Drica havia tido uma manhã bastante agradável. Ela e Kim passaram a maior parte do tempo conversando o que resultou em várias broncas dos professores. Ela ficou com aquela história de imprinting na cabeça. Kim a havia dado algo a se pensar.

Por mais que fossem apenas lendas, eles cresceram escutando e isso explicaria o fato de Embry ficar atrás dela desde o início. Talvez ele achava estar apaixonado por ela por causa dessa magia — na qual ela não sabia nada — apenas que era algo como amor à primeira vista.

Jake avisou que hoje teriam serviço, e Drica ficou bastante feliz de poder trabalhar onde gostava. Quando terminaram as aulas ela e Embry seguiram para oficina, Drica notou que Embry estava meio tenso, mas não questionou. Eles passaram boa parte da tarde fazendo a revisão de um chevrolet Malibu SS 1973.

O carro tinha a coloração azul e parecia recém-pintado. Era bem espaçoso e tinha um motor potente da época era um 454, dispunha de um torque descomunal com transmissão mecânica. O motor parecia que fora restaurado a pouco tempo.

Drica desvia o olhar do carrinho de ferramentas e começa a olhar em volta à procura de Jacob, pois lembrou querer conversar com ele. Drica se arrependeu no mesmo instante que seus olhos alcançaram aquela visão a sua frente.

Embry estava de costas sem camisa e com algumas gotas de suor escorrendo pelo seu corpo. Drica tomba a cabeça levemente para o lado descendo e subindo o olhar lentamente sobre o corpo do garoto parando o olhar sob suas costas e acompanhando algumas gotas que deslizavam sobre os músculos.

— Por que não admite logo que gosta dele? — Jacob aparece ao seu lado e sussurrando próximo ao seu ouvido a assustando. Drica se assusta levando a mão sobre o peito e o olhando constrangida e irritada por ser pega.

— Porque eu não gosto. Não desse jeito que está pensando. — ela sussurra em negação.

— Só falta você admitir para si mesmo o que está estampado na sua cara. — Jacob diz a deixando indignada.

— Ok. Não era isso que eu queria falar com você. Você sabe de algum lugar por aqui que esteja à venda? Que não seja muito caro!

— Posso ver com meu pai se ele sabe de algo. Está pensando em sair da casa da Emily? — Jacob questiona e Embry quando escuta o que o amigo diz, se levanta rapidamente batendo a cabeça no capô do carro encarando os dois enquanto passa a mão onde havia batido.

— Você vai embora? — Embry a questiona com um olhar carregado de... dor?!

— Ok, tá na minha hora. — Jacob comenta antes de sair e deixá-los sozinhos.

— Eu não vou embora. — Drica fala e logo o alívio surge no rosto do rapaz.

— Então porquê...

— Eu não posso e nem quero ficar na Emily para sempre. Quero ter meu espaço, meu lugar. Não incomodando ninguém.

— Tenho certeza que Emily não se incomoda por tê-la. Ela gosta de você como se você fosse sua filha.

— Eu também gosto dela, mas não posso continuar ali. Logo ela e Sam vão se casar e eles vão querer ter o espaço deles a sós. De toda forma eu só ia ficar lá até pegar os papéis e documentos da herança. O Sr. Sertori está fechando negócio na venda do 'trailer' e do terreno, assim que for fechado ele vai me passar o dinheiro da venda e poderei comprar uma casa para mim aqui. — ela fala fazendo um sorriso surgir nos lábios do moreno.

— Então você não pensa em ir embora de Forks? — Ele pergunta meio receoso e feliz ao mesmo tempo.

— Não, gosto daqui. Me sinto em paz como se estivesse em casa. — Drica fala vendo Embry sorri radiante, o que a faz sorrir também. Embry começa a se aproximar há passos lentos em direção a ela que quando nota, olha em volta procurando por Jacob. Quando percebe que ele os deixou sozinhos ela dá alguns passos para trás — Hm... Será que você consegue terminar aí sozinho? Eu preciso sair, tenho que fazer umas coisas.

— Pode ir, eu termino aqui. — ele fala parando de ir até ela com um semblante triste.

— Pode avisar o Jacob por mim? — Drica pergunta e ele só balança a cabeça afirmando cabisbaixo e ela sai andando sem rumo se questionado sobre tudo que estava havendo.

Drica se sentiu uma idiota e covarde por fugir assim dele. Sua cabeça estava uma confusão imensa. Ela temia estar se apaixonando por ele, e desde aquele maldito beijo tudo ficou mais confuso do que já estava.

Embry não fazia nada para magoá-la, pelo contrário ele sempre a tratou bem mesmo quando ela mesmo o destratava. Ele era atento em tudo que ela fazia, em suas manias e suas mentiras quando não estava bem.

