Doutor Estranho no Multiverso da Loucura escrita por Maximoff


Capítulo 3
Cap 2: O Casamento


Notas iniciais do capítulo

Stephen Strange se questiona se vale a pena ser um herói e sacrificar a sua felicidade em prol de outras pessoas, enquanto que o casamento de Christine Palmer chega.

Para este capítulo, recomendo que ouçam Enemy, da banda Imagine Dragons.



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Stephen Strange acordou suado e agitado. Todas as noites, ele tinha o mesmo sonho, que ele e Wong lutavam contra alguma coisa, alguma criatura e acabavam sendo mortos pela mesma. Strange não era mais capaz de definir quando começara a sonhar com aquilo, mas se lembrara que na primeira vez, apesar de ter ficado assustado e apavorado, ele pensara que era apenas um terrível pesadelo, mas quando começara a sonhar aquilo todas as noites, percebera que havia algo de muito errado. 

O que mais o assustava não era o sonho em si, mas o fato de que ele o tinha todas as noites de forma ininterrupta. Não havia uma noite que ele não tinha esse sinistro pesadelo. Outro fato que o arrepiava era que ele era capaz de se lembrar perfeitamente dos cheiros, texturas e de tudo que sentia nos mínimos detalhes e apesar de sonhar com aquilo todas as noites, ele sempre ficava apavorado, de tão forte e real que era. Só de se lembrar do terror, do medo e do pavor, Strange tremia e se arrepiava. 

Apesar da recorrência, Strange julgava que não passava disso: um terrível e aterrorizante pesadelo. Não queria dar mais importância aquilo e tampouco incomodar Wong com suas bobagens, por isso ele apenas escondia estes pesadelos para si, sem revelar ao Mago Supremo. 

Stephen Strange decidira que já tinha ficado na cama por tempo demais. Ele se levantou e foi direto ao banheiro se lavar e realizar suas higienes matinais. Ao terminar, se vestiu e foi tomar seu café da manhã na sala de estar do Sanctum Sanctorum. Enquanto caminhava e passava pelos corredores do palacete, ele encontrou Wong, que estava muito bem arrumado, vestindo terno de linho, cabelo bem cortado e lavado e com um perfume forte e cheiroso. 

— Strange, por que você ainda não está pronto? - Wong perguntou, vendo o amigo com seu visual habitual. 

— Eu que te pergunto por que você já está pronto? 

— Eu não sei se você se lembra, mas em menos de uma hora, estaremos em um casamento. 

— E daí? Podemos ficar prontos em questão de milésimos de segundos, usando magia. 

— Pelo amor de Deus, Strange! - Wong exclamou, assustado, como se Stephen Strange tivesse dito a pior das barbaridades. - E qual a graça disso? Um casamento é como um ritual mágico e como todo ritual mágico, possui suas regras e protocolos que precisam ser seguidos à risca. É necessário acordar cedo, tomar um bom banho, escolher seu melhor terno, passá-lo muito bem, colocar um bom perfume e ficar pronto. Esse é o ritual e não vale usar atalhos como magia. - Wong explicou, extremamente entusiasmado. Enquanto o amigo explicava, Strange o olhava apavorado, pela forma como Wong levava toda aquela bobagem à sério. 

— O Mago Supremo da Terra não gosta de usar magia para ir a um casamento. A que ponto chegamos? - Strange disse, com désdem, o que foi percebido pelo amigo. 

