Vampira decidiu colocar seus pensamentos todos em ordem durante o final de semana. Era muita coisa acontecendo ao mesmo tempo. Mesmo com uma vasta experiência em aberrações nesses quatro anos de X-Men e quase um ano como Vingadora, nada se comparava com o caminho que sua vida pessoal estava levando.

Era tudo novo, desde os quinze, havia lhe prometido que nunca se envolveria com ninguém, ela mesma relembrou em seu quarto no Instituto, e sentiu que fosse mais madura naquela época do que agora. Nessa semana ela havia quebrado em pequenos pedaços seu coração e no final de semana estava encarando Deadpool como uma pessoa que pudesse curá-la.

Logo Deadpool.

Um ex-mercenário, recém viúvo, que ninguém confiava, se o pensamento passasse por um segundo na cabeça de Wolverine, que aquele tagarela boca-suja estava prestes a se relacionar com a sua menininha, com toda certeza, iria trancá-la no quarto para sempre. Será que valeria a pena estragar a relação saudável que tinha, por estar com Wade?

Seus pensamentos vagaram pela noite anterior. Aquele jeito bem-humorado de quem ama ganhar risos e faria qualquer coisa para tornar a vida do próximo mais divertida, por mais intenso fosse seu esforço, a maneira como levava a vida de um modo relaxado, sem se preocupar com muitas coisas, mas que escondia dores profundas. Parou exatamente na cena que pode encará-lo pela primeira vez em sua forma natural, seu cabelo castanho claro desaninhado, passava de um e oitenta de altura, seus olhos castanhos, rosto triangular. Ele estava prestes a completar trinta e sete anos, essa idade assustava, por ser um homem cheio de vida e experiências e ela ser uma garota jovem e que desperdiçou metade de sua vida desejando não estar viva. Seu corpo era forte e atraia muitos pensamentos que ela evitava ter com qualquer pessoa que cruzasse seu caminho, mas ele podia tocá-la, então mesmo que fossem pensamentos pervertidos, não eram completamente fantasiosos. Pela primeira vez poder fazer sexo com alguém não era só desejo, era uma possibilidade.

Ela tinha dezenove agora, talvez fosse a hora certa, e quando o momento certo surgisse, ela o faria sem medo. Não poderia desperdiçar essa chance. Por um momento lembrou do mundo lá fora, e sentiu uma necessidade de ver seu celular, encontrando uma mensagem que aquecera seu coração:

Oi, sugah. Dormiu bem?? Sei lá que pergunta se faz depois e beijar alguém, estou enferrujado. Falando em enferrujado, você acha que o Colossus enferruje??? Meu pensamento ligou aquela palavra a essa curiosidade, o que acha?? Eu preciso mesmo da sua opinião, caso de vida ou morte, hein

Falar em morte, você está bem depois de ontem né? Sua pele voltou ao normal? Porra, não se sinta num podcast

Vi um meme e lembrei de você, inclusive

Obrigada por ontem, quer sair de novo hoje?

Vampira leu aquela mensagem, e releu por mais cinco vezes antes de pensar em algo para responder, enquanto digitava desejou sair com ele, e mesmo que quisesse passar esse final de semana inteiro pensando antes de pedir para Charles Xavier que neutralizasse Wade em seu subconsciente, o êxtase de vê-lo novamente apagou todos seus planos.

Seu corpo a levou por extinto para a sala de Xavier, passos largos, respiração ofegante.

— Vampira! — cumprimentou Jubileu.

— Oi, Jubs? Como está?

— Bem — respondeu desconfiada — Aconteceu alguma coisa?

— Não — retrucou com um balançar de cabeça exagerada — Só lembrei que preciso falar com Professor. Quer me falar algo?

— Ah, é que foi seu aniversário esse mês, queria saber se você queria que fizéssemos algo, na verdade, mesmo que seja não vamos fazer mesmo assim.

— Bom, então eu não tenho saída — disse rindo — Só não exagere.

