A Folha e o Som escrita por BastetAzazis


Capítulo 14
Epílogo


Notas iniciais do capítulo

Capítulo escrito por Roxane Norris :)



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Capítulo 14: Epílogo

Escrito por: Roxane Norris

- Nani! - exclamou o loiro, fitando os orbes pretos a sua frente – Tente mais um vez, Jiraiya.

- Otosan, tem certeza que o Ojiisan vai achar isso interessante? - Sorriu o menino com o semblante cansado.

- Absoluta! - assentiu o pai, devolvendo-lhe o sorriso.

- O Ojiisan é muito sério... - retrucou o menino.

- O Sasuke sempre foi assim – ponderou o pai, com os cabelos loiros ao vento, percebendo um ponto rosa ganhar contornos mais nítidos entre as árvores ao redor deles - , mas você chegou para mudar isso, dattebayo!

- Dattebayo! - repetiu o menino com o gesto característico do pai e os olhos brilhantes.

- Agora é melhor mudarmos de assunto – cochichou Naruto para o filho - , sua mãe anda muito sensível nos últimos dias. É melhor não perturbá-la antes da viagem.

- Hai – concordou o pequeno, correndo ao encontro da mãe e a abraçando ao dizer: - Okaasan, estávamos treinando!

- Você está imundo, Jiraiya. - Ela sorriu, os cabelos rosados presos a um coque e o olhar caindo sobre o marido, que vinha em sua direção, admirando-a.

- Posso ouvir? - indagou o menino, encostando o ouvido à barriga arredondada da mãe – Imuto... - ele completou baixinho.

- Como estão as coisas no hospital? - Naruto perguntou ao lhe dar um beijo na testa.

- Como sempre – disse calma – Vamos almoçar.

Os estômagos dos dois loiros rugiram, e apertando o filho entre os braços, Amisa completou:

- Isso deve ser um sim...

Pai e filho assentiram em uníssono.   

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A distância entre as vilas de Konoha e do Som era relativamente pequena, se comparada às outras, principalmente quando se carrega o coração aquecido por lembranças. Jiraiya ainda estava na academia, mas tinha a vivacidade do pai, aquela mesma determinação que levara Naruto a não abandonar a busca pelo amigo no passado.  E a cada parada feita pelo grupo, uma expressão emburrada se estampava em seu rosto, ainda que o menino soubesse que a mãe não podia empreender uma caminhada tão cansativa de uma vez só com uma barriga de sete meses. Entretanto, o pequeno ninja insistia em que não deveriam demorar tanto em suas paradas.

O pai, há muito, o convencera a mostrar seu novo jutsu para seu avô, o que contribuía, e muito, para a excitação que tomava conta do menino. Amisa, secretamente, desconfiava que seu pai não veria com tão bons olhos a novidade que ambos andaram aprontando, contudo, a gravidez a deixara fragilizada e sentia-se impotente diante da alegria contagiante com que o pequeno se dedicava aos treinos. Para ela, filha de Sasuke Uchiha, era difícil acreditar que Jiraiya se saísse bem em sua empreitada, apesar de muitas vezes ter visto o pai sucumbir aos pedidos insistentes do garoto. 

Ela sorria enquanto admirava, sob a sombra de uma árvore, os dois homens mais importantes de sua vida disputarem uma corrida pelo descampado, alternando vários jutsus de ataque e defesa. Essa hiperatividade de Naruto havia sido muito criticada pelos amigos na juventude, mas como pai, ela era muito bem vinda. No alto dos seus quarenta anos, o loiro ainda se comportava como um menino quando estava envolvido com o filho. Nem mesmo o fato de ser Hokage o impedia de usufruir algumas horas do dia com o menino, e era essa tenacidade que fazia seu nome ter peso em todas as vilas. Sob seu comando, Konoha se beneficiara de muitos acordos com várias vilas ninjas, e Amisa reconhecia isso mais do que ninguém... E mais do qualquer um ela amava aquele ninja hiperativo de orbes azuis como céu, por ele, enfrentara até mesmo a frieza de Sasuke Uchiha.

A vila do Som surgiu diante de seus olhos, o cheiro de casa parecia-lhe ainda familiar, como se sempre estivesse ali para senti-lo. Ela ainda estava mergulhada em suas lembranças quando a voz do marido a trouxe à realidade:

- Onde está a Sra. Uchiha? - indagou o loiro, levando as mãos à lateral dos lábios numa atitude irreverente, já que naquele momento não falava como um Kage.

Aquela visita não era formal, não era uma reunião entre líderes de vilas, era tão somente um encontro entre família. Ainda que o Otokage nem sempre fosse capaz de perceber o Hokage como seu genro. A cabeleira rosada, igual a da filha, surgiu no portal ornada por duas orbes esmeraldas, que brilharam intensamente.

