No dia seguinte...

P.O.V Da Sam

Enquanto eu preparava panquecas, Freddie estava preparando a mamadeira da Bel. Era mesmo um pai super dedicado, carinhoso e cuidadoso, ele sacudiu a mamadeira fazendo o conteúdo se misturar, depois deixou esfriar um pouco dentro de um recipiente contendo água em temperatura ambiente.

— Filho! - Chamei o Alex, ele estava na sala ainda de pijama, brincando com o Caramelo. - Venha tomar café. - Talvez não tenha me escutado ou só estava me ignorando mesmo.

Ficou chateado quando eu o deixei de castigo.

— Alexander, eu estou te chamando. O café-da-manhã já está pronto. - Coloquei as panquecas quentinhas sobre um prato decorado.

E mais uma vez, não obtive nenhuma resposta.

Freddie trocou olhares comigo e sentou com a bebê, dando a mamadeira para ela que prontamente segurou com as mãozinhas inquietas e se pôs a sugar o mingau faminta.

— Esse menino pelo visto quer me irritar hoje. - Resmunguei.

Terminei de pôr a mesa às pressas e fui até à sala.

Alex estava sentado de forma desleixada no sofá, olhando o desenho que a TV transmitia, e o volume ainda estava alto.

Apanhei o controle remoto e desliguei.

— Não, mãe! - Exclamou contrariado.

— Venha tomar o seu café, depois você assiste. - Chamei.

— Mas eu não quero... - Fez bico e seu semblante mudou para uma carinha de choro.

— Vem logo, filho. - Tentei pegá-lo no colo.

Ele estava todo manhoso e sentido.

Meu menino começou a chorar.

— Você não é uma criança birrenta. Qual é o seu problema? - O tirei do sofá.

Ele gritou e esperneou em meu colo.

— Não quero, não quero, não quero! - Relutou.

— Alex, pode ir parando com isso! Isso não é legal, fazer escândalo é feio, filho! - Avisei séria.

— ME DEIXA! - Se debateu.

Cansada e um tanto frustrada, eu acabei o colocando no chão.

— Não gosto mais de você! Sua chata! - Ele bateu nas minhas coxas.

Aquilo não doeu, mas suas palavras tinham peso.

— Nunca mais faça isso! - Peguei suas mãos e bati nelas o repreendendo. - Não é para bater na mamãe! - Dei mais palmadas em cada mãozinha.

Ele gritou e se jogou no chão aos prantos.

— Que gritos são esses? - Freddie apareceu carregando a bebê que ainda sugava o mingau, segurando a mamadeira sozinha.

— Bati nele porque ele bateu em mim, você acredita? - Falei irritada.

Freddie olhou para o nosso filho esperneando no chão da sala de estar.

— Oh, meu amor, tenta se acalmar. - Se aproximou.

— Fica com eles, vou dar uma volta, tentar esfriar a cabeça... - Minha voz embargou.

Eu estava estressada e também muito chateada.

Era a primeira vez que meu filho agia daquela forma.

Antes que meu namorado protestasse, peguei as chaves e saí de casa.

Aquele final de semana estava acabando comigo.

[...]

P.O.V Do Freddie

— A mamãe não gosta mais de mim... Fui um menino malcriado... - Alex estava ressentido e choroso.

— Não fale isso, filho, ela logo volta pra casa, coma a sua panqueca. - Pedi.

Soluçante, olhou para a panqueca cortada ao meio.

— E se ela nunca mais voltar, papai? - Estava com os olhos vermelhos e inchados.

— Não fica pensando nessas coisas, anjo. Sua mãe foi apenas dar uma volta. - Tentei acalmá-lo.

Levantei quando a Bel terminou de tomar o mingau, coloquei ela para arrotar.

— Quando ela vai embora? - Olhou para a bebê no meu colo.

Eu sabia que eram apenas ciúmes.

— Achei que gostaria de ter sua irmãzinha por perto. - Eu disse observando-o.

— Desculpa, papai... - Voltou a chorar. - Você e a mamãe só dão atenção pra ela... Ontem a Belinda dormiu com vocês... Eu também queria dormir junto... - Soluçou.

Suspirei já com dó dele.

— Filho, ela é um bebê. Ela precisa de um pouco mais de atenção dos adultos. Não precisa ficar chateado. Ela vai embora amanhã, vou levá-la para a mãe dela. - Expliquei com calma.

— Desculpa... Desculpa, papai... A mamãe foi embora por minha causa e agora a bebê também vai... - Ficou ainda mais ressentido.

