Daeron estava mais tranquilo do que estava em meses.

Deu certo. Ele conseguiu a mão da princesa Elia.

Ele conseguiu fazer de Dorne um aliado.

Depois de estudar a aliança das casas Stark, Arryn, Baratheon e Tully o segundo príncipe percebeu o que as pessoas estavam meio cegas para ver.

Sua família estava prestes a ser derrubada. O nome Targaryen nunca esteve tão baixo em estima, seja de nobres, seja de plebeus.

E ele nunca deixaria de considerar tolo os quatro casamentos vantajosos destruídos pela idiotice e teimosia dos filhos de Aegon V, O Improvável.

E agora ele estava corrigindo isso.

Rhaegar se casou com Cersei Lannister e ele estava se casando com Elia Martell.

Logo o pequeno Viserys também cresceria para se casar com a dama de alguma casa importante.

Talvez Hightower? A filha mais nova de Lord Leyton não era uma opção ruim, tendo uma irmã mais velha como a Lady Tyrell.

De qualquer forma, era um alívio o incesto dar uma pausa nessa geração.

Ele via o sofrimento de sua mãe e não gostava nada. Ele não via sentido em casar para manter o sangue "puro" sendo que eles nem são puros Targaryen. O sangue de Larra Rogare, Myriah Martell, Dyanna Dayne e Betha Blackwood corria em suas veias.

—Filho, você está tão lindo!- diz Rhaella com um sorriso radiante.

A rainha nem sabia como conseguiu convencer Aerys a deixar sua gaiola dourada para ver o filho de casar.

—Mãe, quando eu vou me casar? -pergunta Viserys, curioso.

Daeron engasga tentando não rir.

—Daqui a alguns anos, Viserys. Tem muito tempo ainda. -garantiu Rhaella um pouco constrangida.

—Mas para que serve um casamento?

—Para fazer uma aliança entre duas casas, filho.

—Ah... É isso. Mas por que casar? Não é mais fácil ir até a outra pessoa e pedir o que quer?

—Eu ainda vou te explicar depois com mais detalhes, Viserys.

O garotinho entendeu e aceitou o que a mãe disse.

—E... E o meu pai? -pergunta Daeron, com exitação.

Rhaella abaixou os olhos.

—Ele não vem.

Daeron tentou evitar se sentir magoado.

—Ele acredita... Em um conspiração Martell ou algo assim.

—Ele quem quis o casamento e agora não quer mais o que exigiu! -fala Daeron, sem conter a exasperação.

—Seu pai... Você sabe... A cabeça dele não está muito certa.

—E quando esteve? -ele fala, irritado.

Rhaella põe a mão em seu rosto.

—Filho, se concentra no futuro. Você vai se casar com uma princesa linda, temos Dorne como nosso aliado e Elia é uma mulher completamente adequada, inteligente e gentil. Loreza a educou como o herdeiro sobressalente de Doran, ela se sairá bem como princesa dos Sete Reinos. Não pense em seu pai como um fator importante hoje, é até melhor que ele não esteja aqui para insultar e fazer algo que nos envergonhe na frente da minha amiga e sua família.

Daeron se sentiu obrigado a concordar.

Só de imaginar seu pai insultando seus aliados ele tremia de nervoso.

Sério, já bastava os insultos contra Tywin e os assédios contra a pobre Joanna Lannister.

Por que seu pai estava tão decidido a fazer inimigos contra a sua casa?

Quando eles irão poder mover seu pai e sentar a bunda de Rhaegar no Trono De Ferro?

Eles não podiam ficar inertes para sempre.

Rhaegar e ele eram populares, mas eles precisavam pensar com calma uma estratégia.

Esse casamento com Elia era um começo pá obter apoio.

O casamento foi celebrado pelo Alto Septão, com várias famílias importantes como testemunhas.

Tudo correu perfeitamente.

A princesa Loreza estava satisfeita, ele via pela expressão dela.

—Eu sou dele e ele é meu.

—Eu sou dela e ela é minha.

—A partir desse dia até o fim dos meus dias.

—A partir desse dia até o fim dos meus dias. Com esse beijo eu lhe prometo meu amor.

E então o casamento foi selado e o Alto Septão amarrou suas mãos com fitas, os virando de frente ao público.

—De agora em diante Daeron e Elia são considerados casados. Maldito seja quem tentar os separar.

As palmas dos convidados são altas.

Daeron e Elia se olham, e sorriem um para o outro.

—Viva o novo casal! -gritou Oberyn.

A música animada começou e as pessoas começaram a dançar.

Daeron achou o banquete e a música animados contagiantes.

Oberyn se sentou do lado dele, meio animado pela bebida, e o chamou para perto, como se quisesse confidenciar uma informação importante.

—Quer saber um segredo, irmão por casamento? Eu não sou o Martell mais perigoso. O mais mortal de meus irmãos está dormindo em sua cama.

Daeron estranhou a frase de Oberyn.

Ele mesmo disse que Elia era uma flor sem espinhos.

—Meu trabalho é ser visível e chamar a atenção para mim pela fama. Olhando para mim, ninguém percebe Doran e Elia. Esse é o nosso método. Elia é doce, gentil e graciosa. Mas não se engane. Há veneno por baixo da delicadeza. Você não pode querer aliada melhor, ou inimigo pior.

Oberyn dá um tapinha de incentivo no ombro de Daeron.

—Seja sábio. Escolha ser um bom marido e você terá a melhor das esposas.

Daeron o olha desconcertado enquanto o príncipe dornês mais jovem se afasta.

Ele olha para Elia, resplandecente em seu vestido de noiva e com sorrisos doces e elegantes.

Doran a tira para dançar um pouco e Daeron reflete as palavras de Oberyn.

Ele será um bom marido para a princesa.

Era seu dever.