Brotherhood escrita por Lorelai Gipsy Danger


Capítulo 3
Capítulo 1 Part.: 2


Notas iniciais do capítulo

Ah, dois no mesmo mês, será um milagre?
Juro que estou me esforçando muito para poder continuar essa fic mesmo com as dificuldades. Arrumei um jeitinho de conseguir continuar a escrever mesmo com o pouco tempo.

Espero que gostem!



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Na manhã seguinte, seus olhos não queriam abrir, suas pálpebras estavam pesadas e sua cabeça latejava. Sentiu seu corpo deitado sobre uma superfície gelada e dura, ainda desnorteada, abriu os olhos e percebeu estar no chão da cozinha. Com cuidado colocou-se sentada e avistou a garrafa de uísque e os comprimidos espalhados e, então, a realidade a tomou e a mentirosa sensação inebriante de paz começava a dar espaço a ressaca, culpa e  dor.

Dois anos de sobriedade estavam perdidos.

— Merda! — disse em protesto, socando a porta do armário da cozinha e recebendo apenas mais dor como resposta.

Ainda sentindo a mão doer, compreendeu que de nada adiantaria continuar no chão, por isso, tentou se levantar e precisou a correr antes mesmo de ficar de pé totalmente. O pequeno apartamento girava ao seu redor, o enjoo foi instantâneo e inevitável, ficava claro o reencontro com os fantasmas do passado. Rose deveria saber que a mistura de álcool e analgésico com um estômago vazio era uma péssima ideia, mas, além disso, ela deveria saber melhor do que estragar sua sobriedade, algo pelo qual ela lutou tanto.

— Merda! — falou pela segunda, porém, dessa vez, estava sentada ao lado do vaso, da onde não conseguiria sair pela próxima hora.

Levou algum tempo até Rose começar a se sentir melhor e, a essa altura, já estava muito atrasada para o trabalho. Ainda um pouco tonta, entrou no chuveiro e esperou que a água quente a ajudasse a se sentir melhor, quando terminou, vestiu-se rapidamente, pegou seu casaco e bolsa no armário ao lado da porta e saiu.

Ir andando não era uma opção, apenas a atrasaria ainda mais, por isso, decidiu pegar um ônibus e, como o esperando, foi uma experiência péssima, o ônibus estava cheio e Rose de ressaca, parecia uma lembrança desagradável do passado, um lugar-comum que ela acreditou nunca mais revisitar. 

O dia só estava começando.

— Você está atrasada, Rose. — Jura!? — Onde estava? — Carlos, o gerente, um homem de baixa estatura , cabelos grisalhos e bigodes, perguntou rispidamente e a dor de cabeça latejou mais forte. — O seu turno começou há três horas. — Rose respirou fundo quando a náusea a tomou. — Anda logo, vá se trocar, pelo menos você veio. A única a vir trabalhar hoje.

— Ninguém veio trabalhar? — perguntou preocupada.

— Alice precisou levara filha ao médico, Judy acordou com febre. Mas esse não é o problema, ela não tem culpa da filha ficar doente, o problema é a Elisabeth não ter dado sinal de vida até agora, e você estar atrasada, isso sim, é um problema. — respondeu conferindo os pedidos que ainda faltavam sair. Rose ficou preocupada com a filha de Alice, mas estranhou Elisabeth não ter ido trabalhar, ela nunca faltava ou chegava atrasada. — Outra coisa, aquele cara ali quer falar com você. — Apontou para um homem bem-vestido, que estava de pé próximo à porta principal do estabelecimento, ele vestia terno preto e usava óculos escuros. — Resolva de uma vez seus problemas pessoais e comece o trabalho, isso se quiser continuar tendo um. — Carlos disse, apontado para câmera.

O dono havia instalado um sistema moderno de segurança há alguns meses, alegando estar preocupado com o bem-estar dos funcionários. Rose sabia que Carlos falava aquilo pelo bem dela, pois, apesar de não ser muito simpático, e estar de mau-humor por estar sozinho trabalho, Carlos tinha bom coração e sempre a ajudava a conseguir horas extras (mesmo achando absurda a quantidade de horas trabalhadas por ela em um dia). Trocando a roupa normal pelo uniforme, amarrou o avental na cintura e correu para à área do salão, onde as mesas ficavam, e lembrou do aviso de Carlos.

— Rose Tyler? — perguntou o homem ao vê-la se aproximar cautelosamente. Prontamente ele retirou do bolso interno do terno uma credencial.

— Sim! — respondeu reticente.

— Agente Seeley Booth, FBI, a senhora poderia nos acompanhar? — Ele era alto, tinha cabelos e olhos castanhos, uma voz grossa e olhar firme.

— Acompanhar? — Rose perguntou com um leve sorriso, mas se desvencilhando da mão que tentava segurar seu braço, dando alguns passos para trás. — Eu não vou a lugar nenhum com você.