— Vou chamar o Gambit. — Jubileu fez uma careta de medo ao falar.

— Tudo bem, eu vou chamar um amigo também. — respondeu tentando fingir que aquela informação não a desestruturasse. Virou para seu destino antes que pudesse ouvir mais detalhes da festa.

...

Após algumas horas na sala de Professor exercitando sua mente, Vampira finalmente pode controlar todas memórias e personalidade de Wade.

— Marie, existe algum motivo pelo qual você me procurou para neutralizar Deadpool? — Charles questionou no final da sessão.

— Você não viu?

— Eu geralmente não o faço, mas foi inevitável passar por suas lembranças antes que pudesse neutralizar a certa. — reparou os olhos envergonhados da garota — Está tudo bem, Vampira, ser jovem é isso. Eu sei que você se privou por toda sua vida, mas tome cuidado. Gambit e Deadpool são pessoas complexas, cuidado para não se machucar no processo.

— Obrigada pelo conselho, Professor.

— Wolverine já sabe?

— Você conhece Logan, ele vai matar o Wade, sem querer muitas respostas, sabe? —respondeu rindo de nervoso.

— Ele quer seu bem, converse com ele antes de traze-lo para cá.

— Tudo bem, muito obrigada mesmo!

Enquanto passava pelos corredores da mansão em busca de Wolverine, lembrou que não havia respondido Wade ainda.

Mds eu literalmente esqueci de te responder, você me odeia??

Eu estou bem, viu, não precisa se desesperar minha pele está como antes e eu conversei com Prof. X ele conseguiu te neutralizar, não sei até quando na verdade, precisava de mais treinamentos

Mas sabe, hoje querem fazer uma festinha para mim, você viria?? Ficaria feliz, sei lá, mas se parecer cedo eu entendo

P.S Eu já perguntei para Kitty e não ele não enferruja e também quando goza ele nunca se transformou em aço, sujeitinho controlado!!

Bjo

Não demorou muito que obtivesse sua resposta, embora na sua cabeça tivesse durado anos.

Eu sou incapaz de te odiar, unicornia

Eu gostaria de arriscar e ver se deu tudo certo, mas não quero te machucar, vou tentar me controlar hoje, o que não vai ser difícil com as garras do Wolverine no meu pescoço :o

Ah, isso foi um sim

P.S Caguei nas calças de tanto rir obrigado por essa informação de verdade

Até a noite bjo ♥

— Do que você está rindo, Vampira? — perguntou Wolverine encontrando-a pelos corredores.

— Logan! —exclamou direcionado seu corpo para um abraço cuidadoso —É tão bom te ver.

— Digo o mesmo, criança. — Wolverine respondeu sorrindo — Fiquei muito preocupado com você, sinto muito não poder vir antes.

— Tudo bem —acariciou seu braço esquerdo com movimento repetidos de cima para baixo — Eu preciso conversar com você, em particular.

— É grave? — questionou preocupado enquanto os dois se separavam.

— Não — disse caminhando para seu quarto, e ele a seguiu — Só é, sei lá, desagradável. Para você.

— O que? — perguntou já no quarto de Vampira.

— Encosta a porta, por favor — ela pediu, e recebeu seu pedido em seguida — Eu não vou rodear, ok? Estou saindo com um cara, ele vai vir aqui hoje.

— É o Gambit?

— Não!

— Menos pior.

— É o Deadpool.

— Piorou. — rosnou — Sério, Marie? De todos os caras do mundo. Você sabe que eu vou matar ele, né?

— Tecnicamente ele não morre, mas eu não vou te contrariar. — respondeu nervosa — Só queria que respeitasse meu momento, eu estou feliz, e é recente, eu nem sei para onde vai.

— Marie, ele era um mercenário, eu não tenho certeza que ele tenha mudado.

— Todos nós já pertencemos ao lado errado da força. Você se esqueceu do meu passado? — questionou angustiada — E mesmo assim me deu uma chance.

— Eu sei, só quero que se cuide, por favor.

