Finja Até Ser Verdade escrita por Samyy


Capítulo 7
Como Nos Filmes


Notas iniciais do capítulo

Postando como se não fizesse mais de 2 meses q não atualizo...



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Para este sábado, Ron achou que seria uma boa vir cozinhar o jantar para mim. 

Ele entrara em meu apartamento pouquíssimas vezes e em todas elas ficara pouco tempo. Eu nunca tive a oportunidade de analisá-lo dentro do meu ambiente, como ele se misturava aos meus móveis e se combinava a tudo. 

Já troquei de roupa duas vezes e nada parece ficar bom. Decidi escolher as próximas roupas às cegas, se não ficar no mínimo aceitável, só lamento. 

Eu já conversei com a Hermione interna, mas ela não consegue não ficar assim. O coração bate forte no peito e a respiração fica descompassada toda vez que preciso encontrar Ron. Isso é ridículo! Uma adolescente teria vergonha das coisas que eu ando sentindo. 

Sei que prometi me afastar, e realmente estou fazendo, mas é difícil recusar alguém cozinhando para você. Pelo lado positivo: não nos vimos muito durante esta semana que se passou, a semana após a festa. Ele esteve ocupado com os treinos, eu estive ocupada com a prova de economia que foi aplicada hoje mais cedo e organizando a apresentação que farei nos dois primeiros dias da semana universitária. Então, hoje é a primeira vez que nos vemos em algum tempo.

Fora isso, conversamos todos os dias por mensagem. Se tornou uma rotina e sinto que meu dia não está completo se seu nome não aparece na tela do meu celular algumas vezes por dia.

A campainha toca e só pode ser ele. O exercício de respiração e controle dos batimentos cardíacos que fiz nos últimos minutos vai por água abaixo. 

É meio patético o quão fácil eu me sinto, ele só precisa dizer oi que eu fico toda boba. Felizmente, se tem uma coisa que eu aprendi nessas últimas semanas, é que eu sei mascarar minhas emoções muito bem, então visto a máscara de pessoa centrando e focada que sempre fui. 

Ele me cumprimenta com um beijo no rosto, me proporcionando sentir a fragrância Ron. Apelidei gentilmente assim o perfume que ele mais usa. 

Dou uma última checada em minha aparência no espelho da sala: não gosto muito de body, mas esse tem um bom caimento, a cor preta fica bem em mim e combina com minha calça jeans clara.

— Você não estava brincando quando disse que cozinharia, não é mesmo? – aponto para as sacolas em sua mão. 

— Oferecimento da geladeira do tio Edmund! Agora, onde é sua cozinha? 

Eu mostro onde fica tudo e me surpreende o quanto ele fica confortável nesse cômodo, como se a cozinha fosse uma irmã mais velha. 

— Eu te disse que minha mãe é uma ótima cozinheira, então aprendi alguns truques com ela. – ele fala com carinho. 

Me pergunto se algum dia terei o prazer de conhecer os senhores Weasley, eles parecem ser as melhores pessoas do mundo. Um casal com 7 crianças, sendo 2 pares de gêmeos, devem ter histórias pra mais de uma vida. 

Me ofereço para ajudar a cortar os ingredientes e o faço um pouco desajeitadamente. Sei cozinhar, claro, mas faço no meu ritmo e corto de qualquer jeito, vai tudo pra panela e depois direto para a minha barriga. 

Ron me mostra como cortar melhor os alimentos e faço como ele pede. Uma caixinha de surpresas esse rapaz. 

Ao final total de 1 hora e 20, – entre conversas e risadas – sai do forno a famosa torta de frango da família Weasley.

— Não tão maravilhosa quanto a original, mas ainda assim maravilhosa. – Ron diz enquanto nos serve com um generoso pedaço de torta.

— Pare de ser modesto! Tem alguma coisa que você não faça bem? 

Ele ri meio cabisbaixo: 

— Na verdade, sim… algumas coisas…

Espero que ele diga quais são essas coisas, mas ele não continua o tópico. 

