A escuridão escrita por Lola


Capítulo 5
Preocupação Excessiva


Notas iniciais do capítulo

Boa Leitura ♥



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Elisa Narrando

Os garotos imbecis da minha sala continuavam a mexer comigo e eu fingindo que eles nem existiam. Era assim que funcionava.

Após um deles vir até a minha casa prestar um serviço – o que foi bem estranho – passei a ignorá-lo ainda mais. Se ele estava achando que saber sobre mim ou ter me ajudado muda alguma coisa, eu sentia muito, porém nunca seriamos amigos.

Assim que voltei da escola resolvi ficar um pouco no extenso campo que tinha lá em casa. Ver o sol, curtir a brisa, mesmo sem sentir o vento batendo em meu rosto... Prazeres dos quais eu não podia abusar.

Eu me assustei quando ouvi alguém gritando e era justamente Iuri. Eu o deixei entrar a contragosto.

— O que você pensa que está fazendo? – Questionei enquanto ele recuperava o fôlego.

— Você estava exposta ao sol. Corri para te ajudar, era o que eu estava fazendo.

— Não preciso de ajuda, estou usando uma roupa especial. – Ele ficou imediatamente sem graça. Não aguentei e comecei a rir.

— Você vai mesmo ficar atrás de mim sempre que algo acontecer?

— Sim. – Não acreditava que estava escutando aquilo.

— Mesmo que eu não tenha quase nada de amigos e não viva como uma pessoa normal, eu conheço a vida. Você perto de mim é algo que eu não quero.

Ele não insistiu no assunto, entretanto, algo em seu olhar me dizia que ele não iria desistir. Pior seria para ele.

Uma nova semana se iniciava e com ela as mudanças da escola. Teríamos uma matéria em dupla até o fim do ano, e a regra era permanecer com a mesma dupla.

Como eu era uma sortuda eu sai com o Iuri. O motivo? Não sei. Destino talvez, ou a letra dos nossos nomes fosse perto, realmente não sabia.

— Senhor Alfredo, não tem mesmo como as duplas serem trocadas? – Tentei em vão fazer minha melhor expressão de pidona.

— Não mesmo. – Deu um sorriso irônico e saiu andando pela sala juntando mais duplas.

— Oi. – Aquele garoto chegou e se sentou me fazendo ignorá-lo.

— Que castigo hein Iuri? – Um dos seus amigos passou e debochou. Ele não disse nada, como eu esperava que fizesse.

No intervalo fiquei na sala como sempre e Marina ficou comigo.

— Já tem meia hora que você tá reclamando de ter ficado com Iuri amiga. Eu não estaria tão brava. Ele é um gato, vamos combinar? O mais gato da escola inteira.

— Pra quem curte o tipo dele é mesmo. Ele parece um gibi cheio de desenhos.

— Tá falando igual aos amigos dele. – Bateu em meu ombro em discordância e eu me retratei mudando de assunto.

O fato era que Mah achava que ele era diferente, era legal e já eu o achava completamente igual aos caras que ele andava, ou seja, um idiota.

“Você está obcecado pela garota estranha Iu.”— Ouvi um daqueles garotos dizerem ao tatuado. Mesmo que estivessem do outro lado da sala dava pra ouvir toda a conversa.

“Só quero que a respeitem, é pedir muito?”

“Você sempre foi o chato do rolê, mas ultimamente tá pior.”

Parei de ouvir a conversa deles e foquei no professor que chegava. Aquela semana foi cheia de "Oi" de Iuri e silêncio da minha parte. E assim seria até o fim do ano.

— Elisa... – Continuei o ignorando enquanto guardava o meu material. – Sei que não gosta de mim, mas eu queria muito te pedir um favor. Estamos precisando de uma integrante no teatro e nenhuma das meninas está disponível. Como sei que você não faz matéria extra... – Não deixei que ele terminasse.

— Você deve imaginar o motivo pela qual tive que trocar matéria extra por trabalhos extras. Nem se eu quisesse, eu não poderia me enfiar em um figurino qualquer e nem me apresentar. Desculpa.

— Já conversei com o Senhor Nelson. – Segurou meu braço me fazendo o repreender com o olhar.

— O diretor? E como foi essa conversa? – Cruzei os braços.

— Ele disse que a apresentação é a noite, não tem problema. E as luzes podem ser trocadas pela mesma da sala, o seu pai contribui com valor suficiente para isso.

— E os ensaios Iuri?

— Posso ir até sua casa e ensaiamos juntos e só o último ensaio você participa. Vai ser a noite lá em casa. Falo que acabou a luz, você pode ficar perto de velas? – Não aguentei e ri.

— Não. Não posso. – Ele coçou a cabeça como se resolvesse um grande mistério.

— Então a gente vem pra cá. Aposto que o diretor reserva essa sala para o ensaio.

— Na sua casa seria melhor. Uma vela longe seria menos prejudicial que estar aqui por horas novamente.

— Então você aceita? – Abriu um sorriso me deixando sem graça.

— Só porque assim diminui minha carga de trabalho. – Meu irmão chegou da porta da sala, que já estava vazia. – A gente se vê lá em casa quando começarem os ensaios.

Agora além de todas as vezes ao lado dele durante a semana ainda teria que encontrar Iuri para esse bendito ensaio. E eu nem sabia que horas, já que ele trabalhava. Esperava ansiosamente que eu não me arrependesse de ter tomado essa atitude. E infelizmente algo em meu interior me dizia que sim, eu me arrependeria.


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Notas finais do capítulo

Até o próximo. ♥



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