Bons Momentos - ShinoKiba (Vol. 02) escrita por Kaline Bogard


Capítulo 2
Bons Momentos - A... a ... ahhhh primeira vez!!


Notas iniciais do capítulo

Boa leitura!



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/805744/chapter/2

Existem bons momentos que são pontuados de humor. E pânico, como Kiba bem o sabia. E um desses, foi especialmente engraçado.

Uma das primeiras vezes mais importantes na história de uma pessoa.

Ele era um Ômega muito satisfeito da vida. Estava por volta dos trinta e oito anos e já tinha levado um baque inesperado ao saber da gestação do terceiro filhote. Quando a poeira baixou e tudo entrou nos trilhos, ele conseguiu aproveitar aquelas minúcias que podiam irritar e acalentar na mesma proporção: enjoos matinais, desejos, gases acumulados, dores nas costas, azia, preguiça crônica (ele parecia mais um gato dorminhoco). Principalmente por volta da vigésima semana, o sono era imbatível. Ao ponto tal que Hana se permitiu dar uma semana de bonificação, garantindo que o irmão tivesse sete dias de férias extras. Kiba era um ótimo funcionário, dedicado e responsável. Dificilmente faltava e sempre passava do horário sem que ninguém pedisse.

Kiba aceitou o presente sem pensar duas vezes!!

Ficar em casa com os pés para cima era maravilhoso. As pernas estavam inchando um bocado, a previsão do parto era para final de novembro, isso colocava boa parte da gestação no verão. O calor contribuía para a retenção de líquidos, inchaço no corpo e oscilações de pressão.

Hana decidiu isso logo após o almoço de uma quarta-feira, ao ver como era penoso para o irmão, fazer as atividades com os pés naquele estado. Cheia de empatia, dispensou-o pelo resto do dia e somou uma semana para que tentasse melhorar o inchaço doloroso.

Assim que chegou a casa, tomou um longo banho, meteu-se numa das grandes camisetas de Shino (ah, como amava aquele cheiro!) ajeitou as almofadas no sofá e ligou o ventilador para se refrescar, recostando-se para assistir televisão. Ou melhor, intercalando cochilos breves enquanto tentava manter atenção no programa humorístico.

Foi assim que levou um belo susto ao ver a porta da sala se abrir e a filha primogênita entrar na casa. A jovem Alpha ficou igualmente surpreendida, erguendo as sobrancelhas por traz dos óculos de sol.

— Kiba-tou!

— Olá, ranhenta! — Usar o apelido infantil para conversar com a menina de doze anos era hábito do qual não abria mão. Estranhou o horário, Masako deveria estar na escola! — Aconteceu alguma coisa?

A jovem hesitou visivelmente antes de balançar a cabeça, negando:

— Não...

— Filha!

— Kiba-tou, não importa. — Ela cortou o assunto e atravessou a sala depressa, quase correndo para o próprio quarto.

— Masako!

O Ômega ficou chocado. Nunca viu a filha com um comportamento daqueles! Seria ciúmes por causa do novo filhotinho? Tão logo Kaoru nasceu, a primogênita teve uma pequena regressão, voltou a fazer xixi na cama e passou a sofrer com crises dolorosas de constipação. Foram necessárias algumas sessões de terapia e um bom trabalho do psicólogo para que Masako visse o irmãozinho como ele era: um membro da família, não uma ameaça que roubaria seu lugar e tomaria o amor dos pais.

Porém, na época, Masako tinha apenas dois aninhos e pouca maturidade para compreender tudo sobre a concepção e o nascimento de uma criança. Agora não, ela já tinha doze anos, até mesmo Kaoru, com seus dez anos, parecia confortável com a ideia de um irmãozinho (ou irmãzinha conforme a intuição de Kiba apitava ser) correndo por ali...

Teriam se enganado? Será que a menina sentia algum tipo de insegurança ou ameaça?

— Ah, essas crianças...

Com certa dificuldade levantou-se do sofá. A barriga ainda era pouco mais do que o resultado de um jantar exagerado. Sabia que em breve estaria muito, muito barrigudo e aí sim teria problemas com movimentos. Naquele instante só enfrentava pernas e pés inchados, o que era um belo de um transtorno.

Devagar subiu as escadas e foi ao quarto da jovem Alpha, batendo na porta e entrando sem esperar resposta.

— Filha, vamos conversar.

— Kiba-tou! Não é nada! — Masako estava sentada na cama, com uma expressão neutra. Os óculos jaziam sobre o colchão junto com a mochila. Não usava o item com tanta constância quanto Shino.

Kiba segurou um suspiro. Queria ter a percepção acurada que associavam a sua casta, mas era péssimo em ler nuances. Ganhou tempo observando o quarto da menina, admirando os calmos tons de pêssego. O quarto que antes era vermelhinho feito um morango maduro, passou gradativamente a ter o tom que mais combinava com a personalidade de sua residente.

— Por que não? Está preocupada com o filhote...? — Lançou como quem não quer nada.

Masako suavizou a expressão e aproveitou que Kiba sentou-se ao seu lado para passar a mão com carinho sobre a barriga do Ômega, compartilhando com ele uma nuvem de acalento.

— Por quê? — Ela devolveu baixinho. — O senhor sente alguma coisa errada?

