Gasoline escrita por Minerva Lestrange


Capítulo 8
It's only safe for you and me




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It's only safe for you and me

Ofegou quando ela o empurrou de maneira determinada para baixo da ducha, o beijando firmemente, sem se importar com a água quente imediatamente os encharcando. O olhara apenas uma vez, atenta e diretamente o analisando, assim que chegara da última missão com Steve antes de esperá-lo em seu quarto na torre que todos os exilados da guerra civil dividiam no palácio. 

Minutos depois, lá estava a ruiva pacientemente desabotoando os botões firmes do colete de couro, deslizando ao redor de seus braços, enquanto em silêncio o encarava, ciente do temor e do eterno arrependimento em seu interior. Wanda sempre sabia quando as missões o faziam ter lapsos de memória do Soldado. Imaginava que estava em todo ele, da forma como chegava completamente derrotado ao cansaço extremo em suas feições iminentemente pesadas. 

Sua cabeça doía em pontadas insistentes, mas a água quente escorrendo pelos fios compridos ajudava um pouco, assim como a presença quente à sua frente, calmamente desfazendo de suas roupas por ele. Sob a ducha, observou como a água percorria caminhos desconexos por ela, fazendo com que os fios ruivos colocassem à pele clara do rosto e escorrendo pelo colo.

O hábito do gesto fazia com que estremecesse por dentro quando começava a pensar naquela conhecida espiral de ansiedade - Wanda parecia boa demais para arrastá-la à sua escuridão, mas apreciava o silêncio e a tranquilidade que ela trazia, em sua presença, em seus dedos cálidos e nos olhos esverdeados de fundo escarlate. 

Às vezes, ela aparecia de madrugada, sem bater na porta, e apenas se acomodava, ciente de sua inquietude, tranquilizando sem qualquer pergunta a ansiedade que tornava seu coração e sua respiração fora de ritmo. Às vezes, aqueles encontros da madrugada eram mais práticos, menos sensíveis e mais lascivos. Mas, Bucky havia notado, apreciava qualquer coisa que viesse de Wanda Maximoff - talvez, sem qualquer consciência disso, ela o fazia acreditar que havia mais pelo o que viver.

A jaqueta foi ao chão com um baque molhado, misturando-se à água suja do barro pregado em sua bota de solado tratorado, e ele levantou os braços para ajudá-la a retirar a camiseta, mais concentrado nos olhos verdes observando cada nuance de suas expressões do que no gesto, mal conseguindo conter a ânsia de beijá-la. 

No mesmo ritmo da língua quente contra a sua, suas mãos encontraram o conhecido caminho sob o costumeiro vestido preto, subindo contra a pele macia de poros arrepiados enquanto lentamente a direcionava à parede fria. Mesmo que muito mais baixa, ela fazia sua mente girar na forma como ofegava arrastadamente contra sua boca e infiltrava os dedos repletos de anéis diversos em seus cabelos. 

Poucas eram as vezes em que sua mente se desligava da realidade, dos pesadelos ou das lembranças, mas todas a envolviam - energia escarlate ou, simplesmente, Wanda se entregando sem ressalvas. 

Logo, o pequeno tecido de renda da calcinha também encontrou o piso molhado do banheiro num baque suave e as pernas se firmaram ao redor dele, íntima no contato molhado de seus corpos, de suas respirações ofegantes e de seus olhos. A avidez foi deixada de lado quando se afastou minimamente para respirar e a ruiva alcançou seus fios molhados e escuros, os dedos ainda quentes afastando-os do rosto com calma enquanto examinava suas feições, especialmente o corte recém aberto sobre sua sobrancelha.

Os olhos dela, sob a luz clara do banheiro, eram uma miríade de tons verdes e castanhos aparentando resignação e gentileza encoberta por vê-lo adentrar novamente aquele ciclo infindável de pesares que deveriam ser trancados em algum lugar de seu interior. Queria que a energia escarlate pudesse retirar qualquer resquício do soldado como fazia com o ferimento superficial, daquilo que sentia quando as lembranças dele tomavam conta de sua mente, mas sabia que Wanda não colocaria sua sanidade em jogo.

Nunca era necessário dizer muito no recente conforto um do outro, mas, de repente, sentiu necessidade de tanto. Contornando o lábio inferior bem delineado e meio apertado em concentração, apreciou o contraste do vestido escuro com a pele molhada do colo, mal registrando o peso do corpo junto ao seu no simples suspiro de anuência ao aceitar sua testa na dela.

— Me sinto mais como o que costumava ser… Quando estou com você. - A sentiu mais tensa contra si, afastando o rosto para encarar os olhos percorrendo-o profundamente e os lábios hesitantes entre os dentes na respiração presa. - Sabe disso, não é? 

Ela piscou, como que absorvendo o que acabara de dizer. Bucky nunca confessava nada a ninguém, especialmente algo tão pessoal, mas lá estava ele, completamente rendido pelo o que ela o fazia sentir. Parecia natural, embora não tivesse certeza se, de fato, fosse apenas isso - às vezes, tinha a impressão de enxergar um brilho avermelhado muito discreto no fundo dos olhos dela.

Então, Wanda apoiou melhor os braços em seus ombros, se ajeitando contra ele e se aproximou para beijá-lo de forma simples, os lábios úmidos e macios encaixados nos seus tão facilmente que quis prolongar o contato, mas ela se afastou para olhá-lo num pequeno sorriso.  

— Não sabia. Não desse jeito. 

Engoliu em seco ante o murmúrio compreensivo dela, observando um brilho diferente tomar conta dos orbes tão expressivos, mas tão inalcançáveis. Naqueles momentos, tinha impressão que ela o fosse e provavelmente, nunca teria certeza do quanto ela realmente se entregava. 

De qualquer forma, poderia morrer em paz e ser queimado em gasolina quando ela voltou a beijá-lo alcançando a mão firmemente presa em sua coxa, bem no limite onde a típica meia preta terminava, arrastando pesada e aberta pela curva do quadril, então pela cintura e o contorno do seio até, finalmente, chegar ao pescoço.

Em momentos como aquele, que exigia que seu corpo a prensasse mais na parede para suprir a falta da mão, agora lentamente se fechando em torno do pescoço fino, tinha convicção de aquilo só era seguro para os dois, só funcionava porque ambos eram insanos o suficiente para orbitarem um ao outro sem hesitação pelas escuridões que carregavam. Por isso, a queria tão permanentemente.

And if I finally die in peace
Just wrap my body in these sheets
And pour out the gasoline


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Notas finais do capítulo

Ei!!

Penúltimo capítulo de Gasoline e acho que esse é o motivo de a história ser toda baseada nessa música que é, ao mesmo tempo, muito pesada quanto ao peso que esse protagonista carrega, mas também muito sensual e reconfortante. Espero que tenham gostado e, se for o caso, esse é o momento de me contar heim!!!

PS. Também postei uma one sobre esses dois, que é baseada num plot que surgiu na minha cabeça do nada e pode ou não ser desenvolvido um pouco melhor, por isso a fic se chama PRELÚDIO. Dá uma conferidinha! https://fanfiction.com.br/historia/806619/Preludio/

Até breve para o último capítulo ♥



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