Bons Momentos - ShinoKiba (Vol. 02) escrita por Kaline Bogard


Capítulo 18
Bons Momentos - O sonho de uma garotinha


Notas iniciais do capítulo

Boa leitura ♥



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A perda de uma filha trouxe uma cota imensurável de lágrimas para uma família que viveu sempre tão unida. Kiba enfrentou o maior desafio jamais visto para se recuperar e voltar aos trilhos. Ele agarrou-se não apenas ao amor que recebia de Shino, Masako, Kaoru e todas as pessoas que considerava importantes, mas também a momentos e lembranças valiosos, que glorificava por terem existido.

E um desse momentos, um especialmente simples, quase banal, era um dos maiores pontos de conforto para horas em que a dor era tão grande que o sofrimento parecia sufocá-lo.

Aconteceu em um dia de visita dos pais à escola, como tradição em Konoha.  Os pais iam à classe dos alunos e assistiam algumas aulas, respondiam perguntas, falavam sobre as profissões e acompanhavam a interação das turmas.

Na vez de Masako, Kiba foi com o peito estufado de orgulho. A Alpha de sete aninhos já era uma líder nata, mas de forma positiva. Ajudava os coleguinhas proativamente, tomava à frente e educava com exemplos seguidos por todos os pequeninos. Incentivava na medida certa e até dava bronca! Conquistou os adultos dando um show de engajamento e maturidade. Se Kiba estufasse mais o peito, acabaria rasgando a camisa...

Com Kaoru as coisas não foram tão boas. Antes de entrar na sala, Kiba foi chamado e ouviu um extenso rol de reclamações sobre o comportamento do Beta. Dentro da sala, recebia olhares desconfiados dos outros pais, ouvia sussurros que partiam seu coração. Não podia revidar e defender o filho, pois um comportamento daqueles não tinha defesa. Por mais que amasse Kaoru, Kiba era um pai consciente, nunca foi hipócrita ou tentou minimizar atitudes prejudiciais. A manhã tensa pareceu durar uma eternidade. Kaoru ficou quietinho sentado na cadeira, fazendo as atividades em um jeito atípico. Mas por trás dessa calma Kiba via a verdade: nenhuma criança interagiu com ele, era como se o evitassem. Perceber isso foi um golpe que doeu acima de qualquer coisa. O que poderia fazer para ajudá-lo, para fazer Kaoru perceber que o caminho que seguia era ruim? Kiba sentiu-se inútil, desanimado, incompetente...

E anos depois, aquele Omega voltou à sala de aula com o peito tão estufado que parecia um pombinho. O sorriso de dentes afiados não deixou o rosto trigueiro em momento algum, vinha fácil entre as marcas do clã. Cada olhar de admiração fazia seu ego crescer. E os cochichos sobre Hikaru ser uma estrela do balé em ascensão e detentora de muitos prêmios faziam os ouvidos de Kiba pulsar como verdadeiros orelhões...

Hikaru não era uma líder como Masako e, graças a todos os deuses, não era proscrita como Kaoru. A menina era do grupo dos populares. Uma pequena estrela na sala. Várias crianças iam oferecer ajuda cheios de boa vontade. Outros apenas elogiavam o desempenho da menina, querendo cair em suas boas graças. Pirralhinhos de apenas sete anos que já compreendiam bem como a dinâmica funcionava. Um Beta particularmente cheio de boa vontade borboleteava demais perto da carteira de Hikaru, dando a Kiba uma ciumenta sensação de “sai daí, moleque, espera uns vinte anos pra vir ciscar nesse terreno”, a qual controlou bem. Afinal, eram apenas crianças...

Olhando atentamente, Kiba notou a filha comendo escondido enquanto a professora contava uma história (que diabinha esfomeada!), assim como deu uma breve cochilada nas lições de matemática. Ainda assim, foi a primeira que levantou a mão na hora de discutir a história. Quando a professora a chamou para resolver uma continha na lousa, o fez sem grandes dificuldades!

— Minha filha é um gênio — Kiba sussurrou para a mãe ao lado dele — E é uma fada no balé, sabia?

— Parabéns! — a mulher devolveu no mesmo tom, esbanjando admiração. Sim, ela sabia.

— SHIU! — a velha professora ralhou com ambos, reclamando da conversa aleatória.

— D-desculpa! — Kiba exclamou fazendo os outros rirem baixinho, enquanto a mãe reverenciava algumas vezes, constrangida.

