A Folha e o Som escrita por BastetAzazis


Capítulo 13
Os Novos Sannin




Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/8063/chapter/13

Uma névoa começou a se formar em volta deles e duas figuras se materializaram. Uma delas todos reconheceram facilmente como o Mizukage que havia deixado Suna recentemente. A outra era apenas conhecida dos que estavam nas reuniões promovidas pelo Hokage e Kazekage procurando a paz entre as vilas ocultas, o mais novo líder do País e da Vila Oculta da Chuva.

o.O.o

Capítulo 13: Os Novos Sannin

- Então nos encontramos de novo – meu pai bradou para o Mizukage. – Você ainda não aprendeu que suas forças não são páreas para o Som? Nem se juntando com outra vila vocês conseguem nos dominar.

- Eu nunca fiz questão de dominar essa sua vilazinha de aberrações e renegados – o líder da Névoa devolveu. – Há coisas mais valiosas escondidas nos antigos domínios do Orochimaru.

Meu pai estreitou os olhos, provavelmente já ciente do que seu inimigo se referia. Entretanto, foi o Naruto quem berrou para todos os cantos.

- Então por que você se aliou com a Chuva, seu canalha? E o que você fez com a Amisa? Eu sei que você a trouxe para cá! Se você encostar um dedo nela eu juro que eu... vou...

A firmeza em suas palavras se desfizeram quando a névoa em volta dos Kages se desfez totalmente, revelando meu corpo caído aos pés do Mizukage. Eu estava presa por cordas de chakra, mas diferentes das que eu aprendera com a técnica do meu pai. As cordas que me prendiam eram alimentadas pelo meu próprio chakra, o que me impedia de lutar para me soltar e ainda me obrigava a manter o Sharingan ativo. Senti meu corpo ser levantado e colocado a frente do Mizukage, como um escudo, e visualizei a ponta de uma kunai ameaçando meus olhos.

- Amisa! – minha mãe gritou, seus punhos imediatamente se fechando e carregando de chakra.

Meu pai desembainhou sua Kusanagi, mas o Mizukage soltou apenas uma risada doentia por trás do meu rosto.

- Acalmem-se – ele começou depois das ameaças dos meus pais. – Eu tenho uma troca muito justa para propor.

- Grrrrrr.... Teme! – Naruto berrou, os olhos estreitos. – Nós nunca vamos aceitar um acordo com você!

Ele começou a correr para cima do Mizukage mas foi impedido pelo meu pai, usando a Kusanagi para bloquear o caminho.

- Espere, Naruto – a voz fria do Otokage o repreendeu. – Explique-se – ordenou, dirigindo-se novamente para o homem que me segurava.

Eu senti o homem que mais desprezava sorrir mais uma vez enquanto me usava para chantagear o meu pai, e ele começou a falar:

- É muito simples. Há um ninja copiador em Konoha que fez sua fama muito além do País do Fogo. Alguns dos meus melhores ninjas já foram derrotados por ele e dizem que ele é capaz imitar qualquer técnica depois que a observa com seu único olho vermelho.

Enquanto ele falava, observei os rostos dos meus pais e do Naruto se enrijecerem. O Amekage continuava parado, parecendo que atento apenas aos movimentos do Hokage.

- Eu fiz alguma pesquisa – o Mizukage continuou, contando sua história próximo ao meu ouvido – e descobri que a famosa técnica do Ninja Copiador nada mais era que o implante de um Sharingan, a maldição do clã Uchiha. Neste caso, pensei, basta eu roubar um belo par de Sharingan para mim... – A lâmina da kunai que ele segurava sob o meu olho pressionou com mais força.

- Não se atreva! – meu pai o interrompeu, voltando a apontar sua espada para o Mizukage.

Ele deixou que outra risada fosse ouvida pela floresta onde estávamos. Senti um frio na barriga com aquele som doentio, ao mesmo tempo que os braços dele se apertaram em volta de mim.

- A escolha é sua, Sasuke Uchiha – ele disse depois que sua risada morreu sob o som forte das gotas da chuva que caía com mais intensidade. – Eu sei que você é o único Uchiha vivo que conseguiu desenvolver a forma mais poderosa do Sharingan... A única forma capaz de controlar até a mente do bijuu mais poderoso...

