Bons Momentos - ShinoKiba (Vol. 02) escrita por Kaline Bogard


Capítulo 19
Bons Momentos - Domingo no parque


Notas iniciais do capítulo

Boa leitura!



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Kiba acordou cedo no domingo sem precisar de qualquer incentivo. Mesmo tendo ido deitar tarde, um tiquinho alegre demais depois da recepção dada pelo hotel e finalizado a noite com uma “recepção” mais íntima nos braços de Shino.

Não foi surpresa alguma encontrar com o resto da família no corredor. Era o último dia da viagem e todos queriam aproveitar ao máximo. Foram naquele grupo compacto e animado tomar o ótimo café da manhã que era oferecido como parte do prêmio.

— Não comam demais — Kiba recomendou tentando enfiar metade de um croassant na boca — Nadar de barriga cheia é perigoso.

— Xim, xenhor! — Kaoru brigava com bolinhos recheados com geleia.

— Vou ganhar muitos prêmios! — Hikaru estava eufórica com a alegria de todo mundo. Era tão bom ver a família assim unida e se divertindo... enchia a menininha de orgulho saber que aquilo era graças ao seu balé.

— Obrigado pela comida! — Shinta terminou primeiro, pouco comprometido em comer demais. Ele queria nadar! — Diversão?!

Perguntou e segurou a namorada pela mão, sequer perguntando se ela havia terminado. Pegou a caçulinha pela outra mão e saiu correndo com ambas para fora do refeitório.

— OE! — Kiba tentou gritar e quase se engasgou. Lançou um olhar irritado na direção de Shino, esperando que o marido tomasse alguma providência, mas o Alpha estava calmamente passando geleia em uma torrada — Shino!!

— Kiba?

— Nossas filhas! — apontou na direção que o trio seguiu — Yakuza!

— Ainda nos sobrou um — Shino indicou Kaoru com um gesto de cabeça, vendo o adolescente encher as mãos com biscoitos de nata numa nítida intenção de fugir correndo e cheio de comida.

— Não ouse — Kiba decretou em tom mortal. E fez o filho compreender que desobedecer era um risco grande demais. Preferiu terminar de comer ali com calma e paciência.

Após comer, os três seguiram juntos para a área da piscina principal. E reencontraram com o trio de fujões. Shinta nadava com Hikaru nas costas, desviando de outros banhistas com muita agilidade. Masako flutuava conversando com uma jovem, alguém que conheceu por ali.

Shino encontrou um guarda-sol vago e acomodou-se. Por sorte era um ponto onde podia ver a família toda se divertir. Naquela manhã não trouxe nem um livro, sua atenção estava toda nas pessoas que amava. Queria saborear o momento o máximo possível.

Kiba pegou o frasco de protetor solar e obrigou Kaoru a se proteger com uma boa camada, antes de permitir que o Beta se jogasse na água. E repetiu o processo em si mesmo. Desde que teve uma insolação na praia e ficou tão assado quanto pernil em festa natalina de filme estrangeiro, nunca mais se descuidou.

Caiu na água gritando um “Torpedo Inuzuka” e jogou água para todos os lados, ignorando com graça os olhares feios que recebeu. A festa foi grande: apostaram corrida e inventaram jogos que acabaram envolvendo outras pessoas. Shino não ficou de fora muito tempo, o Alpha não resistiu a participar de tamanha alegria.

A certa altura, Kaoru afastou-se e recostou-se na amurada da piscina. Masako viu a chance de conversar com o irmão sobre o que o afligia.

— Você está bem? — não perguntou o tópico principal.

Kaoru observou o rosto da irmã antes de dar de ombros.

— Vou ficar.

— Kaoru...

— Masako-nee? Não é bacana o que eles têm? — apontou na direção onde os pais estavam. Fosse qual fosse a brincadeira, Kiba acabou rodeado pelos braços de Shino, sem a menor intenção de escapar ou sinal de que a risada feliz iria acabar.

— Sim, muito! — a jovem Alpha respondeu sem pensar duas vezes. Admirar a relação dos pais era algo que fazia com frequência. Queria compreender como duas pessoas tão diferentes podiam se dar tão bem, mesmo com brigas e discussões, coisas que aconteciam com mais frequência do que o imaginado, e que serviam para solidificar ainda mais a relação. Pois causavam um amadurecimento e um crescimento em ambos. Até os pontos ruins de um casamento, na vida de Shino e de Kiba, serviam para uni-los.

Masako só começou a entender quando encontrou Shinta. Num primeiro momento evitou o rapaz, pouco interessada em relacionar-se. Cada vez que o Omega insistia, mostrando tenacidade e convicção, dava um trato nos brios da moça. Ela era uma Inuzuka, afinal de contas! Vencer a resistência de Aburame Masako não foi fácil. Porém valeu a pena: ambos se descobriram Almas Gêmeas, diferentes em tantos aspectos, não de forma opositora. Cada minucia vinha como complemento, ensinando e apresentando aspectos fascinantes, tornando a relação um algo novo a cada instante. Gestos, falas, olhares e toques... tantos pontos que se somavam e ampliavam o sentimento, solidificavam o verbo gostar e o transformavam, aos pouquinhos, em conjugações de um amar.