— Levou mais algum empurrão durante os treinos? 

A torta está divina, quase derreto quando o garfo encosta em meus lábios. Consigo sentir cada ingrediente que cortei, refutando toda minha teoria de que não há jeito certo de fazê-lo. 

— A treinadora quer que eu fique no banco no próximo jogo. 

— O quê? Por quê?

— Quer me poupar para os jogos mais decisivos. Eu poderia ter me machucado feio no outro dia. 

Não faz sentido para mim, mas assinto devagar. 

Falamos sobre minha apresentação na semana que vem, para a qual estou nervosa como se minha vida dependesse disso – e depende um pouco. Estou tão nervosa que comecei a sentir dores na barriga hoje de manhã e isso nunca aconteceu comigo. Não estou acostumada a lidar com nervosismo.

Bom, sempre há uma primeira vez, né?

— Você está se preparando desde o ano passado, conhece tudo de cabo a rabo, vai se sair bem. 

— Eu sei, – diferente de Ron, não tenho intenções de ser modesta, sei do meu potencial — só é inevitável não pensar que vai dar tudo errado. E se eu trocar dados, esquecer informações…

— Não vai. – ele coloca a mão livre sobre a minha mão livre em cima da mesa. — Se quiser, pode treinar comigo… se te fizer sentir mais confiante. 

— Acho que você não quer escutar sobre esse assunto. – recolho minha mão e me sirvo de mais torta.

— Não vai fazer mal aprender um pouco mais sobre tráfico humano. – realmente, a quantidade de pessoas que cai nas mais diversas situações por desinformação é absurdo.

Após comer mais uns dois pedaços de torta, insisto em lavar a louça – eu detesto lavar a louça. Ron não faz muitas objeções quanto a isso. E, durante quase uma hora, falo sobre os estudos de tráfico humano que o Departamento de Relações Internacionais da universidade vem conduzindo. 

Mais tarde assistimos um filme qualquer na televisão e quando estou quase dormindo, ouço a voz de Ron: 

— Não teve mais notícias do stalker

Congelo por alguns segundos e tomo uma decisão: 

— N-não – pigarreio para que minha voz volte ao normal. — Nem mais uma mensagem sequer. 

O que é uma mentira.

Nosso plano não tem funcionado muito bem para mim. De vez em quando meu stalker faz questão de que eu lembre que ele ainda existe. A última mensagem que recebi foi no dia do jogo de Ron, quando nos beijamos. Foi tão obscena que eu não tive coragem de contar a Ron. 

Nojo, repulsa, foi tudo o que senti. Aquele dia, quando cheguei em casa, chorei de raiva e vergonha. O que eu tinha feito para atrair a atenção dessa pessoa? Não andava arrumada, a não ser para ocasiões especiais que nunca aconteciam na universidade. Não tinha nada de mais a oferecer.

Eu era simples, ordinária, beleza mediana, não me destacaria em nenhuma multidão.

 

S: Fico pensando em que outras coisas você sabe fazer com essa boca

 

Às vezes a frase me volta a mente e eu quero vomitar. Como Ron não pôde me acompanhar essa semana, me senti estranhamente desprotegida, receando um ataque a qualquer momento. Preciso desconfiar de tudo e todos, agora ninguém é meu amigo. No início não estava tão preocupada, apenas reticente. Mas essa última mensagem me causou calafrios e um medo absurdo.

Não valia a pena contar, só o deixaria irritado. 

— Namoro falso fazendo um trabalho melhor que a polícia! – damos um highfive e eu me sinto mal por mentir. Por tudo o que passamos, Ron não merecia minhas mentiras.

— E Lilá, voltou a te procurar? – de vez em quando eu a via desfilando pelos corredores da universidade, sempre junto a algum atleta. Eu evito encará-la, quando o faço tenho certeza de que serei recebida por um olhar assassino.