- O quê? – Os olhos do Naruto correram de mim para o meu pai, encarando-o confusos e assustados. – Desde quando você tem o Eterno Mangekyou?

Meu pai não respondeu, e a mente do Hokage viajou para a noite que há quase vinte anos ele tentava apagar de seu coração. Foi só então que ele lembrou da imagem monstruosa do meu pai, o rosto sujo do sangue que escorria dos olhos brilhando num vermelho que ele nunca vira antes. Alguma coisa dentro dele impedindo-o de ir contra aqueles olhos, fazendo-o se resignar com a perda dos dois melhores amigos, seus únicos laços verdadeiros na época.

Os olhos azuis desceram ao chão, incapazes de fitar o amigo. Sim, agora ele podia realmente chamá-lo de amigo. Agora ele entedia o que fez seu único irmão deixar Konoha, e uma nova dor começou a pesar em seu coração. Assim como ele temia liberar todo o poder da Kyuubi e não conseguir controlá-la, meu pai temia enlouquecer como Itachi Uchiha se um dia tivesse a oportunidade de encontrar-se novamente com o demônio das nove caudas. Era o monstro selado dentro dele que os separava, e ele passara anos e anos maldizendo a pessoa que mais havia se preocupado com sua segurança.

- É uma troca justa, não é? – A voz do Mizukage despertou todos de suas lamentações. – Eu fico com a versão mais desenvolvida do Sharingan e devolvo a sua filhinha inteira – um sorriso cínico surgiu do rosto dele, antes de completar: - para o Hokage desfrutar a vontade...

Aquelas palavras fizeram Naruto correr para a direção do Mizukage sem pensar, preparando seu golpe mais famoso nas mãos. Entretanto, o líder da Névoa nem sequer se moveu, pois tinha o Amekage para defendê-lo. O Rasengan morreu inexplicavelmente nas mãos de seu dono, e uma névoa densa se formou a minha volta, impedindo-me de acompanhar o que acontecia com o Naruto.

- E então, Sasuke Uchiha? – a voz do Mizukage soou forte e zombeteira perto dos meus ouvidos. – De que adianta seus olhos agora, se não consegue me ver? Como você pretende me prender nos seus poderosos genjutsus, se eu não consigo encarar esse seu maldito Sharingan?

Houve um silêncio que me fez parecer que horas haviam se passado. Eu mal conseguia me manter em pé com a energia que as cordas de chakra puxavam de mim. A névoa espessa criada pelo Mizukage fazia crescer uma sensação de abandono, como se nós dois fôssemos as únicas pessoas presentes naquela floresta. Mas meu pai sempre me ensinou a desconfiar da calma absoluta, e para provar as palavras dele, no instante seguinte, o chão pareceu ruir sob os pés do Mizukage. Pego de surpresa, o controle da névoa que nos cegava se dissipou, e a primeira coisa que vi foi o punho da minha mãe ainda cravado no chão e uma enorme rachadura entre os meus pais e meu captor.

Eles não esperaram o Kage da Névoa se levantar, antes que eu pudesse entender o que estava acontecendo, já estava nos braços da minha mãe e sentia meu fluxo de chakra regularizar vagarosamente. Ao longe, conseguia visualizar meu pai lutando contra o Mizukage, mas não via nenhum sinal do Naruto.

- Eu estou bem – sussurrei para minha mãe, segurando as mãos dela que me curavam, os braços tremendo desesperados. – Nós precisamos salvar o Naruto.

Minha mãe parou o que estava fazendo por alguns instantes, os olhos arregalados com a minha urgência. Naquele momento, tive certeza que ela entendia meu desespero, era o mesmo que a afligia cada vez que o meu pai enfrentava algum inimigo.

- Você não está bem, Amisa – eu a ouvi me repreender, assim que voltou a si. – O Naruto sabe se cuidar sozinho, e você não está em condições de usar o seu chakra ainda.

- Não! – protestei. – A Chuva se uniu com a Névoa para se vingar do Naruto! Eles querem matá-lo por causa do antigo líder deles! Eles querem obrigá-lo a liberar todo o poder da Kyuubi!

