All of me² escrita por beanunees


Capítulo 2
Due




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Cheguei em casa e subi direto para o meu quarto, passei pela minha mãe que estava no escritório esvaziando algumas caixas que ainda faltavam da mudança e dei um beijo nela e fechei a porta logo assim que entrei. Coloquei minha mochila no canto do lado da minha escrivaninha que por sua vez tinha inúmeras caixas em cima dela me esperando para organiza-las, mas quem liga? Me joguei com tudo em cima da cama e tirei o celular do bolso e o coloquei no criado mudo e fechei os olhos por alguns instantes, respirando fundo. Alguns minutos depois, meu telefone vibrou anunciando que havia chegado mensagem e um sorriso idiota surgiu no meu rosto por saber de quem era a maldita mensagem. 

 

“Espero que tenha sobrevivido ao seu primeiro dia de aula, o endereço é May 13th street, number 5003. Começa as oito, mas sinta-se à vontade de chegar a hora que quiser. Não esqueça de guardar uma dança para mim. Nicolas.” 

 

 

Sorri e salvei o seu contato, mas não respondi pois queria fazer a linha “sou difícil” e coloquei o telefone de volta aonde estava e corri para o meu armário para tentar escolher alguma roupa descente para poder sair, quando minha mãe entrou no meu quarto com mais duas caixas para empilhar junto com as outras. 

 

— Rebeca, a senhorita pode me explicar o que está acontecendo? Pretende sair para onde escolhendo roupa nessa agonia toda? Você nem me contou como foi o seu primeiro dia. 

— Não aconteceu nada, mãe. Meu primeiro dia foi incrível, conheci pessoas muito legais e isso inclui o menino mais popular do colégio e ele me convidou para a festa de volta as aulas que acontece na casa dele todo ano. E como eu sou aluna nova, eu fui convidada e para isso eu preciso de uma roupa bonita para não passar vergonha. 

— Festa no primeiro dia, Rebeca? Você sabe que amanhã tem aula. 

— Eu sei, mãe. Você sabe o quanto sou responsável e eu prometo que chegarei antes da meia noite. 

— Sei não, hein mocinha! Vou confiar em você, mas tem que cumprir o horário. Nem acredito que você foi convidada para sua primeira festa da escola. Avise quando for a hora de te levar, estarei a postos. 

 

Concordei e joguei um beijo no ar para ela e logo depois disso eu estava sozinha novamente, eu revirei aquele armário de cabeça para baixo e nada que eu encontrasse estava me satisfazendo, depois de horas e desistindo mentalmente de ir e bolando uma desculpa aceitável por não aparecer, eu decidi olhar pela última vez e achei um vestido lindo ao qual quase nunca usei, separei um par de saltos que combinavam com ele e uma bolsa. 

Olhei para o relógio e vi que faltava apenas 20 minutos para as 20 horas e nesse momento eu corri para o banheiro e tomei um banho relaxante e quase perdi a hora novamente, porque sim, eu amava tomar banho. Me maquiei em tempo recorde e me arrumei mais rápido ainda, passei meu perfume favorito e dei mais uma olhada no espelho e eu estava incrível. 

 

            — Rebeca sweetheart, já está pronta? São quase 20:30 hrs. 

            — ESTOU QUASE, MOMMY! — gritei do meu quarto abrindo a porta — Não quero ser a primeira a chegar na festa. 

            — Aqui não tem essa de ser o primeiro a chegar não, menina. E não precisa gritar que não sou surda. Vamos? 

             — I'm sorry for yelling, mom. Mas eu me preocupo com isso, não quero que eles pensem que nunca fui em uma festa. 

 

Fechei a porta do quarto e encarei meu reflexo no espelho do corredor, meu cabelo estava preso numa trança e meu salto preto combinando com o vestido que era nude e minha bolsa preta, para completar, coloquei uma argola prata e verifiquei mais uma vez como estava minha maquiagem. Eu realmente fiz milagre em pouco tempo. 

Descemos até a sala aonde meu pai estava com a tv ligada no jornal local e mexendo no notebook, provavelmente mexendo em alguma planilha. Minha mãe me girou e sorriu orgulhosa da obra prima que ela colocou no mundo. 

 

       — Assim você vai conquistar a atenção de todos os meninos bonitos da escola inteira. — disse ela sorrindo. 

       — Também não precisa exagerar, assim eu fico com vergonha. 

       — Espero que não volte muito tarde, você sabe que tem responsabilidades a serem cumpridas. — Disse meu pai sem sequer tirar o olho da tela. 

 

Assenti e puxei minha mãe rumo a garagem. Entramos no carro e logo demos partida com as instruções do GPS para poder chegar ao destino final. 

      

          — Filha, alguém vai te dar carona? Ou eu preciso vir te buscar? 

          — Não mommy, o Ian ficou de me dar uma carona para casa antes da meia noite. 

