Finja Até Ser Verdade escrita por Samyy


Capítulo 10
Distraído




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Estou acordada há meia hora observando Ron dormir e, inevitavelmente, me ocorre que eu realmente gosto dele além de nossa amizade. O que é terrível

Como eu cheguei a esta conclusão? Bem, estou me segurando para não arrumar a mecha de cabelo que cai sobre seus olhos e a mão que pousa em minha barriga, a que ele colocou durante a noite e que causou mais reações em meu corpo do que deveria. 

Suspiro. 

Não era para ser assim, não era para isso estar acontecendo. Em meus planos não estava gostar do melhor amigo do meu meio-irmão. 

Ron é lindo, mas não é sobre isso. Ele é tudo o que eu sempre pedi aos céus, exatamente o que estava no mapa dos sonhos que escrevi há quase doze meses atrás (exceto a parte da galinhagem)... Ele é engraçado, realmente me ouve quando falo e parece se importar com o que eu penso e meu bem estar. Fingimento ou não, as coisas que ele faz para mim e tudo o que fazemos juntos são reais. 

Porém, como posso competir com as outras garotas que ele saia? E com aquelas que vai continuar se encontrando quando tudo isso acabar?

Talvez estivéssemos errados e aceitar embarcar nessa viagem por causa de nossos amigos tenha sido uma má ideia. Por mais difícil que seja, devo mantê-lo afastado para me proteger. Não falamos sobre o término após as mini-férias, mas não devemos postergá-lo por mais que uma semana depois do fim da viagem. 

Os barulhos na cozinha me tiram de meus devaneios. Corro a mão pelo rosto de Ron – nota mental para lembrá-lo de fazer a barba – a fim de acordá-lo. Já fui notificada de que ele tem o sono pesado, então parto para a agressão:

— Ron! – o empurro e dou alguns tapas em seu peito. — Acorda! 

Ele desperta assustado, mas assim que me focaliza, abre um sorriso – aquele sorriso.

— Que feitiço é esse? – tadinho, está alucinando de sono, dizendo nada com nada. — Dormi com dois ogros e acordei com uma deusa. Se eu soubesse teria usado antes. 

Eu gosto de seu senso de humor, – a maioria dos nossos amigos não acham graça – para mim ele torna situações constrangedoras suportáveis. 

— Parece que o eu sonolento quis tirar proveito do momento. – ele retira sua mão de minha barriga.

 — Bom, pelo menos era eu. Acho que Draco não ia gostar muito de acordar nos seus braços. – me levanto rapidamente percebendo as implicações de minhas palavras e, sim, Ron, eu gostei de acordar ao seu lado. 

Não me explico, só tornaria as coisas mais estranhas. 

— Afinal, o que aconteceu? 

— Ah, sabe... os casais queriam um momento de casal. – o observo bocejar e se espreguiçar. A blusa que ele usa sobe, revelando o pedaço de pele escondido sob o tecido. 

— Errados não estão. – ele também se levanta e para bem na minha frente. 

Eu não sou uma garota baixa, sou mais alta que a maioria das mulheres, mas Ron... ele é outro patamar. Às vezes esqueço o quão alto e imponente ele pode ser. 

— E o seu pé? Está melhor? 

— Melhor impossível. 

Apesar de minhas palavras, ele exige que eu me sente na cama para que possa dar uma olhada. 

Urubu, água sanitária, lixo de banheiro, são alguns dos pensamentos que me forço a ter para refrear os sentimentos que suas mãos em meu pé causam. Me sinto como uma bomba prestes a explodir. 

Hoje, Astoria e Draco são os responsáveis pela comida. 

Comemos rapidamente e partimos para a praia, nada de aventuras loucas e não planejadas. Estou esbanjando alegria pois finalmente tomarei um sol digno de rainha. 

Instalamos nossas coisas em um ponto específico e cada um arranja algo para fazer. 

Estendo minha toalha sobre a areia e tiro meu vestido de saída de praia, revelando o biquini amarelo que comprei no final de semana. Além da cor combinar com minha pele, o modelo deixa todas as minhas curvas no lugar. Pela primeira vez na vida me olhei no espelho me sentindo uma grande gostosa. 

Inicialmente eu não tinha certeza de que queria comprá-lo, mas Ginny e Astoria alugaram um triplex na minha cabeça para me convencer do contrário. 

Aplico o bronzeador na porção do meu corpo que alcanço e quando chega a hora das costas peço ajuda a Ron. Só então percebo como ele me encara horrorizado. 

— Parece que você viu um fantasma, tá tudo bem? 

— Sim. – é tudo o que responde e toma o frasco da minha mão. 

Me deito na toalha para facilitar seu trabalho. Desta vez não preciso pensar em coisas horríveis, pois seu toque em nada se compara ao de mais cedo. Assim que termina o serviço, Ron se afasta dizendo que vai entrar no mar. Só me resta, mais uma vez, admirar suas costas. 

De repente, bem de supetão, começo a me perguntar se realmente estou... gostando dele. O que eu sei sobre... gostar de alguém?

Tudo o que eu sei é que gosto da companhia de Ron e das sensações que ele me provoca...

Talvez, só talvez, seja apenas fogo. Jamais me preocupei por ser virgem e ainda não ter transado, mas parece que meu corpo anda se importando... Mais de uma vez me peguei pensando qual seria a sensação de sua pele em certos lugares do meu corpo… Não achei que isso fosse possível. 

