All of me² escrita por beanunees


Capítulo 4
Quattro


Notas iniciais do capítulo

Como eu disse a todos, a maioria dos capítulos foram alterados por eu tentar por coerência e bater com a realidade.
Espero que gostem, boa noite a todos.



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Rebeca Matter 

 

Mesmo passando uma semana depois da festa, meu pai ainda continuava insuportável com os horários e por mais chato que fosse, aquilo era o normal dele, então era engolir aquilo e fingir que nada aconteceu. 

Hoje eu acordei do jeito que vim ao mundo, sem paciência e com vontade de chorar e gritar com qualquer pessoa que me irritar e também não posso me culpar por estar tão azeda, afinal eu estava na TPM. E para começar bem o dia, eu acordei minutos antes do despertador tocar e não consegui dormir mais um pouco, o que assustou minha mãe quando ela entrou no quarto, pois ela sabe que a princesa dela dorme mais que a cama. 

Tomei meu banho quase me arrastando e para me ajudar ainda mais, o tempo estava chuvoso e frio, ou seja, a vontade de ir para a escola era mínima e eu estava quase inventando uma desculpa para não poder ir. Mas conhecendo meus pais, eles me levariam ao hospital se eu dissesse que estava doente e logo eu seria desmascarada. 

Desci suspirando horrores e pedindo a Deus para que ninguém entrasse no meu caminho hoje para me incomodar e me levando a ser extremamente grossa e agressiva. Cheguei na cozinha e vi meus pais tomando seus respectivos cafés em silêncio e eu logo percebi que não era só o tempo lá fora que estava nublado. 

— Bom dia, família. 

— Bom dia, querida. Dormiu bem? — Respondeu minha mãe 

— Não muito, mãe. Meu período tá para chegar e você sabe como eu fico. — Encaro meu pai e percebo que ele não me respondeu e ainda continua grudado com a cara no celular. — Bom dia, pai. 

  — Bom dia. Respondeu meu pai curto e grosso 

Comi uma fatia de bolo de chocolate e tomei uma xícara de café, quando olhei no relógio e já passava de sete e quinze da manhã e eu precisava escovar os dentes e correr para conseguir pegar minhas coisas para sair e foi o que eu fiz. Chegando na garagem, minha mãe já me esperava dentro do carro pronta para partir. 

— Que bom humor o dele, hein. Não tinha como ser mais gentil. — disse rindo assim que fechei a porta do carro. 

— Hoje ele acordou todo nervoso por conta de uma reunião com os acionistas da empresa, mal falou comigo. Você sabe como ele fica em dia de reunião importante, então é melhor deixar ele pra lá. — Apenas assenti e não questionei sobre mais nada durante o trajeto, apenas fiquei cantarolando as músicas que tocavam na rádio. 

 

A chuva estava cada vez forte e eu desejava fortemente para que ela parasse, eu odiava dias assim e mais ainda quando eu não podia ficar em casa embaixo das cobertas. Assim que paramos na porta da escola, eu me despedi da minha mãe e ela pediu para conseguir uma carona na volta pois ela iria para fora da cidade resolver uns problemas relacionado aos nossos vistos. 

Entrei na escola orando para que as horas passassem rápido para que eu pudesse voltar para minha cama, eu realmente não estava no clima de socializar com ninguém hoje. Abri meu armário pegando o material da primeira aula e senti o cheiro de café invadir todo o meu ser e logo recebi um beijo no pescoço e eu já sabia quem era que estava atrás de mim. 

 

— Bom dia, Nicolas. Tudo bem? — digo e ele me abraça por trás. 

— Bom dia, becks. Eu estou bem e você? Dormiu bem? 

— Não muito e você? — Pergunto me virando e o encarando. 

— Como um anjo, cheguei até a sonhar. — Me entregou o copo de café e deu um beijo na minha testa. — Espero que acorde com isso, está com uma carinha muito emburrada. 

— Você sabe que fico assim quando não tomo a quantidade de café adequada para esse horário. — Sorrio e ele pega minha mochila e coloca nas costas. 

 

Quando o sinal bateu, fomos andando para a longa aula de matemática e no meio do caminho o treinador Gilbert chamou o Nicolas e eu tive que seguir sozinha, não que eu esteja perdida, eu já sabia me localizar sozinha mesmo com pouco tempo. Assim que eu entrei na sala, vi que o professor não estava de bom humor assim como eu, então nem fiz questão de cumprimentar e passei direto. As cadeiras da frente estavam todas ocupadas e quando eu olhei para o fundo, vi o Ian acenando. 

— Bom dia, Matter. 

