A Folha e o Som escrita por BastetAzazis


Capítulo 10
Suna: Parte 3




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Ele deu um longo suspiro e, abrindo mais a porta, fez sinal para que eu entrasse.

- Entre. Acho que precisamos conversar.

o.O.o

Capítulo 10: Suna – Parte 3

Eu entrei e fiquei em silêncio, um pouco intimidada com a situação. Afinal, estava no quarto do Hokage, sozinhos, enquanto os demais hóspedes do Kazekage já deviam estar dormindo. Ouvi a porta se fechando, e de repente, toda minha determinação havia esvaecido. Fiquei apenas o encarando, sem saber o que dizer.

Ele também não disse nada, e um silêncio desconfortante preencheu o cômodo. Mordi o lábio inferior, tentando organizar meus pensamentos e formular alguma frase que não soasse idiota ou agressiva demais. Mas quando finalmente abri a boca, ele fez o mesmo, e nós nos calamos logo em seguida para deixar o outro continuar.

Novamente, o silêncio sufocante. O Naruto deu um longo suspiro, mas eu me adiantei às palavras dele, impaciente com aquela situação incômoda.

- Eu vim aqui porque não agüento mais isso – declarei, como se estivesse jogando para fora dias de antecipação. – Você não pode me pedir para ignorar aquele beijo, porque eu sei muito bem o que senti naquela noite e sei que você sentiu o mesmo. Como você quer que eu ignore isso?

Ele caminhou na minha direção, ficando numa distância suficiente para que seu braço alcançasse meu rosto, e eu senti os dedos dele tracejando delicadamente a minha pele. Inclinei a cabeça para encontrar a mão dele e intensificar aquele toque. Contra a vontade, meus olhos se encheram de lágrimas.

- Amisa... – ele disse, quase num sussurro. – Há uma semana que estou lutando contra isso também. Tentando me convencer que é só uma ilusão de uma mente solitária. Por mais que aquele nosso beijo tenha sido tão forte, eu não posso...

- Por favor, não – supliquei, sem conseguir controlar as lágrimas que caíam livremente, umedecendo as mãos dele. – Se você vai me dizer para esquecer aquilo, se vai tentar me enganar dizendo que não teve nenhuma importância para você, diga de uma vez e eu volto ainda hoje para o Som. Mas por favor, não me peça para continuar aqui, fingindo que não sentimos nada um pelo outro.

Eu simplesmente falava tudo aquilo sem parar, balbuciando entre lágrimas, parecendo uma criança chorando pela perda de um brinquedo querido. Quando terminei, a mão dele estava sob o meu queixo, me obrigando a encará-lo enquanto esperava pela resposta.

Os olhos dele eram tristes e suplicantes, fazendo com que eu tivesse mais certeza que ele sofria o mesmo que eu.

- Eu não posso pedir para você me esquecer – ele disse, finalmente –, porque eu também não consigo esquecer daquela noite.

Meus lábios se abriram num sorriso, e num impulso, eu o abracei. Havia um calor reconfortante naquele gesto, que me fazia apertá-lo com força, como se não quisesse nunca mais ter que me afastar dele.

- Amisa... – ele sussurrou, enquanto eu sentia os braços dele em mim, devolvendo o abraço. O rosto afundado no meu cabelo, enquanto eu, inconscientemente, depositava leves beijos no pescoço dele.

Senti o corpo dele relaxar ao meu toque, e minha boca correu ao encontro dos lábios dele. Nós nos beijamos intensamente, relembrando daquele entardecer, nos afastando apenas quando os pulmões imploraram por um pouco de ar.

Apesar do beijo ávido, os olhos dele ainda refletiam suas preocupações com as conseqüências daquele ato. Certa dos meus sentimentos, dei um passo para trás e desatei a hitaiate com o símbolo do Som que prendia meu cabelo, deixando-a recostada sobre o braço de uma poltrona próxima.

- Somos só nós dois neste quarto – disse, olhando-o séria. – Não há Hokage, nem qualquer outro ninja da Folha ou do Som. Eu só vejo você, Naruto, e é só você que eu desejo.

Ele deu um sorriso, que fez meu coração bater ainda mais forte, e com os olhos mais tranqüilos, respondeu:

- Eu também a desejo, Amisa, mas não é certo. Você ainda é uma garota.