— Então é isso. Já sei qual o seu problema Stephen. Você está aborrecido pois este casamento te lembra de tudo que você perdeu. Christine Palmer, o amor da sua vida, irá se casar e não é com você. - Quando Wong começou a fazer sua análise, Strange bufou, odiava quando o amigo o analisava como se fosse algum tipo de especialista. - Você acha que perdeu tudo desde o blip. Você se sacrificou, entregando a Joia do Tempo a Thanos, desaparecendo por cinco anos. Óbvio que isso foi um ato heroico, mas você não mediu as consequências de seus atos. Durante esses cinco anos, você desapareceu, mas Christine Palmer não e ela te esperou, mas você nunca chegou e, por fim, ela desistiu e seguiu em frente, permitiu que o seu coração se apaixonasse novamente e agora ela irá se casar e não é contigo. - Enquanto Wong explicava, Strange rangia os dentes de raiva, não pelo atrevimento do amigo em achar que era psicólogo e podia se intrometer em sua vida, mas sim porque ele estava completamente certo. - Além disso, não foi somente o amor de Christine Palmer que você perdeu, mas também o manto de Mago Supremo da Terra. Diferente de Palmer, o Kamar Taj não podia esperar o seu retorno e eu tentei defender que eles esperassem você voltar, mas eles não quiseram e escolheram outro nome, eu. Você e tantos outros tinham desaparecido, Mordo corrompido, enfim, eu fui o nome que sobrou. Eu juro por tudo que é mais sagrado que eu não queria esse manto, eu sempre soube que ele era seu por direito, afinal, você tem mais conhecimento e é infinitamente mais poderoso, porém eles me escolheram e eu não pude negar, apesar de saber que você voltaria. Strange, eu juro, se eu pudesse, eu te daria o manto de Mago Supremo agora mesmo, pois você o merece e eu sei que você o cobiça, mas infelizmente eu não posso. Mas isso precisa servir de lição para você de que você não pode controlar tudo Strange e de que há coisas mais importantes na vida que poder e conhecimento.  

— E o que é? - Strange perguntou, com raiva. Apesar de tudo que Wong dissera representar a mais pura verdade, isso não diminuiu o fato de que Strange não gostava quando não tinha razão de alguma coisa. 

— A nossa amizade. - A resposta do Mago Supremo quebrou Stephen Strange completamente. Ele percebera o quão arrogante e prepotente ele estava sendo e como, corrompido pela inveja, não apreciava os bons momentos que passava com o amigo. - Se eu pudesse, daria tudo por você Strange, te daria o manto do Mago Supremo e muito mais, pois eu te considero muito mais que meu amigo, você é meu irmão! 

Strange não esperava por aquela reação do Mago Supremo. Wong sempre fora coração mole, mas nunca havia se aberto como daquela forma e aquelas palavras tocaram Strange de uma forma que ele nunca esperava que tocariam. 

  – Wong, agora eu percebo que eu tenho sido injusto com você meu amigo e não valorizei a sua companhia e amizade como você de fato merece. - Stephen Strange admitiu. - Você tem razão em tudo que disse, mas não é somente isso. Eu me sinto fraco e impotente. Afinal, do que adianta ter ajudado a salvar metade do universo, se eu perdi tudo que eu mais amava? Christine, o título de Mago Supremo, enfim. Do que adianta ser um herói, se eu não posso ser feliz? - O mago desabafou, com a voz embargada. - Quando eu vi o futuro para saber em quantas possibilidades vencíamos Thanos e encontrei apenas uma, aquela que eu o entregava a Joia do Tempo, eu não pensei nas consequências, apenas fiz, mas agora eu me pergunto se foi de fato a melhor decisão. 

— Você não deveria ter dúvidas Strange, evidentemente foi a melhor decisão. Se você não tivesse feito isso, metade do universo ainda estaria morta, Thanos vivo, espalhando seu reinado de horror e o universo sem esperança. Você fez o certo, sem sombra de dúvidas Strange, o problema é que mesmo a melhor das decisões ainda é acompanhada com algumas consequências ruins. Sacrifícios foram necessários, em prol do bem maior: a sobrevivência do universo. - O Mago Supremo explicou, ainda sem convencer Stephen Strange. 