Ela estava dividida em se deixar levar por ele ou o afastar. Drica estava com medo de tudo se repetir. Tinha medo de quando contasse a verdade ele simplesmente a rejeitaria, tiraria proveito da situação dela ou o menos provável, ele a aceitaria.

Quando Drica percebeu, ela estava no lugar aonde ia se encontrar com bola de pelos. Depois de tudo que aconteceu a confusão com Igor, seus amigos a visitando e o beijo ela não teve tempo para ir ver o lobo. Sentia falta dele, assim como ele parecia sentir a dela. Como ele a encontrou tão longe de onde o costuma vê-lo?

Drica olha em volta à procura do lobo, mas não o encontra. Ela acaba sentando próximo ao riacho e começa a fazer bolas de água e brincando deixando os pensamentos vagarem em sua mente.

Mas sua mente parecia querer brincar com ela a fazendo lembrar do beijo. Era sempre assim, se ela não se mantivesse ocupada, ela acabava se lembrando do beijo.

O que aquele maldito beijo tinha que ela não conseguia esquecê-lo? Ou simplesmente ignorá-lo?

Ela sentia falta daqueles lábios sobre os seus.

Merda! Ela não podia estar se apaixonando, podia? — Drica se questionou, quando um barulho a chama a atenção.

Drica fica tensa, pois quem quer que seja a viu usando seus poderes. Então devagar ela se vira para quem estaria ali e suspira aliviada ao ver bola de pelos ali.

— Ai droga! Que susto bola de pelos! — Ela fala e nota que o lobo parecia... surpreso? E acabou se surpreendendo com isso. Desde quando lobos têm expressões mais complexas? — Tudo bem ainda sou eu, não vou te machucar.

O lobo começa a se aproximar cauteloso e Drica notou curiosidade em seu olhar.

Olhar... olhos. Aqueles olhos eram tão familiares, mas ela não se lembrava de onde já vira antes e acabou deixando para lá.

— Vem, vou te mostrar algo, mas é segredo. Não pode contar para os outros lobos igual eu não posso contar para as pessoas. — Drica fala enquanto o lobo se senta ao lado dela prestando atenção em tudo.

Drica vai mexendo com as mãos e começa a modelar a bola de água e devagar ela vai ganhando a forma de um lobo sentado uivando. Assim que fica como queria, ela congela a água virando uma bela escultura de gelo.

— Olha é você, gostou? — questiona mostrando a escultura para bola de pelos.

O lobo grunhi feliz batendo a pata no chão e lambe a mão de Drica. Logo ele deita colocando a cabeça sobre o colo de Drica.

— É parece que sim! — fala rindo, colocando a escultura de gelo próximo ao lobo no chão e começa a fazer carinho na cabeça de bola de pelos.

O celular de Drica toca chamando a atenção dos dois. Ela pega o celular, vendo o nome de Will na tela, se lembrando que marcara na noite da fogueira, de sair com eles na praia.

— Oi! Will já estou indo.

"Você esqueceu, não é?"

— Não, claro que não. Eu apenas perdi a noção do tempo. Vocês estão aonde?

"Na praia, as meninas quiseram vir direto. Elas queriam ir nadar logo." — Will diz.

"Vem logo, senão nós não vamos te esperar." — A voz de Bella é ouvida no fundo.

— Uns quinze minutos e eu chego aí. — Ela fala e em seguida escuta um "OK" antes de desligar.

Drica se vira para o lobo que a observava atento. Ela passa a mão sob os pelos macios fazendo um último carinho ali antes de ir.

— Tenho que ir, garoto. Meus amigos vieram me visitar e as coisas ficaram agitadas esses dias, mas prometo que não demoro para voltar.

Drica fala se levantando e quando leva a mão para pegar o lobo de gelo, bola de pelos, a impede puxando a escultura com a pata para junto si.

— Tudo bem, se gostou tanto dele pode ficar. Agora eu realmente preciso ir.

Drica vai embora deixando para trás o lobo que acompanhava com o olhar. Depois de uma boa caminhada ela chega à praia se encontrando com seus amigos. Elas e as garotas aproveitaram que a praia estava vazia e foram matar a saudade de nadarem juntas como faziam. Em meios as brincadeiras às quatro amigas se divertiram juntas.

Depois que resolveram que já era hora de voltar, elas foram se juntar com os garotos na praia tomando cuidado na hora de sair da água. Os sete amigos tiveram um fim de tarde agradável com conversas, lembranças, brincadeiras e muita zoação.

[...]

POV de Drica

A semana passou rápido e já era sexta, dividi meu tempo entre o colégio, a oficina e meus amigos. Notei quando cheguei em casa, depois do passeio com meus amigos na praia, os quileutes me olhavam estranhos e sempre com um olhar assustado. Menos Embry, Leah e Emily que continuavam a me olhar da mesma forma.

