You And Me escrita por DinhaBleach


Capítulo 4
Capítulo 4 - Paradoxo


Notas iniciais do capítulo

Música do capítulo: http://www.youtube.com/watch?v=48mGfJUmSBo (The Fray - How To Save A Life)



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Sabe... O Kaien às vezes é um verdadeiro tapado, mas até que ele é um tapado bem sensível. Cheguei a esta insólita conclusão depois que ele escutou a minha narração atentamente até o fim. Por um breve instante pensei que ele iria dizer coisas como: “Deixe de ser burra, ele não te quer”, “Parte para outra, ou vai ficar encalhada para sempre”, “Rukia, ‘há coisa melhor no mercado’”. Essas e outras eram frases que eu escutava proferidas pelo próprio na minha infância, quando eu tinha aquelas lúdicas apaixonites de criança. Mas agora não... Ele me escutou, não tirou sarro da minha cara e nem piadinhas sobre o caso. É o mesmo Kaien que está aqui?

 

- Nossa, é um caso meio complexo não? – Perguntou-me após o término da aula naquele dia.

 

- Eu que o diga – Respondi com um longo suspiro.

 

- O que você pretende fazer?

 

- Não sei...

 

- Como assim não sabe?

 

- Simplesmente não sei, Kaien. Se ele está gostando mesmo dela, eu não posso fazer nada. – falei meio melancólica.

 

- Mas e a amizade de vocês?

 

- Também não sei, Kaien. Também não sei... – Coloquei-me a olhar para o nada, sentido o peso das minhas próprias palavras. Realmente eu não sabia o que seria daí em diante, mas uma coisa era certa: eu não consigo mais encará-lo como antes, sinto-me estranha, como se tivesse sido rejeitada e não consigo ser indiferente a isso. Será algo com que eu terei que conviver.

 

~~•••~~

 

Os dias começaram a passar rapidamente. Faltava apenas dois meses para o término da nossa vida colegial, em breve traçaríamos novas estradas. Eu ainda tenho as minhas dúvidas sobre que profissão eu escolheria, por parte do meu irmão seria Administração, no entanto nunca consegui me interessar pela mesma. Gosto muito da área de saúde, mas não tenho certeza, acredito que acabarei decidindo na última hora.

 

Era aproximadamente umas cinco da tarde, o tom alaranjado do céu já se fazia presente e o alarme tocara há alguns instantes atrás. Kaien e eu caminhávamos tranquilamente mais uma vez em direção a saída do ambiente escolar, contudo, antes de cruzarmos o portão senti o meu estômago “dar um salto” ao escutar uma conhecida voz chamar o meu nome.

 

- Rukia. - Torci para que estivesse enganada, mas não... Kaien e eu nos viramos para dar de cara com um belo rapaz de cabelos ruivos, pele morena e olhos de um profundo castanho-mel que vinham de encontro aos meus, me deixando totalmente mergulhada neles. Aqueles mesmos orbes que há meses não via tão perto, agora estavam ali, me fitando novamente.

 

Juntamente com essa lembrança veio-me a seguinte indagação: o que ele queria de mim depois de tanto tempo de conversas restritas? Talvez não fosse tanto tempo, cronologicamente falando, mas para o meu descontente coração, parecia uma eternidade.

 

Desde a chegada de Kaien, o meu contato com o ruivo foi reduzido de “de vez em quando” para “quase nada”. Era uma triste e amarga situação, quase um afastamento natural. Apenas as palavras rotineiras como “Bom dia”, “Boa tarde”, “Olá”, “Tchau” eram ditas, apenas... Algumas vezes eu me pegava observando-o e perdendo as minhas ações ao ver aquela figura, e estranhamente os nossos olhares se encontravam em corriqueiras ocasiões e eu os desviava no mesmo segundo, bagunçando todas as minhas resistências.

 

- Ichigo. – voltei um pouco a minha orbita sussurrando o seu nome - Em que posso ajudá-lo? – pronuncie essa mera pergunta engolindo seco. Olhei para o lado e vi um semblante sério e de poucos amigos vindo de Kaien, o mesmo que o Ichigo fez ao encarar o meu amigo. Céus, o que significa isso? A aparência que davam era de que ambos sairiam em uma briga a qualquer momento. Mas para o meu alívio, não ocorreu. Kaien colocou uma de suas mãos em meu ombro e se despediu.

 

- Eu vou indo, Rukia. Qualquer coisa não hesite em me ligar. – eu balancei a minha cabeça afirmativamente, e ele por sua vez, encarou secamente o ruivo novamente e saiu. Cerrei um pouco as minhas pálpebras e voltei a minha atenção a ele.

 

- Rukia, eu...  – virou um pouco o rosto paro lado parecendo meio perdido - Precisamos conversar – disse por fim – Mas antes vamos lá para fora, pois o colégio está fechando. – Concluiu e eu assenti novamente com a cabeça. Não nego que me deu um certo frio na barriga, mas agi calmamente, no entanto a curiosidade por tal ato do garoto ainda me sucumbia.

