Dois meses havia se passado desde que Naruto havia ido treinar na toca das raposas, a vila das trevas estava em seus detalhes finais, só faltando a enorme muralha que protegerá a vila, ela tinha nada mais que cem metros de altura, e para reforçá-la não tinha nada mais que vinte seres humanóides de quase cessenta metros de altura feitos de puro meiton que tinham mais poder que a própria, Kyuubi, eles ficavam ao redor da muralha. 

Sob o comando de Minus, a vila estava entrando no mapa shinobi, cada dia que passava mais e mais missões chegavam até o escritório responsável pela distribuição das mesas, o que ajudava a aumentar a fama da vila. 

Uma das principais áreas onde Minus focou bons investimentos foi em pesquisa militar, criou lançadores de kunais e shurikens que tinham um alcance de quase um quilômetro, uma das pesquisas mais recentes que ele fez questão de trazer de outras partes do mundo foi a de armas biológicas, seus cientistas haviam conseguido amostras da febre de chakra, uma doença mortal para os ninjas, e estavam estudando meios de a usar como arma. 

O clã Uchiha já estava instalado na aldeia assim como outros clãs, muitos deles seguidores dos lordes das trevas e outros que viram na vila das trevas uma chance de recomeçar. 

— Temos evoluído bastante em diversos setores, mas o setor de pesquisa bélica deve ser prioridade por enquanto… uma hora outra alguma grande nação nos verá com receio e não pensará duas vezes em nos atacar. — comentou Minus. — Devemos estar prontos para tudo e para todos.

— Como se alguma nação pudesse conosco. — rebateu uma mulher. 

— Concordo com seu ponto de vista Kayena, mas não se esqueça que até que nosso líder esteja pronto devemos  manter distância nos olhos de nossos inimigos. — retrucou Yakuri, entediada. — Se soubessem que nosso líder se revelou irão atacar com força total, nem mesmo com nosso poder atual vamos resistir a isso.

— Por mais que não goste de me esconder como um covarde, você tem razão. — comentou um homem sentado ao lado de Minus. — Não há porque ter pressa, o treinamento de senjutsu das kitsunes vai adiantar bastante o treino dele, logo logo teremos total condição não apenas de nos defender, mas de atacar nossos inimigos com força total. 

— Agradeço ao apoio Gunter, espero que tenha feito bons progressos em seu trabalho. — agradeceu a morena. — Por mais que nosso foco atual seja a área militar, precisamos garantir que todos que venham viver aqui tenham uma excelente condição de vida. Dessa forma teremos a lealdade deles e aumentaremos nosso poder sem recorrer aos nossos exércitos. 

— E quanto a nossos espiões? — perguntou Minus. 

— Tudo o que está acontecendo está sob nosso controle, Iwa já está nos observando e logo teremos a atenção de Konoha, mas não pelo mesmo motivo como deve saber. — comentou o líder da divisão de espionagem. 

— O Hokage ainda está procurando seu filho… — disse o lord das trevas suspirando. — É questão de tempo até que seus olhos se voltem para nós, mas vamos deixar que ele veja o que quer. 

— Naruto só retornará dentro de um ano e meio e não há nada que ligue sua estadia aqui a seu desaparecimento. — concluiu Yakuri. — E mesmo que haja algo que possa dar pistas do paradeiro de Naruto, não é nada que não possamos lidar.

— Mesmo assim vamos ficar atentos… — disse Minus finalizando aquele assunto. — E quanto aquele projeto?

— Ah sim, estamos indo bem… meu filho tem feito grandes avanços, mas ainda precisamos do elemento chave para avançar. — explicou o líder da divisão de pesquisa. — Mas enquanto não podemos avançar estamos reforçando o projeto, adicionando mais dados das pesquisas que estão ligadas a ele, isso nos colocará em uma vantagem muito grande contra nossos inimigos. 

— Essa é a intenção, com isso não importa quem seja nossos inimigos, nós os esmafaremos. — disse o primeiro lorde das trevas com um sorriso sádico no rosto.

[...]

Um pouco longe dali Minato estava em sua sala, estava pensando em tudo o que fez na sua vida, e acima de tudo, em seus erros, havia se tornado um shinobi que espantava exércitos apenas com a presença, mas havia se tornado um verdadeiro fracasso como pai. 

Havia falhado em sua própria promessa de amar e proteger seus filhos da pior forma possível, ele mesmo havia desprezado seu próprio filho, seu lar não era mais o mesmo e ele sabia que a culpa era apenas dele.

Himiko não era mais a garota alegre e cheia de vida, ela culpava Minato e Kushina por seu irmão ter ido embora, estava cheia de razão. Se ele é sua esposa não tivessem se deixado levar pelo medo, as coisas poderiam ser diferentes seu lar não estaria destruído. 

Kushina estava com problemas sérios de saúde, tudo devido ao estado de depressão que entrou logo depois de Naruto ir embora, estava internada a seis meses. Foi necessário que Tsunade ficasse na aldeia para cuidar dela, era uma situação extremamente complicada para todos. 

