Legado de Sangue escrita por Nathy Negrelli


Capítulo 2
Capítulo 2


Notas iniciais do capítulo

Espero que gostem!



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“No mesmo instante em que recebemos pedras em nosso caminho, 

flores estão sendo plantadas mais longe. Quem desiste não as vê.”

— William Shakespeare

 

Ao longe, no pobre e medíocre vilarejo, afortunado pela fome e miséria, e altamente desgraçado pela pobreza, Sakura abraçava seu próprio corpo, as pequenas e delicadas mãos apertavam confortavelmente seu pobre e pequeno corpo, tentando, sem sucesso, afastar os calafrios que arriscaram percorrer sua espinha. 

O inverno estava rigoroso esse ano! Ousava dizer que se ficasse muito tempo exposta a tamanha quantidade de neve que caía incessantemente do céu, seu corpo entraria em estágio de hipotermia, e em menos de um minuto viraria um boneco de neve.  

Rigoroso era uma palavra muito fraca para descrever tamanha miséria e pobreza que os moradores de Konoha estavam passando. Era algo desumano! 

As adversidades enfrentadas por Konoha eram tamanhas, que se os habitantes não morressem de frio, nesse inverno congelante, com toda certeza uma doença terrível mataria-os em breve. Assim como na última primavera! 

Aos olhos da rosada, o que aconteceu na última primavera foi um massacre. O surto de sarampo foi tamanho, que morreram quase vinte crianças infectadas; foi algo avassalador e perturbador; a jovem Haruno tentou de todo jeito controlar a proliferação da doença, mas até seu vasto conhecimento em ervas medicinais eram limitados, devido a quantidade de doentes. Eram muitas crianças para tratar!

Todo seu conhecimento foi passado por sua adorável avó, Chiyo. A senhora de cabelos tão grisalhos como a neve possuía uma ancestralidade mágica, o poder de cura com ervas medicinais foi herdado de sua bisavó, que foi herdado de sua ancestral mais antiga. Um legado passado pelo sangue, como uma linda pétala de cerejeira na primavera sendo arrastada pelo vento. 

Mesmo lutando incessantemente todos os dias contra aquela praga, seu pequeno irmão sucumbiu à infecção. Daisuke era a vida de Sakura, era seu pequeno anjo, e a morte dele abalou seriamente a alma da pobre flor. 

Ela estava quebrada, quebrada por dentro. 

— Daisuke iria adorar essa grossa neve. - A pequena flor sussurrava, vendo uma leve fumaça se formar em volta de suas palavras, indicando a diminuição de temperatura que a cidade estava passando. 

O capuz de sua capa estava caindo rente à nuca, deixando os fios rosados à mostra, todo desgrenhado, quase como se fosse um ponto de referência no meio da neve branca. Pequenos flocos brancos estavam espalhados por seus cabelos e sua capa, tocando seu rosto como se fosse um carinho dado pelos espíritos livres que viviam na floresta. A neve escorria pelas maçãs rubras da bochecha da jovem cereja, acariciando e guardando em seu íntimo cada pedaço da pele branca e com leves sardas do corpo da pobre menina.

A atenção que antes dava para os flocos brancos de neve fora roubada pelo ponto fixo à frente. A expressão de horror que começava a manchar a face da jovem estava ficando cada vez maior.

— Droga. - Foi tudo o que conseguiu falar. O coração da Haruno começava a bater freneticamente, ela estava hiperventilando. Seus olhos que sempre fora de um verde intenso, nesse momento estavam quase brancos. Seu rosto que sempre fora sereno e gentil formava uma camada grossa de medo e desespero. - Eles estão vindo.

Foi tudo que saiu da singela voz da pequena garota, antes de recolher a cesta que nem percebeu que tinha deixado no chão e sair correndo entre as árvores, rumo a praça. A camada grossa de neve dificultava a locomoção, suas botas, antes marrom de couro, agora estavam submersas de neve, afundando a garota mais e mais, ao ponto de cobrir boa parte do joelho da pequena rosada.

A praça, logo a frente, era cercada de pequenas choupanas feitas de madeira entalhadas pela família Senju. A neve cobria boa parte do telhado das casas, e algumas pessoas tentavam, sem sucesso, retirar o excesso de gelo acumulado em suas portas. Avistou na praça uma pequena reunião de moradores, que assim como ela, notaram a presença negra que se aproximava da praça. 

A jovem garota sentiu um arrepio ruim, ao encarar sua avó Chiyo que mostrava frieza em seu olhar. A senhora de cabelos grisalhos encarava o subordinado e seus carrascos, que já se mostravam indiferentes a tamanha pobreza e miséria. 

A presença repulsiva do homem de cabelos sebosos andando pela neve branca, causava náuseas à rosada, ele se aproximava cada vez mais dos moradores, que agora entrelaçavam as mãos um dos outros instintivamente. 

A velocidade do homem, que outrora causava inveja a qualquer humano normal, foi substituída por passos lentos, a fim de torturar e aguçar a curiosidade dos pobres aldeões. 

— Olá, meus caros aldeões. - Orochimaru olhava curioso para as pessoas à sua frente, apoiando uma das mãos na cintura, sorrindo docemente. - Estou aqui para anunciar uma nova colheita. 

A aflição dos moradores era sentida em toda a atmosfera. A colheita era um evento que acontecia casualmente, não era rotineira, não tinham muitas, mas era algo que todos do vilarejo deveriam participar. 

A colheita, evento em que são escolhidos os próximos doadores de sangue para os vampiros reais, foi o nome dado pelo antigo Rei Fugaku, antes de perder sua consciência e enlouquecer. Ele impôs, uma espécie de trato entre os reais e os aldeões. Cada vampiro real teria direito a um doador de sangue para te servir, não necessitando assim que os vampiros começassem a caçar entre os humanos, diminuindo o derramamento de sangue. Era uma trégua!

Atrás do grupo de aldeões que se acumulava em frente a praça, dava para avistar a senhora de cabelo branco com a sombra de um pequeno sorriso. Perturbador, era o que aquele sorriso representava. Sakura encarava sua avó como se sentisse algo estranho no ar, algo estranho na floresta. 

— Vamos, meus caros. - Orochimaru tentava, sem sucesso, mostrar que aquilo era um privilégio, que era o dever deles como moradores. - Vamos começar a colheita, espero todos na mansão Uchiha ao entardecer. 


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