Bons Momentos - ShinoKiba (Vol. 02) escrita por Kaline Bogard


Capítulo 17
Bons Momentos - Kiba-tou!


Notas iniciais do capítulo

Boa leitura! ♥



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Kiba chegou em casa pelo final da tarde, aproveitando que o clima quente de começo de verão amainava. Tinha passado o dia na Clínica, ajudando Hana e Tsume com a rotina, dividindo o tempo entre clientes, animaizinhos e o neto.

Yukio ia bem quietinho em seus braços, sonolento depois de encher a barriga, mas com os olhos atentíssimos ao caminho. O Beta de um aninho amava uma rua, qualquer motivo para sair de casa e passear o deixava feliz. Passar o dia entre os mascotes então, era o auge na vida tão juvenil.

Ao chegar em casa, encontrou Hikaru, como já esperado. A menina vinha pela rota da escola pouco antes de Kiba.

— Kiba-tou! — a menininha correu para abraçar as pernas do Omega, numa tradição que se repetia dia após dia. Antes, pulava nos braços abertos do pai que a erguia e rodopiava no ar. Agora esses braços estavam ocupados com um filhotinho. E Yukio também ganhou um abraço da tia, embora bem mais cuidadoso.

— Olá, ranhenta! Está com fome?

— Não!

O pequeno diálogo durou o tempo de se acomodarem no sofá.

— E como foi o seu dia?

— Tudo bom, Kiba-tou! Fizemos muito balé! — disse isso e levantou-se para rodopiar pela sala, em passos de dança graciosos e seguros.

— Essa é a minha ranhenta. Vou encher a banheira para você tomar banho e depois a lição!

— Tá bom, Kiba-tou.

Logo a menina ia se lavar, enquanto Kiba seguia com Yukio até a cozinha ver o que podia arrumar para as crianças comer. Encontrou bolinho onigiri e chá de frutas.

— Iba-ou. Quer! — pelo jeito o neto não estava com a barriga assim tão cheia! Foi impossível não rir da boquinha arreganhada pedindo por comida. Todos aqueles poucos dentinhos afiados, como um verdadeiro mini-tubarão meio banguela!

— Uma vez Inuzuka... Inuzuka até morrer! — não fez o menino esperar mais, partindo bocadinhos do onigiri para ofertá-lo.

Hikaru entrou esbaforida na cozinha e correu para pegar a pequena mamadeira com a qual encheu de chá de frutas. Kiba ficou desconfiado:

— Tomou banho direito?!

— Hai, Kiba-tou!

— Quero ver “hai, Kiba-tou” se eu descobrir que esse pescoço está sujo!

A menina arregalou os olhinhos e deu a volta na mesa evitando chegar muito perto do pai. Esticou o braço para colocar a mamadeira sobre o tampo de madeira e foi depressa sentar-se na outra ponta da mesa. Kiba teve que morder a língua de leve para não rir.

Tadaima! — a voz de Masako se fez ouvir segundos antes de a Alpha entrar no cômodo — Kiba-tou!

Okaeri — Kiba respondeu feliz. Eram raras as vezes em que ela chegava cedo em casa. A faculdade era muito exigente. Sempre cobrando trabalhos, atividades extras e tarefas que deixavam Masako exausta ao voltar à noite para casa.

— Masako-nee! — Hikaru correu para abraçar a irmã, que a apertou carinhosamente antes de soltá-la.

— Olá, fofinha.

Sentou-se e se serviu de bolinhos e chá.

— Como foi o seu dia? — Kiba perguntou.

Enquanto a primogênita narrava, Hikaru levantou-se e começou a dançar balé pela cozinha. Amava demais a dança, isso era óbvio. Mas para o Ômega ficou óbvio outra coisa:

— Sossega esses pés aí, menina! A cozinha é muito pequena pra...

Dito e feito. Como se realizasse uma predição: ela bateu a mãozinha na jarra de chá e jogou-a ao chão. Foi líquido e vidro para todos os lados. Yukio assustou-se com o barulho e começou a chorar.

— HIKARU! — Kiba irritou-se.