- Naruto! Você quer provocar uma guerra com essa sua pergunta? - ralhou com o antigo amigo de time, fazendo um sorriso tomar seus lábios logo em seguida.

-Ué? Eu tô errado? - ponderou o loiro ao abraçá-la. - Amisa é a única casada nessa familia e ela...

- Pare exatamente aí – aconselhou a sogra, desvencilhando-se dele e indo na direção da filha – Amisa... - sorriu ao tomá-la nos braços e acalentar com os dedos a barriga proeminente – mais um Uzumaki no mundo? - deu um leve desdém, voltando seu olhar para o Naruto.

- Eu ouvi isso, Sakura – interveio na cena a voz grossa vindo de dentro da casa enquanto a figura do Otokage se formava no lugar ocupado antes pela esposa. - Mais um Uchiha – corrigiu o moreno, e com uma leve crispada de lábios, prosseguiu para o genro: - Ohayou, Naruto. - E antes que o Hokage tentasse qualquer tipo de saudação, dirigiu-se à filha, recebendo-a nos braços carinhosamente.

Amisa conseguia ser o terreno neutro entre os dois Kages, nenhum dos dois ousava usá-la em suas disputas ridículas, assim ela as achava mentalmente, como a mãe.  Arrancando todos daquela cena quase patética de um almoço rotineiro de família, Jiraiya deixou o aconchego da avó para se dirigir ao Kage do Som com toda sua propriedade de neto único.

- Ojiisan – chamou o garoto, encarando os olhos pretos do avô, que prontamente o atendeu. Certamente para não ouvir aquele tratamento de novo. - Ojiisan, eu tenho uma surpresa para você!

O olhar escuro de Sasuke Uchiha demorou um tempo sobre a figura do garoto, por duas vezes ele o chamara daquela forma estranha, a qual ele ainda não se acostumara. E ele usou de toda sua boa vontade para controlar seus instintos nada familiares.

- Eu sabia que honraria os Uchiha e seria um gênio aos seis anos – murmurou o Otokage se aproximando dele. 

- Eu não sou um gênio! - retrucou o menino, interrompendo com suas palavras os passos do avô em sua direção. - E tenho sete anos!

- Então, está atrasado – ponderou impassível, e voltando a andar até o neto, desviou o olhar para o Hokage, completando cínico: - Isso seria facilmente resolvido se fosse treinado por alguém mais competente e que conhecesse melhor os jutsus dos Uchiha.

As duas rosadas reviraram os olhos, certamente as provocações não parariam aí, nunca paravam. Naruto, entretanto, nada disse, apenas fixando seu olhar azul nos pretos do Sasuke.

- Pai... - intercedeu Amisa, ao lado da mãe. – Apesar de todo o poder de nossos jutsus, nem você os dominou tão cedo...

Os orbes escuros desviaram de Naruto para encontrar os dela, e o mais rápido que pode, Sakura sugeriu:

- Não é melhor entrar? - Acrescentando à fala, um de seus sorrisos. E virando-se para o genro, completou certa de que conseguira minimizar os danos daquela conversa: - Fiz seu prato preferido, Naruto.

- Vejo que não tenho mais lugar nem mesmo em minha casa! - retrucou o moreno aborrecido. – Um neto treinado por um Uzumaki, minha comida preparada em sua homenagem... Isso é um claro atentado a paz que reina entre nossas vilas!

- Você está exagerando, Sasuke – protestou Naruto num falso sorriso. – Ainda lhe resta a esperança de que a menina que está para chegar seja um gênio do seu Clã e puxe esse seu humor!

- Naruto! - retrucou a esposa com os olhos arregalados ao ver o semblante dos dois endurecer.

- Amor... - ponderou o loiro sem desviar os olhos do Otokage, que por sua vez quase rugia contra ele. – Seu pai não mudou nada em anos, continua o mesmo teme de sempre! Eu não me incomodaria de dobrar o gênio da minha filha e mostrar a ele como os Uzumaki são bons nisso!

Os dois se mediram, a raiva intensificada, os olhos brilhantes, prontos para um embate. As duas mulheres se sobressaltaram, mas foi o menino de cabelos loiros que agiu. Em segundos estava à frente do pai, e encarando o avô com os olhos vermelhos, finalizou:

- Mangekyou harém no jutsu!

Harém?, indagava Naruto surpreso. Esse ele não tinha me mostrado, sorriu para si mesmo. Orgulhoso de seu filho, enquanto mãe e filha viam o moreno ser capturado pela ilusão de Jiraiya.

- Mas que diabos! - rosnou Sasuke – O fedelho foi rápido...