— Queria encontrar alguém e ser como eles! — Kaoru confessou quebrando o raciocínio da irmã — Ou ser tipo você e o Shinta! Mas... não é tão fácil.

Pelo contrário. Se enganou com a ex-namorada, apressou as coisas e agora tinha as consequências bailando bem diante de seu nariz. Precisava contar tudo isso aos pais, e sobre a gestação prematura. Não só isso, tentar convencer os adultos a ajudá-lo com aquela criança. E ir além: fazer a ex-namorada ceder e desistir do aborto. E...

— Bobo — Masako falou com suavidade, beliscando a bochecha do irmão — Kaoru, me perdoe. Você nunca terá algo como nossos pais. Nem como Shinta e eu.

— Nee-chan! — o pobre coitado ficou sem reação por tanta sinceridade.

A moça apenas soltou a bochecha do agarrão e fez um cafuné nos cabelos molhados antes de puxá-lo para um abraço flutuante.

— Somos Alpha e Omega, Kaoru. Você é um Beta. Os relacionamentos funcionam diferente, esqueceu?

— Caralho!

— A vida não é justa. Shinta luta a cada dia contra preconceitos e barreiras que apenas Ômegas enfrentam, isso só Kiba-tou pode dizer como é. Eu também tenho que vencer certas coisas, sabe? Porque sou Alpha e o olhar das pessoas é muito pesado às vezes. Mas Alphas e Ômegas tem essa chance linda de encontrar uma Alma Gêmea. Betas não...

— Nunca?!

— Não sei. Essa é a sua luta. Você precisa descobrir como são os relacionamentos entre Betas. Mas tem que fazer isso com um pé na realidade e sem correr atrás de algo que pode ser utópico. Sem forçar, apressar ou fingir que vê algo onde não há.

Kaoru não retrucou. Ele sempre assumiu que qualquer pessoa poderia encontrar sua cara metade e viver um vínculo de Almas Gêmeas. De repente sua irmã trouxe um aspecto interessante da questão. Precisava entender como eram os relacionamentos entre Betas, para compreender as possibilidades. Se tivesse tido esse bom senso antes, não estaria às voltas com o delicado problema de gerar um filho precocemente. Era tão impulsivo e empolgado!! Caiu de amores, iludido por uma paixonite adolescente e agiu como se fosse algo incrível e poderoso como o que ligava seus pais.

Não poderia se sentir mais ingênuo na vida do que naquele segundo, correspondendo o abraço carinhoso da irmã.

— Obrigado, Masako-nee.

— Somos família, Kaoru. Qualquer que seja o problema pode falar com nossos pais. Ou comigo. A gente ama você. A gente se ama demais.

— Com certeza! Disso eu nunca duvidei — ele riu. Seus pais não desistiram de si nem quando fez todos serem “convidados” a se retirar de uma praia. Quanto amor havia nisso? Mas, ainda assim... ou melhor, justamente pela força desse sentimento, fraquejava ao pensar em decepcioná-los e enfrentar um olhar de tristeza pela segunda vez. Sobretudo se fizesse Kiba sofrer como no passado.

— Eles vão te entender — Masako garantiu.

— Obrigado, Masako-nee — Kaoru lutou contra um aperto na garganta — Posso ficar assim um pouco mais? — o abraço da irmã estava gostoso.

— Claro! O tempo que precisar.

— Obrigado — repetiu baixinho.

Entrementes, do outro lado da piscina, apesar de parecer entretido com a brincadeira, Kiba ia muito atento aos dois filhos. Na verdade três, porque tomava conta de Hikaru e Shinta com tanto cuidado que mais um pouco ficaria vesgo. Até que relaxou nos braços de Shino, que foi envolvido por uma nuvem de nostalgia sem precedentes.

— Kiba?

Antes de responder, o Ômega reclinou-se e encostou o rosto contra o corpo do marido. A pele estava molhada, mas quente e macia. Viva.

— Aqueles dois — indicou Masako e Kaoru também abraçados lá longe — Me lembraram Hana-nee. Ela sempre tinha colo quando eu precisava. Sei lá, me deu saudades.

Shino olhou uma segunda vez na direção dos filhos e entendeu bem o que Kiba queria dizer. Ainda que Masako não fosse parecida fisicamente, havia um tom de afabilidade no jeito como acolhia o irmão. E Kaoru... bem, era parecido demais com o pai para não evocar imagens da infância de Shino.

— Que bom que educamos as crianças assim — Kiba suspirou — Com laços fortes. E... olha lá aquele projeto de punk levando a Hikaru para os tobogãs! OE!!