— Bom dia, Ewerling. — Sorri e fui em sua direção 

— Senta aqui com a gente, tem duas cadeiras vazias. — Uma para mim e outra para o Nicolas, presumi. 

 

Quando eu estava quase chegando, a Jordana se levanta numa rapidez que não tive tempo de desviar e quase que eu dei um banho de café nela e aquilo seria o estopim para ela surtar e o circo armar no meio da sala de aula fazendo o senhor Jones entrar em um colapso nervoso e ninguém queria assistir aquilo, então eu respirei fundo. 

 

— Por um acaso da vida você ficou cega por um instante? Quase derrubou café em cima de mim, idiota. 

— Ih garota, que mal humor logo cedo. Desculpa, você levantou muito rápido e eu não consegui desviar. 

— Então trate de ter os reflexos mais rápidos pra eu não ter que olhar para sua cara. Aliás já que estou olhando, tenho um recadinho para você. Fica longe do que é meu, entendeu? 

— Olha meu bem, você teria que ser mais específica. O que seria seu? A cadeira ou a sala de aula? — pergunto debochada e ela me olha com uma cara de quem queria me matar. 

— Não precisa dar uma de maluca, você sabe muito bem de quem eu estou falando, mas se não entendeu, eu explico. Se afasta do Nicolas. 

— Ah sim, agora está explicado. Já que ele é seu, porque não faz xixi em volta dele pra marcar o território? — virei a cara e saí andando, nem dando ela o direito de pensar em algo para responder. 

 

É nessas horas que eu sei que se isso fosse um teste de Deus para poder entrar no céu, talvez eu reprovaria facilmente. A realidade é que eu nem sei o que está acontecendo entre nós dois, então fica impossível de rotular o que seja isso. Quando me sento na cadeira, eu fecho os olhos e peço intervenção divina pela minha paciência para que eu não possa agredir ninguém até o fim do dia. 

 

— Qual foi a da Hildebrandt? Uma hora dessa da manhã ela já quer dar chilique por causa de homem. 

— Bom, ela quis deixar claro que o Nicolas era dela. Eu só não sei se ele sabe disso, mas se ela disse quem sou eu para discordar 

 

Caímos na gargalhada até tomarmos um susto com tapa que o professor deu na mesa pedindo silêncio da turma. Meu telefone vibrou indicando que eu havia recebido uma mensagem e eu logo tratei de ver quem era e sorri ao ver de quem era. 

“Espero que esteja livre mais tarde, planejei uma surpresa para nós na hora da saída, não saia correndo como sempre. Logo depois eu te levo para casa, fechado? Ewerling” 

 

Olhei para ele e apenas concordei e para o meu azar o professor também viu e ficou me encarando até eu me tocar. 

 

        — Eu realmente espero que a mensagem que a senhorita recebeu seja muito importante e se eu te ver com esse celular na mão novamente, seus pais terão que visitar o campus. 

— Desculpa, professor. Isso não irá se repetir, não precisa chamar meus pais. 

— Acho muito bom mesmo. 

 

Aqueles 45 minutos nunca se arrastaram tanto em toda a minha vida e para ser sincera, eu não estava conseguindo prestar atenção em nada no que era falado, eu realmente não estava no meu melhor mood. Finalmente a sirene soou e eu consegui respirar aliviada, agora era a hora da melhor aula da semana: biologia. O professor sempre estava de bom humor, sempre dizemos que a vida amorosa dele está indo de vento em poupa. 

— Bom dia, meu respeitável público. Estão todos bem e preparados? Podem colocar esses livros aqui, meus queridos. Muito obrigado — disse para os alunos que vieram junto com ele carregando os livros. 

— Bom dia, professor O’ Malley. Respondemos todos juntos em um coro muito bem afinado. 

— Como eu amo a energia de vocês, então vamos começar. Peguem os livros aqui e abram na página 47. 

 

Mesmo tendo dois períodos com ele, a aula nunca ficava puxada, pois ele conseguia manter a gente focado e ao mesmo tempo brincava e nos fazia rir. Eu tentei arrancar toda a informação possível do Ian e mesmo assim ele não abriu o jogo e aquilo estava me deixando mais curiosa, eu estava torcendo para que envolvesse comida, pois com toda certeza iria sair morrendo de fome no último período. 

No momento que o sinal anunciou o final da aula, todos saíram numa correria como se tivessem que salvar alguém da forca, bom, menos eu que ainda estava guardando tudo dentro da mochila e esperando o movimento dos corredores diminuírem para poder sair mais tranquila. Antes de sair da sala eu recebi uma mensagem do Nicolas dizendo que ele precisou ir embora, pois havia acontecido um problema em casa e que ele me contaria com calma quando pudesse e desejou um ótimo dia. Eu estava ficando preocupada, mas não queria dar uma de maluca e encher o menino de mensagem querendo saber o porquê do sumiço dele. 