Leah de certa forma parecia aliviada toda vez que a olhava. Embry continuava sorridente e com um olhar intenso toda vez que seus olhos castanhos cruzavam com os meus, fazendo um arrepio subir pelo meu corpo sempre que acontecia. E Emily, ainda continuava com aquele olhar meigo e cheio de carinho, sempre que nos encontrávamos.

Já os outros mantinham distância e me olhava com cautela. Embora eles tentavam não demonstrar, eu havia notado medo e receio em seus olhares.

Sam parecia mais protetor com Emily. Sempre me olhava, quando estava com Emily, com um olhar matador e deixando bem claro que pularia e me estraçalharia em questão de segundos se fosse preciso. O que tirava sempre um rosnado de Embry enquanto se colocava em minha frente em sinal de proteção, isso mesmo um rosnado.

Eu havia notado, é claro que achei os dois bastante idiotas. Tudo bem que eles acreditassem nas lendas da tribo, mas não precisava fingir serem lobos e ficar rosnando um para o outro. Isso parecia bastante ridículo do meu ponto de vista, mas não deixei de ficar feliz em saber que se acontecesse algo comigo Embry me protegeria. Me fez perceber que ele parecia que realmente me amava, mesmo nesse pouco tempo que passamos juntos.

Só faltava agora eu saber se eu também gostava dele da mesma maneira. E isso eu teria que descobrir, já que quando ele está perto sinto uma confusão de sentimentos dentro de mim que ainda não sei o que são.

Ninguém falava nada, só me olhavam de longe. Isso me deixou bastante confusa e intrigada. O que eu havia feito que eles me olhavam como algo que eles nunca haviam visto?

Droga! Será que eles me viram na praia com minha cauda?! Acredito que não, se fosse isso eles teriam falado, me expulsado ou quem sabe me exposto. Tenho que tomar cuidado com eles.

E para completar daqui a alguns dias terá lua cheia.

— Ei, Drica!

Acabo despertando dos meus devaneios assim que escuto meu nome e me questiono mentalmente em que momento da conversa comecei a divagar em pensamentos?

— Sim?! — questiono voltando o olhar para meu melhor amigo.

— Você escutou o que eu disse? — ele pergunta analisando as expressões que eu fazia.

— Hm... claro, será ótimo. — Murmuro encarando os olhos azuis de Will.

— Fala... em que estava pensando que te fez desligar e não escutar nada do que eu disse? — questiona curioso, e bem... eu não queria dizer o que havia me distraído.

— Eu estava escutando sim. — mentira não sei nem qual era o assunto, e quando olho em volta todos me encaram com a cara indignada.

— Nem aqui e nem na lua que você estava prestando atenção. — Bella fala e eu a olho com vontade de dar uns tapas nela.

— A Bella está certa Drica! Você nunca diria "claro será ótimo" se tivesse prestando atenção. — Nanda me olha com aquela cara de que sei que está mentindo e eu tive que dar o braço a torcer.

— Tudo bem! Realmente eu não sei o que falavam, mas não quero falar sobre isso agora. Pode ser?

Eu não estava pronta para dizer-lhes que estava confusa sobre o que sentia em relação ao Embry. Eu sempre fui decidida sempre soube o que queria e quando queria, mas parece que perder meu pai, meu alicerce acabou me abalando de várias formas. Não sabia se era bom ou ruim, estar confusa.

— Do que vocês falavam antes, então? — questiono e noto que todos eles ficaram tensos e se olhavam antes de continuar. Eles haviam me buscado hoje na escola alegando terem algo importante para falar. Jacob até me dispensou do serviço hoje.

— Melhor você contar Will. — Cléo diz dando um empurrãozinho nele, enquanto todas se afastavam para junto dos seus namorados e Bella foi para junto dos outros. Me deixando lado a lado com Will na cama de Nanda, que era próximo à janela, enquanto os outros foram pra cama de Cléo, que era próxima à porta tendo a de Bella no meio, vazia. O que me fez questionar a seriedade do assunto pra eles se afastarem.

— Agora que a coisa fica feia. — Léo murmura e Cléo dá cutucão nele como o cotovelo.

— Vamos embora amanhã. — Will fala devagar e esperando minha reação, e eu apenas fico em choque.

Tudo bem que eu sabia que eles estavam de visita, mas pensei que eles iam ficar mais alguns dias. Logo tento me recompor do choque.

— Mas... vocês disseram que...

— O Sr. Gilbert recebeu uma ligação do trabalho hoje, eles precisam dele urgente lá. Então amanhã, pegamos o avião de volta a Gold Coast. — Em quanto absorvo o que ele disse, Will desvia o olhar de mim para nossos amigos. — Vocês poderiam nos deixar sozinhos? Eu preciso falar algo com a Drica, a sós.