Bons Momentos - ShinoKiba (Vol. 02) escrita por Kaline Bogard


Capítulo 1
Bons Momentos - Jantar Romântico


Notas iniciais do capítulo

Olá, leitores!! Sentiram minha falta? Espero que sim xD

Atualização toda sexta!! Já tenho uns capítulos guardados na manga ♥

Divirtam-se!!



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Aburame Shino era um apaixonado irremediável. E não havia ser vivo na face de Konoha que duvidasse dos sentimentos daquele Alpha por seu Ômega, ou vice-versa, claro. Mas a questão de Shino era estoica, algo tão inerente e essencial àquele homem, que parecia uma característica de nascença, assim como a falta de expressividade e a tendência a manter o autocontrole imperturbável.

Os sentimentos que nutria não nasceram do dia para a noite, em rompantes ou apaixonantes “amor à primeira vista”. Mas foi algo cultivado no decorrer de uma relação de amizade que se transformou, se aprimorou e alcançou um nível a mais. Essa era a única explicação aceitável para o ar de bobo apaixonado que ele ostentava, sentado em uma discreta mesa de canto no restaurante familiar, enquanto ouvia Inuzuka Kiba reclamar.

Reclamar.

Algo que o Ômega fazia com frequência, com gosto, com ênfase!

Kiba estava reclamando, em bom tom e muitos manejos de mão; enquanto Shino apenas ouvia e absorvia cada uma daquelas silabas eloquentes, inconformadas, ofendidas e mal humoradas.

— “Quem é você e o que fez com meu pai?”, “Olha o terno do engomadinho”... HNFT! — Resmungou pela milésima vez. — Quem aqueles pirralhos acham que são?! Kaoru ainda acorda com ranho escorrendo do nariz!

A indignação parecia longe de acabar. E era suficiente para que ninguém mais no restaurante dissesse um “a”. E olha que vontade não faltava. Quando é que Konoha viu aquele Ômega vestido com trajes elegantes como o que usava na noite? Exceto pelo dia do casamento e, talvez, uma ou duas outras ocasiões adversas, Kiba parecia ter nascido em roupas esportivas de ficar em casa. Chinelos e calçados descontraídos eram quase opção única para os pés do rapaz.

Por isso os filhos não resistiram a fazer piadinhas sobre a aparência de Kiba. Até mesmo Masako brincou! Masako!! A menina que parecia ter sido parida do corpo de Shino e não de Kiba, fazendo uma piadinha à lá “Quem é você e o que fez com meu pai?!”. Imaginem!

Para Shino, a indignação era uma pitada a mais, ou uma companheira do dia-a-dia, pois o marido pavio curto tinha esse jeito enfático de reclamar das coisas. Essa “pitadinha” vinha dar sabor ao prato principal (paralelo de duplo ou triplo sentido naquela noite): Kiba trajava um elegante conjunto social, que combinava com a pele levemente dourada de sol, os cabelos estavam penteados e assentados com gel! Um estilo que dava charme sofisticado ao rapaz. E combinava com Shino, igualmente vestido de social, lindo em uma blusa de gola alta de tom bordô e um casaco escuro. Na verdade, a dupla faria um par belíssimo e refinado, não fossem as ranzinzas e eloquentes críticas de Kiba.

O Ômega só se acalmou quando o garçom trouxe a refeição do casal e colocou sobre a mesa.

— Que cheiro bom! — A onda de reclamações se interrompeu no mesmo instante.

— Realmente! — Shino concordou.

— Parabéns, marido! — Kiba sorriu, pegando uma das taças com vinho tinto docinho.

Shino aceitou o cumprimento e ergueu a própria taça para brindar à do companheiro.

Quarenta anos. Completava quarenta anos naquela noite fria de vinte e três de janeiro. E de qualquer ângulo que olhasse, só tinha a comemorar. Shino encontrou o companheiro perfeito logo cedo na vida, conseguiu cultivá-lo e torná-lo recíproco.  Junto com o grande e único amor de sua vida, fez planos e os realizou. Construiu uma vida, plantou bons frutos e colhia o néctar saboroso da felicidade. Tinham filhos, bons empregos, bens...

Claro, nem tudo era um mar de rosas: havia obstáculos, dificuldades, problemas, restrições. Brigas. Até mesmo um casal que combinava tão bem brigava às vezes. A personalidade de ambos era adversa demais. Kiba adorava ser o dono absoluto da razão e Shino era um homem que precisava sentir ter controle. E manter controle sobre algo, vivendo ao lado de um pequeno furacão, era quase um sonho impossível!

Mas ao fim do dia, por maior que fosse a tempestade, o saldo positivo era ainda maior. Porque o resultado da equação era sempre amor.

— Mas que porra, em julho sou eu! — Kiba agitou a taça e levou até o rosto, “farejando” de leve. — Quarentão!! Nem me sinto tão velho!

— Hum...

— “Velho” no bom sentido! — Ele riu. — O tempo parece que voou! Ontem mesmo a gente estava se dando uns pegas lá perto do lago. Com minha mãe buzinando na orelha sobre Alphas e Ômegas e cio... Agora estamos aqui. Assim! PORRA!

A exclamação final atraiu olhares incomodados, mas ambos ignoraram.

— Concordo, Kiba. Esses anos passaram depressa.

— Mas a gente aproveitou. E tá aproveitando. E continua dando uns pegas. — a frase se encerrou em uma risadinha animada.

Shino não respondeu. Ele levou a taça aos lábios e sorveu um pequeno gole, os olhos fixos na imagem do parceiro, com tanta intensidade e atenção que logo notou as pontinhas das orelhas do outro se tingindo de vermelho. Tantos anos lado a lado, tantas intimidades partilhadas, e Kiba ainda conseguia ficar sem jeito frente a certas situações. Era tão adorável que às vezes o Alpha fazia de propósito, uma maldadezinha para saborear as reações pueris.