 

- Pode... Pode falar – comecei quando já estávamos fora dos muros da escola de Karakura.

 

 

Primeiro, você diz que precisamos conversar

Ele anda, você diz: sente-se, isso é apenas uma conversa

Ele sorri cortês de volta pra você

Você o encara educadamente

Algum tipo de janela a sua direita

Enquanto ele vai para a esquerda você continua na direita

Entre as linhas do medo e da responsabilidade

E você começa a se perguntar porquê veio

 

 

- Rukia, você... Você está com raiva de mim? – Raiva? Por incrível que pareça é um sentimento que pouco me aflige, uma das coisas que aprendi na vida é não guardar rancor ou ódio. Não tenho raiva de nenhum dos dois, sinceramente. E quando a tenho, geralmente não dura. Sinto-me abalada por essa situação, não nego, mas não tenho nenhum sentimento negativo em relação a eles.

 

- Raiva? Por que eu sentiria raiva de você?

 

- Porque você anda agindo estranhamente comigo – Sim, eu mudei as minhas atitudes perante a ele, mas ele também mudou desde que começou a namorar a Inoue.

 

- Mas você também anda agindo estranhamente comigo, desde que... – Calei-me ao perceber que estava indo um pouco longe no meu discurso.

 

- Desde que...? – Ele persistiu no argumento, e eu permaneci calada... Como responder isso? Desvie o meu campo de visão absortamente para o vago chão.

 

- Rukia – Sou voz era de insistência... E para o meu espanto senti-o se aproximar e levar uma de suas gentis mãos ao meu queixo, levantando o meu rosto e fazendo-me com que voltasse a encará-lo com os meus orbes confusos. – Por favor... O que você esconde de mim? – O seu semblante era de uma intrigante doçura, desorientando ainda mais os meus pensamentos.

 

- Eu... Eu não estou escondendo nada... – Procurei mais uma vez tirar ele da minha vista, afastando-me. Que respostas ele queria de mim? Por que essa insistência?

 

- Rukia, eu preciso saber.

 

- Não há nada para saber.

 

- Por que sua boca diz uma coisa e seus olhos dizem outra? – Meu coração quase parou nesse instante.

 

- Ichigo, eu não sei aonde você quer chegar com essa conversa. Eu não estou com raiva de você. Pronto, você tem a sua resposta, pode ficar despreocupado. – Tomei uma postura mais evasiva, apesar de não almejar isso. Eu queria continuar conversando com ele, como nos velhos tempos, ele não tem idéia de como sinto falta disso... Mas agora a situação era outra. Tudo mudara, será que era mesmo o fim de tudo?

 

 

Onde eu errei? eu perdi um amigo

Em algum lugar na amargura

Eu poderia ter ficado com você a noite toda

Saberia eu como salvar uma vida?

 

 

- Então por que ainda me trata assim? Parece que está me evitando.

 

- Eu não estou te evitando – menti.

 

- Não é o que está parecendo.

 

- Ichigo, por favor. – estava começando a ficar exausta diante dessa discussão, fazendo-me sentir pior do que antes. – Já falei para você que eu não estou com raiva. Aliás, como eu disse antes, você também se afastou de mim. Então acredito que a nossa amizade tenha apenas mudado. – Apenas... Como se fosse uma coisa simples.

 

 

Deixe-o saber que você sabe mais

Porque no final você realmente sabe mais

Tente acabar com o tempo da defesa dele

Sem conceder inocência

Estabeleça a lista do que está errado

As coisas que você tem avisado-o esse tempo todo

E ore a Deus para que ele te ouça

 

 

- Mudado? – indagou aparentemente incrédulo.

 

- Sim, mudado. – respondi rigidamente.

 

- E por que mudou?

 

- Eu não sei, mudou porque tinha que mudar. – às vezes eu me surpreendo comigo mesma de como em determinadas situações eu dava respostas tão vagas.

 

- Eu não queria isso – Vi-o suspirar e retirar o seu olhar de mim pensativo – É por causa dele, não é?

 

- Dele quem? – realmente eu não sabia a quem ele estava de referindo.

 

- Daquele tal de Kaien.

 

- Do Kaien? – Ele enlouqueceu? – O que ele tem haver com isso?

 

- Desde que esse tal de Kaien chegou você tem passado quase o dia todo para cima e para baixa grudada nele. – resvalou um pouco exaltado, fazendo com que também o meu sangue esquentasse. De onde ele tirou isso?

 

- Grudada? Não seja ridículo, Ichigo. Eu sempre passava grande parte dia com as garotas e isso não lhe fazia diferença!

 

- Mas agora é diferente! O que está havendo entre vocês? – Pronto, ele adotou a contrariedade de vez! Desisto de entendê-lo!

