You And Me escrita por DinhaBleach


Capítulo 3
Capítulo 3 - Vidas e Histórias


Notas iniciais do capítulo

Música do Capítulo: http://www.youtube.com/watch?v=CnQ8N1KacJc (Green Day - Time Of Your Life)



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Outro momento decisivo
Uma bifurcação cravada na estrada
O tempo te agarra pelo pulso e
te mostra aonde ir
Então, dê o seu melhor nesse teste e não
Pergunte por que
Essa não é uma pergunta,
Mas sim uma lição que se aprende na hora certa.

 

 

Saber que o Kaien estava aqui do meu lado foi a melhor notícia que eu tive desde que Kurosaki Ichigo e Inoue Orihime começaram a namorar, ou talvez seja a única desde então.

 

No intervalo tratei de mostrar a ele as instalações da instituição de ensino de Karakura. Foi até que bem divertido. Conversar com aquela pessoa fazia-me subtrair todo (ou quase todo) o peso, toda a chateação, toda a mágoa. O seu humor natural era como uma injeção no meu abalado ânimo.

 

Ao terminar a minha função de guia fomos almoçar debaixo de uma florida Sakura. Era uma bela tarde de primavera e a natureza nos presenteava com a estonteante imagem dessas árvores. Soprava um vento gostoso e refrescante que trazia o agradável aroma da estação.

 

- E aí, como é a sua nova família? – perguntei descontraída.

 

- Minha família? Hum... – um leve sorriso brotou de seus lábios – Digamos que ela é bem diferente... Bom, nós quase não vemos os nossos pais, pois eles trabalham com turismo e hotelaria, então eles viajam muito, mas eles são muito amáveis e fazem de tudo para que não falte nada para nós. Meus irmãos Kuukaku e Ganjuu são até que bem divertidos, mesmo os dois sendo os filhos biológicos, eles nunca me trataram com indiferença. Ao contrário, às vezes, eu acho que eles até me mimam demais. – soltou uma breve gargalhada – Kuukaku é a minha irmã mais velha, possui um temperamento bem forte. Sempre que Ganjuu e eu aprontávamos ou fazíamos alguma besteira ela chegava a dar uns bons tapas na gente. – soltou mais uma sutil risada – Ela também é muito inteligente, cedo se formou em engenharia civil.

 

- Humm... Nossa, que bom! E o outro irmão? – Era bacana escutar a nova página da história de Kaien, fiquei contente e aliviada por ele ter ido parar em boas mãos.

 

- Ganjuu é o meu irmão mais novo, gordinho, adora uma comida caseira. – achamos graça da afirmação – Ele está no 8º ano, estudando em uma escola lá em Tóquio. Já era para ele estar no segundo ano, mas ele nunca gostou muito de estudar, então repetiu algumas séries.

 

- Lá em Tóquio? Eu pensei que você eles estavam morando aqui contigo.

 

- Não, não... Kuukaku não podia abandonar os seus projetos por lá e também acho que ela é mais responsável para cuidar do Ganjuu do que eu. Afinal ele é um “crianção”.

 

- Então você está morando sozinho aqui em Karakura?

 

- Não. Eu estou na casa dos meus tios maternos que moram aqui. Tenho que confessar que é muito bom, parece aquelas ‘casa de vovó’ onde te mimam e fazem um monte de guloseimas para você.

 

- Ah folgado! – sorri jogando um pedacinho do meu lanche nele, no entanto ele foi rápido e abocanhou o petisco.

 

- Uhhh bom! – elogio em tom de deboche acariciando a barriga - Eu não sou folgado, apenas aproveito o que é bom! – falou com simplicidade.

 

- Uh ta! – usei o meu sarcasmo, porém com bom humor. – Mas Kaien, mudando de assunto... – Lembrei-me de alguém muito importante que não poderia passar despercebido. – E o Renji, você teve alguma notícia dele?

 

- Bom, o Renji... – seu olhar se perdeu um pouco – Não, não tive mais notícia daquele maluco, mas sei que ele está bem. A família que o adotou não era lá muito rica, mas no dia da adoção deu para perceber que eles são muito carinhosos. A mulher era estéril queria muito um filho, e quando viu o Renji percebi instantaneamente a felicidade dela.  E outra... – mostrou mais uma vez o seu tranqüilizante sorriso – Aquele “cabeça de abacaxi” é forte.  Não se preocupe, ele está bem, Rukia.

 

Naquele momento eu não pude deixar de recordar a triste, mas feliz infância que tivemos. Parecíamos três irmãos bagunceiros, colocávamos o orfanato de pernas para o ar. Brigávamos, mas sempre fomos muito unidos, um protegendo o outro, tanto das injustiças cometidas contra gente - lá haviam pessoas que não nos suportava – como das horas em que sentíamos a dor da exclusão, de não ter ninguém lá fora que velasse por ao menos algum de nós. Nossa união era tanta que no dia da minha adoção nós três chorávamos compulsivamente devido a inevitável separação. Apesar de todos os sofrimentos que passamos, foram bons tempos... Eles eram e continuarão sendo para sempre parte da minha família.

