Betty já trabalhava na Ecomoda há quase 6 meses. Já havia sido promovido a assistente e era a pessoa em quem seu chefe Armando mais confiava na vida. Mais que seus pais e mais que seu amigo Mário Cadeirón. Isso era tão evidente que causaba raiva e inveja em Mario e em sua noiva Marcela. Para os dois, Armando confiava demais em uma pessoa desconhecida em vez de confiar em "uma amiga" como Patrícia (foi o que Marcela pensava) e no caso de Mário, a desconfiança e o ciúme da amizade eram até pior.  Ele não entendia que seu amigo confiava tanto naquela mulher feia.

   Apesar de frustrada em seu sonho de um dia ter seu amado chefe bonitão em seus braços, por causa de sua feiúra, Betty ainda estava feliz por estar com ele e ser sua confidente. Mas as coisas neste dia começariam a florescer para Betty:

   Naquele dia, enquanto Betty não estava na Presidência, pois tinha ido ver alguns problemas com os tecidos na Produção, enquanto Bertha, a pedido de Gutiérrez, foi à Presidência para que ele assinasse alguns contratos. O telefone começou a tocar insistentemente. Armando praticamente obrigou Bertha a atender ou ele enlouqueceria (muito mais do que o bello bogo já era oj oj oj tão divino.)  E para sorte de Bertha e não de Betty quem ligava era Nicolás Mora.

   Bertha ficou muito feliz em atender e saber que Nicolás estava ligando para Betty, pois para ela e para todas do quartel, Nicolás era "o secretinho" por quem Betty suspirava e se estava ligando para era porque as coisas estavam melhor entre eles. Talvez eles já estivessem namorando e Betty escondeu do quartel. A alegria de Bertha era tão grande que despertou a curiosidade de Armando.

—Ele é secretinho, o amor escondido de Betty. Seu namorado!

—Namorado?

     Essas palavras perfuraram os ouvidos de Armando e cravaram uma estaca em seu coração. Nunca mais seria o mesmo. Bertha, fofoqueira por natureza, tinha que contar tudo, tudinho sobre o amor que sua amiga sentia e como sofria em segredo pelo amigo.

Descobrir isso, foi terrível para Armando.

—Como eu ia saber que Betty, minha Betty tem namorado?

  Ele nunca havia se sentido assim, muito menos por causa da "Brigitte Bardot da Ecomoda" - como disse - mas estava chateado.

    Precisava ouvir da boca de Betty que ela e Nicolás não estavam namorando e escutou. Betty negou tudo. Nicolas era apenas seu amigo. Armando ficou feliz e aliviado! Mas o tal cara ligava todos os dias e a Beatriz parecia muito animada com as ligações dele.

 -Lá está aquele tipinho ligando para Betty. Geralmente liga de manhã, hoje atrasou. –disse a Mário, contrario.

—Está com ciúmes?

—Que ciúmes, o quê!

Armando já não suportava que Beatriz festejasse com o quartel e pior ainda com Aura María e chegasse no dia seguinte de óculos escuros, com cara de quem se divertiu a noite toda. Imagina agora que tinha namorado!

    Tudo bem que não tinha nada a ver com a vida dele e não prejudicou em nada o serviço dela, que Beatriz fosse solteira e pudesse fazer da vida o que ela quisesse, mas para ele,  ela parecia uma menina tão inocente quando chegou trabalhar e agora parecia outra pessoa com o quartel e tinha até namorado. Isso não estava certo!

—Esta Aura Maria sempre a  fica convidando-a para estes antros!  Beatriz só deve ir para casa depois do trabalho e de casa para o trabalho e não ir à festa com o quartel, e pior ainda se sair sozinha com Aura María. Esta só sai para caçar! O que Don Hermes deve pensar disso? Ou ele está mentindo para o pobre senhor? Pobre menina inocente que é Beatriz, deixando-se influenciar por Aura María!