 

Assim que paramos em frente à casa do Nicolas, ela me deu um beijo na bochecha e logo disse 

      

         — Juízo, minha doce Rebeca. 

         — Pode deixar, minha doce dona Adriana. 

 

A relação com a minha mãe sempre foi única, ela era minha confidente desde que me entendo por gente, muito diferente da que eu tenho com meu pai. Quando saltei do carro e fui andando em direção ao jardim com um bando de adolescente que provavelmente desconhecem a palavra senso e estavam bebendo sem pudor algum e quando entrei na casa, chequei meu celular e vi que ainda era 20:50 hrs e ainda não enxerguei ninguém conhecido até o atual momento. 

Olhei ao redor novamente e senti uma mão fazer uma pressão em meu ombro e logo me virei para ver o que era 

 

       — Oi Becks, tudo bem? Posso te chamar assim? 

       — Oi Nicolas, claro que pode! Eu estou bem e você? 

       — Agora está tudo perfeito. — respondeu com um sorriso de canto muito malicioso. 

       — Sabe se o pessoal chegou? A casa está lotada e eu ainda não enxerguei ninguém. 

       — Eles estão no melhor lugar da festa inteira, te dou uma bala se você adivinhar. — Ele sorri tirando uma bala do bolso 

        — Bom, levando em conta que eu não conheço todo mundo bem, mas sei que todos os adolescentes querem somente uma única coisa em festas. 

        — E o que seria isso, a senhorita pode me dizer? — disse me girando conforme a batida da música que ecoava de dentro da casa. 

        — Além de sexo e drogas, as pessoas vêm para festas para beber. O que me leva a crer que eles estão aonde se localiza toda a bebida. 

        — Além de linda, cheirosa, ela ainda é inteligente. Devia investir na carreira de detetive, o que acha? — disse me entregando a bala e me roubou um selinho 

         — Isso não vale, Nicolas. — Digo extremamente sem graça e provavelmente minhas bochechas deviam estar vermelhas igual a um morango. 

         — Deveria ter previsto isso, detetive Matter. Vem vou te levar até eles. 

 

Ele me guiou até uma enorme mesa completamente cheia de bebidas e como o previsto, todos estavam lá rindo horrores. Ian conversava com o Maiquel, que por sua vez parecia uma criança ganhando um pirulito de tanto que ria. Thiago e Horrana estavam se beijando num cantinho um pouco afastado do resto e Gey parecia estar no mundo da lua com um copo na mão e olhando para casa em si. Falei com todo mundo e todos ficaram muito feliz em me ver ali e diziam coisas do tipo “eu disse que ela viria” ou “achei que ela não fosse tão corajosa” e por fim depois de falar com todos, reparei que a Geysa continuava isolada de todos, então a puxei e comecei a puxar assunto com ela. 

 

— Ei GK, tá tudo bem? — Perguntei como quem não queria nada, mesmo querendo saber o porquê ela estava tão isolada. 

— Oi Becks, estou bem e você? Quer que eu prepare algum drink para você? — disse uma forma toda delicada. 

— Estou bem, obrigada por perguntar. Se tiver perdido por aí, quero uma gin tônica. — Respondi e assentiu sorrindo e começou a procurar na mesa os ingredientes. 

 

Assim que ela me entregou, eu dei um gole e começou a tocar “7 rings” da Ariana Grande e eu a puxei para dançar. Não me pergunte com que intimidade eu fiz isso, mas era uma das minhas músicas favoritas e eu precisava dançar. Ela sequer pensou duas vezes e foi correndo junto comigo. Cantamos e coreografamos toda a música, até o Nicolas aparecer e chamar ela para um canto. 

           

       — Hey G! Preciso de um favor seu, can you help me? 

       — Of course, Nick. O que você precisa? 

       — Pode procurar o Ian para mim, eu não consigo o encontrar em lugar nenhum. — Ele sussurrou mais alguma coisa que eu não consegui ouvir. 

 

Ela apenas concordou e saiu marchando casa a dentro e sumindo no meio da multidão, me deixando sozinha com o Nicolas e eu não sabia o que fazer, então continuei a dançar a música estranhamente sensual que estava tocando ao fundo e a torta do climão estrava cada vez maior. 

 

        — Posso falar com você? Mas queria um lugar mais calmo, posso te levar para outro lugar? — Disse sério e eu esperava que o lugar calmo não fosse o quarto dele, o que seria a coisa mais previsível do mundo. 

           — Claro, mas antes de ir, o quer falar comigo? 

           — Quando chegarmos ao local eu te digo, prometo. 

     

Ele segurava minha mão e foi me guiando para os fundos da casa aonde tinha um balanço e alguns metros à frente uma piscina, sentamos quase que ao mesmo tempo no balanço e ele balançou como o esperado e o vento que soprava sob nós era muito bom. Nicolas me encarava como se estivesse se preparando para falar algo e aquilo estava me dando nos nervos. 

