Drica estava parada ou melhor congelada. Desde que escutou o que Embry disse ela simplesmente caiu sentada com o olhar desfocado e sem nem ao menos piscar. Os garotos estavam confusos e se entreolham e olhavam Drica ali. Eles não sabiam o que fazer, não sabia o que tinha acontecido com ela. Eles a chamaram, sacolejaram, até bateu tampas de panela próximo a ela e nada. Já tinha uns quinze minutos que ela estava assim e eles começar a ficar assustados.

— Acho melhor a levarmos ao médico!

Embry diz aos amigos encarando Drica.

— Não acho uma boa ideia levá-la ao Dr. sanguessu...

Drica levanta olha em cada um, corta volta deles e começa a ir em direção à saída. Quando ela escuta seu nome e para.

— Drica tá tudo bem?

Embry pergunta preocupado.

— Sim. Amanhã depois do café estudamos.

Drica responde sem nem ao menos olhá-lo.

— Mas...

Embry ia questionar mais Drica o interrompe.

— Amanhã.

Drica sai, não antes de escutar Jake dizer" Cara, ela é sinistra" e Quil "Ela me dá medo".

Drica vai direto pra praia. Ela precisava nadar.

E precisava pensar. O mar e o lobo a acalmava, mas ela não queria companhia de ninguém nem do lobo.

Depois nadar por algumas horas, ela resolveu voltar julgando ser tarde o suficiente para não se esbarrar com ninguém.

Drica soltou um suspiro aliviada por ver a casa escura, não teria que ver ninguém. Ao passar pela sala, quando estava indo em direção a seu quarto. Drica leva um susto quando a luz de repente se acende, a fazendo virar onde ficava o interruptor. Emily se encontrava no local com uma cara nada boa.

— Onde você estava? Eu estava preocupada, os garotos disseram que você ficou em estado de choque por alguns minutos antes de sair sem dizer nada, nem pra onde ia.

Emily dispara a falar, deixar Drica confusa.

— Eu disse a eles que estava bem.

Drica fala e Emily a encara vindo em sua direção.

— Olha eu sei que eu não sou sua mãe e nem nada, mas eu me preocupo. E tá tendo vários desaparecimentos e morte aqui nas redondezas. Só não sai sozinha a noite, tá bom?

— Tudo bem... Eu estava nadando.

Ela responde.

— Oh! Você deve estar congelando, o mar essa hora é muito gelado. Vem vai to...

Emily começa a falar e agarra pelo braço e a olha surpresa por ela estar quente, muito quente.

— Você tá se sentindo bem?

Emily pergunta

— Estou sim, por quê?

Drica responde sem entender.

— Você está muito quente, será que não está com febre? Eu vou pegar o termômetro. Qualquer coisa eu ligo pro Sam e levamos você no hospital.

Emily diz preocupada.

— Eu estou bem, Emily. Não precisa de termômetro, nem hospital tá legal.

Ela responde sem entender o porquê de estar quente, logo ela mexe as mãos abaixando sua temperatura sem Emily perceber.

— Você realmente está bem? — Emily pergunta colocando a mão na testa de Drica e a olha confusa — Achei que estava quente, mas está normal. Só um pouco fria.

— Estou bem, viu. Eu estava nadando, mas quando anoiteceu eu sai da água e fiquei na praia acabei perdendo a noção do tempo. Vou tomar um banho pra me aquecer.

Drica diz e Emily apenas concorda. E ela sobe toma banho e depois vai deitar.

Ela fica pensando o porquê dela estar quente. Será que só aconteceu hoje ou ela tá quente assim desse a lua cheia? Como ela não percebeu. Será que as meninas também estava assim? Ela decidiu que amanhã mandaria uma mensagem pra elas.

No outro dia Drica é acordada por Emily avisando que os garotos já tinham chegado. Resmungando Drica desceu pra se encontrar com eles. Eles estavam estudando e tinha um tempo que Drica reparou que eles ficavam a encarando quando ela não olhava. Parecendo que queria falar algo.

— Tá o que foi? Eu estou com alguma coisa na cara por acaso?

Drica explodiu olhando os três.

— Não, nada. É só que...

Jacob começou

— Só que o quê, Jacob?

Drica perguntou

— Embry...

Jacob chamou o amigo que apenas ficou calado.

— Embry quer falar com você.

Jacob continua vendo que o amigo se acovardou.

— Então fala logo Embry.

Drica disse

— É hm... o pessoal vai reunir hoje e queríamos que você...

Embry começa a falar e Drica o interrompe

— Não.

— Mas é que to...

Embry tenta convencê-la mais é interrompido novamente

— Embry, não! Será quantas vezes eu vou ter que falar pra você entender que eu não quero sair pra lugar nenhum, muito menos pra uma festa com você e seus amigos idiotas.

Drica fala irritada pela insistência do garoto, desde que chegara a Forks ele insiste em chamá-la pra sair. Toda vez que ele começa com "o pessoal vai reunir hoje", "os garotos estão pensando" ou "a gente queria que você viesse" ela nem dava a chance dele terminar de falar e só respondia com "não", "cai fora" ou "não tô afim".