É, deve ser só fogo mesmo. Quando tudo isso acabar, tudo ficará bem. 

Passo boa parte da manhã assando no sol, virando de hora em hora para que os dois lados fiquem da mesma cor. 

Em algum momento, Astoria se atira ao meu lado, ofegante: 

— Cansei. – ela dá grandes goles em sua garrafa d’água. — Vou ficar um pouco por aqui. O time vai ficar desfalcado, você não quer jogar um pouco?

Hmm... Espio a quadra de vôlei improvisada por nossos amigos. Além de Harry, Ginny, Draco e Ron, mais três desconhecidos, pessoas que eles conheceram ontem, também jogam. Eu nunca joguei, sempre há a primeira vez. 

Quando me aproximo todos me acolhem bem, mas ainda sinto Ron carrancudo ao meu lado. O que deu nesse homem? 

Ficamos em times opostos e eu descubro que sou ótima na rede, bem na frente de Ron. 

Aprendo as regras rapidamente. 

Jogamos sem fazer o revezamento. Toda vez que preciso fazer um bloqueio, marco pontos para nosso time. Incrível! Seria essa a tal sorte de principiante que todos falam? 

— Tem alguma coisa te desconcentrando, Roniquinho? – Draco, que está no meu time, grita quando bloqueio mais uma. 

Gente, o que diabos estaria desconcentrando Ronald?

— Vamos ser justos e fazer o rodízio. – Neville, um dos rapazes que os meninos conheceram, sugere. — Pro nosso amigo recuperar o foco. 

E esse papo nada a ver de homens… 

Ginny e Harry dão altas gargalhadas e eu fico sem entender. 

Chega minha vez no saque – onde sou uma negação – e assim vou experimentando todas as posições.

 Mais para o início da tarde, paramos para almoçar e eu constato que Ron, definitivamente, não está bem. Comemos em um quiosque qualquer, Ron se senta longe e evita meu olhar. 

Quando voltamos, Astoria assume seu posto e ele vai fazer não sei o que, não sei aonde. 

Tarde adentro o inimaginável acontece: encontramos o primo Eduardo. Quer dizer, não é meu primo e sim o de Harry. Aqui abro um parêntesis para vos contextualizar: Eduardo, também conhecido como Duda Dursley, é filho de tia Petúnia, irmã de Lily, mãe de Harry. Tia Petúnia e a família do marido ficaram contra Lily quando ela decidiu se casar com James. Por quê? Bom, simplesmente porque James é negro. Isso mesmo, um bando de racistas safados. Os Dursley não convivem muito com os Potter, mas toda essa treta fez com que os meninos tivessem uma relação conturbada. 

Eu sei que Harry até tem apreço pelo primo, eles são família, afinal. Já eu não sou obrigada a gostar dele. Duda pode até ser diferente dos pais, eu não sei porque nunca convivemos muito, mas sempre que o vejo lembro dos pais e seus ideais criminosos. O que eu quero com quem repudia minha existência? 

A partida é interrompida para a reunião familiar. Nev, Luna e Miguel, os amigos que fazemos, vão embora prometendo voltar no dia seguinte. 

Meu olhar é atraído para onde Ron está, nossos olhares se cruzam por milésimos de segundos até que ele desvia, como se não tivesse me visto. O que tem de errado com esse homem hoje? Sua súbita indiferença me faz me arrepender do quanto eu me sinto cativada por ele. 

Sem pensar, corro em sua direção. 

— Tem alguma coisa errada? – coloco as mãos na cintura, como uma mãe faria.

— O quê? Como assim? – ele foca em algum ponto acima da minha cabeça, sem realmente me encarar. 

— Você tem me evitado o dia inteiro, agindo estranhamente. – digo o óbvio. — Arranjou uma amante por aí? – falo para descontrair meu tom de revolta. 

— Claro que não, que ideia, Mione. 

— Então, o que é? – ficamos um tempo em silêncio, eu quase estalo os dedos na frente de seus olhos para chamar sua atenção. 

— Só é estranho te ver assim? – finalmente diz. 

— Assim como? – do que ele tá falando?

— Com tanta pele exposta – Ron me olha dos pés à cabeça, o que me faz sentir um lixo. Várias coisas passam pela minha cabeça e nenhuma delas é boa. 

Ou Ron finalmente percebeu que eu não sou atraente como as garotas que ele fica e não quer ser visto ao meu lado – e, sinceramente, não o culpo – ou é um machista de merda que acha que mulheres não podem andar como querem. Não sei qual opção prefiro.

— Às vezes eu esqueço que o que temos não é de verdade.

E vai embora, me deixando ali parada igual uma otária. 

 


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Notas finais do capítulo

Desculpa a demora, apesar de tudo tenho plano de concluir esta história, mas em um ritmo mais lento. Tenho alguns capítulos escritos há muitos meses, não posto tudo porque quero avançar um pouco mais na escrita antes de liberar para vocês.
Por favor, digam o que estão achando da história, não tenham medo de ser críticos, é isso mesmo que quero saber. Eu disse uma vez que seria algo mais "superficial", sem tanto desenvolvimento, mas estou com medo de não ter desenvolvimento nenhum e ficar algo sem sentido. O comentário de vocês é muito importante para mim.
É isso, nos vemos no próximo capítulo ♥



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