"Ele ainda é inocente? Ou foi com aquele Nicolás ou outro? Não homem! Ela disse que não tem namorado. E você não mentiria para mim! É de minha total confiança!” –pensa.

    Mário sempre notou que Armando estava se comportando de forma estranha com Betty, que até evitava olhar para ela (só na frente de Mário ou de qualquer outra pessoa, mas sozinho ele falava com ela e a abraçava). Achava que era porque sua aparência era nojenta para seus olhos acostumados com as mulheres mais belas da Colômbia. Mas agora, ela o viu olhando para ela de lado como se estivesse desconfiado ou ciumento. Será que Armando sentia algo por Betty? Pois ela, estava claro, que era louca por ele.

    E agora que o monstrete era dono da empresa e o nome de Nicolás começou a se tornar mais frequente, e ele telefonava para Ecomoda todos os dias, segundo Beatriz para atualizar a situação da Terramoda, uma coceira de desconfiança passou a ser constante em ArmandoEle achava que havia algo mais entre eles e não esqueceu o que Bertha lhe dissera naquele dia.

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    Foi então que Mário começou com a ideia de que um dos dois tinha que conquistar Betty, porque ela tinha a Ecomoda nas mãos e, por mais honesta que fosse (e Mário não achava que ela fosse realmente honesta porque era pobre), Nicolás era o cara que “Betty gostava” era o gerente da Terramoda, a empresa que ela criou para salvar a Ecomoda, e poderia facilmente seduzi-la e roubar a empresa que era tudo o que eles tinham.

    Como diz o ditado "Um ladrão sempre pensa que todo mundo está em sua condição". E assim pensava Mário.

—Então por que você não a seduz?    -perguntou Armando.

—Eu não, cara! Não desperto nada em Betty!

—Eu também não!

—Ah sim, você sim lhe move a agulha! Quer ver?

    Mário já podia ver a forma como Beatriz olhava para Armando e percebia que ela tinha uma fascinação por ele.   A qual Armando não percebia, pois evitava olhar para o rosto da assistente, exceto nas reuniões, onde lançava olhares de admiração. E isso não passou despercebido para Mario, pois ele era um observador natural. Seu amigo mulherengo e exigente, com um bom paladar, gostaria de alguma forma de Betty? Ele não podia acreditar!

—Mas seria divertido para o Armando conquistá-la e com isso tiraremos o Nicolás do jogo! Ela já baba  por ele e vai facilitar! Claro que tem que ser o Armando. Uma garota feia como ela nunca recusaria um  tipo `gostosão` como ele! Quem resistiria? (Ah, Mário! Que aconteceu?)

Ele, definitivamente tinha que convencer Armando a ir atrás da feia e fazê-la comer em suas mãos, babando ainda mais por ele.

—Eu te mostro que Betty sente coisas por você! Vou chamá-la, fique alerta.

— Betty! Você pode me trazer o relatório?      -Mário ordenou.

    Betty veio em silêncio e  entregou o relatório que Mario havia pedido para ela. Quando Armando fez o mesmo, ela não foi apenas prestativa, mas gentil e doce.

—Precisa mais alguma coisa, doutor?

—Não, Betty. Grato.

    E ele olhou para o chefe com aqueles olhos apaixonados. Era óbvio. Até Armando sabia que tinha sido escolhido para a missão. Mas ele não ia fazer isso com Betty. Ela era sua amiga, confidente, não merecia ser enganada por ninguém. Ainda mais, ela era sua assistente e não se metia com as funcionárias por mais atraentes que fossem, porque depois de se divertir, costumava deixá-las e não faria isso com as meninas, patrimônio da empresa,  que precisavam de seu emprego para viver Ainda mais Betty que não lhe despertava nada sexualmente, falando.

—NÃO FAREI ISSO COM BETTY, CALDEIRON! EU NÃO VOU TOMAR EMBELEZADORES PARA BEIJÁ-LA!

—Então vai beijá-la no seco?

—ESTOU FALANDO SÉRIO! EU NÃO VOU BEIJAR BETTY!

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