E pra piorar tudo, havia falhado na tentativa de fazer um acordo com o clã Uchiha e impedir a sua eliminação. Apenas Mikoto e Sasuke haviam sido poupados, e mesmo assim ficavam sob vigilância direta de Danzou sob a alegação de que um ninho de traidores sempre seria um ninho de traidores. 

— Com licença Hokage-sama. — falou uma anbu aparecendo em um sushin.

— Achou alguma coisa? — perguntou Minato esperançoso, precisava de algo para iluminar seu lar. 

— Nada senhor, é como se eles tivessem sumido. — respondeu a anbu com pesar. 

— Não acredito nisso, como uma criança pode sumir dessa forma? — se perguntou o Hokage frustrado.

— Verdade senhor, mas ainda existe um lugar que não conseguimos procurar. Disse a anbu.

— Onde? — perguntou Minato esperançoso, mesmo sendo difícil e que houvesse poucas chances, ele tinha que tentar. 

— Em uma nova vila que está sendo construída no país do demônio. — explicou a Anbu. — Uma vila formada pela união de alguns senhores feudais e suas tropas, junto a alguns clãs sem vila e ninjas em busca de uma nova vida. 

— Uma nova vila? — se perguntou o Hokage, aquilo não fazia sentido, ainda mais no país do demônio. — Mas o país do demônio já tem a vila mística. 

— Isso é verdade, mesmo assim a vila vem crescendo e prosperando, entrando em confronto com a vila mística e saindo vencedora. — respondeu a anbu contando mais detalhes. — Tal sucesso vem chamando a atenção das demais nações, temos que ficar atentos. 

— Bem, dificilmente ele estaria nessa vila, mas é um ótimo lugar para alguém começar uma nova vida. — admitiu Minato. — Mas não custa nada tentar. Vá com seu grupo e busque informações dessa vila. 

O Anbu apenas saiu da sala, por mais difícil que fosse, o loiro ainda tinha esperanças de reencontrar seu filho, se ele quisesse salvar seu lar, não tinha outra escolha. 

“Naruto onde você se meteu,você não tem idéia da falta que está fazendo pra mim e pra sua mãe. Espero que um dia possa nos perdoar.” Disse Minato em seus pensamentos.

[...]

Em todos aqueles dias que haviam se passado, Naruto e Kyara tinham aprendido bastantes coisas com Kurama… mesmo com tantos objetivos em mente, ambos ainda eram duas crianças e tinha bastante curiosidade a respeito daquele mundo. 

Já Kurama a cada dia que passava ficava mais surpresa com cada um, Kyara era extremamente obediente e habilidosa apesar de ter tido algumas barreiras antes de aprender algumas coisas e Naruto era quem mais havia aprendido.

Ele não deixará de ser aquela criança alegre e bagunceira com seus amigos. Porém, ele havia aprendido a ser frio e calculista, além de ter se tornado obediente e responsável… aos poucos ele estava se tornando o líder que os outros lordes das trevas queriam, o que era bom.

Na Toca das Raposas o tempo parecia longo demais, pois a sensação que os visitantes tinham era de que havia se passado dez anos, enquanto no Mundo Normal ainda faltava um ano e meio para voltar a vila das trevas.

Kurama caminhava despreocupadamente por sua Vila, atendendo e ajudando sempre que alguém precisava, além de conversar com adultos e brincar com algumas crianças.

Kyara e Myumi treinavam pesadamente em um campo afastado da cidade, tendo sempre a ajuda de Naruto. Os três tinham se tornado grandes amigos!

O treinamento seguiu árduo até Naruto se intrometer e ajudá-las onde ainda existia vulnerabilidade.

[...]

Após a hora do almoço, todos ainda permaneciam em silêncio sentados à mesa e se encaravam, cada um esperava algo diferente, mas que acabavam se encontrando. 

Eles esperavam que alguém, mais precisamente Kurama, se pronunciasse. Contudo, a mesma mantinha-se quieta e distante.

As notícias que tinha recebido de um mensageiro a deixaram em alerta, principalmente com relação a Naruto.

— O que está havendo, Kurama? — perguntou Kyara preocupada, apesar de ter sido ensinada a nunca demonstrar seu sentimento.

— Apenas negócios... — respondeu ela vagamente, não havia porque preocupar seus convidados com tais problemas. 

— Kurama? — chamou Naruto fazendo com ela o encarasse. — Refaço a pergunta da Kyara. 

— E a minha resposta continua sendo a mesma. — falou ela se levantando e se retirando da sala de jantar.

— Tem algo acontecendo! — declarou a lorde das trevas.

— É hora de investigar... — comentou Naruto.

Os três se olharam e logo caminhavam apressadamente atrás de Kurama, sempre mantendo seus respectivos Chakras ocultos.

Seguiram a mesma até os limites daquela Vila e quando encontravam-se no meio de uma extensa clareira, perguntaram-se o que ela faria ali sozinha no meio do nada, mas antes que tivessem alguma conclusão precipitada sentiram um Chakra forte se aproximando.

— Tenko! Como é bom revê-la. — saudou Kurama.

Os três se encararam e voltaram a observar a cena. De primeira acharam que a Kyuubi estaria louca, pois encontrava-se falando com o nada, apesar de ainda sentirem o forte Chakra.

