Bons Momentos - ShinoKiba (Vol. 02) escrita por Kaline Bogard


Capítulo 9
Bons Momentos - O drama dos 16 (Kaoru)


Notas iniciais do capítulo

Preparem o coração!

Filho sempre dá tiro... INUZUKA, Kiba. 2022. Konoha.

:v

Boa leitura ♥



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O drama dos dezesseis anos de Aburame Kaoru fez jus ao título. Foi um acontecido muito além do que Kiba ou Shino esperariam, caso houvessem comparado com a primogênita, pois Masako apareceu em casa com um namoradinho novo.

E quem enfrentou o momento inicial desse drama do filho do meio, foi Shino.

O Alpha chegou a casa depois do trabalho esperando encontrar o lugar vazio como de praxe. Geralmente os filhos mais velhos ficavam no Bukatsu treinando nos clubes de basquete e judô. E Kiba se empolgava na clínica com Hikaru e os mascotes. Desde que Akamaru faleceu não tiveram outro, então suprimiam o apego cuidando dos animaizinhos dos clientes. Havia uma rota de alunos da escola até a clínica, a caçulinha de seis anos ia com os coleguinhas para lá e ficava com o pai Ômega até o fim do expediente.

Mas para surpresa de Shino, tão logo entrou no lar encontrou Kaoru andando de um lado para o outro parecendo muito, muito nervoso.

— Tadaima. — Anunciou-se.

— O-okaeri. — Kaoru respondeu. Os olhos arregalados e o rosto pálido deixou Shino em alerta. O adolescente era parecido demais com Kiba para saber como ele funcionava.

— Problemas no clube? — Deixou a maleta sobre uma poltrona e sentou-se no sofá.

Kaoru voltou a andar de um lado para o outro.

— Não é bem isso... — Respondeu — Shino-tou...

Silenciou. A marcha errática foi dica inconfundível: problemas à vista. Shino tinha todo um esquema para lidar com Kiba, seu companheiro destinado. Com os filhos agia de modo mais firme, afinal, era responsável pela educação daquelas crianças.

— Kaoru, o que houve? — Pressionou.

— Shino-tou! O papai vai me matar... — O Beta lamentou antes de vir sentar-se ao lado do homem. — Foi sem querer, sabe...?

Shino segurou o suspiro. Até no “drama enrolação” Kaoru era parecido com Kiba. Fazia muito tempo desde que aquele jovem não dava problemas. Depois que presenciou o abalo do pai Ômega, ele se endireitou e nunca mais aprontou. Pelo visto até agora...

— O que “foi sem querer”?

Antes de responder, Kaoru observou bem a face do pai tentando desvendar o nível de segurança. Apesar do homem ser um Alpha, sentia muita confiança em contar para Shino sem sofrer retaliação, pois ele era alguém compreensivo e ponderado. Com Kiba as coisas eram diferentes, o pai esquentado talvez o fizesse correr um pouco para escapar de um belo puxão de orelha. Ainda que nunca tivesse apanhado antes, Kaoru sabia que a coisa era séria demais para merecer um tabefe impulsivo na nuca.

Abriu a boca cheio de certeza, mas a coragem sumiu e as palavras morreram. Caindo em um silêncio pesado, Kaoru reclinou-se, apoiando os cotovelos nos joelhos e segurando a cabeça em uma imagem um tanto derrotada.

— Shino-tou... Eu...

Shino aguardou mais alguns segundos antes de colocar a mão sobre o ombro do menino:

— Não é nada tão grave que não possamos enfrentar, filho.

Meio desesperado, o Beta bagunçou os cabelos castanhos e resmungou algo.

— Minha namorada engravidou! — Soltou a bomba sem qualquer aviso prévio.

Shino sentiu o impacto indefensável em cheio.

— Kaoru?

— Eu sei! — O adolescente lamentou. — Ayume engravidou! A gente é muito jovem ainda e é cedo e... Pai... Eu vou enfrentar as consequências do meu ato... Mas... Mas... A Ayume quer abortar. Minha ex-namorada.

Kaoru cobriu os olhos com uma das mãos. Shino ficou observando, ainda abalado com o que ouviu. Ficou impressionado pelas revelações e pela insinuação de que o casal vinha conversando sobre o assunto sem sequer dar qualquer pista de que passavam por um problema tão grave. Nesse ponto Kaoru era muito diferente de Kiba, que não conseguia guardar o menor segredo sem dar na telha.