Entretanto, seus pensamentos pararam por aí. Diferentemente do que esperava, não estava acorrentado a um poste de madeira, muito pelo contrário, estava deitado sobre almofadas de seda vermelha e um cheiro forte de absinto preenchia o ar. Estava sem camisa, ele notou, mas isso era apenas um detalhe sem importância. Aquele não era o Mangekyou Sharingan ao qual estava acostumado... Seus lábios crisparam contrafeito. Em que espécie de justu o menino o teria metido?

Ele tentou se erguer das almofadas e instantaneamente foi detido por longos braços, e mãos delicadas, que surgiam por entre os tecidos coloridos. Os olhos escuros se arregalaram, aturdidos, vendo os braços findarem, lentamente, em corpos delineados sob véus translúcidos e rostos delicados, ornados de cabelos loiros e castanhos. Aquilo era obra do Naruto, ele murmurou para si mesmo. O que ele andava fazendo com a cabeça de seu neto? 

Infelizmente, era inútil se questionar sobre isso preso àquela ilusão, precisava sair dali, mas as mãos delicadas se espalhavam sobre seu corpo, numa trilha invisível, fazendo-o arrepiar e esquecer a sanidade. Uma moça de longos cabelos ruivos surgiu entre suas pernas, o olhar maroto, as mãos tocando-lhe a borda da calça. Sasuke simplesmente não conseguia reagir, ou melhor, ele reagia, mas não como queria. Entre beijos e carinhos elas o prendiam mais e mais em seus braços. Os dentes rentes a sua pele arrancavam-lhe suspiros. Precisava agir logo...

Agir... Sim, reagir... Mas como? A ruiva debruçou-se sobre ele tomando-lhe os lábios e toda sua determinação teve fim. Foi quando sentiu uma dor de cabeça forte e viu duas orbes verdes encarando-o irritadas. Ele estreitou o olhar sobre a esposa e antes que pudesse dizer qualquer coisa ela já se fora para dentro de casa.

- Vamos, mocinho – ralhou Amisa, tomando as mãos do filho entre as suas e o arrastando para dentro de casa. - Viu a confusão que você aprontou? 

- Mas ele ia atacar o papai! - protestou o menino.

- Seu pai sabe se defender – rebateu a mãe. - Você vai pedir desculpas imediatamente a sua avó... Agora, Jiraiya! - apontou a porta da casa com o dedo indicador.

- Mas mãe... - tentou o menino, inutilmente.

- Eu disse agora. - Ela o encarou séria, fazendo-o abaixar a cabeça e seguir a direção do dedo.

Sasuke ainda continuava confuso quando a voz do Naruto ressonou ao seu lado, desdenhosa:

- Tinha que ver sua cara, Sasuke... - Ele sorriu, colocando as mãos atrás da nuca – O menino é bom, né? 

O olhar escuro do moreno caiu sobre ele fulminante, mas ao contrário do que o loiro esperava, ele tomou o caminho da casa, deixando-o a sós com Amisa.

- Satisfeito? - Ela disse bem próxima ao marido. O olhar intenso sobre ele.

- Não... - rebateu sério. – Eu não gosto de implicar com seu pai, Amie... mas você tem que admitir que ele ultrapassa certos limites.

- Vocês dois são impossíveis! - esbravejou, virando-se de costas para ele e emburrando. – Quando vão crescer e deixar essas picuinhas de lado?

Ele sorriu com a atitude dela, passando os braços ao redor do corpo da esposa e trazendo-a junto ao seu corpo. Com os lábios sobre a nuca de Amisa, murmurou:

- Acho que nunca – beijou-lhe a pele - , mas eu vou te amar sempre.

Virando-a de frente para si, cobriu seus lábios carinhosamente.

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Sakura estava em seu quarto quando ele entrou furtivo, deslizando pelas sombras, escondido. Ela não quis fitá-lo, não gostava daquelas picuinhas entre ele e Naruto. Alguém sempre se machucava, e daquela vez, fora ela. Ele não esperou palavras, colando seu corpo ao da esposa, fechando seus dedos sobre o pescoço dela. Ela fechou os olhos, sentindo o polegar dele acariciar sua nuca, no carinho que, ele sabia, rompia suas defesas. Ela era assim, era dele, sempre fora. Ele sabia disso, a amava por isso e odiava vê-la daquela forma. Principalmente quando era ele o causador daquela sombra em verdes. Com a boca fechada sobre sua nuca, ele murmurou:

- Gomen... - beijou-lhe o pescoço. Ela abriu os olhos, arrepiada, surpresa. - Aishiteru, Sakura...

Ela não esperou por outra palavra dele, apenas se virou, entregando seus lábios ao homem que amava.

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Na sala, o menino loiro sorria, sentado à mesa, sozinho.

-Adultos! - bufou – São todos complicados...    


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