 

 

Então pegue as fotografias e as imagens
Dispersas em sua mente
Coloque-as na prateleira da boa saúde
E dos bons tempos
Tatuagens de memórias e pele morta em julgamento
O que vale a pena
Valeu durante todo o tempo

 

 

- Que bom... – suspirei aliviada com uma alegria contida.

 

- Mas... E você, Rukia? Como é conviver com o poderoso Kuchiki Byakuya? – Indagou  brincalhão, enchendo a boca como o “poderoso”.

 

- Bobo! – mostrei a língua e ele fez uma cara de “ofendido” – Bom, Nii-sama não é dos mais carinhosos, mas é uma boa pessoa. Também não deixa que nada falte para mim, até me concede muitas regalias, mas sabe... Eu não me importo muito com isso.

 

- Como assim, você tem uma vida de princesa e não gosta?

 

- Não é que eu não goste. Eu não sou mal agradecida... Mas... – praguejei - Tudo isso não combina comigo, às vezes sinto-me presa, sem ter ar para respirar. Nii-sama não fala, mas eu sei que o ele quer que eu seja.

 

- Um robô?

 

- Não!

 

- Não? – Pensando bem...

 

- Sim. – ele tem razão. Dei-me por vencida. – Não queria usar esse termo, contudo... – Respirei profundamente, era a minha maneira de buscar as palavras certas. – Ah Kaien, você sabe como eu sou... Gosto das coisas simples da vida, não me importo muito com luxo e aparência. Eu não preciso de tudo isso e nem de uma vida cem por cento regrada...

 

- Eita garota de personalidade! – brincou – Você continua a mesminha.

 

- Blah! Você também não mudou nadinha.

 

- É fazer o que?... – Fez o seu costumeiro ar de despreocupado.

 

Como tudo o que é bom dura pouco, para interromper o nosso agradável bate-papo, o estridente alarme colegial resolve soar sobre os nossos ouvidos

 

- Temos que voltar para a nossa “jaula”, não é? – Ele perguntou e eu revirei os olhos.

 

- É. – Ele se levantou primeiro recolhendo os recipientes vazios.

 

- Vamos.

 

- Sim. – Concordei. No entanto ao me levantar percebi que algo não estava normal. Uma tontura me invadiu junto com algumas pontadas na minha cabeça. Céus, isso de novo? Eu pensei que eu não passaria mais por essa situação. A dor era até suportável, em contrapartida era meio sufocante.

 

- Rukia? – escutei a voz de Kaien vindo até mim – Rukia, você está bem? Rukia!

 

- E-eu estou bem Kaien. Não... Não se preocupe. – respondi tentando me recompor sentando e me apoiando na árvore.

 

- Rukia... – sentou de frente para mim com uma feição preocupada – Você está pálida. É melhor eu te levar a enfermaria.

 

- Não, não precisa Kaien. Eu já estou melhor – de fato eu já estava melhorando.

 

- Rukia... – me repreendeu com o olhar e com o tom da oralidade.

 

- Sério, já estou melhor. Deve ter sido porque eu não tenho dormido muito bem ultimamente. Só isso. – puxei um leve sorriso desconcertado. Ele analisou bem o meu rosto e voltou a falar.

 

- É, você está com algumas olheiras. O que tem tirado o seu sono?

 

- E-eu... – Balbucie. Para mim era é um pouco vergonhoso de admitir que o sono perdido era por causa de um cara. Sim, quase todas as noites aquele ruivo assombrava a minha mente como um fantasma. Parece que quanto mais eu tento desvencilhar os meus pensamentos dele, mais a “vossa senhoria faz o favor de dar o ar da graça”.  Meu Deus, será que eu estou ficando paranóica com isso?

 

- Você? – me encarou com os orbes interrogativos.

 

- Eu... Ai Kaien! É complicado de falar sobre isso.

 

- Ah qual é, Rukia! Desde quando você esconde segredos de mim?

 

- Mas Kaien... – ponderei.

 

- Tá bom, Rukia. Se você não quer me contar, não conta – Ai ai, começou a fazer chantagem... Típico dele.

 

- Está certo, está certo... Eu vou contar. – ele estendeu um sorrisinho vitorioso. Sonso! – Mas não fale para ninguém! – adverti.

 

- Ok, ok... Mas agora fala o que está abalando a inabalável Kuchiki – revirei os olhos mais uma vez.

 

- Está certo, mas agora temos que ir para a sala. Eu te conto no caminho.

 

- Beleza! Vamos, está melhor?

 

- Estou sim, obrigada. – No retorno a sala de aula eu contei a ele o que tanto me atormenta. E sabe, me senti bem melhor, guardar tudo aquilo sozinha estava me corroendo... Desabafar com alguém é sempre bom, especialmente se esse alguém é um grande amigo seu.

 

 

 

 

É algo imprevisível
mas no final é certo
Espero que você tenha curtido o tempo de sua vida

 

 

 

 

 

 

Continua...

 

 


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Notas finais do capítulo

Caros amigos, acho que errei nas contas em dizer que seriam apenas 3 a 4 capítulos, acho que vai ter ainda uns 2 a 3 capítulos a mais, espero que isso não os incomodem...


Foi até que bem leve esse capítulo, mas no próximo as coisas voltarão a ficar bem densas...