson que a olhava confuso, porém, o Fuller se recuperou mais rápido e começou a rir junto com a mulher louca do outro lado da tela. Cruzou os braços abaixo do peito, os apoiando acima da barriga que fora empurrada para cima por estar sentada, então esperou e esperou. Rocki riu como se estivesse em um show de comédia e Jackson a acompanhava sem se preocupar com a expressão de desagrado da namorada.

— Deixar uma grávida irritada vai ser péssimo para você, Mahan.

Informou em alto e bom som, escutando as risadas de Jackson diminuírem e vendo Rocki encará-la nem um pouco impressionada por sua ameaça. Porém, sua amiga limitou sua surpresa a pequenas risadas um tanto incrédulas.

— Eu ainda não acredito que vocês vão ser pais. Vocês dois!

— Espera um pouco! - Jackson pediu, se levantando e pedindo para Ramona fazer o mesmo.

Apesar da cara de contrariada, ela se levantou mesmo assim, ficando de frente para a câmera do notebook. Mas Jackson a pediu para virar gentilmente, o que ela fez, escutando satisfeita o gritinho que Rocki soltou. Olhou para a amiga e a viu com a mão na boca e os olhos arregalados. Passou a mão sobre a barriga, dando destaque para o ser humaninho que crescia a cada dia. Seu bebê estava diminuindo os movimentos, provavelmente se preparando para dormir tranquilo enquanto sua tia surtava a quilômetros de distância.

— Mas que merda...

— Linguagem, Rocki!

— Uma merda boa, Ramona. Uma expressão utilizada para designar espanto e, no meu caso, alegria! - balançou as mãos no ar em uma dança que fez a Gibbler sorrir descontraída. - Mas só avisando que vou ser madrinha dessa criança.

— Daisy já reivindicou esse lugar. - Jackson avisou, ajudando Ramona a se sentar.

A grávida suspirou em leve impaciência, não é como se ela não pudesse mais se locomover sozinha, mas parecia que o Fuller discordava da razão.

— Quem?! Ela nem ouse roubar meu posto. - declarou indignada, franzindo o rosto em uma careta. - Vocês são meus irmãos.

— Isso é estranho, Rocki. - Jackson replicou sua careta enquanto ria. - Principalmente se formos lembrar que nós dois já namoramos.

— E vocês que se viam como irmãos quase de sangue? - rebateu, revirando os olhos sarcástica.

— E olha onde estamos...

Rocki concordou com Jackson, puxando as mechas curtas de seu cabelo para o alto enquanto declarava com o nariz franzido:

— Muito GOT pro meu gosto.

— Rocki... - Ramona interviu, não achando graça na comparação.

— Não faça essa cara, aquela casa era estranha.

A Gibbler riu, sabendo que ela não estava falando sério e declarou provocativa:

— Você ama a nossa família.

— Claro que sim, mas vocês não deixam de ser extremamente... felizes.

Ramona bufou levemente com o tom falsamente enojado, movendo o corpo e se aconchegando contra o encosto do sofá. Passara a manhã pintando uma parede do quarto do bebê de verde, deixando uma parede em branco para o amigo de Jackson. John queria fazer um mural temático como presente e não seria Ramona quem iria negar. Por mais que seu namorado insistisse para que ela pegasse leve, a Gibbler não conseguiria ficar parada sem nada para fazer, por isso se encarregou de pintar o máximo que podia no tempo que possuía. Ou seja, a cada dez minutos em pé, descansava dois minutos depois. Não estava inválida, mas precisava tomar cuidado por conta de sua pressão. Doutora Lídia foi bastante enfática ao dizer o quão calma ela deveria permanecer. Nada de estresse desnecessário, discussões ou qualquer outro tipo de conflito que a leve ao limite. Não era uma certeza dela passar mal imediatamente, mas era melhor evitar futuras complicações.

— E então, por falar em família...

— Eu sei onde você quer chegar. - falou, desviando o olhar para as mãos, descascando o esmalte rosa da unha do polegar. Não precisava encarar a amiga para saber o que ela pensava, a preocupação irradiava da Mahan através da tela. - Vamos contar para eles, no tempo certo.

Franziu a testa antes de levantar o olhar. Rocki assentiu perceptívelmente, não precisava dizer com todas as palavras, sua amiga se manteria calada por eles. A mulher do outro lado então bateu palmas, afastando toda a preocupação do rosto antes de indagar maliciosa:

— Mudando de assunto, quando vai ser o casamento?