— Eu irei, pode me dar mais um abraço agora? — perguntou esticando seus braços, recebendo um abraço logo em seguida. — Eu te amo, Logan, eu só queria poder amar outras pessoas de outras formas, entende?

— Eu entendo, Marie.

Mais tarde naquele dia, Vampira havia passado o dia todo em seu quarto. Tomou um bom banho na banheira, fez um longo ritual de skincare, passou um pouco de corretivo em suas imperfeições, um blush rosado, rímel e por fim um batom vermelho. Penteou seus longos cabelos naturalmente cobre, o colocou para trás com um arquinho preto evidenciando sua franja e mechas brancas. Decidiu usar um slip dress vermelho borgonha longo, botas coturno e luvas pretas de maior comprimento.

Seu estômago doía. Nesse momento lembrou de invejar Jean Grey, quando beirava dezessete anos, e observava sua colega ser profundamente amada por dois homens, mesmo que não seja a mesma situação. Mesmo que ainda não seja na mesma intensidade, e que no fim arriscaria ser tocada somente por um homem. Ainda assim, era excitante, alimentava o ego.

Seus devaneios são interrompidos violentamente pelo som do toque na porta, o que a fez pular da cadeira.

— Vampira, por que o Deadpool está aqui? — perguntou Jubileu por trás da porta, num tom mais elevado mas inocente. Vampira pode abrir a porta com mais velocidade após saber que Wade já havia chego. — Uau, você está linda!

— Obrigada, Jubs, — agradeceu com um sorriso leve e nervoso — Wade é meu amigo, que mencionei mais cedo.

— Por que não convidou o restante dos Vingadores?

— Porque Wade é meu amigo mais próximo — respondeu, escondeu parte dos fatos para ela por conta de sua amizade. Mesmo que ela soubesse que Jubileu era sua amiga e estava perguntado por uma curiosidade inocente de sua idade. Ainda assim, era próxima o bastante de Remy para ficar chateada com toda a situação. — Vamos descer?

Vampira percorreu todo aquele caminho com pernas tremulas e mão suadas, mesmo com as luvas, ela insistia esfrega-las para diminuir a sensação do suor, na ponta da escada já pode avistar Wade Wilson no fim do caminho, ambos se encontraram pelo olhar, o que fez nascer um grande e sincero sorriso em seus rostos. Ela desceu as escadas com cuidado, com o pensamento forte que podia cair dali e estragar todo o clima.

Wade tinha um buquê de rosas vermelhas de sua mão, bem ampla, Anna Marie nunca havia recebido nenhuma na sua vida, parecia especial. Notou que seu rosto estava sem marcas, intacto, mesmo que fosse agradável de ver, não se incomodava com sua forma anterior.

— Oi, Wade. — cumprimentou o abraçando forte e descuidadamente, como não fazia com ninguém.

— Oi, Vampira, — falou em meio aos seus cabelos, ainda no abraço, sentindo seu cheiro delicado de baunilha.

— Obrigada por vir, mesmo. — completou num meio abraço, olhando em seus olhos.

— Isso é para você, — respondeu entregando-lhe as flores, comtemplando seu genuíno e amplo sorriso. — Podemos sair daqui? O olhar fulminante do Wolverine está me deixando com tesão ao invés de me assustar.

Vampira enfim pode notar Logan encostado na porta ao lado esquerdo da recepção da mansão, com braços cruzados e olhar cerrado de ódio, mesmo longe, poderia ouvir os rosnados de descontentamento.

— Wade Wilson.

— Logan, como está? — foi para mais perto, estendendo sua mão em sinal de querer apertá-la. — Sabe, Wolverine, eu não vou fazer nada com Vampira que eu não queira fazer com você também.

— O quê? — respondeu Wolverine apertando sua mão com força e trazendo Wade para mais perto para intimida-lo.

— Respeitar, eu sou um respeitador nato. — disse com medo e nervoso.

— Tá bom, Logan. — interrompeu Vampira — Vamos para cozinha, Wade.

