Os meses se passaram rapidamente.

A carga de trabalho de Daeron ficou maior ao estar mais envolvido na administração do reino.

Seu pai...

Daeron amava seu pai. Ele se lembrava com carinho de sua infância.

Mas Aerys estava cada vez mais descendo a um ponto de loucura que deixava Daeron com medo.

O quão forte pode ser a loucura?

Quão rápido o reino vai ficar insatisfeito?

Ele via no rosto dos criados, no rosto dos nobres, no rosto dos plebeus e até no rosto dos aliados dos Targaryen a preocupação com a saúde mental do seu pai.

O reino não vai aguentar mais.

Eles estavam segurando o poder por pouco.

A insatisfação está generalizada.

Rhaegar já era a terceira geração causando ódio e adquirindo inimigos.

Daeron temia por sua família, seu pai e seu irmão mais velho nem pareciam perceber que estavam fazendo tantos inimigos.

—Meu príncipe?

—Oh, pois não, Sir Gerold?

—Parece estar muito preocupado.

—É a situação do reino em geral. Eu estou preocupado. Só isso.

—Estamos com alguma dificuldade?

—Dificuldades em manter aliados.

O cavaleiro da Campina ficou chocado com a franqueza do príncipe mais novo  ao admitir tal coisa em voz alta.

—Meu príncipe... O senhor suspeita de... De traição?

—Suspeito que minha família não está exatamente semeando lealdade e boa vontade em nossos súditos.

Ele se encostou na parede e fechou os olhos, frustrado.

—Aquele torneio maldito... Eu consegui estabelecer um diálogo amigável com Robert. Estávamos quase conseguindo o que queríamos. E então o Rhaegar vai e ferra com todo o esquema. Tanto dinheiro e esforço e era só ele ser gentil e amigável que era exigido dele. Só isso. Mais nada. Absolutamente nada.

Gerold sentiu uma gota de suor descer pelas suas costas.

Seu irmão falou tanto em seus ouvidos! E ele sabia que Walter nunca mais moverá um dedo para ajudar Rhaegar de novo.

—Bem, meu irmão e Cersei estão voltando de Pedra Do Dragão para apresentar sua filha. Talvez seja uma ocasião mais feliz. 

—Sim. Minha primeira sobrinha. -ele diz, sorrindo.

—Príncipe! Corra aqui! -grita um dos criados.

—O que está acontecendo?

—Princesa Elia está dando a luz.

Daeron disparou a máxima velocidade.

Ele ouviu os gritos de Elia.

Daeron nunca sentiu tanto medo pela vida de Elia como sentiu naquele momento.

Parecia que os gritos nunca iriam parar.

Ele admitiu no íntimo que estava profundamente angustiado.

E então, seu coração saltou quando ouviu o choro fino de bebê.

Daeron sentiu suas pernas tremerem, mal conseguindo se equilibrar.

—É UM MENINO! -alguém gritou do lado de dentro.

Era o choro do seu filho. Era o choro do seu primeiro filho que ele estava ouvindo.

Quando ele finalmente entrou e viu o pacote enrodilhado nos braços de Elia, Daeron derramou algumas lágrimas de emoção.

Elia sorriu para ele, exausta.

O menino tinha cachos prateados e abriu seus lindos olhos, revelando um forte tom de violeta.

—Aegon. -fala Daeron, emocionado.

—Como seu irmão?

—Sim.

Daeron segurou seu filho, se lembrando de seu irmãozinho, o primeiro bebê que ele segurou no colo.

Ele o aconchegou em seu peito.

—Eu vou te proteger, Aegon.

Logo foi anunciado o nascimento do primeiro neto homem do rei Aerys.

O rei ficou extremamente satisfeito ao ver o menino.

—Ao menos a dornesa deu a você um filho que parece um dragão. Tive medo de ter um neto que parece queimado.

—Papai! O que é isso? -clama Daeron, horrorizado com as palavras do pai.

—Você gostaria de ter um filho queimadinho como sua esposa? -debocha Aerys.

—Claro que sim! -fala Daeron, deixado o pai em choque com suas palavras -Elia é linda. Eu quero filhos que pareçam com ela sim!

Aerys ficou sem palavras, sem saber como reagir ao que Daeron disse.

Quando o rei saiu, Daeron ninou o filho que chorava e acariciou Elia, que estava chateada com o que Aerys disse.

—Não fique assim querida. Não se deixe ser abatida pelas palavras desse velho venenoso e infeliz. 

—Ninguém vai perdoar meu filho por ser metade dornês. Parecendo Targaryen ou não. Eu vejo isso agora. -fala Elia, triste.

Enquanto isso Rhaegar e Cersei foram recebidos na sala do trono.

Cersei mostrou sua linda filha, uma menina de cabelos dourados e olhos violetas.

O rei franziu o nariz com expressão de nojo.

—Ela cheira a Lannister. -ele diz, para a consternação de todos.