Ramona revirou os olhos quando Jackson engasgou com o próprio ar ao seu lado, se virando para dar tapinhas nas costas do namorado que já se encontrava vermelho e saiu levantando-se como um raio em direção à cozinha.

— Você tinha que provocar.

Rocki apenas riu animada da sua desolação e, principalmente, do amigo que ainda buscava ar no cômodo ao lado.

<♡♡♡>

— E então, vamos comprar roupinhas?

Sorriu da animação de Daisy, a guiando entre os pedestres de uma das avenidas em Upper East Side. Andavam de braços dados observando as vitrines decoradas e lotadas de produtos caros demais para o bolso de Ramona.

— Aqui não, está tudo quase o preço do meu aluguel. - declarou, fazendo um beicinho quando pararam em frente à uma loja de bebês.

Os macacões de tecido felpudo, com estampas de girafas e dinossauros, eram imensamente fofos. A Gibbler suspirou baixinho, passando a mão sobre a barriga de recém completados seis meses. Sentiu uma forma mais dura no lado esquerdo, perto das costelas, era o topo da cabeça de seu bebê. O que provocou novamente uma coceira por conta da pele esticada. O ser humaninho ainda sem nome que crescia a cada dia, continuaria sem nome por mais um tempinho. Jackson e Ramona ainda não haviam entrado em um consenso sobre a melhor maneira de dar a notícia às suas famílias. Seu namorado achava que seria melhor contar tudo como se estivesse tirando um band-aid, rápido e com pouca dor, mas ela realmente acreditava que deveriam continuar contando aos poucos e protelar ao máximo a reação de seus pais. Não sabia se era a fim de protegê-los ou se proteger da reação deles, talvez fossem ambas as coisas ao fim de tudo.

— E o que viemos fazer aqui? - Daisy puxou sua atenção, alternando um olhar incrédulo entre a vitrine e a grávida. - Apenas olhar?!

— Isso se chama passeio, Daisy. - respondeu, revirando os olhos gentilmente para sua expressão levemente chocada. - Apenas dar uma volta sem precisar comprar algo.

— Qual a graça de vir em um centro de compras desse e não levar nada, Ramona? - aceitou ser puxada para longe, entrelaçando seus braços quando voltaram a caminhar.

— Não estou te impedindo, mas não vou participar. - declarou, dando leves tapinhas no braço da amiga. - Uma de nós ainda está desempregada, se você não está lembrada.

A Elliot se manteve calada por alguns minutos, se deixando ser guiada por Ramona que parava às vezes para observar as lojas ao longo da calçada. Eram brilhantes e obviamente caras, o aroma suave que as envolvia ao passarem por algumas era a prova do quão cara as peças que as adornavam poderiam ser.

— E como está indo?

Torceu o nariz para a pergunta, balançando a cabeça de um lado para o outro em um gesto de mais ou menos.

— Difícil. - sabia que era a palavra correta. Soltando o ar lentamente, continuou. - Sinto falta de ter algo para fazer. Depois que a médica pediu que eu desacelerasse um pouco, está bem complicado ter que passar o dia apenas em casa, olhando para as paredes e... repensando todas as minhas escolhas de vida. - murmurou a última parte, tentando impedir a sensação de frustração retornar.

— Pensei que você estivesse fazendo caminhada.

— Apenas pela manhã. Faço com a Elise, ela mora no prédio da frente e encontrei uma rotina de exercícios de dança para grávidas em um grupo online uma vez por semana.

Daisy parou subitamente, virando-se para encará-la.

— Onde você faz isso? Não tem espaço naquele apartamento.

— Você fala como se eu morasse em uma kitnet. - resmungou, soltando seu braço do dela ao sentir o celular vibrar na bolsa. - Estou no quarto do bebê, está tudo desmontado e tem espaço suficiente para um tatame e alguns pesos.

Recusou a ligação de um número desconhecido antes de caminhar em direção à um café com mesas ao ar livre. Provavelmente era telemarketing, já havia desistido de receber um retorno de sua última entrevista. Daisy a seguiu, Ramona nem precisava vê-la para saber que sua amiga estava irritada com algo.

— Mas é seguro? Você fazer tudo sozinha? E se você tiver uma cãibra ou escorregar? Pior, se der um passo em falso ou escorregar?

— Eu sou professora de dança, Daisy, sei bem o que estou fazendo. - teve seu caminho bloqueado por uma Elliot claramente indignada.