— Kiba-tou! Desculpa! — a pequena Beta deu meia-volta e correu para esconder-se no quarto.

— Volte aqui, peste!

— Kiba-tou, eu limpo.

— Não a mime! Eu disse para não dançar na cozinha, mas o aviso veio tarde. Não durou nem dois segundos! AFF!

Masako riu. A irmãzinha não era nem de longe tão indisciplinada quanto Kaoru foi, mas também não veio comportadinha como a mais velha. Carregava uma boa pitada do sangue Inuzuka, sem dúvidas.

Enquanto a Alpha limpava a sujeira, Kiba tentava acalmar Yukio que se revezava na arte de chorar grossas lágrimas sofridas e mastigar bocadinhos de onigiri.

Por fim voltaram à sala, onde se acomodaram para continuar a conversa. Kiba adorava ouvir as histórias da filha, vivendo através dela a emoção de experimentar a faculdade tão sonhada. Algo impossível tantos anos atrás, quando ser um detetive policial era sonho proibido para um Omega, e ele teve que desistir do grande desejo, resolvendo ajudar na clínica veterinária da família. Nos dias atuais já existiam Ômegas trabalhando nos departamentos policiais, ainda em cargos burocráticos de delegacias não tão perigosas quanto as que investigavam homicídios, narcóticos e crimes graves. Mas já era um começo...

A certa altura Hikaru veio se esgueirando desconfiada feito um animalzinho silvestre e se acomodou no chão sobre o carpete ao lado de Kiba, depois de sussurrar um “Kiba-tou” todo mimoso. Recebeu um estreitar de olhar e nada mais. O Ômega não era de rancores, muito menos com os filhos.

O próximo a chegar foi Kaoru, que abriu a porta esbaforido:

Tadaima!! Kiba-tou!! Masako-nee!

Okaeri, moleque barulhento! Vai fazer seu filho chorar de susto! — já tinha sido um trabalho acalmar o bebê mais cedo.

— Ops — Kaoru exclamou pouco (nada) arrependido. Estendeu os braços para receber o filho, que soltou um gritinho animado ao ver o pai chegando em casa. O pobre coitado foi recepcionado com uma bela mordida no queixo e alguns puxões de cabelo. Yukio mostrava o amor pelo progenitor de um modo bem dolorido e exclusivo! Pois só oferecia essas manifestações a Kaoru.

— E o colégio?

— Ótimo! Sai do bukatsu mais cedo hoje, preciso levar meu filho à clínica e confirmar as vacinas, Kita-tou!

— Ah, é. Verdade — Kiba poderia ter levado o neto, mas sabia que Kaoru fazia questão de se envolver o máximo que conseguisse na vida da criança, já que Shino e Kiba praticamente o criavam.

— Kiba-tou! Eu também vou sair e levar a Hikaru comigo.

— Ee? Vão aonde?

— Tomar sorvete com o Shinta e a irmãzinha dele. Quer ir, Hikaru?

— Sim!! Pode, Kiba-tou? Pode?!

— Vou pensar — o homem fingiu ficar sério — Será que a senhorita merece? Depois de me desobedecer e quebrar uma jarra cheinha?!

A Beta pequenina sorriu exibindo as adoráveis covinhas e sequer hesitou:

— Merece, Kiba-tou!!

Os outros riram da espontaneidade interesseira. E Hikaru corou de alegria. Sua barra estava mais do que limpa! Kiba-tou não ia brigar.

— Aquele projeto de yakuza — ele resmungou só pro hábito — Ocupando minhas duas meninas! Juízo! E Hikaru... não fica dançando em lugares apertados pra não causa mais nenhuma tragédia!

— Prometo, Kiba-tou!!

— Obrigada, Kiba-tou — Masako sorriu, saindo da sala junto com a caçula.

Kiba sequer respondeu. Sua filha mais velha era um exemplo, de uma responsabilidade sem igual. Ou melhor, responsabilidade igual à de Shino, claro.

— Ah! KIBA-TOU! — Kaoru desesperou-se — Yukio encheu a fralda! Caralho! Deve ter quase um quilo de bosta aqui!