Eu ouvira a conversa dos dois enquanto estava presa, o antigo líder da Chuva era considerado um deus em sua vila, e fora derrotado pelo Naruto há muitos anos, antes dele se tornar Hokage. Agora, seu discípulo culpava Konoha e seu líder pela miséria que ainda assolava o País e a Vila da Chuva e procurava por vingança. Uma presa fácil para o líder da Névoa, que precisava de um aliado para chegar ao meu pai.

Minha mãe parou seu ninjutsu médico instantaneamente quando me ouviu, encarando-me com seus enormes olhos verdes arregalados. A alguns metros, meu pai ainda lutava contra o Kage da Névoa, enquanto o líder da Chuva mantinha o Naruto ocupado.

- Se é isso mesmo o que eles querem – minha mãe falou –, temos que derrotar o Mizukage logo para ajudar o Naruto, antes que o manto da raposa comece a se formar.

Eu olhei para minha mãe em dúvida. Não sabia o que ela queria dizer com aquilo, mas ela não me deu chance de perguntar.

- Não se atreva a sair daqui – ela me ordenou. – Você ainda não está bem. Eu vou ajudar o seu pai.

Calçando as luvas novamente, observei quando ela saiu do meu lado para se colocar ao lado do meu pai. Um leve aceno de cabeça entre os dois, e eu sabia que não haveria mais chances para o Mizukage. Mas meu coração não conseguia se acalmar. Forcei os olhos para procurar algum sinal do Naruto e o líder da Chuva até que um urro que não parecia humano atingiu meus ouvidos. Voltei os olhos para os meus pais e percebi que, mesmo ocupados com o líder da Névoa, eles também trocaram olhares preocupados. Aquele urro só podia ser do Naruto, e eu não pensei duas vezes antes de correr para a direção do som que fazia meu coração bater acelerado.

Quando os encontrei pude entender o que minha mãe quis dizer com o manto da raposa. Eu podia ver claramente o corpo dele envolto num chakra vermelho, tomando a forma de uma raposa com três caudas. Os ataques dele eram fortes, mas o Amekage conseguia se defender razoavelmente, contra-atacando com ninjutsus que eu desconhecia. Sem dar ouvidos aos alertas da minha mãe, ativei o Sharingan, aproveitando que nenhum dos dois notaram minha presença tão próxima. Assim que o líder da Chuva partiu com o ataque seguinte contra o Naruto, eu aproveitei a distração dele para usar o mesmo jutsu contra seu usuário. Um ataque que teria deixado o líder da Chuva imobilizado por alguns minutos, mas eu ainda não conseguia canalizar meu chakra propriamente, e aquilo serviu apenas para que ele voltasse seu ataque contra mim.

- Amisa! – Imobilizada, ouvi outro urro, tão aterrorizante quanto antes, mas agora com o meu nome nele, fazendo meu coração duvidar se aquele era realmente o homem que eu amava ou uma besta inumana que deveria ser temida.

Confirmando meus temores, uma quarta cauda pareceu se formar no manto vermelho sobre o Naruto. Os olhos e o rosto também se deformaram, assumindo ainda mais a forma de uma raposa. A raposa partiu para cima do líder da Chuva, mas ele também era forte e conseguia repelir grande parte dos golpes. Com a luta dos dois, o jutsu que me prendia se desfez, e eu corri novamente para tentar ajudar o Naruto, mas senti meu braço ser puxado para trás.

- Amisa, eu disse para você ficar lá! – minha mãe gritou para mim.

Olhei para trás e vi o Mizukage caído no chão, enquanto meu pai corria para perto de nós.

- O que... O que... – comecei a balbuciar, meus olhos encarando os dois, assustados. – O que aconteceu com o Naruto?

Meus pais se entreolharam em silêncio, e minha mãe respondeu:

- Eu só vi o Naruto assim uma vez... – Ela ficou mais um tempo em silêncio e depois voltou-se para mim, séria. – Amisa... O Naruto... Ele só ficou assim depois que a viu, não foi?