— Eu sei disso, mas ainda assim eu me questiono se valeu a pena sacrificar a minha felicidade em prol da felicidade alheia. Além disso, o custo de salvar o universo foi muito alto e eu matei uma pessoa no processo, Tony Stark. Eu o matei, eu matei o Homem de Ferro. - Neste momento, Strange não conseguiu segurar a emoção e uma lágrima escorreu de seus olhos. - Eu sabia que ele precisava se sacrificar na batalha final e eu não o contei. Ele tinha esposa e filha, uma família linda e eu não disse o seu destino final, a morte. Eu o induzi a se sacrificar em prol de todos, eu tirei o marido de uma mulher e o pai de uma filha. - Enquanto Strange desabafava, Wong o segurou pelos ombros e o fez olhar profundamente em seus olhos. 

— Pelo amor de Deus Strange, nunca mais diga isso! - Wong exclamou. - Você não matou Tony Stark! Essa foi uma decisão única e exclusiva dele! Ele sabia dos riscos e mesmo assim ele escolheu estalar os dedos, destruindo Thanos e seu Exército. 

  – Mas eu o fiz fazer isso. Eu sabia que era a única forma de derrotar o Thanos e eu não disse isso a ele, eu não dei uma chance de evitar o seu destino. Eu o sacrifiquei! - Strange disse, tomado pela culpa. 

— Não Strange, isso não é verdade. Se você tivesse dito a Stark, ainda assim, ele teria se sacrificado, pois esta era a sua natureza, ele era um herói e é isso que heróis fazem, no momento derradeiro, eles dão as suas vidas em prol dos outros. Stark apenas cumpriu o seu destino, não se culpe por isso e nem por nada. - Wong disse, acalmando Strange. - É como eu disse, você não pode controlar tudo Strange e mesmo a melhor das decisões é acompanhada com consequências ruins e precisamos viver com elas. - As palavras de Wong fizeram Stephen Strange refletir e se questionar se de fato o amigo tinha razão. - Meu Deus, olha que horas são, precisamos ir agora, ou iremos chegar depois da noiva. - Wong disse, olhando para o relógio, percebendo o horário. 

Strange então fez um sinal com os dedos e a sua roupa comum e diária se transformou num lindo terno. Ele e Wong partiram. Para evitar chamar atenção, optaram por Uber, ao invés de simplesmente ir voando, por isso demoraram um pouco mais, mas ainda sim, quando chegaram, a cerimônia ainda não havia começado. 

O casamento iria acontecer na Catedral de São Patrício, uma das construções mais antigas da cidade, com estilo neogótico, localizada no lado leste da Quinta Avenida. Palmer sempre disse que se um dia chegasse a se casar, seria ali, pois todas as mulheres de sua família tinham se casado naquela igreja. Na época, Strange não dava muita atenção, por uma série de motivos, dentre eles o fato de que desprezava religiões, sendo um homem completamente cético e também que não era muito chegado em grandes festas ou o grande público em geral. Curiosamente, agora ele era um Mestre das Artes Místicas e lidava constantemente com espíritos, deuses e demônios e Palmer iria se casar e não era com ele. 

— Tudo está muito lindo! - Wong exclamou, emocionado. Strange se limitou apenas a concordar com um aceno de cabeça. 

Stephen Strange se sentia estranho naquele lugar. Não apenas porque conhecia boa parte dos presentes ali, mas também porque Christine Palmer, o amor de sua vida, iria se casar com alguém que Strange odiava, Nicodemus West, o médico incompetente que fez a cirurgia de suas mãos que lhe custou os movimentos das mesmas. Só de vê-lo ali, em pé, esperando Palmer chegar, Strange já se sentia enjoado, com raiva e ódio. Sua vontade era de voar e invocar mil criaturas para destruir aquele maldito. 

Então, como se para retirar aqueles pensamentos de ódio de sua mente, as portas da catedral se abriram, a clássica música de casamento começou a tocar e Christine Palmer entrou radiante e bela como sempre. Palmer usava um vestido simples, porém lindo. Não havia muita renda e nem muitos bordados, ele era liso, mas sua simplicidade encantava e seus acabamentos eram muito bem feitos. Naquele momento, Christine Palmer era a mulher mais linda do universo e Strange se amaldiçoava por não ser ele a estar se casando com ela naquele momento. 