— De quantas semanas ela está?

— Não sei.

— É certeza?

— Fizemos o teste de farmácia. Duas vezes. Ela vai fazer o exame de sangue porque precisa disso antes do procedimento de aborto. Eu sei que sou muito jovem e fiz besteira, mas... Shino-tou, eu queria cuidar dessa criança. Queria criar meu filho.

— Você tem noção do que está dizendo, Kaoru?

— Sim! Eu... Eu sei que não posso fazer isso sozinho. Então... — Ele hesitou. — Vocês me ajudam? Até eu arrumar um emprego e conseguir resolver tudo sozinho! Uns dois anos só, depois prometo que assumo tudo da criança. Shino-tousan?

O Alpha endireitou a postura, tentando ganhar alguns segundos. E não teve tempo de reagir, um esbravejar inesperado roubou a cena. Só naquele instante notaram Kiba trazendo Hikaru pela mão, ambos parados na porta de entrada:

— CARALHO! — Foi o que o Ômega disse.

— Kiba-tou!

— Moranguinho, vá escolher uma roupa bem bonita, já vou preparar o seu banho.

— Combinado! — A garotinha de seis anos disparou para fora da sala, obedecendo à ordem.

Então Kiba fechou a porta da sala e cruzou os braços, lançando a Kaoru um olhar significativo.

— T-tou-chan — tentou falar, apenas para ser cortado quando o Ômega ergueu uma mão.

— Não tem medida que dê conta do tamanho da decepção que sinto nesse instante. — Ele falou sério. — Foi isso que Shino e eu te ensinamos?

Os olhos de Kaoru brilharam, mas ele aguentou firme.

— Desculpa...

— Desculpas não mudam nada. — O tom de voz do homem aumentou. — Olha o tamanho dessa merda que você trouxe pra nossa sala!

— Kiba... — Shino tentou ser diplomático e também foi cortado.

— Não venha com “Kiba” pra cima de mim, marido. Nós somos esse tipo de pais? Que imagem nós passamos? Kaoru precisou hesitar para vir pedir isso? Pensei que fosse óbvio que acolheríamos uma criança sem qualquer restrição!

Foi a vez de Kaoru sentir-se chocado, enquanto Shino quase (muito quase mesmo) sorriu. Nem deveria ter esperado outra postura, pois além de um Inuzuka, aquele homem era um Ômega.

— Como sua namorada se sente? Falaram sobre isso?

— Ex-namorada. — Kaoru corrigiu atrevido. — Nós terminamos por causa da questão do aborto.

Kiba suspirou ruidoso e foi sentar-se na outra poltrona, dividindo espaço com a pasta de Shino.

— Vamos falar com os pais dela. — Shino era mais prático.

— Ayume sonha em ser atriz e diz que um filho vai atrapalhar a vida dela. — Kaoru olhou de um pai para o outro. — Não acho que seja bem o termo. Não atrapalha, mas muda os planos e prioridades, não?

— Essa não é uma decisão fácil de tomar ou que deva ser tomada sozinho. — Shino refletiu sobre a situação. — Entendo o lado dela e o seu.

— Mas no meio disso tem meu filho! — Kaoru desesperou-se. — E o lado dele?

Shino e Kiba se entreolharam.

— Vamos conversar com Ayume. Sua na... ex-namorada sempre me pareceu uma boa menina. Não há nada que o diálogo não resolva.

— Nós ajudamos você a cuidar dessa criança, moleque. — Kiba recostou-se no sofá, toda a calma o abandonou. Por fim a esperada explosão deu sinal de vida. — Uma criança cuidando de outra!! Kaoru, onde você estava com a cabeça?! A cabeça de cima, claro!! A de baixo eu já sei!! Por que não encapou o pau?!

Kaoru ficou cinza.

— E-eu ia tirar antes e...

— Quieto! — Kiba rosnou. — Foi uma pergunta retórica, seu ameba! Eu tenho apenas quarenta e três anos, como que...

— Quarenta e quatro... — Shino corrigiu com um pigarro.