Meus olhos se assustaram com as palavras dela, e eu fiquei sem saber o que responder. Não queria acreditar que era a responsável por aquela transformação, e no mesmo instante, lágrimas começaram a se formar nos meus olhos e escorrer pelo rosto.

Enquanto eu conversava com meus pais, o líder da Chuva conseguiu se esgueirar da raposa de quatro caudas e alcançou o corpo do Mizukage, protegendo os dois numa barreira criada com seus jutsus. Eu me virei para o Naruto, enxergando apenas um monstro vermelho que destruía tudo ao se redor.

- Aquilo não é mais o Naruto, filha – minha mãe dizia atrás de mim. – Ele não tem mais consciência sobre a Kyuubi quando ela já está nesse estágio.

- Não! – gritei, protestando. Não podia aceitar aquilo. Eu sabia que tentasse falar com ele, de algum modo ele me ouviria. Era isso que meu coração me dizia, e não dei mais ouvidos à minha mãe. Simplesmente saí correndo na direção dele.

- Amisa! Não! – ainda ouvi minha mãe gritar, mas ela foi silenciada por um gesto do meu pai, que a segurou, impedindo-a de correr atrás de mim.

- Eu sou o único que pode controlar o Naruto agora – ele disse, impassível, e saiu correndo atrás de mim.

Sem notar meu pai atrás de mim, corri até ficar bem próxima à raposa que o Naruto se transformara, gritando o nome dele com lágrimas nos olhos.

- Naruto! Eu estou aqui! Eu estou bem! Você não tem que me salvar!

A raposa virou-se para mim e uma cauda parecia vir em minha direção, mas parou no meio do ar antes de me acertar.

- Amisa! – meu pai berrou, parando na minha frente para me proteger do Naruto.

A raposa pareceu confusa e se aproximou lentamente de nós. Antes que meu pai a ameaçasse com sua espada ou com o Sharingan, saí de trás da proteção dele e a encarei.

- Você não precisa se transformar num monstro para me salvar. Por favor, Naruto, volte. – Minha garganta se fechou com o choro que eu tentava evitar, mas ainda consegui sussurrar as últimas palavras. – Eu... Eu amo você.

O rosto da raposa se aproximou do meu, e nós nos encaramos nos olhos. Eu ainda podia ver o azul reluzente dele por trás daqueles olhos vermelhos e raivosos e levantei o braço para tocá-lo no rosto. Entretanto, com este gesto, ele recuou, virando o rosto para encarar o meu pai.

O Sharingan encontrou os olhos azuis que eu tanto amava, e eu nunca saberei o que eles conversaram silenciosamente naqueles minutos intermináveis. Mas os olhos do meu pai foram capazes de fazer o Naruto voltar ao normal, e eu corri para abraçá-lo assim que percebi o manto avermelhado se desfazer.

- Amisa... – a voz dele chegou ao meu ouvido, aliviada e terna. – Eu jamais me perdoaria se alguma coisa acontecesse a você.

Eu me afastei do abraço dele para poder encará-lo.

- Apenas me prometa que nunca mais vai liberar esse poder por minha causa. Eu jamais me perdoaria se fosse a causa...

- Shiii... – ele me calou com um dedo em meus lábios. – Eu amo você, Amisa. Não posso prometer que não usarei todos os recursos se você estiver em perigo.

Aquelas palavras me deixaram sem ação. Eu não queria concordar com ele, mas não podia ignorar que ele disse me amar. Meus olhos correram para os lados, e só então eu percebi a presença do meu pai, parado de braços cruzados, observando nós dois. Quando nossos olhos se cruzaram, ele abaixou a cabeça num leve assentimento, e eu sorri ao perceber o leve sorriso que se formou no rosto dele também.

- Sasuke!

O grito desesperado da minha mãe interrompeu aquele momento. Nós três nos viramos para ela, o líder da Chuva havia invocado uma salamandra gigante, e o Mizukage atacava usando um dragão gigante de água. Ainda observei um assentimento entre meu pai e Naruto antes deles se virarem para mim e meu pai ordenar:

- Espere aqui, Amisa, esta luta é minha e do Naruto.