— Há uma grande diferença entre ensinar crianças e mulheres com crianças que nem nasceram ainda, Ramona! E tem o bônus dessa mulher ser você. - gesticulou impaciente na direção dela.

Ramona apenas segurou as mãos dela entre as suas, as baixando e a impedindo de gesticular ainda mais. Abriu um sorriso que esperar estar sendo tranquilizador e utilizou sua voz mais calma ao dizer:

— Eu sei me cuidar, não vou colocar a saúde dessa criança em risco.

— E nem a sua. - retrucou, soltando um alto suspiro de insatisfação e tristeza. - Eu não quero que você morra, Ramona.

— Meu Deus, Daisy! Eu não vou morrer. - aumentou seu aperto, tentando confortá-la, mas ela soltou suas mãos e começou a fungar alto. - Pare de chorar... sério, para.

Pediu com a voz embargada, se recusando a aceitar o abraço dela. Tentou ignorar as fungadas tristes que vinham de sua amiga, mas logo lágrimas finas começaram a escapar por seus próprios olhos. Ela estava tão assustada e ter Daisy falando sobre morte era horrível.

— Que merda, Daisy! - estava começando a ficar irritada com as lágrimas que não paravam de rolar por seu rosto.

— Você não pode xingar, pense no bebê!

— Porcaria que eu não posso. - tentou se afastar, enxugando suas lágrimas tal como Daisy. - Então pare de falar em morte.

A Elliot assentiu, tentando a todo custo parar de chorar. Com longas inspirações e expirações ritmadas, as duas conseguiram se acalmar. Ramona cruzou as mãos atrás das costas, se recostando contra a parede fria de uma loja. Olhou para o lado encontrando sua amiga observando admirada a vitrine, aproveitou os poucos segundos de distração para fechar os olhos e respirar profundamente. Sentia o ar sair de seus pulmões junto com um grande peso, estava tão cansada de tudo, mas não poderia parar e simplesmente desistir.

— Vamos comprar algo.

— Já falei que estou sem...

— Dinheiro e blá-blá-blá, eu sei, mas eu ganhei um vale presente da minha querida avó. - informou, puxando seus cachos volumosos para o alto em um coque.

— O que ela fez dessa vez? - teve que perguntar, dona Marle sempre tinha algo para dizer, não importava com quem conversasse.

Daisy apenas franziu o nariz, a encarando de soslaio enquanto tirava fotos da decoração da vitrine, a qual possuía como tema o fundo do mar.

— Disse que ia amar ter netinhos ainda nesse ano.

— Não foi tão ruim.

Virando lentamente, Daisy cerrou os olhos ao completar com um sorriso forçosamente doce:

— Ela ameaçou me cadastrar em um app de namoro.

Urgh.

A avó de Daisy era, para dizer de maneira educada, bastante extravagante, porém, não de uma maneira legal. A senhora de quase oitenta anos possuía uma discrição zero quando se tratava do relacionamento de qualquer pessoa, principalmente dos seus netos. Lembrava vividamente do último encontro com dona Marle e de como ela a encheu de perguntas em relação à sua antiga falta de namorado e a solidão em uma cidade tão grande quanto Nova Iorque. Não queria saber o quanto ela irritaria Daisy se descobrisse sobre o bebê que crescia alegremente na barriga de Ramona e do namorado que a encontraria mais tarde em casa.

— É, mas ela está em uma idade que não podemos falar nada, sabe? Aquela idade na qual eles encaram de frente a morte e tem o fim da sua linhagem acenando em seu rosto. - segurou a risada, a encarando levemente descrente. - Não me olhe assim, já falei para ela viajar para a ilha que ela tem em Galápagos, encontrar um nativo pai solteiro que esteja ao ponto de ter um neto

— Daisy.

— Não faça essa cara, naquela ilha há muito solteirões mais velhos para ela encontrar o amor. - suspirou apaixonada, guardando o celular no bolso interno do casaco. - Minha vovó merece ser feliz, mas ela não aceita de bom grado os meus conselhos. Ela disse que eu preciso aprender a viver como uma adulta. Eu sou adulta, ela é quem precisa começar a me ver como uma.

— Sinto muito.

— Meu mecanismo de defesa me permite relevar. Em compensação ganho roupas de graça e seu bebê lindo também! Vamos vestir a mini Ramona.