— Olha a boca, moleque!! — Kiba bronqueou e um segundo depois sentiu o rosto esquentar, lembrando de quantas vezes ouviu a frase vinda da boca de Tsume. Mas Kaoru não percebeu o constrangimento do pai:

— Que cagada perfumada! — e abriu um sorriso que deveria ser sedutor, indagando em tom mansinho: — Quer trocá-lo, Kiba-tou?

O Ômega levantou-se do tapete e lançou um olhar agudo na direção do filho, disfarçando o baque por olhá-lo praticamente na mesma altura. Um adolescente quase chegando aos dezoito anos, quase um homem.

Kaoru ainda insistiu no pseudo sorriso charmoso e esperançoso antes de se dar por vencido:

— Okay, Kiba-tou. Eu troco. Se não voltar em meia hora, quero que coloquem na minha lápide: morreu intoxicado!

Kiba sufocou uma risadinha, tentando entender de onde o rapaz tirou aquela veia dramática e meio exagerada. Assistiu os dois saindo da sala, Kaoru segurando Yukio pelas axilas, enquanto o menino se esforçava para alcançar os cabelos de fios castanhos.

Finalmente sozinho, foi à cozinha pegar uma latinha de cerveja. Encontrou um tira-gosto de wasabi no armário e ficou degustando um tempinho no silêncio do cômodo sozinho. Que não durou muito.

— Kiba-tou! Que tal?! To bonita?

— Está linda! As duas estão — ele respondeu analisando as filhas.

Masako colocou uma bermuda jeans justa, que delineava bem o corpo escultural. E uma camiseta simples estampada com pêssegos. Pêssegos! E Hikaru estava com um macacãozinho de pano cor de rosa, cheio de margaridas estilo desenho animado.

— Obrigada, Kiba-tou! — ambas disseram ao mesmo tempo.

Kiba aproveitou para pegar uma nova latinha e seguir as meninas até a sala.

— Divirtam-se! — desejou sentando-se no sofá.

— Também estou indo! — Kaoru regressou exibindo Yukio com roupas limpinhas, trazendo o filhote pelas axilas. Era o único jeito de escapar das mordidas e puxões de cabelo.

— Limpou esse menino direito, Kaoru?! Foi muito rápido! — quase tanto quanto o banho de Hikaru...

— Tive que ser rápido ou ia morrer asfixiado! — o Beta riu — Itekimasu, Kiba-tou!!

— Iba-ou! IBA-OU!! ‘TEKISU! — Yukio também se despediu, animadíssimo para ir à rua outra vez. A visão aqueceu o coração de Kiba de um jeito engraçado. Sabia que havia grandes chances de o sorriso desaparecer do rostinho do neto quando ele tomasse as vacinas...

Iterashai, molecada — despediu-se achando que ficaria sozinho, porém o som de vozes animadas se fez ouvir à frente da casinha e ele logo entendeu o porquê.

Era Shino que chegava.

Tadaima.

Okaeri! Shino-tou! Ah, caralho! Que bom ouvir algo diferente de “Kiba-tou” para variar!

Shino não entendeu a reclamação.

— Kiba?

— Diz de novo, marido?!!! Brincadeira! Eu preparei o banho agora pouco, aproveita que a água ainda deve estar morna.

— Obrigado.

Kiba sorriu, dando um gole na cerveja. Antes de responder observou aquele Alpha recém chegado, com seus trajes habituais de sempre. Por algum motivo os casacos ficavam tão elegantes no homem. E aqueles cabelos começando a ficar grisalhos? Um charme.

— Por nada. Vou te ajudar a lavar as costas — insinuou colocando a latinha sobre a mesa de centro — Você me conta como foi o seu dia e... hum... a gente tenta fazer mais um filhote, quer?

— Quero — a resposta veio ligeira.

Como dizia Kaoru, a fábrica tinha sido fechada. Não havia perigo de terem mais filhos. Mas nem por isso deixariam de tentar, não? E eram poucas as chances de ficarem sozinho assim. Não podiam desperdiçar!


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