O lado “B“ de Betty Pinzón (Betty a Feia) escrita por MItch Mckenna


Capítulo 27
Capítulo 24 - A reunião de Diretoria




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  Antes de dormir, Betty encontra a carta que Armando lhe dera e que ela colocou no bolsa, por engano, e não no saco de lixo. -Que faço? Joga direto no lixo?Por fim, resolveu ler:    

Betty,

Da mesma forma que o tapa que você me deu machucou meu coração, seus beijos e suas carícias souberam me curar.  Desculpe ser um pouco agressivo, mas a situação está fora de controle. Estou enlouquecendo. Não entende que não consigo me afastar de sua pele, me sentir um com você, te amar a ponto de ficarmos satisfeitos. Eu não quero e não posso conceber que se recuse a ser minha quando sei que me quer tanto quanto te quero. Se necessário, cometerei uma loucura. Mas não quero passar tanto tempo sem senti-la em meus braços novamente.Ontem minha alma voltou ao corpo, voltou à vida, diga que sempre será assim. Que ainda é minha!Sempre seu, Armando Mendoza.”  

 

 E quando terminou de ler, algumas lágrimas caíram dos olhos de Beatriz.-Como eu queria que tudo fosse verdade, doutor... No dia seguinte, era o dia da Reunião de Diretoria, Betty chegou cedo para arrumar tudo. Bastava fazer cópias do balancete maquiado e colocá-las nas pastas de cada acionista.  Tal como na novela, escutou parte da conversa entre Mário e Armando, o suficiente para ficar com um pouco de raiva. Mas o pior foi ao retornar à sua sala: encontrou Marcela que, sabendo que Armando não estava lá, entrou na caverna para maltratá-la. 

—Tenho que terminar de preparar as pastas para a reunião, Dona Marcela.

— Você teve tempo suficiente para fazer isso? Agora me escute, estúpida: COM QUE DIREITO VOCÊ BATEU EM ARMANDO? QUEM VOCÊ PENSA QUE É?

  Beatriz estava desesperada, porque isso tinha que ser mantido em segredo. As meninas do quartel não contariam. Certamente, Armando não teria contado a ela (Ou teria? A essa altura ela não confiava mais nele). Não importava, ela não podia deixar Marcela humilhá-la.

—Sabe por quê? Certamente não lhe contaram tudo, Dona Marcela. Eu estava com meu namorado visitando a Dona Inesita quando apareceu seu Amando e disse que eu tinha que voltar para a empresa, porque havia coisas pendentes e Nicolás não concordou e foi atrás dele...

—Não me importa! Você é uma estúpida! Você se acha importante aqui?   É apenas uma mulherzinha, uma empregada a qual Armando resolveu dar uma chance por pena e já deve ter se arrependido - ri zombeteira ao ver que Betty tinha lágrimas nos olhos pela mentira que lhe contou

—Assim é! Ele mesmo me disse que sentiu pena de você e por isso lhe deu uma chance de trabalhar em um lugar como esse! Deu a você a oportunidade de ser sua assistente, uma caridade, mas você, você o pagou assim!

Após uma breve discussão, a assistente lhe disse:

— Bem, senhora, não precisa esperar até casar com seu Armando para me tirar daqui: a partir de hoje não terá mais que aturar minha presença! A partir de hoje, depois da reunião, seu Armando terá nas mãos a minha carta de demissão.

—Esse é outro dos seus jogos para me fazer ficar mal na frente de Armando?

—De jeito nenhum senhora, a empresa é sua e sou eu que tenho que sair daqui!

—Espero que cumpra sua promessa e que Armando não saiba da nossa conversa!

  O que Marcela não contava era que Armando estava ouvindo a maior parte da conversa e abriu a porta naquele momento.

—O que eu não deveria saber?

—Olá meu amor!

—Me diga o que eu não deveria saber, Marcela!

—Ah são algumas surpresas para o nosso casamento. Coisa de mulher, não é, Beatriz? –disse cínica.