— Não... — Colocou a mão sobre a da filha. — Está tudo bem.

— Que bom. Não estou preocupada com o filhotinho não, estou feliz com ele! Ou ela.

— Ela. Tenho certeza que é outra menina! Então o que aconteceu? Você não deveria estar na escola?

Masako puxou a mão e não respondeu. Kiba notou como ela ficou distante, quase desconfortável e teve uma intuição fulminante:

— Masako, é algum namoradinho, pirralha?! Você é muito nova pra ficar de saliência por aí!

— Não! — A garota cortou depressa, levantando-se da cama e afastando-se alguns passos. — Não quero falar sobre isso com você!!

Kiba sentiu o impacto: um jutsu de alto nível que o acertou em cheio. Levou a mão ao peito num gesto melodramático exagerado, os olhos arregalados e o queixo caindo de leve. Era uma visão até que engraçada, não fosse a sensação de decepção, receio e angústia suave que minou pelo quarto. Incomodou o lado Alpha de Masako, que cada dia estava mais sensível e perceptiva a Ômegas, a ponto que ela regressou para o lado do pai e voltou a se sentar.

— Masako... Filha... Você pode falar sobre qualquer coisa comigo. Somos família. — De repente teve medo que houvesse acontecido alguma coisa grave, algum assédio ou bullying. Sabia que Shino enfrentou muita coisa naquela idade, adolescentes eram cruéis e passavam dos limites para maltratar quem não se encaixava em padrões pré-determinados.

Masako suspirou e rendeu-se. Era impossível resistir à sensação de desamparo que minava do homem, por ele achar que era deixado de lado. No fim das contas resolveu contar o ocorrido. E jogou a informação sem qualquer preparo, no melhor estilo “Aburame Shino”.

— Kiba-tou, eu menstruei.

O Ômega perdeu alguns segundos analisando a face alheia, tentando entender o significado da palavra “menstruei”. Então Masako assistiu o vermelhão subir pelo pescoço do homem, se espalhar pelo rosto e colorir até a ponta das orelhas. Em silêncio ele saiu do quarto e fechou a porta.

Ouviu-se um berro quase humilhantemente desafinado: “CARALHO, VIDA!! CARALHO!”. Meio segundo depois soaram batidas na porta e o pobre coitado voltou, tão corado que deu a impressão de fazer o quarto esquentar um pouco com o calor do rubor.

— Quer um remedinho? Um chocolatinho? — Perguntou suave e encabulado. Masako negou com a cabeça, começando a se divertir com o jeitão do pai. Sabia que ele teria uma reação parecida com essa!! — Quer que eu ligue pra Hana-nee?

Dessa vez ela concordou com um aceno positivo.

— Por favor...

Kiba sorriu sem mostrar os dentes, levou a mão até a cabeça da menina e deu alguns tapinhas desajeitados sobre os cabelos escuros.

— Parabéns, tudo de bom, muita saúde!

— Obrigada...? — Foi difícil segurar a risada! Mas Masako conseguiu. E transbordou de amor pelo pai, que acabou transformando um momento constrangedor em algo engraçado! Era sua primeira menstruação. Por sorte aconteceu durante o treino do bukatsu e as roupas sujas não chamaram atenção. A capitã do time de basquete a liberou das atividades para ir para casa se trocar, encerrando o dia mais cedo. Só não esperava encontrar com o pai Ômega por lá!

Masako sabia sobre as transformações que seu corpo sofreria, os seios que cresciam e chamavam a atenção dos meninos, pelinhos incômodos que surgiam em lugares íntimos! Shino-tou lhe explicou muita coisa! Hana-nee também, o ocorrido não a pegou desprevenida ou sem informações. Só foi um susto porque veio sem qualquer aviso prévio: as meninas estavam sentadas em círculo ouvindo instruções para o treino, algo quente e espesso deu a impressão de molhar sua calcinha. Uma rápida olhada para baixo e Masako viu o fundo do short manchado com sangue escuro. E voilà, “ficou mocinha” na escola.

— Kiba-tou!! — A adolescente chamou ao perceber que o pai chegava à porta para fazer a ligação. E completou com mais firmeza: — Obrigada!

O Ômega dispensou com um aceno de mão e escapuliu do quarto, impactado com a percepção de que a filha estava mesmo crescendo. Crescendo e se tornando uma bela garota. Sentada na cama quase conseguia olhá-lo na altura dos olhos, uma criança que se tornava uma bela mulher.

E essa foi a história contada para Shino à noite, enquanto o casal estava no aconchego da cama: com todos os detalhes conforme aconteceu na mente de Kiba. Porque a história real, a cena de verdade, teve um pouco mais de histeria e descontrole por parte dele do que só um berro atrás da porta. Mas isso, claro, era um segredo que pai e filha guardariam pelo resto da vida. Kiba nunca admitira nada e Masako protegeria a dignidade daquele Ômega, embora sempre que se lembrasse do bom momento, tivesse que morder a língua para não rolar de tanto rir!


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Kiba pirou muito mais do que isso... mas vamos salvar a dignidade desse Ômega, hum?! ♥ até sexta!



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Bons Momentos - ShinoKiba (Vol. 02)" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.