Se permitiu ser arrastada para dentro de uma loja de bebês. As roupas em tecidos caros e imensamente macios, os sapatinhos cravejados de pedras preciosas, até mesmo chupetas folheadas a ouro fizeram uma sensação de desconforto se instalar em seu peito. Queria apenas sair daquele lugar, o valor dos produtos era exorbitante para a sua situação atual, porém, Daisy estava tão animada para dar algo para seu bebê, não podia apagar o brilho intenso no olhar de sua amiga. E ela precisava compensa-la após falar de sua pseudomorte, era o mínimo.

<♡♡♡>

Ao chegar em casa, caminhou diretamente até o quarto do bebê. Uma caixa grande na qual se encontrava o berço desmontado estava apoiada contra uma parede em tom de amarelo suave, caminhou para o outro lado, onde seu tatame e a bola de yoga estavam guardados. Com cuidado, se abaixou até conseguir sentir o chão, então apoiou as costas na parede e esticou as pernas para frente, balançando os pés doloridos. Sua barriga pareceu aumentar de tamanho por conta de sua posição, deixou as sacolas de compra ao seu lado enquanto levava uma mão ao topo da barriga. O quarto aos poucos se tornava alaranjado pela luz de fim de tarde, observava o espaço praticamente vazio com uma sensação nova e ao mesmo tempo familiar.

Respirou fundo, temendo que a sensação de pavor tomasse conta de seu corpo, mas apenas um nervosismo se fez presente. Fechou os olhos, se permitindo apenas sentir por alguns segundos. A leve movimentação de seu bebê pareceu se acalmar ainda mais. Não possuía problemas em relação à agitação ou chutes doloridos até aquele momento, talvez quando o bebê crescesse um pouco mais e começasse a exigir espaço, ela se sentiria mais incomodada e angustiada. Porém, afastou os pensamentos futuros e focou no presente. Jackson falou, em uma noite particularmente difícil após uma conversa profunda em relação aos seus planos, que muitas vezes era preciso dar alguns passos para trás a fim de se conseguir o impulso necessário para se jogar.

Ramona decidiu que se jogaria de cabeça naquela nova fase de sua vida. A maternidade definitivamente não seria fácil, não era simplesmente ser mãe e pronto. Ela seria responsável pela criação de um ser humano e criar uma pessoa saudável e justa naquele mundo era uma missão quase impossível. Sua mãe deve ter passado por diversas provações, principalmente por ter morado anos longe de sua rede de apoio em um país completamente diferente daquele no qual cresceu. Essa imersão na cultura de seu pai a permitiu ver um outro modo de criar uma criança, a Espanha era quase completamente diferente dos Estados Unidos. Por mais nova que fosse, conseguia ver as diferenças na criação de uma criança, mas o esforço que as famílias possuíam para que os pequenos seres humanos se sentissem bem e acolhidos era perceptível em qualquer lugar do mundo.

Todos buscavam fazer o seu melhor e era isso o que Ramona e Jackson estavam tentando, ela sabia disso. A partir do instante em que sentisse seu bebê nos braços tudo mudaria, suas percepções, crenças e planos. Cada instante da sua vida giraria em torno do melhor para o seu filho e isso era assustador, mas também, verdadeiramente, real. Não havia como escapar. Ela seria mãe, já estava sendo, e era sua responsabilidade lutar pelo melhor sempre para o seu bebê. O único medo maior de Ramona era sumir em meio a sua nova vida, porém, esse era um sentimento que ela deixaria para depois. No momento ela era apenas Ramona Gibbler, futura mãe, sentada no quarto de seu bebê, quase cochilando em meio ao som do fim da tarde e se permitindo construir certezas mais uma vez.

— O que você está fazendo?

Fechou os olhos irritada quando a luz artificial invadiu sua visão e seu momento de contemplação. Levando uma mãos aos olhos, falou entredentes:

— O sensato é avisar antes de acender a luz.

O sentiu se aproximar, tanto por seus passos quanto por sua risada. Franziu a testa, retirando a mão e abrindo os olhos o vendo se agachar à sua frente.

— O mais sensato seria não ficar sentada em um quarto escuro, amor. - provocou, sorrindo divertido da careta que ela fez, mas logo uma perceptível preocupação nublou seus olhos. - Aconteceu algo?

— Estava apenas pensando. - esclareceu, se recostando na parede e já se preparando para a inundação de preocupações que viriam em sua direção.