Desvencilhou-se dos braços de Shino e foi nadando atrás dos meliantes que fugiam sorrateiros. Shino ajeitou os óculos no rosto e observou a dupla de irmãos mais uma vez. Hana sempre acalmava Kiba depois de broncas e chineladas. Não era o caso ali, obviamente. Então se perguntou em que tipo de enrascada o menino estava metido...

De todas as teorias que fez, não chegou nem perto da verdade.

====

O grande último momento do final de semana foi o almoço. O grupinho decidiu se alimentar tardiamente, aproveitando e esticando a manhã ao limite. Depois iriam embora, para descansar a tarde e voltar à rotina no dia seguinte.

Todos se sentaram em volta da mesa redonda e fizeram os pedidos. A animação era grande, mas não incomodou ninguém. Pelo contrário. Uma família que demonstrava tanta felicidade acabava contagiando aos demais.

— Não seja esganado, Kaoru! — Kiba bronqueou o filho que enfiava camarões graúdos na boca. E quase babou o macarrão que estava mastigando.

— “OMEN”, “OMEN”! — o Beta pediu sem sentir nem um pouquinho. Ao invés disso tentou engolir ainda mais camarões e não teve olhar feio que o impedisse.

Shino, sentado ao lado da filha caçula, ajudava a menina a comer reabastecendo o pratinho de vez em quando. E Shinta, com o rosto em brasas, aceitava bocadinhos de arroz que Masako lhe ofertava. "Ahhn"“ela pedia, e o rapaz obedecia!

— Que final de semana perfeito! — Kiba exclamou quando ficou de barriga cheia. Recostou-se contra a cadeira, bem estufado. Sabia que pegou um ótimo bronzeado (do jeito certo, sem ardência na pele) e que Shino tinha gostado bastante. Só pelo olhar que recebeu enquanto trocava de roupa depois do banho, Kiba imaginou que poderiam ter feito uma festinha das boas, caso não estivessem com o horário apertado. Em casa a festinha não seria assim tão à vontade com as crianças nos cômodos ao lado. Paciência.

E falando em roupas: a família inteira estava bem vestida, obrigado. Para alívio de Kiba, sua primogênita não desfilava mais naquele conjunto de duas peças... DUAS PEÇAS!! (O que aconteceu com a moda do maiô escolar? Era tão cativante, discreto e cobria mais do corpo!!). Nem o projeto de Yakuza que o chamava de sogro (de Kiba-tou, na verdade) também escondeu aquele ousado kanji de família e cobriu o corpo magrelo e espichado com trajes descentes.

Tinha como ficar mais feliz?!!

Tinha.

Hikaru não resistiu aos bons sentimentos que chegavam até ela. Encerrou a refeição por ali mesmo e correu para se aninhar no colo do papai, passando os bracinhos pelo pescoço de Kiba e requisitando o melhor abrigo do mundo. Garantiu mais uma vez que ganharia todos os concursos de dança do mundo e levaria a família em grandes viagens!

Shino e Kiba sabiam ganhar um prêmio incrível todos os dias, na convivência com aquelas pessoas.

Cena Extra

Shino observou Kaoru e Hikaru sentados no banco de trás, a caçula devidamente acomodada no bebê conforto. E deu partida no carro. Era hora de ir embora, por experiências anteriores sabia que não teriam a animação da vinda, nada de cantoria, nada de jogos e falação. Logo as crianças cochilariam e tudo seria feito tendo trilha sonora o silêncio cansado de um final de semana memorável.

Prova maior disso foi o instante em que passaram pelo portão principal e Shinta cortou o carro pela esquerda, dando uma buzinada e acelerando até sumir de vista. Os palavrões e reclamações não vieram. Ou um “Dirija com cuidado, seu punk!”. Nem mesmo um resmunguinho.

Kiba já estava ressonando alto, dormindo antes de o retorno sequer começar. Mais um olharzinho pelo espelho e Shino deduziu que os filhotes iam por aquele caminho: Hikaru já cabeceava.

Naquele momento Shino os amou ainda mais.


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Notas finais do capítulo

o próximo capítulo é o último, mas vou usar esse espaço para me despedir. Quero agradecer a todos que apoiaram essa história e esse casal, que se envolveram na emoção das sextas-feiras, que torceram, se alegraram, choraram...

Quando escrevi "A Lei do Amor" nunca imaginei que a família ShinoKiba iria tão longe! E o que temos aqui? Netos!! NETOS!! Isso é muito emocionante, nem sei colocar em palavras. E também agradeço à Tara! Sem ela e suas artes lindas isso nunca teria acontecido. Foi uma parceria muito rica, muito feliz, que rendeu frutos lindos que estão ao alcance de cada um dos leitores: mais de trinta capítulos ilustrados todinhos enaltecendo um casal que é maravilhoso! Espero que tenham gostado de tudo o que leram até aqui e de todos os desenhos feitos com carinho, com amor por ShinoKiba!

E semana que vem... é o fim dos Bons Momentos :')



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