Kháos escrita por Alice


Capítulo 14
Sisu


Notas iniciais do capítulo

Do finlandês: 1. extraordinária determinação. 2. coragem e determinação frente a uma adversidade.



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Ramona espalhava o ovo mexido em seu prato com um garfo, o queixo apoiado em um punho fechado enquanto olhava para seu café da manhã com total desinteresse. Angelina ficou de lhe informar se havia passado na entrevista ou não, porém, já iria fazer um mês e nada de sua resposta. Max tinha ido embora um dia após o Ano novo, precisava voltar para o campus, algo sobre seu limite de tempo ter esgotado e uma promessa de que eles não falariam daquela viagem para DJ. Há! Como se a Fuller não tivesse noção de cada passo do seu filho do meio, ela sabia que ele iria atrás de Jackson antes mesmo de Max decidir ir atras do irmão. Queria ter a habilidade de sua... sogra? Ela ainda estava se acostumando à esse título, mas queria ter o dom de DJ de saber o que iria acontecer e se preparar para todas as variantes da vida.  Respirando fundo, olhou para o ovo desbotado misturado com algumas verduras, ela realmente não iria comer aquilo.

Sentiu novamente seus olhos arderem, era o sinal de que iria começar a chorar novamente. Não queria encontrar com Jackson e dizer que passou a manhã olhando para um prato de comida enquanto Daniel Caesar tocava ao fundo. Teria que encontrá-lo na clínica a tarde, seria a primeira ultrassom que o Fuller participaria com ela e sem dúvida Ramona acreditava que ele iria querer escutar o coração de seu filho. Suspirou alto, não que ela não quisesse escutar, mas ouvir tornaria tudo real e até o momento ela achava que estava fazendo um ótimo trabalho em se distanciar um pouco. Não queria, ou queria, sua mente estava confusa, mas saber que existia alguém crescendo dentro dela a fazia querer passar o dia deitada entre lágrimas e músicas tristes. Estava com tanto medo de tudo dar errado, de ser uma péssima mãe porque ainda não amava aquela criança, de que todas as suas inseguranças acabassem afetando o desenvolvimento do bebê, de ser julgada por estar escondendo tudo da sua família, de seu relacionamento com Jackson mudar após o nascimento do bebê... Era tanto passando por sua mente. Choramingou enquanto os pensamentos a rodeavam, tombando a cabeça para frente e apoiando a testa no balcão frio. Precisava reagir e logo.

— É só ir, Ramona. Você consegue.

Murmurou para si mesma, inspirando fundo ao levantar da cadeira, mas logo um longo bocejo a fez piscar preguiçosamente. Olhou a hora no celular e constatou que não teria tempo para uma soneca. Pegou o prato em cima do balcão, o enrolando com um plástico filme antes de colocá-lo na geladeira. Seu namorado com certeza comeria aqueles ovos mais tarde, ele não jogaria comida fora. Se forçou a ir trocar de roupa, o moletom grande e quentinho de Jackson era uma opção tão melhor, mas não poderia sair da maneira que estava ou iria receber olhares de pena que não queria ter que lidar. Escolheu um vestido solto que vestiu por cima de uma meia calça de malha quente, cobrindo tudo com um sueter de crochê azul que Daisy fez de presente de Natal. Ao lembrar da amiga quis chorar de novo, precisava contar para ela e ter ao menos alguém com quem conversar sobre o bebê além de Jackson e Max. E o bônus era que a Elliot possuía um dos melhores abraços do mundo.

Pegou seus pertences e saiu para fora, ao passar pela sala, encarou seu reflexo no espalho oval que haviam colocado na semana passada acima de uma prateleira ao lado da porta. Ficou de lado, passando a mão sobre a pequena barriga que começava a tomar forma a cada dia que passava. Ainda não era tão visível, principalmente por conta de suas roupas de frio, mas Ramona já se sentia tão diferente que a sensação por vezes a sufocava. Não sabia o porquê de não se sentir tão bem, o brilho da gravidez era uma farsa horrível. Sua mãe ficou iluminada quando estava grávida dela e até quando deu à luz ao bebê de Steff, parecia que havia acabado de sair de uma seção de fotos. Steff era outra que passou por uma gravidez esplêndida, para a surpresa da própria mulher. Foi tudo tão fácil, fora os enjoos, desejos e mudanças de humor. Mas elas pareciam felizes e realizadas, o contrário ao que Ramona estava sentindo.

