Legado de Sangue escrita por Nathy Negrelli


Capítulo 4
Capítulo 4


Notas iniciais do capítulo

Olha que estou seguindo um ritmo de postagem dessa história kkkkkkkkkkkk



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“Nascemos pelo sangue, nos tornamos homens pelo sangue,

somos desfeitos pelo sangue. Nossos olhos ainda se abrirão.

Tema o sangue antigo.”

— Bloodborne

 

 

Um…Dois…Três gritos…

Foi tudo que ela precisou dar para a mansão Uchiha entrar em colapso. Um uivo foi ouvido fora dos portões, o vento começava a soprar tão forte, que com um só sopro chicoteou a maçaneta da grande entrada abrindo as portas e soprando galhos e pássaros para o salão real.  

Malditos…

— Nãooo. - Outro grito estrangulado saia da garganta da garota.  

Os olhos vermelhos de Sasuke encaravam aquela cena, minuciosamente. Ele reconheceu de imediato a garota que outrora estava observando a árvore mágica e agora estava manifestando, com grande arrogância, um esmagador poder. 

— Acalme-se. - A voz imponente do futuro rei ecoou pelo salão, estremecendo os aldeões que sobraram no recinto, fazendo a garota pela primeira vez, voltar a raciocinar corretamente. 

— Eu fico no lugar dela. - Arfava de desespero. - Eu fico! 

— Não, minha menina! - Era a voz da doce avó falando. - Eu estou bem.

Nada do que ela falava, ou falasse, iria mudar a mente da rosada, ela jamais deixaria sua pobre avó se submeter aquilo. Ela jamais perderia outra pessoa, assim como perdeu Daisuke, assim como nunca conheceu seus próprios pais. 

— Por favor, me deixe assumir o lugar dela. - Os olhos esmeraldas da menina mexiam com algo dentro do interior do demônio. Sasuke encarava aqueles olhos que estavam com as bordas vermelhas de tanto chorar. Se fosse a décadas atrás ele até sentiria pena dela, mas não hoje, não nesse momento. 

— Infelizmente minha jovem, o sangue ancestral da sua avó é algo que não podemos recusar. - Orochimaru falava com desdém na voz. 

Sangue ancestral…Sangue antigo…

Aquelas frases rodearam sua cabeça, lembravam de algo. 

O que era? A voz na sua cabeça gritava para ela lembrar, mas lembrar de que? 

Eu estou aqui, minha filha! Às vezes soterrada, tratada como um produto para ser lucrado, escondida embaixo de casas, tirada dos braços de meus filhos, do seus braços, minha Sakura. Mas eu estou aqui. 

A doce voz falava em seu ouvido. 

Ela lembrou!

Nunca deveria ter esquecido, nunca deveria ter apagado da memória. Sua avó por muitas vezes desconversou sobre, sobre o que ela sentia, sobre o que ela via, mas ela sempre soube, no fundo de seu coração, ela sempre soube.

— Eu também tenho sangue ancestral. - Ela falou para o deleite de todos. - Prove, se quiser!

Sasuke, que observava a cena cautelosamente, caminhou até um dos carrascos, pegando uma lâmina afiada e um dos frascos que eles usavam para depositar o sangue da colheita. Estendeu uma de suas mãos para a pobre garota, que foi segurada pela avó.

—  Não faça isso, minha neta. - A avó suplicava. Ela sentia a dor do fardo que a menina carregava, sentia cada detalhe.

Com um sorriso sôfrego, ela conseguiu se desvencilhar dos braços da senhora Chiyo e entregou uma de suas mãos ao ser da noite que estava em sua frente. 