— Por favor, senhorita, não resista. — pediu. — Só queremos conversar, mas, se preferir, podemos fazer isso do jeito mais difícil.

— Mas difícil? — Debochou. — E qual seria?

— Posso lhe dar voz de prisão, lhe algemar e ler seus direitos. — Havia um certo prazer em suas palavras.

— Sinto muito informar, mas você perdeu a viagem e, com certeza, pegou a pessoa errada. Eu não fiz nada. Isso é tudo uma mal-entendido. — Ela tentava se afastar ainda mais. — Fale com o agente Tim Buker, ele irá esclarecer tudo.

— Rose. — Reconhecendo a voz, Rose olhou para o lado e encontrou um rosto conhecido. — Quanto tempo.

— Tim. — Por um segundo sentiu-se aliviada, se alguém poderia desfazer o mal entendi, esse alguém seria Tim. — Por favor, diga a este a gente que há um erro. Eu não fiz nada. — pediu.

— Sinto muito, Rose, mas existe um protocolo a ser seguido na hora de levar um suspeito sobre custódia. — disse calmamente.

—  Suspeito? — Sentindo um choque de adrenalina percorrer seu corpo, Rose estava em pânico, sem entender o que estava acontecendo. — Mas eu não fiz nada. — Repetiu. 

— Isso nós iremos decidir depois do depoimento. — respondeu friamente. Tim tinhas olhos azuis, cabelos castanhos com alguns fios brancos e mais de quarenta anos. — A leve para o carro, Agente Booth, e coloque as algemas. — Tim deu a ordem.

— Algemas? Mas eu nem estou resistindo. — protestou, mas foi ignorada. — Agora é você quem dá as ordens? — disse enquanto sentia o gelado contato das algemas em seus pulsos e ouvia o barulho metálico do objeto, junto com seus direitos. Se sentia injustiçada e a raiva borbulhava, mas achava melhor cooperar. Todos a olhavam e a vergonha só aumentava e piorava sua dor de cabeça.

— Vem com a promoção. — disse colocando caminhando ao lado de Rose até o carro onde seria escoltada. — Prender a maior hacker da última década tem suas vantagens. — Tim sustentava uma indiferença que lhe parecia estranha, mas ele tinha um trabalho a fazer.

— Que bom poder contribuir com sua conquista. — Sentando no banco de trás do carro preto, um modelo sedã desconhecido por Rose.

— Serei sempre grato, são pessoas como você que mantém empregado. —

Tim e Rose não eram exatamente inimigos, mas também não eram amigos, porém, veladamente, existia entre os dois havia um respeito. Rose compreendia que ele estava cumprindo seu trabalho, o qual fazia com ética e competência, enquanto Tim entendia o passado de Rose como fonte de muita raiva e ressentimento, o que não lhe deixou a chance de fazer muitas boas escolhas para o futuro.

O FBI tinha um dossiê minucioso sobre Rose Tyler, a começar por seu abandono, um bebê recém-nascido, deixado porta da igreja de Saint Peter, lugar onde fora criada pelas freiras até os seis anos. Ela era uma boa criança, quieta, bem comportada e amigável, porém, conforme ficava mais velha, menores eram as suas chances de conseguir um lar definitivo.

Aos sete anos precisou ser transferida para um orfanato estadual, já que as freiras só cuidavam de órfãs até seis anos e Rose já havia ficado com elas um ano além do permitido. Enquanto viveu sobre a proteção e os cuidados das religiosas, Rose soube o que era amor, carinho e cuidado, nunca apresentou problemas. Porém, após ser realocada, teve dificuldades para se adaptar com a nova realidade e o estopim foi quando, após dividir seu lanche com uma das crianças que estava castigo, um dos cuidadores, irritado com a atitude de Rose, a espancou, deixando-a em coma por dias. Rose tinha oito anos. Ninguém nunca foi punido. Após o ocorrido ela foi transferida para um lar adotivo e as coisas só pioraram.

Assim, a menina que antes tinha um comportamento normal, como qualquer outra criança de sua idade, se transformou no maior pesadelo dos assistentes sociais e responsáveis pelos lares por onde passou. Com dez anos a polícia a pegou diversas vezes pedindo comida nas ruas, porque a “mãe adotiva” não dava comida suficiente, pois não gostava de crianças gulosas, e todos passavam fome. Na época, os agentes responsáveis pelas crianças não acreditavam nelas e precisou um deles ser internado com desnutrição, para tomarem alguma providência.

 Aos doze foi transferida cinco vezes, em menos de seis meses, de casas, pois os responsáveis não sabiam com mantê-la dentro de casa, ou obrigá-la a ir à escola com frequência, porém, incrivelmente, suas notas eram ótimas. Com quatorze fora expulsa de duas escolas e umas delas por vender as respostas das provas de matemática e física. Feito que ninguém soube como ela havia conseguido e só puderem culpá-la através da confissão de uma das pessoas envolvidas.  