Não detestava aquela criança, nunca poderia. Se encontrava em um boa ansiedade apesar de tudo, mal acreditava que tinha realmente um ser humano crescendo dentro do seu útero. Ela estava fazendo bracinhos, perninhas e um coraçãozinho vinte e quatro horas por dia. Era incrível, porém, imensamente assustador. O turbilhão de sentimentos que a assolava a cada momento era inexplicável. Jackson mal sabia o que rondava sua mente, tentava ser positiva e igualar seu humor ao dele em cada interação, mas era exaustivo e ela estava começando a desistir. Só não havia contado ainda sobre o medo de tudo porque o Fuller parecia não ter medo de nada, raras as vezes em que o via respirar fundo antes de falar com ela. Talvez ele estivesse apenas tentando por ela assim como Ramona estava por ele. Bem, para saber se era o caso ela teria que conversar com seu namorado, uma conversa séria e profunda, além de desgastante, e não se encontrava com coragem para isso.

Passou o caminho todo tentando não pensar, contando seus passos da casa até o metrô, observando os passageiros no vagão e olhando para a mudança de decoração para o dia dos namorados, que estava começando muito cedo em sua opinião. Torceu a boca quando avistou a clínica, caminhando apressada até a recepção e fazendo seu caminho até a sala de espera da obstetrícia. Retirou o celular do bolso interno do casaco ao sentar, esticando as pernas doloridas enquanto procurava algo para distrair sua mente antes da consulta. Jackson havia enviado uma mensagem informando que iria se atrasar alguns minutos, mas que logo chegaria. Seria bom ter algum tempo para preparar seu emocional antes do turbilhão de lágrimas que com toda a certeza iria aparecer durante a ultrassonografia. Sorriu levemente animada quando recebeu uma notificação da atualização de uma história que estava lendo, iria fazer login no site antes de escutar um xingamento baixo da mulher que acabara de sentar ao seu lado.

— Eu detesto vomitar. - a mulher falou, se abanando impaciente com um panfleto. - E o calor, caramba! Por que temos que sentir tanto calor?

Ramona piscou levemente confusa quando percebeu que a mulher estava falando com ela. Desligou a tela do celular, virando o rosto para encarar a mulher bastante grávida que a olhava à espera de uma resposta.

— Não sinto calor. - foi só o que conseguiu responder, a observando sorrir satisfeita por ter falado algo.

— E espero que não sinta. Imagine ficar reclamando do quão quente o mundo está quando tudo ao seu redor está coberto de neve? - gesticulou para uma janela adiante de onde se podia ver um espaço aberto coberto pela neve branca. - Todos acham que estou louca.

Sorriu pela óbvia indignação dela.

— Todos acham que você está grávida.

A mulher riu animada, ainda se abanando com o panfleto enquanto a mão livre alisava a barriga protuberante de maneira carinhosa. Ramona se perguntou se em alguns meses ela estaria do mesmo jeito, oferendo carinho ao seu bebê sem ao menos perceber.

— O que foi? Você ficou tão triste de repente.

— Nada. - declarou, torcendo levemente o nariz quando virou o rosto para frente, mas ainda sentiu a atenção dela sobre si.

Ramona inspirou fundo e encarou novamente a mulher, os olhos brilhantes e bochechas rosadas eram um contraste com todo o ser dela. Ela exalava uma áurea tão confiante que a assustou um pouco, talvez fosse porque estava realmente feliz pela gravidez ou apenas era alguém que já havia nascido assim. A Gibbler se sentia péssima por estar se encolhendo dentro de si daquela maneira, era algo que sua mãe suspiraria de tristeza se visse. Kimmy Gibbler sempre a ensinou a se orgulhar de quem era e do que sentia, Fernando a criou para nunca baixar a cabeça. Porém, ali, sentada em um consultório prestes a escutar o coração do bebê que crescia dentro dela, Ramona nunca sentiu tanto medo em sua vida.