Um pequeno roçar da lâmina afiada, foi tudo que ele precisou para o líquido vermelho intenso começar a escorrer pela palma da mão da Haruno. O cheiro inebriante de cereja invadiu todo o salão. Os olhos do demônio Uchiha brilhavam de desejo, ele nunca havia sentido tamanha fragrância inebriante e tentadora. Depois de encher o pequeno frasco com o líquido o lorde, título que os oficiais o chamava, olhou a coloração do sangue que transmite um aroma sem igual, encostou a superfície do frasco em seus lábios e como se estivesse bebendo uma única dose de um Whisky centenário virou o líquido de uma só vez. O gosto forte se espalhou completamente por sua boca e o susto que ele levou ao provar aquele líquido despertou suas presas e instintos selvagens. 

A atmosfera começou a ressoar batidas aos ouvidos do senhor das trevas, o desejo por mais sangue com gosto incomum, consumia sua carne pálida e desbotada. Tentou a todo custo achar mais líquido no frasco, mas o mesmo tinha acabado. 

Não se amedronte. A garota ordenava para si. 

— Eu preciso de mais! - Ele olhou para rosada, que instintivamente deu dois passos para trás. Ela não poderia fraquejar naquela hora, não poderia! Mesmo assustada, ela não queria parecer fraca para aquele ser repugnante.

— Temos um acor..do? - Sua voz falhou, mas o que ela queria transmitir seria entendido mesmo sem ela precisar falar.

Sasuke queria o sangue dela, ele queria provar mais. Ele desejava mais! 

— A colheita acabou, eu escolhi minha doadora - O Uchiha se virou num misto de ódio e desejo, que em menos de um segundo sua presença tinha sido apagada da sala.

Sakura soltou todo o ar que prendia em seu corpo e voltou a encarar sua avó, que a olhava com pena e medo. 

—  A senhora está bem? - A preocupação de Sakura com a idosa era quase palpável. - Estou mais preocupada com você, minha pequena flor. - Tão grande quanto sua sabedoria era seu amor por sua neta. Era algo inegável. - Você não deveria ter feito isso, você pode morrer nas mãos dele! - O desespero na voz trêmula da senhora Chiyo era quase palpável. 

— Eu não poderia deixar a senhora ser levada. - Lágrimas grossas rolavam pela pele rubra da menina, devido ao gélido vento que voltou a soprar pela porta aberta. 

— Eu sei, minha menina! 

As mãos envelhecidas da matriarca Haruno pousaram suavemente pelos cabelos rosados, acariciando com carinho e amor.  

— Eu fico preocupada com sua vida, minha menina. - Uma lágrima solitária brotava entre as pálpebras caídas e enrugadas da senhora. - Seu sangue, nosso sangue, é o que ele deseja no momento! Você sabe que… 

Um silêncio brotou no recinto, a senhora que antes falava abertamente silenciou-se como se o que fosse falar não deveria ser dito. 

— Fale, vovó. Pare de me deixar no escuro sobre tudo! - A súplica da garota era evidente, ela estava a muito tempo sem saber nada sobre si. Ela queria a verdade. - Eu mereço saber de tudo, por favor!

Uma pequena lágrima solitária,continuava caindo e beijando o rosto rosado da menina, o caminho percorrido pela brilhante gota cintilava de tamanha tristeza. 

De fora, as pessoas que saiam do grande salão, choravam de alívio, não deixando de sentir pena daquela cena. Mesmo querendo gritar com eles, que ao passar lançavam olhares de compaixão, ela entendia.

— Vamos. - Orochimaru se aproximava com um sorriso triunfante. - Temos preparativos antes de te entregar ao meu senhor!

— Eu quero ficar mais com minha avó. - Os braços da menina abraçavam o corpo pequeno da senhora. Uma gargalhada debochada saiu da boca nojenta do homem cobra. Os braços que antes estavam em volta do tronco de sua avó, agora estavam sendo puxados, a contragosto, para um corredor largo e comprido. 

— Você não manda em si, você agora é propriedade do futuro rei. - Orochimaru cravava suas unhas na pele fina da menina e a arrastava rumo aos corredores da mansão. - Ponha-se no seu lugar, criatura inferior. 

 

 


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Notas finais do capítulo

A frase de efeito no final kkkkkkkkkkkkkkkkkkkkk