O próprio Kiba ficava mortificado por agir assim apesar de tudo. Constantemente jogava a culpa no lado animal, afinal, Ômegas tinham aquela “quedinha” por Alphas, não? Ainda que Naruto ou outros da casta não tivessem esse efeito sobre ele... De esquentar partes complicadas de seu corpo. Corava fácil demais! E o baixo ventre...

A vontade, naquele instante, era de soltar o belo berro: “SHINO! Você me deixou de pau duro, maldito!!”. Mas engoliu o brado retumbante e reservou para mais tarde, pois já tinham um quarto de motel reservado e Kiba pretendia liberar todas as posições banidas do lar para comemorar da melhor forma possível a chegada do marido aos quarenta. O joguinho de provocação era preliminar que colocaria fogo no quarto!!

— A... A Masako decidiu pra qual colégio vai. — Kiba mudou de assunto bruscamente, olhando de um lado para o outro do restaurante enquanto bebericava o vinho. — Ela comentou com você?

A intensidade nos gestos de Shino desapareceu. Falar sobre os filhotes sempre o desarmava, um truquezinho que Kiba usava em oportunidades pontuais, só de vez em quando para não desgastar a magia.

— Sim. Ela me disse.

— Caralho, Shino. Ano que vem nossa menininha será uma colegial. Acredita? Parece ontem que a gente acordava a noite para trocar as faldas de bosta! Agora a menina virou uma moça, conquistou sua bolsa de estudos graças ao basquete, está falando sobre faculdade de Direito...

— Masako é uma boa filha.

— Nunca duvidei. — Kiba riu, colocando a taça vazia de lado e pegando o par de hashi para começar a refeição. — Do Kaoru eu duvidei. Mas o moleque se emendou. Que alívio. E tem a moranguinho, Hikaru é esperta demais pra idade. Essa vai seguir os passos da Masako!

Shino concordou com a análise feita de um jeito singular. Apesar das palavras desleixadas, o teor era real: cada filho trazia uma experiência inigualável, com seus desafios e recompensas. Enquanto Shino refletia sobre o assunto, saboreando o jantar, Kiba enfiou a mão no bolso interno do casaco elegante e puxou um pacotinho embrulhado em papel colorido e chamativo.

— Shino! O aniversário é seu, mas a gente que ganha os presentes todos os dias por ter você ao nosso lado. — Declarou com um sorrisão.

O Alpha sentiu o impacto daquela declaração. No fundo da mente, sabia que alguém havia ajudado seu marido com as palavras, pois não era do feitio de Kiba ser tão assertivo. Mas fosse Hana ou os filhos, não importava. Ele foi envolvido pelos sentimentos que fluíam através do vínculo, tão intensos e verdadeiros que o embargaram de emoção.

Comovido, puxou presente fazendo-o deslizar pelo tampo da mesa. O toque dos dedos o fez desvendar fácil do que se tratava, antes mesmo de abrir sabia que era um porta-retratos. Embora nada no mudo o preparasse para a foto que ele exibia: Kiba com Hikaru no colo, junto com Masako e Kaoru, os quatro fazendo um grande, torto e desengonçado coração com os braços, esbanjando felicidade em sorrisos enormes. Bem na frente da casinha em que moravam.

Shino cobriu os olhos com a mão, esquecendo momentaneamente dos óculos, para conter as lágrimas que transbordaram. Fazia tempo que não chorava, conquanto a razão fosse excelente. Jamais se sentiu tão feliz antes.

— Parabéns. E obrigado por tudo que me deu... — Kiba falou com suavidade, os olhos brilhando suspeitos. — Eu amo você. Muito.

O Alpha não respondeu. E nem precisava, caso o afeto evidente não fosse prova o bastante de como ele se sentia, havia cada um dos dias vividos lado a lado, num casamento frutífero e bem sucedido. Cheio de amor e felicidade. Não “o melhor aniversário de todos”, mas mais um melhor aniversário, pois todos, junto a Kiba, eram bons momentos assim.

CENA EXTRA

 — Pronto! Ela está limpinha — Masako voltou para a sala com a bebê no colo, uma Beta de apenas dois aninhos. Os cabelos curtinhos bagunçados remetiam aos do pai Ômega, assim como as bochechas gorduchas marcadas com triângulos gêmeos. Os olhos escuros eram cálidos como os da irmã mais velha. Nos lábios inquietos, uma chupeta cor de rosa era a responsável por um mar de baba brilhante.

— Aqui! — Kaoru, que estava sentado no carpete da sala, moveu as mãos pedindo a irmã para si.

Masako não cedeu. A jovem de catorze anos sentou-se de frente para o outro, mantendo a menininha no colo. Puxou a chupeta e sorriu ao ver a criança abrir a boquinha banguela.

— Ela parece um pardal! — Kaoru divertiu-se, logo pegando um pratinho com purê de frutas e vitamina e enchendo uma colherzinha para ofertar à Hikaru. A caçulinha era voraz!

— Parece mesmo! — Masako concordou. Era sua tarefa dar banho na irmã. Kaoru era responsável pela papinha. E ambos cuidavam dela para que os pais tivessem o merecido jantar a dois.

— Papa. — a palavra veio seguida por uns gritinhos e sons desconexos, e um arroto sonoro que vez os adolescentes rirem.

— Que fofa — A jovem Alpha apertou a bebê em um abraço cheio de carinho. Kaoru não resistiu, caminhou sobre os joelhos até alcançar ambas e partilhar do abraço fraternal. Hikaru chegou tarde, de surpresa, mas era o xodozinho da família!


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Notas finais do capítulo

Gostaram?

Até sexta ♥



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