A segunda parte da manhã demandava que os pais fossem um a um na frente da sala, contar sobre sua profissão e responder eventuais dúvidas. Kiba caminhou com passos lentos, demorando o dobro de tempo para percorrer o espaço do fundo da sala até se colocar à frente da lousa. Agindo a cada segundo como um leão: nem um pouco feroz ou assustador. Mas o pequeno rei do território. Os outros pais que assistiam seguraram as reações: contendo alguns “owns” pela energia Omega tão... impressionante: acolhedora e feliz. Ou segurando “ohs” admirados por ver o pai de uma menina que ganhava fama nas competições de balé.

Kiba, obviamente, saboreou toda a admiração que vinha os olhares e atingiam suas costas.

— Ohayou! Meu nome é Inuzuka Kiba. Sou o pai da Hikaru e trabalho em uma clínica veterinária. Alguma pergunta?

Todas as mãozinhas se agitaram no ar. Kiba se viu bombardeado com vários tipos de perguntas. Quantos anos tinha? Ele também dançava balé? Na clínica cuidavam de dragões? Qual era o salário dele?

Volta e meia, enquanto respondia as questões, os olhos selvagens se fixavam em Hikaru, o coração transbordando de amor ao ver a felicidade da menina, flagrante no rostinho corado, no sorriso de caninos proeminentes, nos olhos brilhantes que não perdiam um gesto do pai.

Se Kiba tinha orgulho dela, era inquestionável que a reciproca era verdadeira.

E na última parte do “Dia dos pais na escola”, era a vez de as crianças terem um momento de fala: os filhotes contavam qual o grande sonho, ou melhor, o que planejavam ser quando crescer.

E as respostas surpreendiam aos adultos e até mesmo à professora.

— Quero ser médico!!

— Vou ser astronauta!

— Eu serei um Omega!

— Vou trabalhar no circo!

— Meu sonho é ser professor!

— Vou crescer e virar açougueiro!

As respostas variavam entre engraçadas, inacreditáveis e promissoras. Quando chegou a vez de Hikaru, a Beta pequenina ficou em pé e reverenciou de leve. A sala toda, sem exceção, sabia qual era a reposta da menina.

— Meu sonho é ser mamãe! — ela quase berrou. Ficou na ponta dos pés como se isso ajudasse a voz a ficar mais alta.

Foi uma quebra de expectativa tão grande que um inédito silêncio caiu na sala. Kiba levou a mão ao peito sentindo o golpe, num gesto dramático. Seria reflexo da situação que viam em casa? Seu neto havia acabado de nascer, de uma gestação precoce e irresponsável de Kaoru e a namorada. Ex-namorada, como ele ressaltava a cada vez.

Viu nessa resposta um prelúdio para a brincadeira familiar referente ao “Drama dos 16 anos”, evento tragicômico estrelado por Masako ao apresentar um namorado estilo punk surgido do nada. E por Kaoru ao revelar a existência de um neto para Shino e Kiba. Somando esses dois cenários, Kiba imaginou sua menininha chegando em casa de mãos dadas com um namorado alto, forte e barbudo (foi o pânico que colocou uma barba cerrada no cidadão desconhecido) e ostentando uma barriga de nove meses. O pobre Omega quase desmaiou pelo choque!!

— Mamãe?! — aquele garotinho que a rodeou a manhã toda perguntou confuso — Você não quer ser bailarina?!

Hikaru fez uma carinha brava e colocou as mãos na cintura.

— Bailarina eu já sou! Eu ganhou um monte de prêmios e amo dançar. Mas quando crescer quero ser uma mamãe — a esse ponto voltou os olhinhos na direção do pai, suavizando a expressão em um sorriso feliz — Igual ao Kiba-tou!!

Kiba levou uma mão aos olhos cobrindo as lágrimas, enquanto tentava disfarçar:

— Que isso, ranhenta?! Assim você me encabula — a frase cheia de orgulho, transparecia a alegria e não enganou ninguém.

A sala voltou a respirar, todos encantados com a lógica infantil. Hikaru tinha razão! Já era uma bailarina talentosa! Podia construir outros planos para o seu futuro!

E Kiba teve muita certeza naquele instante, certeza que guardou e alimentou pela vida inteira, até seu último dia de existência. Uma certeza inabalável e plena: Hikaru seria uma mãe excelente.

Se o destino tivesse deixado.


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Notas finais do capítulo

Até sexta! :D



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