Eu observei em silêncio quando eles morderam os polegares e gritaram, praticamente em uníssono:

- Kuchiyose no jutsu!

No mesmo instante, uma cobra de várias cabeças e um sapo gigante apareceram sob meu pai e sob o Naruto, atacando respectivamente o líder da Névoa e da Chuva. Era a primeira vez que eu via meu pai usar uma técnica de invocação, e minutos depois, descobri que minha mãe também era capaz de invocar lesmas. Vendo os três lutarem, finalmente pude ter uma idéia do que era o antigo time deles, da célula tripla que meu pai sempre ensinou para mim e meu antigo time. Os ataques deles se completavam, e mesmo contra inimigos poderosos, suas defesas tornavam-se praticamente absolutas.

O Mizukage foi o primeiro a cair; seu dragão de água não tinha forças contra a cobra invocada pelo meu pai, e seu destino foi selado pelo genjutsu que ele tanto queria garantir para si. Com seu companheiro fora de batalha, o Amekage logo se viu cercado pelos três pupilos dos antigos sannins que um dia enfrentaram o famoso Hanzou Salamander.

- Sasuke, Sakura – Naruto gritou para seus amigos –, eu sou o alvo dele. Ele quer vingar a morte do seu sensei, como um dia eu vinguei a morte do erro-sennin.

- Não me subestime – o Amekage retrucou. – Eu posso lutar contra os três sozinho, você ainda não testemunhou o poder da Chuva.

- Teme! Você quer se vingar de mim, não é? Deixe os dois fora disso!

- Não, Naruto – meu pai interveio. – Ele se juntou a uma traidora e ordenou um ataque ao Som, além de estar envolvido no seqüestro da minha filha. Essa luta é minha e da Sakura também.

Os olhos do Amekage se estreitaram e uma risada cínica se formou em seu rosto. Ele realmente era um adversário forte, mesmo lutando contra três ninjas poderosos, conseguia se esquivar da maioria dos ataques e contra-atacar rapidamente. Entretanto, o Hokage, o Otokage e a pupila de Tsunade-hime não eram ninjas comuns, e nenhum dos três sucumbiu aos ataques do líder da Chuva.

- Desista, Hokage-sama – o Amekage gritou para o Naruto, pronunciando cinicamente o título dado ao líder da Folha. – Nunca haverá a paz entre as nações shinobi como você pregava em Suna. Shinobis são armas, não foram feitos para acordos e tratados.

Montado no sapo gigante que invocara, Naruto aproximou-se o máximo possível de seu adversário, antes de responder:

- Eu e o Gaara sabemos muito bem o que é ser uma arma para sua própria vila. Mas há coisas mais importantes na vida de um shinobi também, e uma vila que reconhece o valor dos seus soldados, sem transformá-los em meros objetos de guerra, é capaz de prosperar em tempos de guerra ou de paz. Ao contrário de um país que vive numa guerra civil há anos.

- Nós vivíamos em paz – o Amekage gritou – até que você matou o nosso deus! Ele ia levar a paz a todos os shinobis, e você o matou, deixando a Chuva voltar à miséria que era antes dele nos unir.

- Teme! A única coisa que o seu deus queria era o caos. Você acha que ele traria a paz com uma arma capaz de destruir uma vila com inúmeras vidas de inocentes sem chance de se defender? É assim que um líder de verdade pensa em seu povo?

- Você não sabe do que está falando! Você não estava aqui antes dele aparecer! Não sabe o que é ver todos os seus amigos morrendo de fome sem poder ajudá-los, ou...

- Eu sei o que é ter amigos e perder esses laços – Naruto o interrompeu. – Eu sei o que é crescer sem nenhum laço a me agarrar quando todos te dão as costas. E é por isso que não desejo o mesmo a ninguém, por isso que eu e Gaara estaremos sempre lutando para fazer as demais vilas entenderem que a paz é a única maneira do mundo shinobi continuar.

- Besteira! Não são os laços que deixam um ninja mais forte, é o poder, e vou provar isso para você!

Antes mesmo de terminar suas palavras, o líder da Chuva começou os selos para seu próximo ninjutsu. Entretanto, meu pai se colocou entre os líderes da Folha e da Chuva, caindo inconsciente no chão no mesmo instante.