— Hoje, a Catedral de São Patrício se reúne para casar dois de seus filhos, Christine Palmer e Nicodemus West. Que esta união possa ser sempre abençoada com as bençãos de Deus, com o amor de Maria e com o brilho dos anjos e santos e de nosso senhor, Jesus Cristo. - O padre disse para todos convidados. - Por isso, devo perguntar, Nicodemus West, você aceita se casar com Christine Palmer e estar junto dela em todos os momentos, na alegria e na tristeza, na saúde e na doença, na riqueza e na pobreza, até que a morte os separe? 

— Eu aceito! - Nicodemus respondeu na mesma hora, com um sorriso largo no rosto. 

— Christine Palmer, você aceita se casar com Nicodemus West e estar junto dele em todos os momentos, na alegria e na tristeza, na saúde e na doença, na riqueza e na pobreza, até que a morte os separe? - No momento em que o padre fez a pergunta, Palmer não respondeu de imediato, pelo contrário, hesitou por alguns instantes e desviou o olhar e, como num roteiro de novela, seus olhos se encontraram com os de Stephen Strange e o mago percebeu que os olhos de sua amada estavam repletos de lágrimas. Naquele momento, Strange soube que ainda havia sentimentos fortes entre eles, porém, mesmo assim, ela se virou ao padre e respondeu: 

— Sim, aceito! 

Naquele momento, o coração de Strange recebeu uma pontada forte, como se estivesse tendo uma parada cardíaca. Ele havia acabado de perder o amor de sua vida para todo sempre. A vontade que tinha era de sair voando dali, gritando e amaldiçoando a tudo e a todos, mas se conteve, engolindo a seco. 

— Pelos poderes investidos a mim, eu vos declaro marido e mulher. O noivo já pode beijar a noiva! - Após as palavras do padre, Strange foi obrigado a testemunhar uma das piores cenas que já tinha visto, Nicodemus West beijando a mulher de sua vida. 

— Isso é tão lindo! - Wong exclamou, enquanto enxugava as lágrimas. Strange o olhou com raiva e desdém, desejando poder fuzilá-lo naquele instante. 

Enquanto os convidados e familiares se deslocavam para desejar seus cumprimentos aos recém casados, Strange permanecera em seu lugar, imóvel, apenas observando toda aquela patifaria ridícula. Então, novamente Strange sentira uma pontada no peito, mas não era seu coração e sim o Olho de Argamoto que estava pendurado em seu pescoço e então, o mago sentiu uma forte dor em sua cabeça, especialmente no meio da testa, entre os olhos. A dor era tão forte, que Strange chegou a tocar na região, checando para ver se tinha algo de errado. 

— Está tudo bem Strange? - Wong perguntou ao perceber o incomodo do amigo. Nesse exato momento explosões e gritos foram ouvidos do lado de fora da Catedral e todos os convidados saíram para ver do que se tratava. 

Nas ruas, pessoas corriam desesperadas, algumas tropeçando e caindo, inclusive. Os policiais corriam na direção oposta das pessoas, pegando em suas armas e atirando contra algo. Carros eram arremessados, atingindo prédios e construções, causando explosões, destruição e mortes. Corpos mutilados já se espalhavam nas ruas. A cena era de uma guerra. 

— Meu Deus, o que está acontecendo? - Um dos convidados perguntou ao ver a cena de caos. 

— Será que Nova York está sendo invadida outra vez? - Outro questionou. 

— Strange, veja! - Wong apontou para um monstro gigantesco e apavorador. Ele se assemelhava a um polvo gigante, com inúmeros tentáculos, porém, possuía apenas um único olho, proporcional ao seu tamanho. Aquela criatura estava causando toda aquela destruição. - Pela energia que emana, não é um alienígena, nem um monstro de laboratório, mas sim uma criatura mágica. - O Mago Supremo afirmou. 

— Strange! - Palmer o chamou, desesperada. - O que está acontecendo? O que é aquela criatura? 