Foi a minha vez de sorrir, sensualmente. Caminhei novamente para perto dele, desamarrando a corda que prendia minha túnica e deixando que ela escorregasse pelos meus ombros, caindo no chão. Restando apenas a bermuda e uma faixa que prendia meus seios para esconder o meu corpo, sussurrei ao ouvido dele:

- Há muito tempo que deixei de ser uma garotinha...

Sorri internamente quando percebi o corpo dele enrijecer, pego de surpresa com as minhas palavras. Ainda com a boca encostada no ouvido dele, comecei a beijar o lóbulo da orelha, enquanto minhas mãos tateavam o corpo dele por baixo da blusa, sugerindo até onde intencionava terminar aquela noite.

Insinuando meu corpo contra o dele, logo o percebi ceder às carícias, sentindo as mãos dele correndo ávidas sobre a minha pele até que, num único gesto, ele me levantou no colo. Ofeguei assustada com o movimento repentino, mas no instante seguinte, os lábios dele tomaram os meus, e eu o deixei me carregar até a cama.

Finalmente nos entregamos ao desejo que nos consumia nos últimos dias. Por algumas horas, deixamos que todas as diferenças que nos separavam ficassem fora daquele quarto, esquecidas, preocupados apenas em amar um ao outro. Perdida em meio aos beijos, toques e abraços, adormeci nos braços dele, embalada pela paz que aquele corpo me trazia, desejando que aquele dia jamais amanhecesse.

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Os primeiros raios de sol começavam a avermelhar o céu de Suna quando os guardiões da noite se espantaram com a figura que se aproximava. Não era comum visitantes chegarem ao amanhecer, pois o deserto do País do Vento podia ser ardiloso nas noites mais escuras. Entretanto, nada nem ninguém era capaz de parar a determinação do Otokage.

- Digam que Sasuke Uchiha, líder da Vila Oculta do Som, está aqui para falar com o Kazekage – ele anunciou, assim que parou em frente aos guardiões.

Nenhum deles ousou contestar o meu pai. A fama do Otokage corria muitos países e vilas ocultas, o suficiente para que soubessem que seria mais prudente acordar o próprio líder.

Não levou mais que meia hora para que os gritos dele pudessem ser ouvidos ao longe, me despertando de um sono aconchegante para a constatação de que se não fizesse alguma coisa, em breve estaria vivendo um pesadelo. Alarmada, levantei da cama e comecei a catar minhas roupas, esparramadas pelo chão. Quando já estava vestida e prestes a correr para o meu quarto, ouvi as batidas na porta.

BAM, BAM, BAM!

Felizmente, as batidas eram no quarto ao lado – o meu quarto –, e eu sabia que precisava sair dali o mais rápido possível. Virei para o Naruto, assustada, apenas para verificar que ele continuava dormindo. Apesar da confusão, não pude deixar de sorrir ao vê-lo tão sereno, dando-me a certeza de que, se preciso, lutaria até mesmo contra o meu pai para continuarmos juntos.

- Naruto, Naruto – chamei baixinho, cutucando-a para acordá-lo.

Ele se revirou na cama e abriu os olhos.

- Amisa...? – Abriu um sorriso e me puxou para mais perto dele. – Ainda é cedo...

- O meu pai está em Suna – disse, séria.

- O Sasuke? – ele repetiu, incrédulo. – O que ele está fazendo aqui?

Eu levantei os ombros, indicando que também não tinha a menor idéia de por que ele estava lá, ou mesmo por que resolvera chegar justo naquela manhã. Para confirmar minha afirmação, as vozes do meu pai e do Kazekage invadiam o corredor; eles não haviam me encontrado no meu quarto, e meu pai exigia que fosse feita uma busca, começando pelo quarto do Hokage.

O Naruto deu um suspiro pesado e me considerou por um momento.

- Talvez seja melhor esclarecermos tudo de uma vez – disse.

- Não! – eu protestei veementemente. – Ele vai te matar antes mesmo de nos ouvir. Eu tenho que arranjar um jeito de sair daqui e, depois, converso com ele... calmamente.

Ele ainda parecia contrariado, entretanto, novas batidas – agora na porta dele – o fizeram concordar com o meu plano.

- Apenas finja que acabou de acordar – disse, e me virei em direção à janela.

Quando me levantei, senti a mão dele me puxando pelo braço, me derrubando novamente na cama. Fui surpreendida mais uma vez por um beijo, demorado considerando a situação.

- Não é o Sasuke quem vai me fazer desistir de você – ele disse, sério, depois que nos separamos.

Eu sorri, guardando o rosto iluminado dele na memória, mas novas batidas na porta me fizeram despertar novamente daquele sonho.