— Estou assustada. - confessou em um fio de voz, desviando dos olhos mornos e voltando a encarar a porta de entrada da sala de espera. - Só incrivelmente assustada e sem saber o que pensar ou sentir nesse momento. Sei que não é normal...

— Anormal seria se você estivesse completamente bem. - a cortou, rindo levemente. - Sei que existem mulheres que passam por uma gravidez calma e sem estresse, que já amam a criança mesmo antes dela ter sido concebida, mas até essas mulheres tem medo. Criar um ser humano é uma das coisas mais difíceis a se fazer no mundo e não existe um manual para isso.

— Eu sei. - disse, cruzando os braços mais apertado. - Mas isso não me impede de sentir que tudo o que estou fazendo é errado.

— É claro que você está errando. - riu alto quando recebeu um olhar incrédulo por parte de Ramona. - Você não acabou de escutar o que eu disse? Não há um manual, fórmula pronta ou o que seja. Vamos errar e acertar na mesma proporção e está tudo bem.

— Não parece nada bem agora. - resmungou, respirando um pouquinho aliviada. Saber que não era a única a sentir medo era reconfortante, porém, não apagava por completo a sensação de inadequação que a perseguia. - No momento tudo parece uma grande merda.

— Já tentou comprar algo?

— Não. - toda vez que passava por uma loja sentia vontade de chorar. As roupas em miniatura eram tão fofas e assustadoras na mesma proporção. - Na verdade passo longe de lojas infantis.

— Só tenta comprar algo. Não há nada mais revelador do que segurar um sapatinho ou um gorrinho de crochê. - afirmou, apertando levemente o seu braço em incentivo.

Ramona ponderou, talvez fosse um pequeno choque de realidade que a faria despertar e decidir algo ou se esconder novamente em uma falsa normalidade.

— Você apareceu como as velhinhas sábias em uma comédia romântica. - percebeu, sorrindo amplamente para ela. - Tipo uma ajuda para a protagonista.

— Ah, por favor. Talvez você seja uma personagem secundária na minha comédia romântica.

Riu da falsa indignação dela, balançando a cabeça quando apontou:

— Tudo depende do ponto de vista.

A mulher deu de ombros como se não fosse grande coisa, mas logo voltou sua atenção para um enfermeiro que caminhava até elas com uma prancheta na mão.

— Helena Sanchez?

— Sou eu. - levantou a mão, saindo da cadeira com uma agilidade surpreendente para o tamanho de sua barriga. - Espero que você fique bem. - falou com um sorriso confiante em seu rosto.

Murmurou um "obrigada" sem som quando a viu entrar na sala. Respirando fundo, algo que estava fazendo incontáveis vezes nos últimos tempos, encarou as próprias mãos. O esmalte cor vinho começava a descascar, há tempos não fazia as unhas ou ia para um salão, era caro demais para a sua atual situação financeira e não queria pedir dinheiro à Jackson. Detestava ter que depender do Fuller, mas havia acordado em sua mente que iria restringir o gasto de suas economias para as coisas que iria precisar comprar dali em diante. Roupas novas para si, roupas para o bebê, entre inúmeros outros gastos que iria ter. Além das consultas, obviamente, não poderia deixar que Jackson pagasse por tudo sozinho. E por falar nele...

— Ei! Espero não estar atrasado.

Apenas sorriu quando ele se aproximou e a beijou levemente. O puxando para um abraço desajeitado, mas ela precisava estar escondida entre seus braços naquele momento. Jackson apenas a apertou mais forte, a beijando na testa quando se separaram e foram chamados pelo atendente. Após deitar na maca alguns minutos depois, a Gibbler apertava as duas mãos acima da barriga descoberta, o frio do consultório provocando arrepios em sua pele. Tentava aparentar normalidade, mas ao olhar para o lado e ver a perna de Jackson parecer ter vida própria, se sentiu apreensiva para saber qual seria a reação dele.