— Creio que só é possível se você se tornar visível. — Em seguida, quando uma grande raposa apareceu sentada a frente de Kurama, os três se impressionaram.

Tenko era uma raposa de 1000 anos com uma pelagem prateada. Ao que parecia está raposa não era inimiga, pois sua áurea era tão positiva e piedosa que por um momento o coração gelado de Naruto voltara a ser quente.

— Creio que as notícias continuam sendo perturbadores. — começou a raposa.

— Como assim? — Kurama perguntou preocupada.

— Os olhos da elite de Konoha se voltam para o país do demônio em busca do filho rejeitado do Hokage. Apesar de seu coração estar arrependido, Naruto não deve ser encontrado, ao menos não antes da hora. - respondeu a grande raposa.

— Tenko! Diga-me o que se passa no Mundo Normal. — pediu Kurama calmamente.

— As outras Vilas já sabem da existência de uma nova ameaça no País do Demônio. A nova Vila já está em seu processo final e todos aguardam ansiosos pela volta de seu líder. — Tenko despejou as informações. - Tinha outra coisa, mas não consigo me lembrar...

— Era importante? — perguntou ela.

— Talvez! — respondeu a raposa, confusa com suas lembranças. 

— Tenko, caso sua memória volte me avise... Tenho que voltar antes que um dos três perceba o meu sumiço. — pediu Kurama.

— Logo irá amanhecer, Kurama! — começou a raposa. — E menos um dia você terá para prepará-los, elas estão prontas e eles? - perguntou a raposa antes de sumir com os primeiros raios solares.

Os três não entenderam nada, mas rapidamente correram de volta para seus dormitórios. Precisavam fingir que nada havia acontecido.

Naruto, apesar de por um instante ter sentido vontade de conferir se as palavras sobre seu pai eram verdadeiras, lembrou-se de como sempre havia sido tratado e seu coração gelou novamente. 

Myumi estava pensativa, precisava alertar o primeiro lorde das trevas sobre as intenções das kitsunes, mesmo que não fosse uma ameaça, era seu dever garantir a segurança de seu futuro líder. 

Kyara apenas aguardava o momento de provar a sua força e principalmente orgulhar seus pais que eram extremamente fortes. Toda sua vida foi preparada para ser uma general, uma líder, alguém que fosse da extrema confiança dos lordes das trevas.

Depois de enrolarem em seus dormitórios cada um seguiu para a sala de jantar, onde um belíssimo café da manhã já se encontrava posto sobre a mesa, cada um se sentou em um local e comeram em silêncio. 

Assim que Kurama apareceu, Naruto se levantou, esperou que Kyara e Myumi  o acompanhassem para o campo de treinamento, mas o três foram impedidos pelo Chakra da Kyuubi.

— Não tão rápido! Vocês ouvem uma conversa sigilosa e acham que não terá consequência. — falou ela transformando o ambiente em algo sombrio e pesado. — Está na hora de vocês aguentarem as suas respectivas consequências.

No instante seguinte, tudo escureceu. Cada um foi separado e enviado para o seu pior pesadelo.

Myumi  estava presa dentro de um mundo onde ela ainda era humana e seu pai ainda estava vivo e a machucava de diversas formas, tanto fisicamente quanto psicologicamente. 

A cena de seu pai matando novamente sua mãe daquela forma tão lentamente, fez com que ela se sentisse enjoada como a primeira vez. De todas as lembranças que ela ainda levava consigo de sua vida anterior, aquelas eram as que ela mais queria esquecer. 

Seu pai a encarava sadicamente e quando ela menos esperou foi atingida por socos e chutes. Sua mente gritava para que ela reagisse de algum modo, mas seu corpo continuava paralisado, tendo de sentir os golpes cada vez mais furiosos além dos ataques psicológicos que seu pai lhe lançava.

Kyara estava presa em um mundo onde ela nunca conseguia fazer com que seus pais se orgulhassem dela e do quanto ela havia evoluído. Não importa o que ela fizesse, nada era o suficiente. 

Ela estava no meio de uma guerra e lutava com toda a sua força. Sempre que ela vencia a guerra, seus pais sempre a olhavam com reprovação e diziam que ela ainda não os tinha orgulhado. Depois, de tanto sangue derramado. Ela ainda não havia conseguido o que queria e por isto mesmo que a cena voltava a se repetir.

E Naruto via-se de volta a Konoha. Ele continuava sendo humilhado e maltratado por todos. Lembranças que ainda o atormentavam mesmo depois de tanto tempo, sempre lhe atormentavam em seus devaneios e pesadelos.

Ele encontrava-se no meio da Vila, caminhando de cabeça baixa, enquanto os moradores lhe atacavam, tanto fisicamente quanto psicologicamente. Eles atacavam frutas velhas e pedras, enquanto não cuspiam no chão por onde ele passava. Até seus pais repetiam os gestos daqueles desconhecidos, só não chegavam a atingi-lo com nada físico. E quando tudo parecia que melhoraria, eis que a cena se repetia.

Cada um deles se tornaram reféns de seus piores pesadelos!