- Naruto! Eu sei que você está aí! – a voz do meu pai soava irritada do outro lado da porta.

Eu saí rapidamente pela janela; era uma ninja, conseguiria descer facilmente do segundo andar para o chão e, felizmente, ainda era muito cedo para que alguém me visse. Entretanto, a curiosidade falou mais alto, e eu ainda resolvi permanecer ali, escondida no parapeito.

Depois de mais algumas batidas insistentes, o Naruto finalmente abriu a porta, vestindo apenas uma calça e xingando o barulho que o acordara. Meu pai praticamente invadiu o quarto, seguido pelo Kazekage.

- Sasuke? – o Naruto perguntou, fingindo-se surpreso. – O que você está fazendo aqui?

- Ele veio em busca da filha – o Kazekage explicou –, mas não a encontramos no quarto dela. A cama estava arrumada, dando a impressão de que ela não dormiu aqui. Você tem alguma idéia do que pode ter acontecido?

O Naruto baixou os olhos para o chão e começou a coçar a cabeça.

- Humm... A Amisa-chan? – ele começou, fingindo pensar em alguma coisa. – Eu realmente não sei o que os jovens de hoje em dia costumam fazer a noite. Vocês deviam perguntar ao Kankurou-san, ele é o boêmio daqui.

Meu pai, que até então estivera vasculhando o quarto, virou-se subitamente para ele, os olhos estreitos e furiosos.

- Você passou a noite sozinho, Naruto? – meu pai perguntou com uma voz baixa e igualmente furiosa, fazendo minha espinha arrepiar.

O Kazekage também arregalou os olhos, assustado com o nível onde a conversa havia chegado. O Naruto, entretanto, estreitou os olhos para o meu pai, indignado.

- Eu não tenho que dar satisfação da minha vida para você, Sasuke.

- Não – meu pai respondeu, levantando um objeto no ar. – A não ser que a minha filha esteja envolvida também.

No mesmo instante que vi meu pai levantar o braço para mostrar alguma coisa ao Naruto, levei as mãos a cabeça. A hitaiate que deveria prender meu cabelo não estava lá. Pálida e com o coração acelerado, pulei rapidamente dali, antes que alguém me visse.

- Amisa-chan – a voz do Kankurou me fez virar para trás assim que desci ao chão. – Ainda é muito cedo para treinar, eu estou apenas chegando...

Nós estávamos na entrada da residência do Kazekage e, de repente, um plano cruzou minha mente.

- Kankurou-san! Por acaso você viu minha hitaiate? Eu estou procurando desde que amanheceu.

Ele apenas abanou com a cabeça.

- Kuso! – praguejei. – Meu pai vai me matar se souber que a perdi de novo.

- Ah... Não se preocupe, Amisa-chan – ele tentou me consolar. – Seu pai está a dias de distância daqui, até lá você arranja outra.

- Não – respondi. – Ele está aqui. E está fazendo o maior escândalo porque ainda não me encontrou. Mas eu não vou subir lá sem essa hitaiate!

- É... tem razão – ele disse, pensativo. – O Uchiha-san sempre foi esquentadinho... Eu também não gostaria de ter que enfrentá-lo.

- Você podia me ajudar! – disse, suplicando com os olhos. – Se você subir até lá comigo e inventar alguma coisa para distraí-lo, ele não vai brigar comigo na sua frente.

Ele cruzou os braços, ainda pensativo.

- Por favor... – insisti.

Com um suspiro, ele concordou, e nós dois entramos na residência, nos dirigindo para o segundo andar. Quando alcançamos o corredor dos quartos de hóspedes, percebi que havíamos chegado bem na hora. A porta do Hokage estava escancarada e, lá dentro, meu pai ainda mostrava a hitaiate com o símbolo do Som para o Naruto.

- Vamos, Naruto, responda! – a voz do meu pai alcançou meus ouvidos, e me apressei a chegar até eles, antes que o Naruto pusesse tudo a perder.

- Otousan? O que você está fazendo aqui? Aconteceu alguma coisa em casa?

Os olhos frios dele moveram-se do Naruto para pousarem em mim. Felizmente, alheio ao que estava realmente acontecendo, o Kankurou apareceu logo atrás.

- Oras, Sasuke, coitada da menina! Não precisa fazer todo esse escândalo por causa de uma hitaiate perdida! Ela está desde cedo procurando, desesperada – ele disse amigavelmente, sem perceber a tensão entre os demais. – Eu mesmo já perdi a minha diversas vezes.