  Marcela sai do escritório com a cara carrancuda e vai atrás de Patrícia para repreendê-la por não ter dado um jeito de avisá-la.

—Diga-me: o que Marcela queria?

—Acho que ela disse qque são coisas de mulheres, doutor.

—Não minta, Beatriz! Ouvi parte da conversa!

  Betty tem dúvidas se deve contar ou não, mas ele já ouviu e apesar de tudo que aconteceu sempre tiveram cumplicidade, diferente de Marcela, que sempre a maltratou.

—Alguém contou a Dona Marcela sobre a briga entre você e Nicolás e que eu lhe dei um tapa, doutor!

—Sim eu ouvi! O que me intriga é quem lhe disse isso?

—Não sei. Pedi muito às meninas do quartel que não comentassem na empresa e principalmente na frente de Dona Marcela e Patrícia.

—Não, Betty, tenho certeza, não acho que as meninas te traíram contando a Marcela, entre vocês elas prefeririam você. Claro! FOI HUGO!

—Sim, pode ser!

Eu vou matar essa fofoqueira louca!

—Por favor, doutor, não faça nada!

—Só se você me contar tudo o que Marcela te disse.

—Dona Marcela estava indignada e me pediu uma explicação. Eu disse que o senhor queria que eu trabalhasse até tarde e que Nicolás, sendo meu namorado, não concordava e os dois discutiram e acabaram brigando e que por ser o senhor mais forte, Nicolás estava apanhando muito e tinha que fazâ-lo parar.

—Fez bem, Betty!

—Mas Dona Marcela continuou me humilhando e me xingando. Que isto não ia ficar assim e que depois do casamento as coisas iam mudar e que a empresa não ficaria com as duas e uma teria que sair!

  Armando balança a cabeça, com dor no coração.

—Então eu disse que sabia o meu lugar e que eu iria!

—Não, você não pode ir!

—Sim, está tudo pronto, doutor!

—Não, as coisas não são assim. Após a reunião, serei confirmado como presidente e a promoverei a vice-presidente de finanças. E terminarei meu noivado com ela!

 

—Não, doutor! Você vai se casar!

—Não! Não! Depois da reunião, escute bem. -ela pega no rosto dela e o beija- Marcela Valencia deixará de existir para mim como mulher, goste eles ou não, eu terminarei e ficarei com você!

— PARE DE SER MENTIROSO, DOUTOR! Ouvi seu Mário e o senhor conversando!

—Como? Como você ouviu essa conversa?

—Quando deixei as pastas na sala de reuniões. Sim, ouvi quando disse que me amava, mas também quando seu  Mario o convenceu de que ele teria que se casar ou o Dr. Daniel acabaria com a empresa!

—SIM, é verdade, mas, não vou me casar!

—E ouvi como falaram em me mandar embora para não atrapalhar o casamento.

—Isso não é assim! É para te proteger!

—Não minta, doutor! Depois de ter me pedido tanto para não deixá-lo sozinho... como decidiu se livrar de mim assim,   Fazia parte do plano me tirar daqui?

—Isso não é assim! Este não era o plano! O plano de Caldeirón era que a fizesse se apaixonar por mim, mas nunca mencionou nada que a tiraria daqui! Nunca! Se assim fosse, eu nunca teria entrado nisso! Não conseguiria viver sem você!

—Ah sim! Como se o plano do qual participou fosse algo muito honrado!

 Armando balançou a cabeça.

 -Eu não sei, Betty, mas se eu participei foi por... ciúmes, que seu... seu... amigo Nicolás. Ciúmes! Mas eu nunca disse que teria que te tirar daqui. Você sabe que eu não sei viver sem você e sem você aqui eu não sei fazer nada!

Ele a segura nos braços e a abraça, desesperado

—Eu não quero que vá embora! Mario veio com isso agora e eu não tinha nada para dizer a ele, então eu concordei para que me deixasse em paz. Mas não vamos nos separar! Eu não sei viver sem você!

