Eu não sei dizer o que separa uma alucinação de um evento real, mas posso afirmar com total certeza que Nim não pertence ao primeiro caso. Notei esse fato por causa de algo bastante simples, mas crucial: não é possível criar uma relação com aquilo que não existe.

Evidentemente, é possível admirar um personagem de conto de fadas ou se apaixonar pelo mocinho de algum livro. Mas esse tipo de vínculo não é uma relação. É muito unilateral (quase tanto quanto meu relacionamento com a minha ex) e relações sempre preveem algum tipo de troca. Existem indícios demais de que estamos nos relacionando aqui, e eu nem quero pensar em quantas vezes usei essa palavras nas últimas linhas.

Em primeiro lugar, Nim tem uma personalidade vivaz e autêntica. Apesar de estar presa em um estado de constante melancolia — e eu não vou ser hipócrita de julgá-la por isso, visto que eu também estaria bastante triste se tivesse MORRIDO — ela possui interesses próprios e um modo de agir tão único que eu sinto que minha mente jamais poderia ter concebido algo assim. É diferente demais de tudo que eu já conheci, especialmente quando eu considero o número de detalhes.

Quer dizer, ela até tem uma música favorita. Pelo menos eu suponho que seja a favorita. Notei que toda vez que minha playlist reproduz Horse With No Nome ela ouve com mais atenção. Às vezes, coloco de propósito apenas para que ela tenha um breve momento de apreciação.

Estou me perdendo nos pensamentos novamente.

Enfim.

A questão é que eu sinto que estamos construindo uma amizade aqui.

Já não tenho mais vergonha — ou medo — de conversar com ela. Ao seu próprio modo, Nim entende. Nim me entende.

E isso é precioso demais para ser mero fruto da minha imaginação.