Com o tempo que eu demorei, eu previ que o Ian havia cansado de me esperar e tinha ido embora, mas quando cheguei mais perto do meu armário o vi sentado no chão me esperando e eu achei aquilo a coisa mais fofa do universo, ele devia estar morrendo de fome. 

 

— Estava quase dormindo de tanto que esperei, porque demorou tanto? — perguntou se levantando do chão com o meu apoio. 

— Eu estou começando a achar que você e o Nicolas fazem aulas de teatro juntos, é muito drama para duas pessoas. — Digo rindo e abro meu armário para pôr minhas coisas — Estava guardando meu material e recebi uma mensagem, além de esperar o movimento diminuir para não andar no meio do formigueiro. 

— E sou eu que faço drama, demorou maior tempão. Vamos que tempo é dinheiro, senhorita. 

— Vamos, senhor apressadinho, antes que você entre me um colapso mental. 

— E depois eu que faço toda uma encenação, dona Rebeca. 

 

Caminhamos até seu carro que estava no final do estacionamento, o que me fez andar demais e aquilo já havia cansado a minha beleza, mas entramos no bendito carro e fomos em direção ao centro cantando bem alto todas as músicas que estavam tocando no rádio. Ele estacionou ao lado do parque e do outro lado da rua tinha o restaurante que eu sempre quis ir e do nosso lado mais a frente tinha uma barraquinha de cachorro quente. Pelos meus poderes psíquicos, deduzi que íriamos comer um hot dog do tio e também meus poderes me contaram que eu só tinha somente 20 dólares na bolsa. 

Assim que saltei do banco do carona, segui reto para a barraquinha e ele ficou parado me encarando antes de fechar o carro e ativar o alarme e continuou a me encarar e eu abri os braços questionando o comportamento dele. Ele começou a rir 

— Para onde pensa que vai, becks? 

— Pensei que fossemos comer cachorro quente, não vamos? 

— Não, meu amor. Nós iremos comer comida italiana, pois sei que a senhorita gosta. 

— Uau, não cansa de me surpreender. Isso aqui é chique demais, quero nem ver quanto dará a facada. 

— Vamos, senhorita Matter. Não precisa se preocupar com o que iremos gastar. 

— Vamos, senhor Ewerling. 

 

Ao entrarmos no restaurante, a recepcionista nos atendeu e mostrou a nossa mesa que ficava em frente a uma enorme janela de vidro e a vista dela dava direto pro parque onde tinha várias pessoas praticando exercícios e crianças correndo que nem doidas. O garçom nos trouxe o cardápio e eu quase tive um infarto com o preço das coisas e eu não sabia dizer como não tinha muito dinheiro. 

 

— Eu lhe disse que não precisa se precisava se preocupar com os preços. 

— Como não me preocupar, tudo aqui é caro e eu estou com quase nada de grana e meu pai ainda não me cedeu um de seus cartões sem limites. 

— Por um acaso você já ouviu a frase “quem convida, paga”? — disse com um sorriso vitorioso. 

       — Muito bem, senhor Ewerling. Prepare o seu melhor cartão, pois eu irei lhe dar um prejuízo gigantesco. 

— Às vezes eu acho que quem faz as aulas de teatro é você, cada dia aparece mais engraçadinha e cheia de piadas. 

 

Nós começamos a rir e logo o garçom veio anotar os pedidos e por antecedência se desculpou alegando que os nossos pedidos demorariam pois só tinha somente dois chefes trabalhando hoje e o restaurante estava cheio, mas como brinde ou obrigação, deixaram uns pães em miniatura para degustação. Nosso pedido chegou cerca depois de 25 minutos depois e para ser sincera, nós nem percebemos o tempo passar, pois conversamos o tempo todo e brincamos um com o outro. 

Comemos em silêncio o nosso prato principal e na hora da sobremesa voltamos a conversar e a brincar. O Ian era uma pessoa extremamente incrível e eu me divertia sempre que estava com ele, a segurança que ele transmitia me deixava 100% mais tranquila em relação a todo o resto. A realidade é que ele estava se esforçando para que eu me sentisse em casa, mesmo que eu estive bem longe dela. Ele se tornou uma pessoa muito especial para mim, assim como todos os outros, mas havia algo nele que me intrigava, eu sentia que ele queria algo a mais do que ele já tinha. 

Depois de pagarmos a conta, ele foi todo educado e fez questão de abrir a porta do restaurante e a do carro.  


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