Suas mãos o resgatam daquela situação embaraçosa, com um leve aperto em seu braço, sentindo de leve seus músculos, o que lhe deixou um pouco excitada, ele era atraente, principalmente quando sorria para ela. As mãos de Deadpool procuraram as dela e eles andaram de mão dadas até a cozinha, entrando no local juntos.
Gambit estava encostado na porta do local, inclinado de costas para entrada, mas virou-se com animação quando Jubileu anunciou a vinda de Vampira. Ele estava ansioso para vê-la depois de tanto tempo, mesmo saindo com outras garotas, seu pensamento era dela, dia e noite, noite e dia. Todos os dias se questionava se ela pensava nele também. Até ver, em câmera lenta, toda aquela cena, ela estava com outro, de mãos dadas. Notou as rosas em seu braço, e ficou envergonhado em não ter lhe trago nada. Seu brilho havia sumido por completo, seus olhos encheram-se um pouco mas dava para disfarçar, seu coração havia parado por alguns milésimos de segundo. E a resposta veio rápido e dura, ela não estava pensando nele.

— Oi, Gambit. — cumprimentou envergonhada — Esse é o Wade, Wolverine já falou dele uma vez, no picnic, se lembra?

— Oi — respondeu baixo, com um olho piscando lentamente para seca-lo sem sucesso — É, eu me lembro. Prazer, sou Remy.

— Prazer, Remy. — respondeu desconfiado e viril. Sem gracinhas.

— Vampira! — Kurt interrompeu o clima tenso para dar um abraço de urso em sua irmã, gesto que a fez agradecer internamente por isso.

Mesmo com o clima tenso, a pequena festa correu tudo bem. Ela recebeu alguns livros e materiais de pintura como presente, e ela amava. Todos cantaram parabéns animado, Vampira assombrou suas velinhas com um desejo:

"Que eu possa ser tocada por quem eu amo" pensou. Era o mesmo desejo que fizera em todos os aniversários. Depois do desejo, Ciclope havia ensaiado cantar com quem será, mas foi fortemente interrompido pelo olhar de ódio de Vampira.

Wade acabou contornando todo o clima desfavorável sobre si, fazendo todos rirem — exceto Gambit e Wolverine — fracassando em alguns truques de mágica, contando boas histórias. Ele era carismático, de fato, era difícil não se encantar ou odiá-lo completamente. Os dois se abraçavam muito, mesmo na frente de todos, o que chocou muito, mas não houve beijo.

No final da noite, quando somente os adultos ficaram na cozinha, Vampira e Deadpool deram uma escapada inocente para frente da casa, passar um bom momento a sós, antes que Wade fosse para casa. Quando todos estavam distraídos, Remy foi para janela espiar. E então, algo muito novo aconteceu, ele estava com inveja, sua mente estava em turbilhões, ele havia visto um beijo. Não era bem um selinho, mas também não era quente como ele sempre dava nas garotas. Era delicado, apaixonado, tinha proposito profundos. O observador invejava Wade por poder tocá-la, e se surpreendera em sentir aquele pecado capital, o que viria em seguida era pior, ele quis ser aquele homem, ele queria estar naquele beijo.

Vampira deu um selinho para finalizar os beijos, então ele se afastou dela, sua mão permaneceu no peito do acompanhante até que seu corpo se afastasse por completo lentamente, ele olhava com ternura com orgulho de tê-la, Gambit reconhecia aquele olhar. Wade sorri se despedindo, enquanto Vampira acena desanimada em ter que se despedir.

Ela observou até que sua silhueta sumisse completamente de seu olhar, virando seu corpo completamente em direção a porta de entrada, ainda sorrindo como uma boba. Não era para Gambit, e ele ainda observava, até que Vampira percebesse antes de entrar, que ele havia visto tudo. Ambos trocaram olhares, como desconhecidos naquele momento, em caminhos diferentes. Os olhares encheram de água.

Ele sabia naquele momento, que havia perdido Vampira, talvez para sempre.