— Christine, eu ainda não sei, mas eu e Wong iremos resolver essa situação, fique dentro da igreja com sua família e convidados e não saiam, vocês estarão mais seguros lá! - Strange disse, indicando a Christine Palmer o que ela deveria fazer e a médica acatou imediatamente. 

Strange e Wong voaram em direção ao monstro que destruía a cidade. Enquanto voavam, Stephen Strange percebeu que uma menina vestindo uma jaqueta jeans corria freneticamente da criatura e a mesma disparava objetos contra ela, como se a perseguisse. 

— Wong, eu posso estar maluco, mas me parece que aquele monstro está seguindo aquela menina, não? - Strange perguntou, fazendo com que Wong observasse a situação. 

 - Eu também estou com a mesma impressão Strange. Faça o seguinte, vá até ela, enquanto que eu me aproximo do monstro! - Wong ordenou e Strange obedeceu. 

Quando Strange estava quase se aproximando da menina, ela tropeçou, caindo e um dos tentáculos da criatura ia esmagá-la. Foi nesse instante que Strange criou um círculo na palma de sua mão e o lançou contra o monstro, cortando seu tentáculo, logo após isso, Wong lançou uma poderosa rajada de energia que arremessou o monstro algumas quadras longe dali. 

— Menina, está tudo bem contigo? - Strange perguntou ao se aproximar dela. Ele percebeu que não passava de uma criança. A sua pele era marrom, os cabelos cacheados e escuros, os olhos eram castanhos e suas feições eram relativamente grossas. 

— S-Sim. - Ela respondeu gaguejando e tremendo de medo. 

— Qual seu nome? De onde você é? Por que aquele monstro está seguindo você? - Strange perguntou, tentando entender o que se passava, em vão. 

— CUIDADO! - A menina gritou, apontando para trás de Strange. O monstro havia amassado um ônibus e jogado contra os dois. Rapidamente, o mago criou uma esfera com os braços e jogou contra o ônibus, partindo-o em dois. 

— Fique aqui, se proteja e não saia daqui! - Strange ordenou, enquanto voou em direção a Wong. 

— Strange, eu sei o que essa criatura é. Ele é um demônio de categoria superior. Eu já tinha lido sobre ele, seu nome é Gargantos, ele foi aprisionado há milhares de ano no livro dos condenados, o Darkhold. Ele suga a energia das almas que mata com seus tentáculos, ficando mais poderoso. Está vendo seu olho gigante? Esta é a sua maior fraqueza, se conseguirmos um golpe certeiro nele, será fatal. - Wong explicou. 

— Eu tenho um plano. Confia em mim? - Strange perguntou, olhando no fundo dos olhos de Wong. 

— Sempre! - O Mago Supremo respondeu. 

Então, sem dizer uma só palavra, os dois, numa perfeita sincronia, voaram juntos rumo ao demônio. Wong partiu para seus tentáculos, desviando dos mesmos. O Mago Supremo invocou um chicote em suas mãos e o lançou contra Gargantos. O chicote parecia pequeno, mas uma vez lançado, não parava de crescer e assim ele aprisionou cada um dos tentáculos do demônio, imobilizando-o. A criatura se debatia e gritava e rapidamente se tornou uma das piores cenas que Stephen Strange presenciou em toda sua vida. O barulho era ensurdecedor e a visão do demônio era apavorante. Strange precisou respirar fundo para se concentrar no que iria fazer. O mago invocou uma flecha gigantesca e mirou bem no olho do demônio, no entanto, conforme o monstro se debatia, ficava praticamente impossível realizar a pontaria. 

— Wong, eu preciso que imobilize a criatura totalmente! - Strange pediu, do alto dos céus. Rapidamente, o Mago Supremou criou ondas de choque que irradiaram pelo chicote, fazendo com que a o demônio ficasse paralisado, sentindo muita dor. Neste momento, Strange fez a pontaria e atirou. A flecha voou como um foguete e foi certeira, acertando no meio do olho de Gargantos. 