—Eu não acredito em uma palavra que diz! Aquela ingênua Beatriz Aurora morreu! E vou lhe poupar o trabalho mais uma vez, doutor: não precisa pensar em um lugar distante para me enviar. Aqui está a minha carta de demissão. Depois da reunião eu irei!

—Não! não! Você não pode ir! –disse abraçando-a forte para beijá-la.

  Quando ia protestar, Patrícia ligou para avisar que seus pais haviam chegado para a reunião.

—Precisamos conversar antes disso, Beatriz!

—Seus pais estão aqui, doutor!

—Eu não ligo, Betty, não me deixe! -Beijo

—Oi Armando! Onde está? -disse Margarida entrando na sala de Presidência

—Antes de ir temos que conversar, Betty!

  Armando revirou os olhos e saiu da caverna de Beatriz, sorrindo falsamente para seus pais.

  Com todos na sala de reunião, enquanto Patrícia anotava os pedidos e mandava servir o café, Betty distribuía as pastas com os balanços. Armando estava em agonia, sentiu que algo estava errado desde que Beatriz lhe contou sobre a carta. Mesmo entregando as pastas com os balancetes maquiados não sentia alívio, tudo tinha um gosto amargo. Em parte porque aquela noite não tinha dormido nada. Há muito tempo não dormia bem. Desde o dia em que recebeu o primeiro relatório de vendas como presidente. A noite ele só adormeceu por alguns minutos e sonhou que na reunião, Beatriz havia apresentado o balancete real e depois de quase ser expulsa da Ecomoda, Betty foi embora de sua vida para sempre. Felizmente, foi apenas um pesadelo!

  Assim, ele abriu sua pasta e descobriu que um de seus pesadelos não havia se tornado realidade: Betty havia colocado o balancete maquiado nas pastas. Tudo iria como planejavam. E era tão bem feito que, se não soubesse da verdade, poderia jurar que era real. Mas ele, Armando, sabia toda a verdade. Tudo isso era uma farsa. Ele se sentiu mal. Não era mais o mesmo homem de antes, o que estava acostumado a mentir.

Ele sabia que as mentiras, os planos sujos o levaram a uma vida vazia, com pessoas vazias como as mulheres que ele conhecia. Uma vida que seus pais lhe apresentavam desde criança: de aparências, com pessoas vazias e superficiais. Refletia, vendo Beatriz ao seu lado, depois de distribuir as pastas e começar sua explicação sobre os balancetes. Ela fez tudo o que ele lhe pediu incondicionalmente, continuou com a farsa que ele criou, mesmo estando com raiva, mesmo sabendo que ele iria se casar.  Ele a havia convertido em uma versão dele. A fez  suas promessas de ética em seu discurso de formatura. A fez trair a educação dos Pinzón. E tudo por ele, por amor e lealdade a ele. E ainda ele lhe pedia paciência, que suportasse vê-lo com Marcela. Essa mulher é um anjo. Não merecia o que estava sofrendo!  Assim pensaba Armando.

  Todos estavam felizes com números tão favoráveis.

—Isso é muito bom, filho!  Vejo que vai mesmo cumprir seus objetivos!  -disse Roberto, orgulhoso.

Daniel olha sério e começa a bater palmas.

—Muito bem! Muito bem! –com cinismo -Eu nunca pensei que Armando pudesse ser bom em outra coisa além de ser mulherengo! Estou surpreso, Armandito!

  Todos estavam assustados, Daniel não era de elogiar Armando,  não percebiam o tom cínico em sua voz.

  Armando e Beatriz não estavam nada felizes porque sabiam que tudo era uma farsa. Mario por outro lado, apesar de saber que era uma farsa, seu ego não permitiu que ele se sentisse mal.

—Muito bem, Armando! Perfeito! Bravo! Muito bom ator! Daniel aplaudia com veemência.

 

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