Shiruko escrita por Lyubi


Capítulo 7
O som de sinos




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— Estou envergonhado na verdade. Não era para o nosso primeiro... Ser desse jeito.

Takao parou o movimento de assentir no meio. 

— Espera. Quê? O que você está dizendo, Shin-chan? Nosso primeiro... Você quer dizer que queria que o nosso... Primeiro... Fosse diferente?

A confusão desfez todo nó de ansiedade que habitava seu estômago. Olhava para o rosto ao lado tentando entender se realmente tinha ouvido o que achou que ouviu. 

Impassível, Midorima lhe olhava de canto e mantinha a mesma calma habitual, apesar de um leve rubor estar nascendo logo abaixo da linha dos óculos.

— É lógico que sim. Você deve ter achado super nojento. Eu... Tinha acabado de beber sopa de feijão.

Takao o encarou embasbacado sentindo todo o sangue existente em seu sistema circulatório resolver vir passear em suas orelhas, rosto e pescoço.

— Na verdade, eu achei muito gostoso — engasgou. — Doce e meio alcoólico por causa do sakê.

O rubor de Midorima intensificou. Ele ajeitou os óculos e apertou mais os braços cruzados num óbvio gesto de disfarce. 

Takao sentiu algo dar uma pirueta em seu íntimo ao perceber que o que Shin-chan tentava disfarçar era um sorrisinho. Ajeitou sua postura no banco e respirou fundo.

Uma risada escapou um tempo depois.

— O que foi?

— Eu passei o final de semana inteiro pensando que isso ia estragar a nossa amizade. Que tudo não tinha passado de um impulso bêbado da sua parte e que hoje você... — Takao soltou uma nova risadinha e passou a mão pelos cabelos. — Mas parece que eu te subestimei, Shin-chan... Você... — O riso morreu enquanto raciocinava. — Você sabe como eu me sinto então?

Midorima ajeitou os óculos na ponte do nariz de novo e virou o rosto para o outro lado antes de responder.

— Eu sei como eu me sinto.

Os sinos de uma igreja começaram a tocar em algum lugar ao sul. Pássaros alçaram voo para longe do barulho. Os grilos começavam a aparecer conforme o sol descia no entardecer. A brisa fez as sombras dançarem conforme moviam as folhas das árvores sobre eles. Takao sentiu o som das badaladas tremerem junto ao seu corpo. Arrepiou. Tão emocionado que podia sentir seu interior todinho se transformar em borboletas agitadas. 

Perdido em pensamentos, demorou para notar a aproximação. Midorima segurou seu braço e lhe olhou um momento antes de tirar os óculos e lhe beijar de novo.

Takao sentiu seu rosto arrepiar ao primeiro toque, mas logo tratou de corresponder. Dessa vez já começou um pouco mais úmido, seus lábios pareciam ter memorizado e se encaixavam e desencaixavam num arrastar lento e intenso. Não havia exageros; era como se soubessem a pressão, o ritmo perfeito. Takao queria que ele estivesse mais perto, mas a postura não permitia e a verdade é que mal sabia o que fazer com as próprias mãos. Shintaro segurava os óculos na canhota e apoiava no encosto do banco com a destra. O mundo inteiro parecia concentrado no encontro das suas bocas.


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