O grito que o demônio deu certamente pode ser ouvido em cada canto do planeta, de tão alto que foi. Não teve quem não tapasse os ouvidos, tentando escapar daquele barulho infernal. O que mais surpreendeu Stephen Strange foi o fato de que ao invés de sangue, ou gosma, o demônio expelia uma fumaça vermelha com tons de preto. Por incrível que pareça, o demônio começou a gritar ainda mais alto, alternando entre tons graves e agudos e, de repente, ele explodiu, espalhando uma fumaça vermelha por toda cidade de Nova York. 

Wong e Strange se reuniram e rapidamente foram procurar pela garota, que estava encolhida no lugar que Strange dissera para ela ficar. 

— Agora você pode começar nos explicando o que foi tudo isso? - Strange perguntou, com raiva. 

— Acalme-se Strange, ela é só uma criança. - Wong disse, tentando acalmar o amigo. 

— Eu sei que eu devo explicações a vocês, mas eu preciso que vejam uma coisa, senão não vão acreditar em mim. - Então a menina começou a correr e os magos a seguiram. 

No trajeto, Strange pensou em para-la ali mesmo e forçá-la a contar tudo, afinal, ela poderia ser alguma bruxa disfarçada, montando uma armadilha a eles, talvez tenha sido ela que invocara o demônio. Porém, antes que Strange pudesse fazer qualquer coisa, a menina os levou até um beco e começou a discursar: 

— Bom, como eu disse, eu sei que devo muitas explicações para vocês, mas eu não sei se vocês vão acreditar em mim, mas aqui vou eu. Meu nome é América Chavez, eu tenho quinze anos, sou lésbica e não sou daqui. - A menina disse, o mais rápido que pode. 

— Espera! - Wong disse, pausando-a. - Você não é daqui de Nova York, Estados Unidos ou o quê? Você é de onde? 

— Então, eu sou de Nova York, mas não essa Nova York, uma outra Nova York. - A garota disse, embaraçando a mente dos dois. 

— Como assim outra Nova York? - Strange perguntou, completamente confuso. 

— Eu não sou desta realidade, desta dimensão, deste universo. Eu pertenço a um outro universo. 

— Espera, você está falando de Multiverso? – Wong perguntou e América confirmou com um aceno positivo com a cabeça. Naquele momento, Strange se arrepiou dos pés a cabeça. Stephen Strange tinha pouquíssimo conhecimento sobre realidades paralelas. A única coisa que sabia era que os magos sugavam energia do Multiverso para realizarem feitiços e magia, pois a Anciã tinha lhe dito isso quando o apresentou o mundo da magia. Fora isso, Strange nunca tinha tido contato com o Multiverso, pelo que se lembrava, pelo menos. 

— Pelos deuses! - Strange exclamou, arrepiado. 

— Existem infinitas realidades paralelas convivendo simultaneamente no Multiverso. Algumas são bem parecidas, com poucas diferenças, outras são completamente diferentes, com nenhuma semelhança praticamente. - América explicou. 

— E o que você faz aqui no nosso Universo, ainda mais com aquele demônio? - Wong perguntou. 

— Eu vim, porque ele me mandou vir. - Neste momento, América apontou para Stephen Strange, fazendo com que o mago arregalasse os olhos e se espantasse ainda mais. - No caso ele. - América se corrigiu e apontou para um canto do beco, onde havia um corpo escorado. 

Wong e Strange correram para ver quem era e assim que descobriram deram um grito estridente em uníssono. O corpo era de ninguém menos que Stephen Strange. Todavia, apesar de idêntico, ele tinha algumas diferenças. Primeiramente, seu cabelo era maior, preso com um rabo de cavalo e havia manchas brancas dos dois lados de sua cabeça. Além disso, suas vestimentas eram diferentes, eram vermelhas e feitas como uma armadura. Wong verificou de perto o corpo e constatou o óbvio: 

— Está morto! 