- Sasuke! – minha mãe e Naruto gritaram ao mesmo tempo, desesperados.

Minha mãe correu para o lado do meu pai, usando seus jutsus médicos para curá-lo. Enquanto isso, Naruto voltou-se para o homem que o atacara, que o encarava abismado.

- Eu não entendo. Por que ele...?

- Porque são os nossos laços que nos fazem humanos e não simples armas – Naruto respondeu. – Um shinobi que sabe valorizar seus laços, nunca está sozinho numa guerra.

Os dois ficaram em silêncio, e eu corri até meu pai, temendo que minha mãe não fosse capaz de curá-lo. Quando me ajoelhei de frente a ela, percebi as lágrimas que ela tentava segurar enquanto se concentrava no meu pai, mas a única coisa que podia fazer era rezar baixinho para que ele abrisse os olhos o mais rápido possível.

Naruto também desceu ao chão e se ajoelhou ao meu lado, apenas observando minha mãe enquanto nós dois não éramos capazes de ajudá-la.

- Vamos, teme – ele murmurrou para o meu pai. – Você não vai se livrar de mim assim tão fácil...

Como se tivesse se recusado a deixar que a última palavra fosse do Naruto, meu pai abriu os olhos assim que a voz dele morreu no meio de nós. Um sorriso cínico apareceu no rosto do Otokage, e assim que ele se sentou no chão, disse:

- Você é que não vai se livrar de mim, dobe.

Entretanto, não houve tempo para comemorações, pois no mesmo instante que meu pai se levantou, um exército de ninjas da Chuva nos rodeou. Entretanto, ao invés de dar a ordem de ataque, o líder deles anunciou:

- Parem! – Depois, virando-se novamente para os meus pais e o Naruto, continuou: – Por mais que vocês sejam fortes, jamais sobreviveriam a todo um exército da Chuva. Eu pouparei a vida de vocês.

- Arrre! Eu não preciso que você sinta pena de mim! Eu ainda posso lutar! – Naruto berrou.

- Naruto! – minha mãe o repreendeu, enquanto meu pai apenas observava a tudo, impassível.

- Vocês três são tão fortes – o líder da Chuva continuou – quanto os sannin que lutaram contra meu avô. E assim como meu avô, eu, Hideo Salamander, os honrarei com o título de novos sannin. Em troca das suas vidas, é assim que vocês serão reconhecidos a partir de hoje.

Meu pai estreitou os olhos para o homem a sua frente, mas minha mãe foi rápida o suficiente para segurá-lo com um aperto forte no braço, obrigando-o, silenciosamente, a ficar quieto.

- E em reconhecimento aos novos sannin, eu declaro que a partir de hoje a Chuva será aliada da Folha e do Som, e nenhum ataque será tolerado a estas vilas ou qualquer uma de suas aliadas.

o/o/o/o/o/

O Torneio Chuunin em Suna terminou sem mais nenhum acontecimento extraordinário. O Time Uchiha voltou para o Som com seus três integrantes agora com o título de chuunins e as principais vilas ninja finalmente haviam assinado um tratado de paz. A profecia que dizia que o sennin dos sapos treinaria o shinobi que traria a paz parecia ter se realizado, e uma nova geração que não conheceria os horrores e as perdas de uma guerra estava prestes a se formar.

Eu não era mais a sensei dos meus irmãos e, seguindo o caminho inverso da minha mãe, acabei me tornando uma ninja da Folha, a esposa do Hokage. Os acontecimentos no País da Chuva fizeram meus pais entenderem que eu não poderia mais continuar no Som quando meu coração estaria sempre em Konoha e, depois de tantos anos afastado, meu pai finalmente pôs seus pés em sua terra natal novamente.

A primeira coisa que ele me pediu foi para visitar o antigo Distrito Uchiha. Apenas nós dois, caminhamos juntos pelas antigas ruas, agora com suas casas velhas demolidas por minha ordem. O antigo bairro do clã seria transformado numa área dedicada ao treinamento dos habitantes da vila, e as memórias de seu fundador e do horror testemunhado por aquele pedaço de Konoha haviam sido destruídas e apagadas para sempre.