— Ela tentou umas duas vezes, mas acho que finalmente entendeu o recado. – ele não explica muito, mas é o suficiente.

— Que bom. 

Me aninho em seus braços e cochilo durante o filme todo. Acordo apenas com a música dos créditos finais. 

— Está tarde, acho melhor eu ir embora. 

O levo até a porta, zonza de sono. 

— Nos vemos segunda, juro que não vou perder sua apresentação por nada. – ele promete.

— Obrigada pelo jantar! 

Ron se aproxima para beijar meu rosto, mas, por não ter acordado direito, desvio o rosto, transformando o cumprimento em um selinho. 

Esse gesto é responsável por me despertar. 

— Desculpa, foi sem querer. – ele sussurra em meu ouvido, eu apenas assinto, embora a culpa seja minha.

Mesmo após partir, sinto sua presença ali ao meu lado. 

Ó, força suprema que rege nosso universo, abençoe a viagem que faremos esta semana. Ando tendo mais de Ron do que deveria, do que mereço. Não sei se vou superar nosso “término”. Quero ser capaz de olhá-lo nos olhos outra vez e não pensar em tudo o que vivemos, em tudo o que ele me faz sentir.

Talvez, depois que tudo acabar, eu deva me empenhar em conhecer alguém que queira as mesmas coisas que eu. Só pra variar. 

 

...

 

No dia seguinte, domingo, Astoria, Ginny e eu vamos ao shopping comprar coisas que precisaremos durante a viagem. O passeio me ajuda a me distrair da apresentação de amanhã.

Entramos em centenas de lojas, cada uma de nós carregada de sacolas. 

— Deveríamos ter chamado os meninos para carregarem nossas sacolas. – Tory diz enquanto adiciona mais algumas peças de roupas ao seu cesto de compras.

— Igual nos filmes, seria ótimo. – Ginny concorda.

Estamos olhando algumas roupas de banho e eu tento decidir se compro biquíni ou maiô…

— Gi, você tem umas ideias piradas de vez em quando, mas essa foi ótima, sério! 

— Sim, vai ser divertido. Praia o dia inteiro, pegar uma corzinha. – digo para não ficar de fora.

— E a melhor parte, claro, vai ser a noite quando voltarmos pra casa. – Ginny encara o vazio sonhadoramente. — Cansaço de praia nenhum vai me impedir de aproveitar Harry durante esses dias. 

— Parece até que adivinharam: três suítes pra três casais. – Tory exibe um sorriso sugestivo.

Oi?? Acho que eu perdi alguma coisa...

— Como é? Cada casal vai ter um quarto? – digo transparecendo meu completo pânico na voz. 

— Uai, algum problema? 

Droga, pensa rápido, pensa rápido. 

— Claro que não, Gi, só achei que… – engulo em seco. — nós três fôssemos dividir o quarto: meninas em um, meninos em outro. Vocês querem tanto fofocar.

— Queremos, mas também queremos passar a noite com os meninos, né. – Tory diz como se fosse óbvio e é, né.

— E são três quartos, somos três casais, é o destino! 

— Ah, vocês não precisam de quarto pra transar, qual é. Que tal meninas em um quarto, meninos no outro e o terceiro fica pra quem quiser algo mais íntimo? 

A ideia é um pouco nojenta para falar a verdade, mas digo qualquer coisa para tentar convencê-las do contrário.

— Acho que os meninos não vão gostar muito desse arranjo não, mas acho que podemos fazer assim…

— Que vontade louca é essa de fofocar, Hermione? 

— Só… tenho muita coisa pra contar. 

E com muita coisa pra contar, quero dizer muita coisa para inventar. De jeito nenhum eu dividiria um quarto com Ron, já li romances demais onde os protagonistas não resistem à tentação de ter apenas uma cama no quarto. 

 


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Notas finais do capítulo

Como sempre, obrigada a todes que tiram e tiraram um tempinho pra comentar. O apoio de vocês é muito importante para mim ♥



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