Meu pai considerou o Kankurou por um momento, depois seus olhos voltaram-se para mim, ainda mais estreitos.

- Amisa... – ele começou, lentamente. – Você perdeu sua hitaiate?

Eu baixei a cabeça antes de responder.

- Eu só percebi ontem a noite, antes de me deitar. Então acordei cedo hoje e resolvi voltar aos locais por onde passei ontem, para procurá-la. Me desculpe.

- Você não tem que se desculpa, Amisa-chan – o Naruto interrompeu, pegando a hitaiate das mãos do meu pai e entregando-a para mim. – Eu a encontrei ontem, perto da mesa do jantar. Você deve ter deixado cair e não percebeu.

Levantei os olhos para ele antes de pegá-la das mãos dele, nossos olhares se cruzaram – o meu era sério, o dele, maroto.

- Obrigada, Naruto-sama – respondi.

Um silêncio pesado permaneceu no quarto. Algo me dizia que nem o Kazekage, nem o meu pai haviam se convencido totalmente. Entretanto, a história da hitaiate perdida era uma explicação aceitável, e todos pareceram concordar silenciosamente em esquecer as acusações insinuadas minutos atrás.

- Muito bem – Kakurou quebrou o silêncio – agora que está tudo resolvido, eu vou para o meu quarto. Foi uma noite longa, se é que vocês me entendem – acrescentou, com um riso malicioso, que fez o Kazekage se desculpar pela indiscrição do irmão.

- Gaara-sama – meu pai começou assim o silêncio voltou para o quarto –, eu vim a Suna para averiguar alguns assuntos com a minha filha. Há algum lugar em que nós possamos conversar sem sermos interrompidos?

- Claro – o Kazekage respondeu. – Eu os levarei até a minha própria sala. Ninguém vai incomodá-los lá. – Virando-se para o Naruto, acrescentou antes de sair: - Depois, eu preciso conversar com você.

O Naruto assentiu com a cabeça e nós seguimos até o escritório do Kazekage. Eu ainda me virei para trás uma última vez, apenas para vê-lo piscando para mim com um sorriso maroto no rosto, como uma criança que acabara de aprontar uma peça. Voltei-me para frente, sorrindo internamente e seguindo os dois Kages, um pouco preocupada com o que trouxera meu pai até Suna.

- Aconteceu alguma coisa no Som? – perguntei, assim que o Kazekage nos deixou a sós.

Meu pai balançou a cabeça e me entregou um pergaminho.

- Eu recebi esta carta do Ando. Leia.

Franzi a testa para ele, sem entender, pegando o pergaminho. Meu pai ficou em silencio, observando com os braços cruzados sobre o peito enquanto eu lia as palavras do meu irmão. Aos poucos, sentia meu sangue começar a ferver. Ando havia escrito para o meu pai reclamando da pouca atenção que eu dirigia ao treinamento deles, dizendo que eu estava mais preocupada em estreitar laços com as demais vilas ocultas que com o Torneio Chuunin. Mas o que me deixou mais revoltada, e que me fez ter a certeza do motivo do meu pai correr até Suna, foi a preocupação dele ao dizer que temia que o Hokage estava tentando me “seduzir”. Como um pirralho daqueles podia entender alguma coisa sobre amor e sedução? Como ele ousava fazer uma insinuação daquelas?

- E então? – a voz do meu pai me despertou. – Há mesmo algum motivo para eu me preocupar?

Eu arregalei os olhos para ele, fingindo indignação, quando na verdade estava preocupada se eu ou o Naruto estávamos realmente sendo tão óbvios.

- Eu não acredito que você veio até Suna por causa desta carta – respondi. – Eu não consigo nem acreditar que o Ando foi capaz de escrever uma coisa absurda como esta.

- Eu também gostaria de acreditar que isso é um absurdo – ele replicou. – Mas o que eu vi esta manhã me deixou ainda mais confuso.

Eu sustentei o olhar dele em silêncio. Sabendo que não conseguiria mentir por muito mais tempo, resolvi que seria melhor desviar o assunto.

- Eu não tenho participado ativamente do treinamento deles, é verdade – disse. – Mas é porque sei que não há nenhum outro ninja neste torneio capaz de derrotá-los, enquanto que as negociações para uma aliança entre as demais vilas ocultas são de extrema importância para o Som.

- Hunf – ele bufou. – E as insinuações sobre o Hokage?