— Boa tarde, como vocês estão? - a doutora Lídia perguntou após sentar em uma cadeira ao seu lado, uma assistente ligava o monitor enquanto a médica segurava uma prancheta e os observava com educação.

Seu antigo médico, doutor Barry, estava de licença por conta de um acidente que havia sofrido. Ele estava bem, mas ficaria afastado durante sua recuperação, por conta disso, seus pacientes foram realocados para outros obstetras e Ramona acabou conhecendo doutora Lídia. Não estaria mentindo se dissesse que havia preferido a troca e não estava inclinada a voltar para seu antigo médico.

— Ansiosos. - Jackson respondeu à pergunta, parando de mexer a perna e sorrindo animado para Ramona que riu baixinho.

Sentiu um pouco da tensão sair de seu corpo com a risada, não estava sozinha, precisava se lembrar disso. E seu namorado, nossa... parecia tão contente que fez seu coração esquentar.

Hormônios chatos! Pensou indignada quando sentiu os olhos arderem.

— É normal, não se preocupem. - Lídia afirmou, digitando algo no monitor. - Então, Ramona, chegamos na décima quarta semana. Como está se sentindo?

— Cansada. - respondeu em um suspiro, se recostando melhor na maca fria. - E faminta, mas principalmente cansada.

— Apenas sono ou algum outro tipo de cansaço fora do comum?

Parou para pensar um pouco, lembrando das inúmeras sonecas que tirava ao longo do dia. Como não estava trabalhando, por vontade do universo, possuía mais tempo para aproveitar antes de sua barriga crescer absurdamente e suas posições de dormir se limitarem a uma.

— Apenas sinto muito sono, outro dia acordei quase nove horas da manhã, tomei meu café, sentei no sofá e bam! - estalou os dedos para dar ênfase. - Quando acordei de novo já eram quase onze horas.

— É impressionante a capacidade dela de dormir em qualquer lugar. - Jackson falou, rindo quando ela franziu o nariz para ele. - Fomos sair uma noite e a mesa no restaurante acabou demorando demais, quando vi ela já estava quase dormindo no meu ombro e ainda nem eram onze horas.

— É comum o excesso de sono, principalmente nessa fase. - declarou a doutora. - Agora sobre seu cansaço, está ficando cansada quando faz algum exercício ou quando realiza tarefas simples?

Torceu a boca pensando em como dar sua resposta, olhou de soslaio para Jackson que a encarava preocupado, por fim decidiu falar a verdade.

— Um pouco. - apertou a alça da bolsa apoiada em suas pernas, resolvendo encarar apenas a doutora naquele momento.

— E a dor de cabeça?

— Diminuiu.

Escutou Jackson se mexer ao seu lado, porém, continuou a não desviar o olhar.

— Preciso que fique atenta à essas dores de cabeça, por mais que seja normal durante a gravidez, uma dor contínua e com forte intensidade pode ser um sinal de algo mais grave. - o tom sério foi como um peso caindo em seu coração. - Fique de olho ao que o seu corpo informa, estamos de acordo?

Assentiu com a cabeça, apertando os lábios para impedi-los de tremer. Uma sensação de pavor começou a nascer em seu peito, a forçando a respirar fundo. Exalou o ar pelo nariz quando sentiu a mão de Jackson envolver as suas. Diminuiu o aperto na alça, sentindo suas articulações doloridas quando entrelaçou seus dedos aos dele e apoiou as mãos unidas na lateral da mesa.

— Vou ficar de olho nela, doutora.

Piscou rapidamente, girando a cabeça para encarar seu namorado bobo que trocava um olhar decidido com a médica. Ele sentiu sua atenção e piscou um olho para ela, o que fez Ramona sorrir suavemente e comentar:

— Como se eu fosse um cachorrinho.

— Um cachorrinho seria menos sarcástico.