Strange tremia de medo, foi então que ele se lembrou de seus pesadelos. Há meses ele sonhava que ele e Wong eram perseguidos e mortos por uma criatura. Naquele momento, ele percebeu que em seus sonhos, a criatura se assemelhava muito a Gargantos e ele aquele corpo estirado no beco. 

— Strange, está tudo bem contigo? - Wong perguntou ao perceber que o amigo se tremia. Strange balançou a cabeça de forma negativa. 

— O que eu vou falar parece loucura, mas há um tempo, eu sonho que eu e você estamos sendo perseguidos por um monstro, que nos encurrala e nos mata. Toda noite, é o mesmo sonho e é aí que o pesadelo começa! - Strange disse a Wong, completamente perturbado. 

— Você não estava tendo sonhos e nem pesadelos. - América começou a explicar. - Mas sim visões de outras dimensões no Multiverso. Este era o Defensor Estranho, o Mago Supremo da minha realidade. Ele se transformou no Defensor de todo o universo, pois lutou contra Thanos sozinho, mesmo quando ele tinha todas as Joias do Infinito e conseguiu vencer. Ele me ajudava a controlar meus poderes, pois eu nasci com habilidades especiais, dentre elas, o poder de criar portais e viajar entre dimensões com meu corpo físico. Eu sou um dos poucos seres em todo o Multiverso que conseguem fazer isso e por esse motivo, eu sempre fui perseguida por bruxos e criaturas. Por isso o Defensor Estranho me ajudava. Eu estava vivendo a minha vida feliz com as minhas mães, quando aquele demônio me atacou. O Defensor Estranho me disse que algum feiticeiro deste universo tinha invocado a criatura atrás de mim e que eu tinha que vir aqui, para avisar ao Mago Supremo desta realidade para encontrar este feiticeiro, ou então todo o Multiverso correria grande perigo. Infelizmente, ele não sobreviveu, mas eu vim aqui para lhe alertar, talvez seja por isso que você estava tendo essas visões, o próprio Multiverso estava lhe avisando sobre os perigos que se aproximavam. - América explicou, deixando Strange ainda mais em choque. 

— Bem garota, eu nem sei o que lhe dizer. - Strange começou dizendo. - Mas, eu tenho muita pouca experiência com Multiverso, eu sei muito pouco sobre ele, além disso, eu não sou o Mago Supremo, não mais.  

— Não? - América perguntou espantada. - Então quem é? 

— Eu! - Wong respondeu. - Como você mesma disse, alguns universos são parecidos e outros completamente diferentes. Nesta dimensão, eu sou o Mago Supremo. A sua história é comovente garota, mas como o Strange disse, nós temos muito pouco conhecimento sobre o Multiverso. - Wong disse, causando uma grande decepção em América. 

— Então vocês não vão me ajudar? O Defensor Estranho me disse que vocês me ajudariam. Por favor, eu não sei mais o que fazer! - A garota disse, implorando. 

— Acalme-se menina, não é porque temos pouco conhecimento sobre o assunto que não iremos ajudá-la. Iremos te levar ao lugar mais seguro desta realidade, o Kamar Taj. Milhares de feiticeiros, bruxos, magos e criaturas mágicas juraram defender cada centímetro daquele castelo com suas próprias vidas se fosse preciso. Você estará segura lá. - Wong disse, fazendo com que América corresse para abraçá-lo, chorando. 

— Muito, muito obrigada mesmo, eu já estava completamente desesperada. - A garota disse em prantos. 

— De fato, o Kamar Taj é o lugar mais seguro que existe e há muitos livros lá, podemos realizar muitas pesquisas, mas somente isso não será suficiente. Precisamos de mais ajuda. - Strange disse, refletindo, ainda assustado com toda aquela situação. 

 - Como assim? - América perguntou. 

— Iremos precisar de ajuda, particularmente de uma vingadora que eu conheço. - Strange respondeu. 

— Quem? - Wong perguntou, intrigado. 

— Da vingadora mais poderosa que existe, Wanda Maximoff. 

 


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Notas finais do capítulo

Próximo Capítulo: A Feiticeira Escarlate



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