— Quieto você também! Pelo menos não to cheio de cabelo branco.

Shino franziu as sobrancelhas.

— Você disse que o grisalho era charmoso.

O outro se remexeu no estofado alguma vezes, as orelhas suspeitamente vermelhas.

— Sim, é charmoso. Mas te dá mais cara de avô do que eu. Avô... AVÔ! Kaoru, você fala pra sua avó. Mamãe será bisavó! CARALHO!!

— NÃO! — Kaoru arregalou os olhos só de se imaginar revelando a notícia para Tsume.

— Filho, você pode contar com a gente em qualquer situação. Somos seus pais e te amamos, daremos o suporte que for necessário.

— Você nunca foi bom de fazer planos e seguir. — Kiba meneou a cabeça. — Shino e eu acabamos queimando umas etapas, mas já tínhamos um emprego e uma casa encaminhada. Você é só uma criança. Terá nosso apoio até terminar os estudos, cursar a faculdade e arrumar um emprego. Depois o filho é todo teu!

Kaoru emocionou-se. Era muito mais do que esperava. Em sua cabeça poderia apenas terminar o Colegial antes de ter que assumir a responsabilidade total. Seus pais eram incríveis! Mostraram o desgosto por ter cometido um erro, embora não o desamparassem.

— Obrigado. — O jovem Beta cobriu os olhos com a mão, escondendo as lágrimas. Ia lutar o quanto pudesse pelo direito de ter aquela criança. Sabia que não era uma decisão que dependesse de sua vontade. E mesmo assim, receber o apoio dos pais foi uma felicidade sem igual.

O casal se entreolhou. Ambos estavam sob o impacto do que ouviram ali. O namoro de Kaoru era recente, coisa de seis ou sete meses. Não esperavam que os adolescentes iam se animar tanto assim e acelerar todas as etapas!! Ah, esse fogo da juventude, como diria Rock Lee. Enfrentariam o que viesse pela frente. Assim era a família Inuzuka-Aburame.

CENA EXTRA

— Caralho!! Esse moleque é um canibal!! — Kaoru gemeu quando conseguiu soltar a mão que era atacada por dentinhos afiados. E a criança voou com as mãozinhas nos fios rebeldes do pai, grudando e puxando dolorido. — AI!! Toma, Kiba-tou, esse tubarão é seu!

Estendeu os braços e devolveu o bebê para Kiba. Literalmente um tubarãozinho, pois Yukio, filhotinho Beta de Kaoru, vestia um pijama de tubarão. E exibia uma fileirinha de dentes afiados, não apenas os caninos! Pequenas arminhas pontudas.

Yukio aceitou o colo de Kiba e acomodou-se ficando quietinho e aconchegado. Ele só era espevitado com o pai Kaoru! Com as outras pessoas agia numa docilidade sem igual.

Era fim de tarde de uma terça-feira. Kaoru estava voltando da faculdade após efetivar a matricula. O judô lhe ofereceu uma ótima bolsa para o curso que queria. Eram os frutos da dedicação dos últimos dois anos, desde que se comprometeu a criar o filho e a antiga namoradinha aceitou. Shino e Kiba cuidavam de Yukio, o primeiro neto, ajudando da maneira que podiam.

Kiba olhou o garotinho que se aninhou em seus braços e passou a brincar com sua blusa. Cabelos castanhos bagunçados, num tom mais claro do que os seus e os de Kaoru, triângulos vermelhos nas bochechas gorduchas e olhos selvagens que se tornavam assustadores com os dentes pontiagudos. Não um ou dois, mas toda a arcada dentária branquinha!

E isso explicava as marcas de Kaoru. O pobre Beta tinha mordidas nas duas mãos. No queixo. No queixo! Um belo dia, Yukio pareceu que ia dar um beijo no rosto do pai, mas deu foi uma grande mordida!! Kiba não entendia porque o neto era tão atentado contra Kaoru. Talvez fosse a lei do carma, já que no geral era bem calminho.

Um meninão de ótimo gênio, esperto e sociável, o primeiro da nova geração Inuzuka-Aburame, perpetuando a família e vindo ao mundo graças a uma união bem-sucedida que começou tantos anos atrás.


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Notas finais do capítulo

Alguém esperava por isso?!!

Até sexta!



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