Apertou os lábios em um falso sorriso forçado, não se incomodando com o olhar exasperado dele. Essa era apenas a desculpa que Jackson precisava para enlouquecê-la completamente, mas era bom ser cuidada daquela maneira.

— Que tal darmos uma olhada nesse bebêzinho?

— Sim, por favor!

Sorriu quando viu a doutora rir da animação de Jackson, assentindo um pouco mais contida antes de estremecer quando sentiu o gel frio tocar sua pele. Ela detestava aquela parte, era estranho e gelado, mas logo se esqueceu da sensação quando uma imagem borrada começou a tomar forma no monitor. Doutora Lídia clicava em alguns lugares na tela, assentindo para si mesma enquanto sua assistente tomava notas.

— As medidas estão dentro da normalidade, Ramona. - informou, virando para os dois antes de fazer a próxima pergunta. - Vamos escutar o coração?

Com uma inspiração profunda, Ramona assentiu, novamente calada. Podia sentir a presença reconfortante de Jackson, porém, não desviou os olhos da tela ao seu lado. Estendeu o braço novamente em direção à ele, sentindo sua mão ser coberta por uma palma grande e suave, o aperto que se seguiu foi tranquilizante e seguro. Como uma certeza de que eles estavam juntos naquilo. Em poucos segundos sentiu seu mundo mudar, sendo destruído, alicerce por alicerce, e reconstruído na mesma velocidade. Como a primeira lufada de ar após um quase afogamento, o primeiro piscar de olhos que comprova sua existência após quase ser atropelado. Ramona sentiu como estivesse sendo jogada de volta à vida.

As batidas fortes e tão delicadas ecoavam pelo consultório silencioso, apenas o som de uma pequena vida se formando preenchia o silêncio atordoado das duas pessoas responsáveis por ela. Não ousavam ao menos respirar alto com a intenção de preservar aquele momento único, o qual derrubou todas as barreiras que ainda os protegiam da realidade. Ramona Gibbler não tinha mais como negar, o tum-tum... tum-tum... tum-tum... que se infiltrava em seus próprios corações era a prova de que nada mais seria como antes. Era o início de um novo universo, algo único e assustador. Ramoma não sabia se estava preparada para isso e, ao virar o rosto e olhar Jackson de relance, respirou aliviada ao receber de volta um olhar tão assustado quanto o seu. 

Eles não sabiam se estavam preparados para o tamanho daquela responsabilidade. Porém, inspirando fundo, a já mãe soltou o ar lentamente pelos lábios a fim de recobrar um pouco de sua força. O som ainda ecoava em seus ouvidos mesmo após o fim da consulta. Seguiu o resto do dia no automático, sorrindo enquanto Jackson a abraçava apertando durante todo o caminho até a estação de metrô, não queria deixá-lo preocupado, principalmente porque não saberia responder o que tanto a assustava. A certeza de que teria um ser humano totalmente dependente de seus cuidados? A mudança drástica que iria virar seu mundo de cabeça para baixo a partir do momento que recebesse seu bebê em seus braços? A perspectiva de que teria que mudar completamente seus planos e sonhos para se adaptarem a vida que estava gerando?

Ramona não saberia dizer, porém, a única certeza que possuía naquele exato instante era a de que iria chorar, apesar do quão cansada se encontrava. Caminhou de cabeça baixa em direção ao seu prédio, deixando as lágrimas rolarem salgadas e silenciosas por seu rosto. Não iria impedi-las, precisava sentir o calor escorrendo por suas bochechas e descendo ao longo de seu pescoço. Queria que toda a frustração e, principalmente, o medo, fossem lavados de cada célula de seu ser. Não queria mais chorar e sim reagir. Estava na hora e assim que chegasse em casa iria tirar um longo cochilo a fim de recobrar as energias. Quem sabe não sairia para comprar algo? Ou apenas observar os corajosos que se aventuravam no parque aquela hora da tarde? Era um plano, um começo. Sim, iria começar aos poucos e torcer para tudo dar certo.


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