Inútil. Meu pai parecia obcecado por aquilo. Desviei meus olhos dele, sentindo meu rosto enrubescer.

- Eu não sei de onde o Ando tirou essa idéia – respondi.

- Tem certeza? – ele insistiu. – Eu não confio no Naruto.

- Mesmo se isso for verdade – repliquei –, não é motivo para trazê-lo até aqui. Eu sei muito bem me cuidar sozinha.

- Se fosse outra pessoa, talvez – meu pai respondeu. – Mas é do Naruto que estamos falando.

- O que tem ele?

Eu ouvi um longo suspiro. Em seguida, meu pai caminhou até mim e parou na minha frente, afagando o meu rosto.

- Você não tem idéia de como você lembra a sua mãe, Amisa – ele disse.

- Eu sei – respondi. – Todos aqui parecem fazer questão de me lembrar isso.

- Justamente – meu pai concordou. – E o Naruto sempre foi apaixonado pela sua mãe, desde a época que éramos gennins. Eu não sei o que faria se descobrisse que ele se aproveitou da semelhança entre vocês para satisfazer alguma fantasia pervertida dele.

Eu o fitei, surpresa. Jamais ouvi meu pai falando daquele jeito, com aquele rancor. Ao mesmo tempo, as palavras dele faziam minha mente reviver as inúmeras vezes que ouvira o próprio Naruto me comparando com a minha mãe. Um lado de mim não queria acreditar, ainda lembrando da noite maravilhosa nos braços dele. Mas havia também uma Amisa que tentava ser mais racional, analisando friamente o que meu pai contava sobre o tempo em que eram companheiros de time.

- Agora me diga, Amisa – meu pai continuou, depois do seu discurso sobre o “pupilo do ero-sanin” –, há algum motivo para eu me preocupar com o que aconteceu esta manhã?

- Não, claro que não – respondi prontamente. – Eu não sei como fui perder a hitaiate, e aconteceu que ele a encontrou. Foi apenas isso.

Meu pai ainda me considerou por um instante, mas eu sustentei o olhar dele. Por mais que tudo o que ele dissera tivesse me deixado em dúvida quanto ao Naruto, jamais admitiria o que sentia ao meu pai. Além do que, não seria prudente provocar um desentendimento entre os Kages do Som e da Folha às vésperas do Torneio Chuunin.

- Está bem – meu pai disse, assentindo com a cabeça. – Já que estou aqui, eu participo das reuniões entre os Kages, e você pode se dedicar mais ao treinamento dos seus irmãos agora.

- Hai – respondi, observando meu pai deixar a sala.

Assim que ele fechou a porta, eu me joguei numa das cadeiras, aproveitando o sossego do escritório do Kazekage para deixar que as lágrimas que estava segurando caíssem livremente. Não conseguia aceitar a idéia de que ele havia me enganado tão facilmente, que não era em mim que ele pensava quando me beijava avidamente, enquanto eu havia me entregue totalmente.

Comecei a ouvir vozes do lado de fora e percebi que Suna já estava acordada, e logo todos estariam envolvidos em suas atividades matutinas. Não poderia continuar escondida na sala do Kazekage por muito tempo e, secando o rosto com as mãos, saí para voltar ao meu quarto. Entretanto, a porta fechada ao lado me fez voltar a pensar nele, e eu descobri que não conseguiria pensar calmamente se continuasse em Suna, com a presença dele tão próxima de mim. Entrei no quarto apenas para pegar meu equipamento ninja, minutos depois, eu me encaminhava para a saída da vila.

Atravessei facilmente a fronteira do País do Vento. Com a mente distraída, viajei pelo País do Rio apenas preocupada com as palavras do meu pai e a imagem do Naruto, tentando decidir em quem eu deveria acreditar. De repente, uma névoa fria e espessa começou a se formar. Eu simplesmente me encolhi, tentando me aquecer, e apressei o passo para chegar o mais rápido possível em casa, sem notar que, aos poucos, os barulhos típicos da floresta que atravessa desapareceram. Estranhamente, quanto mais rápido eu andava, mais espessa a névoa se tornava, até que percebi, tarde demais, que se tratava de um genjutsu.

Continua...


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Notas finais do capítulo

N.A.: Obrigada a todos que deixaram reviews. A parte de Suna finalmente terminou e, o próximo capítulo será um presente para aqueles que se indignaram com a Sakura do início da fic mas, mesmo assim, não deixaram de acompanhar a fic!



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