O silêncio enquanto caminhávamos lado a lado me dizia o quanto ainda era difícil para o meu pai reviver as lembranças da sua infância. Andamos sem nos falar até pararmos em frente ao lago que enfeitava o antigo distrito, observando calados o belo pôr do sol que emprestava um brilho dourado à água.

- Amisa – meu pai quebrou o silêncio –, eu ainda não a parabenizei. Sua mãe disse que será um menino.

Eu me virei para ele e sorri, colocando a mão dele sobre minha barriga, que começava a querer mostrar que uma nova vida estava crescendo ali.

- Sim – respondi –, foi o que Shizune-san afirmou depois de me examinar.

- Teremos um novo Uchiha na família – ele continuou, levantando o canto dos lábios num sorriso provocador.

- Um novo Uzumaqui – eu o corrigi, brincando. – Nós estamos pensando em chamá-lo de Jiraya, em homenagem ao antigo sensei do Naruto – complete, séria.

Meu pai assentiu com a cabeça.

- É um bom nome. O nome de um dos maiores ninjas de Konoha.

Eu estreitei os olhos, encarando-o divertida.

- Tem certeza? Eu pensei que você jamais aceitaria ver o seu neto carregando um nome que significa tanto para o Naruto.

Ele deu uma risada discreta, mas logo depois voltou a ficar sério.

- Amisa, eu quero que você me prometa uma coisa. O que nós sabemos sobre o Sharingan morre aqui, enterrado sob escombros do que um dia foi o Distrito Uchiha. Eu a treinei para mostrar que o Sahringan pode ser tão poderoso sem a necessidade de recorrer à maldição do Mangekyou. Você passou isso para os seus irmãos, apenas me prometa que fará o mesmo com meu neto.

- É claro, pai – respondi com um sorriso, maldizendo-me mentalmente pelas lágrimas que começavam a querer se formar nos meus olhos.

- Se ele herdar apenas metade da sua força e a do Naruto, já será um dos melhores shinobis da geração que está por vir.

Ao ouvir aquelas palavras, não consegui mais conter as lágrimas. Logo em seguida, minha mãe e Naruto estavam atrás de nós, e eu o ouvi provocar o meu pai:

- Hei, teme! Cuidado com o que você fala para a minha mulher! Você vai se ver comigo.

- Hum, dobe! – meu pai respondeu, fechando a cara novamente. – Ela é minha filha antes de qualquer coisa. Se eu a vir chorando por sua causa, você é que vai se ver comigo!

- Parem, vocês dois! – minha mãe interveio. – A Amisa está mais sensível agora, vocês tratem de parar com essas briguinhas, para o bem do nosso neto.

Eu levantei os olhos para meus pais, finalmente unidos ao amigo que completava o antigo Time 7. Parecia a antiga foto que eu guardava em meu quarto, minha mãe entre os dois amigos briguentos. Mesmo tentando sorrir, mais lágrimas vieram aos meus olhos, e deixei que Naruto me abraçasse e me conduzisse de volta até nossa casa.

- Vamos, Amisa. Ainda temos muitas novidades sobre Konoha para mostrar ao teimoso do seu pai, antes que ele fuja de volta para o Som.

Mesmo de costas, eu sabia que meu pai havia estreitado os olhos para o Naruto, mas foi parado por um simples franzir de sobrancelhas da minha mãe.

____FIM____


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

N.A.: Mil desculpas pela demora em escrever esse cap, mas cenas de luta são extremamente cansativas de escrever para mim, e acabei ficando muito tempo sem conseguir uma maneira de terminar tudo aquilo. Talvez eu tenha fugido um pouco da raia e evitado detalhar algumas coisas, mas o cap já estava atrasado demais e senti que estava na hora de postar. Se ficou muito ruim, podem falar.

Ah! Mas ainda não acabou, não! A Roxane Norris me presenteou com um espílogo para a fic. Tenho certeza que vocês irão gostar, porque ela escreve super bem. Então, é só clicar em “próximo cap”! XD



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "A Folha e o Som" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.