Dyanna estava quase saltando quando a carruagem finalmente estava se aproximando da capital.

Quando entrou na cidade tanto ela quanto o irmão franziram o nariz ao serem atacados pelo forte cheiro ruim de Porto Real.

—Misericórdia! Eu sabia que era ruim mas não sabia que era tão ruim!

—Acho que vou vomitar!

Eles tentaram aguentar até chegar ao castelo, com uma comitiva já os esperando.

A rainha Myriah Martell já os esperava com um imenso sorriso e foi a primeira a se apresentar para os Dayne.

—É um imenso prazer receber a vocês em nosso lar! Espero que nossa hospitalidade esteja a sua altura.

—Eu lhe agradeço Vossa Graça, e me sinto honrada em estar aqui. -diz Dyanna, em uma pequena reverência.

—Meu marido Daeron.

Dyanna assentiu.

Ela sempre achou irônico que o nome Daeron provocava reações mistas em Dorne. 

De um lado havia o Daeron que devastou Dorne e causou saques e estupros por dois anos. Do outro o Daeron que honrava e respeitava Dorne e era amigo dos dorneses.

—Meu filho mais velho Baelor.

Dyanna sorriu para ele.

Um Targaryen com aparência totalmente Martell como herdeiro do trono era um deleite para alguém de Dorne.

—Meu segundo filho Aerys.

Dyanna curvou-se respeitosamente para ele também.

—Meu terceiro filho Rhaegel.

Dyanna o achou com um olhar um tanto quanto vago. 

—E por fim meu quarto filho e seu noivo, Maekar.

O mais jovem era extremamente sério e sisudo.

Maekar lhe deu um beijo educado na mão, mas permaneceu distante.

—Entrem. Tenho certeza que querem descansar e se refrescar para que possamos organizar o casamento.

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—Você vai ter um trabalho e tanto para quebrar o gelo daquele dragãozinho minha cara irmã.

Dyanna riu.

—Não se preocupe Arthur. Logo eu vou ter Maekar enrolado no meu dedo mínimo e fazendo todas as minhas vontades.

Ela pôs o brinco e espirrou um pouco de perfume.

—Vou me encontrar com a rainha, te vejo depois okay?

—Vá. Até logo.

Ela foi animada até o aposento de Myriah, louca de curiosidade do porque ela a chamava, já que haveria uma reunião no dia seguinte para começar a organizar o casamento.

—Dyanna eu peço que entre e feche a porta.

—Claro.

Myriah apontou para a cadeira ao lado.

—Eu tenho um pouco de chá e biscoitos e espero que goste.

—Obrigada Vossa Graça.

—Myriah, minha querida. Vamos ser família. -corrigiu a rainha.

—Myriah. -Dyanna fala, já gostando um pouco mais dela.

—Eu preciso te avisar Dyanna. Não posso te deixar indefesa aqui.

A jovem arregalou os olhos e se aprumou, apreensiva.

—Eu vim para esse lugar para me casar com 15 anos esperando muita coisa ruim e devo dizer que o tratamento que recebi era muito pior do que o imaginado.

Dyanna nem podia imaginar. Myriah foi lançada nesse ambiente pouco tempo depois que Daeron O Jovem morreu.

—Não foi fácil conquistar o respeito de cada um. Tive que lutar muito, e mais ainda com um sogro tentando me minar a cada passo. Aquele monstro felizmente morreu mas o ódio contra Dorne ainda é forte.

Dyanna acenou com a cabeça, indicando que entendeu.

—Você precisa estar ciente disso. As pessoas culpam os dorneses pela guerra e...

—Mas isso não faz sentido! Foi o Daeron quem atacou Dorne! Nós estávamos quietos e em paz quando ele nos atacou de surpresa e saiu matando, pilhando e violando mulheres! Minha tia foi uma das que ele desonrou!

—Tudo o que essas pessoas pensam é que houve guerra com Dorne e seus pais, filhos e irmãos morreram. É natural, Dyanna. Assim como nós só vemos nosso lado da história eles só veem o deles. E para eles nós somos os errados e ainda por cima estamos sendo cada vez mais beneficiados.

—Estamos ajudando esse reino ingrato a prosperar depois que o estúpido Aegon quase o jogou na falência e eles ainda reclamam? Parece piada. Essa gentalha precisa de nós, não o contrário.

—Mas não é sábio esfregar isso na cara deles, Dyanna. É por isso que eu te chamei aqui. 

Dyanna sabia que não seria fácil.

Mas já imaginava o quanto seria frustrante.

—Você precisa ser sábia. Você precisa ser cautelosa. Qualquer erro por menor que seja e eles vão te devorar, Dyanna. 

Myriah falava sério. 

Ela não queria que Dyanna, uma companheira dornesa, sofresse do pior jeito e aprendesse aos trancos como ela aprendeu.

—Vão falar coisas horríveis, vão ser preconceituosos, vão te insultar sem nem perceber que estão te insultando às vezes. Você precisa ter uma espinha dorsal de aço.

Myriah põe a mão no ombro dela.

—Eu disse tudo isso para Maekar. Ele vai te defender como Daeron me defendeu, eu tenho certeza. Eu o criei bem.

—Eu agradeço o aviso, Myriah.

—As coisas estão muito instáveis. Somos o lado dornês. Precisamos nos unir e nos defender.

—Eu seguirei seus conselhos.

—É só o que posso pedir.