 

         — Então, o que queria me dizer e porque precisava ser aqui? — pergunto curiosa. 

              — Na realidade eu estou tentando encontrar palavras para poder expressar o que eu quero, mas a verdade é que eu não quero falar e sim fazer algo. 

 

Eu o encarei e percebi que ele estava cada vez mais próximo de mim, seu nariz tocou o meu e as nossas respirações acabaram se misturando. Ele colocou a mão em meu rosto e quando eu percebi, estávamos nos beijando — Oi?? Nicolas, o garoto mais popular da escola estava me beijando, logo eu que não sou ninguém — sua língua pediu passagem e eu cedi sem nem pensar duas vezes. Suas mãos estavam passeando entre minha nuca e minha cintura e as minhas estavam em seus cabelos e meus amados, aquele beijo estava incrivelmente bom, mas eu tive que parar por falta de oxigênio. 

 

      — Por mais que isso esteja maravilhoso, isso não é certo. — Digo colocando a mão no peito tentando falar e respirar ao mesmo tempo. 

         — Porque? Vai me dizer que você tem um namorado perdido no Brasil? — Ele pergunta confuso. 

               — Que mané namorado perdido no Brasil, é que a gente mal se conhece. Ou você beija todas as pessoas que você mal conhece? 

        — Eu queria fazer isso desde a hora que te esperei no seu armário hoje de manhã. Mas eu não tive coragem, eu fico que nem um idiota perto de você. 

          — Nicolas, seja lá o que for isso, tá indo rápido demais. Me desculpa. 

 

Me levantei do balanço andando de cabeça baixa e olhei para trás e ele continuou a me encarar e eu segui para dentro da casa sem saber o que tinha dado em mim, era apenas um beijo idiota. 

 

                                        Nicolas Turquetti 

 

Ela saiu dali e ainda teve a coragem de olhar para trás e naquele momento eu fiquei sem entender nada, mesmo achando que tenha assustado a pobre coitada, eu precisava daquilo, eu precisava beijar ela. Assim que a vi entrar na sala de aula, eu fiquei bobo com tamanha beleza dela, o jeito todo tímido dela, eu não sei explicar. Meu coração acelerou, minhas mãos suavam frio e naquele instante eu coloquei na mente que eu precisava ter ela para mim em algum momento. 

 

Flashback on 

“— Good morning, class. Temos uma aluna nova, seu nome é Rebeca Matter, quero que vocês sejam gentis e a façam se sentir à vontade.” 

Flashback off 

 

Fui para dentro de casa para ver se conseguia localizar ela e ao menos me desculpar por ter sido um completo retardado com ela. Procurei nos lugares óbvios e não achei, pensei dela estar com o Ian, mas ele também estava sumido e daí veio um clarão na mente. Seria possível ela estar tendo um crush pelo Ian e por isso me ignorou? Meu Deus, eu realmente espero que eu não tenha feito alguma estupidez. Encontrei com a Hana que estava segurando dois copos e se balançando ao mesmo tempo no ritmo da música. 

 

          — E aí meu docinho de jiló, por um acaso você viu o Ian ou a Becks? 

         —  Vai a merda antes que eu esqueça, mas seu melhor amigo foi ao banheiro com meu namorado e a Rebeca foi para o jardim alegando que queria respirar ar puro e até agora não voltou. 

           — Muito obrigada por responder com essa riqueza de detalhes. 

        — Sempre as ordens, capitão. Só não quero que todo o drama se repita. — Eu a encaro sem entender o que ela quis dizer com aquilo e obviamente fingi demência. — Você sabe muito bem do que e de quem estou falando. 

 

Balanço a cabeça em negação e saio andando em direção ao jardim e fiquei impressionado com a quantidade de pessoas que nunca vi na vida dentro da minha casa. Quando eu a encontro, vejo que ela está sentada no muro da varanda olhando para o nada com um copo na mão. Sento do seu lado e ela se assusta com a minha presença, por provavelmente estar no mundo da lua. 

 

          — Hey Becks, está chateada comigo? — a questiono e ela me olha com uma expressão serena 

           — Não estou, eu só precisava raciocinar um pouco e analisar o drama todo que eu fiz por conta de um beijo. 

            — Sobre o beijo, eu queria me desculpar. Foi muito sem noção da minha parte te beijar sem saber se você estava afim. 

            — Não precisa se desculpar, eu não esperava o beijo. Mas reagi de uma forma um tanto exagerada. 

             — Posso te pedir uma coisa? Se não for muita cara de pau da minha parte. — Ela dá risada que era extremamente gostosa de se ouvir. 

             — Claro que pode, seu bobo. 

             — Poderíamos voltar lá dentro e dançar aquela música que você me prometeu? 

              — Promessa é dívida, meu caro. Com toda certeza podemos voltar lá e dançar. 

 

Levantei-me e estiquei a mão para ela poder se levantar e me seguir até a pista de dança. 


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