— Tá tudo bem, filho, a Bel precisa ir porque ela tem a mãe dela, e não pode ficar muito longe da mãe, entende? E sua mãe foi passear, logo ela estará de volta. - Falei devagar para ele entender.

Ele foi se acalmando e conseguiu comer um pouco.

Sam ficou fora de casa por cerca de meia-hora, ela voltou trazendo bolo de chocolate e umas tortinhas de limão.

— Está tudo bem, meu amor? - Perguntei quando ela foi lavar as mãos.

— Tudo sim. - Confirmou.

Eu sabia que ela estava ressentida também.

— Foi a primeira vez que bati nele, sabe? Mas, poxa... Eu precisava repreendê-lo. - Começou a se justificar.

— Não sou contra as palmadas, mas ele ficou super mal quando você saiu daquele jeito... O pobrezinho achou que você nunca mais voltaria. Chorou bastante. - Contei.

Sam me olhou triste e vi culpa em seu olhar.

— Você sabe como sou impulsiva. - Suspirou. - Droga, Freddie... - Começou a chorar.

Belinda estava na sala distraída com a TV.

— Ei, minha linda, não fica assim. - Fui consolar ela.

Beijei seu rosto e a abracei, afagando suas costas.

— Já passou, meu amor. - Fiz carinho em seus cachos.

[...]

P.O.V Da Carly

— Vai embora, Antony! - Tentei fechar a porta.

Ele me impediu e entrou na minha casa, me empurrando no processo.

Foi um grande erro eu ter me envolvido com um cara mais velho e ainda por cima casado.

— Por sua causa a minha esposa me deixou! Sua vadia de merda! Não devia ficar me ligando! Agora os meus filhos nem olham mais na minha cara! É tudo sua culpa, sua puta interesseira! - Chutou a mesinha de centro.

O tampão de vidro trincou.

— Eu já pedi desculpas, não foi minha intenção destruir a sua família... Sinto muito... - Comecei a chorar.

Ele estava transtornado e eu apavorada.

— SUAS DESCULPAS NÃO VÃO TRAZER A MINHA FAMÍLIA DE VOLTA! - Jogou a minha TV no chão.

Gritei porque ele estava destruindo as minhas coisas.

Antony me xingava com as piores ofensas e surtava, me encolhi contra a parede e abracei meus joelhos.

Graças a Deus minha filha não estava em casa.

— SUA DESGRAÇADA, VOCÊ ME SEDUZIU! - Me agarrou pelos cabelos.

Comecei a berrar pedindo por socorro.

Ele bateu o meu rosto contra o chão e depois me acertou um chute no estômago que me fez perder o fôlego.

Meu nariz latejou e senti o gosto de sangue em minha boca.

Minha casa foi invadida pelo filho dos meus vizinhos, o rapaz chamado Billy foi para cima de Antony.

Os dois rolaram pelo chão trocando socos.

Toda aquela confusão chamou atenção dos outros vizinhos, alguém chamou a polícia e logo duas viaturas chegaram.

Antony foi detido, Billy e eu tivemos que acompanhar os policiais. Eles pegaram o depoimento do meu vizinho que me socorreu e me defendeu, e eu passei por exames de Corpo de Delito.

Fui interrogada e decidi prestar queixas por agressão, Antony foi enquadrado por violência contra mulher e eu sabia que ele podia pagar fiança, o que só me deixava com mais medo.

Se não fosse por Billy Boots, eu poderia estar morta...

Pensei na minha filha e chorei ainda mais.

Decidi ligar para o meu ex-marido.

— Alô. - Quem atendeu foi a Sam.

— Estou com problemas... Por favor, passa para o Freddie. - Pedi.

— Só um momento... Amor, é a Carly. Deve ser urgente. - Ela parecia aflita. - Carly? - Ele finalmente me atendeu.

— Fui agredida, estou indo para o hospital agora... Acho que fraturei o nariz. Tô com medo, Freddie, com muito medo... Ele vai me matar quando sair da cadeia... - Comecei a chorar descontroladamente.

Billy que se ofereceu para me acompanhar, pegou meu celular e explicou toda a situação para o Benson.

— Que merda... - Estava no viva-voz. - Sam e eu vamos deixar as crianças na casa da minha mãe, e vamos para o hospital, nos aguardem lá. - Desligou.

— Você não está sozinha, ok? Seus amigos vão cuidar de você. - Billy afagou meus ombros tentando me reconfortar.

Se ele ao menos soubesse... Eu fiz tanto mal para aqueles que foram meus amigos no passado.

Talvez eu estivesse pagando pelos meus pecados.