— Hey! — Jacob exclama indignado.

— Ainda bem que não é pra uma festa então.

Embry diz chamando a atenção dela.

— É o que então?

Drica pergunta

— Uma fogueira. Os anciãos da tribo se reúnem pra contar as lendas do nosso povo.

Embry diz fazendo Drica pensar.

— Tem comidas e bebidas também. — completa.

— Lendas?!

Drica diz mais pra si mesma e Embry afirma com a cabeça.

— Tá. Que horas?

Drica fala.

— Eu te busco...

— Não. Me fala a hora e local. Eu me viro.

Drica fala fazendo Embry arregalar os olhos e os outros dois soltar uns risos.

— Vai fazer uma fogueira na praia perto da casa do Jacob às 20:00 hrs. Billy que contará as histórias.

Embry diz

— Ok. Agora vamos terminar logo isso que eu não tenho o dia todo.

Drica fala e todos ficam calados voltando atenção ao caderno de Embry. De vez em quando os três se olhavam e soltavam risinhos baixos e Drica revirava os olhos toda vez que isso acontecia.

Os garotos já tinham ido e Drica estava na cozinha com Emily ajudando fazer os lanches para levar.

— Então... Embry disse que finalmente você vai a fogueira.

Emily fala arrumando os bolinhos na forma.

— É vou... bom se eu soubesse que era uma fogueira para contar lendas eu já tinha ido.

Drica fala e Emily para de ajeitar os bolinhos para olhá-la.

— É que meio que... achei que estava me chamando pra sair.

Drica fala envergonhada por tal suposição.

— E se fosse, que mal teria nisso?

Emily pergunta

— Vários...hm... Emily eu vou me arrumar senão eu vou atrasar vocês.

Drica meio desconversa e sai antes de Emily perceber.

A verdade é que ela não sabia se voltaria a confiar de novo em alguém, para deixá-lo se aproximar.

Já estavam todos envoltas da fogueira esperando Billy começar as contar as histórias e lendas. Drica estava sentada perto de Emily e Sam, quando Embry veio e sentou ao seu lado.

— Já vai começar. Espero que goste.

Ele sussurrou e Drica acenou e voltou seu olhar ao senhor de cadeira de rodas, que ela ficou sabendo ser Billy e ao velho frágil e de cabelos brancos ao seu lado o "Velho Quil" avó de Quil.

Billy contou que seus ancestrais primeiro eram espíritos guerreiro, o qual seus espíritos saiam dos corpos e eles vigiavam suas terras de invasores e protegiam seu povo. Algumas décadas depois, ficou conhecido por ser um homem de paz e sabedoria Taha Aki era o primeiro grande "Espírito Chefe". Utlapa era um dos guerreiros espíritos mais fortes do chefe, mas era ganancioso. Ele queria expandir sua magia e conquistar as terras dos povos vizinhos e escravizá-los. Só que agora quando os guerreiros se transformavam em seus espíritos podiam ouvir os pensamentos uns dos outros. Taha Aki viu o que Utlapa sonhava e ficou bravo. Taha Aki o expulsou da tribo e o proibiu de usar seu espírito de novo.

"Mas Utlapa planejava se vingar. Um dia seguiu o Taha Aki enquanto ia trabalhar e o observou a usar seu espírito. Quando estava longe Utlapa usou seu espírito e na mesma hora Taha Aki soube do plano e voltou, mas já era tarde. Seu corpo havia sumido e o corpo de Utlapa estava com a garganta cortada sem lhe deixa opções. "

"Utlapa havia proibido o povo de usar seus espíritos alegando que tinha tido uma visão do perigo. Não ajudava mais, nem trabalhava. Casou-se com várias outras mulheres. Taha Aki via tudo sem nada poder fazer. Um dia ele trouxe um lobo feroz para matar seu corpo e poder libertar seu povo dos desmandos de Utlapa, mas o lobo acabou matando um jovem que estava protegendo seu falso chefe. Então ele ordenou que o lobo fosse embora."

"Então Taha Aki ficou vagando pelas terras sem nada poder fazer. Sua vida tinha se tornado um martírio, ele sentiu que estava sentenciado a nunca cruzar a linha para a terra final onde todos os seus ancestrais esperavam, preso naquele nada torturante pra sempre. O grande lobo o seguiu. Taha Aki de repente ficou com inveja do animal. Pelo menos ele tinha um corpo. Pelo menos ele tinha uma vida. Até a vida como um animal seria melhor do que essa horrível consciência vazia. E aí Taha Aki teve a ideia que mudou todos nós. Ele pediu ao lobo que dividisse o espaço com ele, pra compartilharem. O lobo permitiu. Taha Aki entrou no corpo do lobo com alívio e gratidão. Não era o seu corpo humano, mas era melhor do que o buraco negro do mundo dos espíritos."