E não tardou a acontecer, Jackson prontamente sentou de pernas cruzadas, fixando moradia permatemente até que ela falasse algo. Ramona tinha certeza de que ele não desistiria até arrancar algo dela.

— Posso saber o que a está preocupando?

— Era nada. Sério, Jackson.

Insistiu, recusando a mão estendida dele. Sabia que estava soando dramática, mas se encontrava apenas vestindo uma armadura que a impediria de chorar. Não estava com vontade de derramar mais lágrimas e bastaria apenas um tom de voz calmo vindo de seu namorado e um abraço apertado para que ela desmoronasse. O vinco de preocupação ainda fazia morada entre as sobrancelhas dele e suspirando alto em impaciência fingida, estendeu a mão e o massageou com a ponta dos dedos.

— Não precisa se preocupar, estamos bem. - reiterou, abrindo um pequeno sorriso.

— Você sempre está bem, não é mesmo?

Torceu a boca para o tom levemente irônico. Desde sua conversa anterior sobres seus medos e receios em relação ao bebê, Jackson parecia esperar que ela tivesse um colapso a qualquer instante.

— Não vou quebrar. - afirmou em um tom seco, puxando a mão de volta para seu colo enquanto ele se levantava com um suave revirar de olhos.

O deu a língua, negando a mão estendida enquanto tentava se levantar sozinha.

— Eu sei disso, Ramona. - declarou com um sorriso divertido a vendo ter que se ajoelhar para se levantar, tentando impedi-lo de aumentar quando ela estreitou os olhos em sua direção.

— Às vezes parece que não. - resmungou, passando por ele para sair do quarto. - Algumas vezes eu sinto que você está apenas esperando que eu desmorone, que caia aos prantos e passe o dia enfurnada dentro dessa casa.

— Claro que não. - falou sério, correndo para se colocar a sua frente. - O que te fez pensar assim?

Cruzou os braços emburrada, sabia que não estava fazendo tanto sentido quanto gostaria, mas não conseguia evitar. A conversa com Daisy a provocou um receio ernome, mesmo que tentasse sufocar o medo, apenas tornou tudo magnanimamente real. Fez as pazes com sua maternidade surpresa e iria fazer o seu melhor por seu bebê, mas isso não significava que tudo estaria magicamente perfeito. Talvez estivesse se Jackson a tivesse deixado terminar sua meditação forçada em paz. Lançou um olhar azedo para ele, mas logo se arrependeu quando o viu dar um passo para trás. Então choramingou, envergonhada por tal ato, e se lançou para frente, sentindo os braços dele se enrolarem ao redor de seu corpo automaticamente.

— Você não existe.

Sorriu em meio a sensação ardente que tomava seus olhos, escondendo o rosto na curva do pescoço do Fuller e inalando feliz o cheiro amadeirado de seu perfume. Passou a ponta do nariz sobre a sua pele, derretendo entre seus braços quando sentiu a mão quente fazer carinho em suas costas. Um calor suave começou a invadir seu interior, o que a fez se aconchegar impossivelmente mais perto dele, substituindo seu nariz por seus lábios em pequenos beijos que o fizeram rir baixinho.

— Então você está melhor?

Apenas assentiu à pergunta, aumentando a pressão de seus lábios enquanto trilhava beijos do pescoço para o queixo, escutando sons satisfeitos vindos dele. Sorriu em meio a sua própria satisfação, contornando a boca dele com seus lábios e logo os sentindo serem cobertos pelos dele. Suspirou em meio ao beijo que se aprofundava, passando as mãos sobre o peito dele antes de cruza-las em seu pescoço e o puxar para baixo, mergulhando contente nas sensações que a tomavam em uma espiral conhecida. Em pouco tempo foi direcionada ao sofá, mas inverteu as posições e o empurrou para baixo contra o móvel, um sorriso provocativo enfeitando seu rosto quando o viu cair sentado.

— Sem falar. - pediu apressada quando o viu abrir a boca. - Nesses momentos você sempre estraga tudo.

Não conteve a risada com a cara de indignação dele, sentando-se em seu colo com cuidado antes da risada desaparecer abruptamente quando sentiu os lábios dele em sua garganta. Inspirou o ar ruidosamente, apertando seu corpo contra o dele. Jackson riu quando ela praticamente choramingou quando ele se afastou e a beijou levemente. Ao senti-lo sorrir em meio ao beijo, não conteve seu próprio sorriso, pensando que aquela, definitivamente, era uma boa maneira de esquecer tudo o que a preocupava.


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