 

- O que está havendo entre nós? – repeti a pergunta descrente do que ouvia – O que está havendo com você? Por que isso te incomoda tanto?

 

- E-e quem disse que eu estou incomodado! – Claro! Pensei ironicamente. – Eu só não me conformo... – amansou a voz – Sinto sua falta, Rukia. – senti minha respiração falhar, uma alegria incomensurável me invadiu e ao mesmo tempo uma profunda tristeza ao me lembrar de Inoue... Um verdadeiro paradoxo.

 

- Pois não devia... Você tem a Inoue. – estive evitando falar daquela realidade, daquele fato de ele está com ela, mas os limites foram quebrados. Voltei o meu olhar ao ruivo e me intriguei novamente ao ver o seu semblante confuso e triste (?).

 

- Não é a mesma coisa – cheguei a abrir minha boca para respondê-lo, mas ela foi calada por nada mais nada menos do que os lábios de Ichigo. Sim, os doces lábios do ruivo. Quando eu poderia imaginar que ele pudesse fazer isso? Mas ele fez... Uma sensação mágica e intensa se apoderou de mim. Todas as minhas defesas foram a nocaute com aquele gesto tão simples. Sua boca invadia a minha de maneira gentil, cariosa e ao mesmo tempo urgente. O meu coração batia descompassadamente e em meus pensamentos só existia esta pessoa. Só Deus sabe o quanto eu almejei esse momento, o quanto sonhei com aquilo. Tal ato confirmara o que há tanto tempo o meu coração já dissera: que o amo como jamais pensei que amaria alguém. O seu perfume fazia-me viajar ainda mais naqueles braços que me circundavam e minhas mãos se aprofundavam naquelas macias madeixas de cor peculiar. Poderia jurar que os ponteiros de todos os relógios do mundo pararam apenas para agraciar a cena. Eu poderia passar o resto dos meus dias ali, mas novamente me lembrei da moça ruiva, minha amiga e namorada de quem estava me beijando. Isso foi como um banho de água fria. Afinal o que ele acha o que eu sou? Um brinquedo que ele pode usar quando bem quer. Cheguei a mencionar que não tinha raiva, mas diante dos fatos, tal sentimento me despertou. Tirando forças de não sei aonde, coloquei as minhas mãos em seu peito e o afastei, deixando-o meio atordoado.

 

- Enlouqueceu?! – Esbravejei.

 

- Rukia, eu... – parecia procurar palavras, mas pelo o que eu vi, todas se esvaíram.

 

- Quem você pensa que eu sou? O seu brinquedo? E a Inoue? – naquele momento nada mais me importava a não ser despejar toda a mágoa que eu tinha em meu peito.

 

- Sinto muito, Rukia... – tentava se justificar enquanto levava sua mão demasiadamente a sua testa – Eu não sei como isso foi acontecer, deve ter sido um impulso, não sei... – Impulso? Aquilo tinha sido a gota d’água. Senti os olhos meus encherem-se de lágrimas, então a minha hipótese era verdadeira... Eu era apenas um objeto...

 

Mesmo com todas as sensações despertadas naquele beijo, nada superava o fato da ferida que ele acabara de abrir.

 

- Impulso... – pronuncie quase que silabando, processando ainda o efeito das palavras de Ichigo. – Eu não sou o seu brinquedo, Ichigo...

 

- Rukia, eu não...

 

 

A medida que ele começa a levantar a voz

Você baixa a sua e concede a ele uma útima chance

Dirija até você perder a estrada

Ou corte relações com o único que você tem seguido

Ele fará uma das duas coisas:

Ele admitirá tudo

Ou ele pode dizer que não é mais o mesmo

E você vai começar a se perguntar porquê veio

 

 

- Esqueça-me! – Ele paralisou. Como me machucou dizer aquilo, estava explícito o fim. Minha cabeça começava a latejar, e o meu coração chorava.

 

- Rukia, não... – não escutaria as suas vagas desculpas, os meus pés responderam por mim, levando-me a correr, tentando ludicamente fugir daquela realidade...

 

- Rukia não, por favor! – correr da decepção. Mas não fui longe, a dor em minha cabeça chegou ao um nível insuportável. Parei, encolhi-me vulneravelmente a aquela agonia. Um líquido vermelho começou a escorrer de minhas narinas e meu mundo girava. Dor e mais dor...

 

- Rukia! – a voz de minha frustração vinha ao meu auxilio e tudo se apagou...

 

 

 

 

 

 

 

 

Continua...

 


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Notas finais do capítulo

Gente desculpa pela demora, estava viajando...

Me bateu uma tristeza escrever esse capítulo, mas ele é necessário... Sabe, eu não tinha planejado esse beijo, mas a estória pediu e acabou saindo...

Espero que vocês gostem, o próximo cap. pode demorar um pouco, pois ficarei meio sem tempo, mas farei o possível para trazê-lo o quanto antes. =)

Fiquem com Deus.

Bjs