Aos quinze quebrou uma garrafa na cabeça de um responsável pelo lar temporário, após flagra-lo assediando uma das meninas e, mesmo constando o abuso, a polícia a levou sobre custódia pela agressão e ela passou dois meses em um reformatório. Após sua soltura, Rose foi visitar esse mesmo “responsável”, para se desculpar pelo seu comportamento e, misteriosamente, duas semanas depois ele foi preso. Uma denúncia anônima feita, o que levou a uma investigação da polícia a encontrar pornografia infantil em seu computador. O homem se dizia inocente, mas muitas vítimas apareceram para testemunhar contra ele, em sua maioria ex-“filhas” adotivos.

 Àquela altura ninguém mais podia controlá-la, Rose não aceitava ordens e não temia a lei. Os dezesseis, ao ser ameaçada de punição física, caso não se comportasse, pelos responsáveis do lar onde foi alocada, após sair do reformatório, Rose Tyler desapareceu de vez da tutela do sistema. Nessa época o Serviço de proteção à criança e adolescente sofreu um ataque cibernético em seus servidores e seus documentos foram vazados para o grande público e todos os assistentes que negligenciavam seus menores foram punidos. Os lares adotivos onde as crianças sofriam mal tratadas, inclusive os quais por onde ela passou, perderam o direto de abrigar novos jovens e seus responsáveis foram processados por seus crimes. A polícia nunca descobriu o verdadeiro responsável pelo vazamento das informações, mas o FBI sabia e foi nesse momento que ela passou a ser pessoa de interesse da agência.

Com dezessete anos sua ficha na polícia era extensa, com diversas prisões por posse de drogas, mas, na do FBI, ela tinha outras transgressões que iam desde falsificação de identidades, até pequenas fraudes, porém, aos dezoito, a vida de transgressões de Rose encontrou seu ápice quando seu nome passou a figurar a lista dos mais procurados dos Estados Unidos.

Rose foi presa pela equipe de Tim por hackear o sistema de Segurança da Casa Branca, a residência oficial do Presidente dos Estados Unidos da América.

— Sabe que além de perder meu emprego, eu nunca mais vou conseguir trabalho em outro lugar depois desse circo todo, não sabe? — disse para Tim enquanto passavam pelas ruas da cidade. — Eu estou muito ferrada.

— Tudo será esclarecido, assim que todas as nossas perguntas forem respondidas. — Tim era parcial, para ele todos eram culpados, até o contrário ser provado.

— Posso, pelo menos, saber do que estou sendo acusada? — questionou. 

— Quando chegarmos ao escritório, falaremos sobre o assunto, senhorita Tyler. — respondeu Tim, recebendo um revirar de olhos como resposta. — Embora eu acredite que você já sabia do que se trata.

— Se soubesse não estaria perguntando. — sussurrou.

Durante todo caminho, da lanchonete até a sala de interrogatório, Rose manteve-se calada e, em sua mente, tentava imaginar qual seria o motivo para aquilo estar acontecendo. Recostando-se no estofado de couro preto do carro, sentido o aquecedor esquentar suas mãos, ela percebeu que não havia pegado nenhum de seus pertences em seu armário no trabalho.

— Minhas coisas ficaram na lanchonete, será que você poderia pedir para alguém pegar para mim? Isso se o dono já não fez o pobre do Carlos jogar tudo no lixo após ver tudo pelas câmeras. — Deus de ombros. Era bem possível que isso já tivesse acontecido.

— Uma agente está responsável por isso. Seus pertences serão devolvidos ao fim do interrogatório. — Booth respondeu.

Sabendo isso, voltou a pensar no que poderia ter feito de tão errado, nos últimos dez anos havia cumprido com sua parte do acordo, por isso não compreendia o que poderia ter feito para ser culpada.

Rose deve ter cochilado, pois, quando abriu seus olhos, o carro já estava estacionado e agente Booth a puxava, calmamente, pelo braço. 

Algumas coisas haviam mudado desde a última vez que esteve naquele prédio, principalmente a cor do carpete. Finalmente haviam se livrado amarelo vômito dos pisos e optado por uma pedra branca. As paredes também tinham uma cor mais agradável, nada do marrom e bege, mas sim um tom de branco um pouco acinzentado. Finalmente o FBI deixava a década de 80 para trás.

Rose foi colocada em uma das salas de interrogatório e, pelo que pode notar, ali nada havia mudado, continuava a mesa imensidão cinza, vazia e solitária. Talvez aquele fosse o único cômodo, do prédio inteiro, onde reformas eram menos constantes, afinal de contas, os bandidos não precisam sentir-se em casa, deveriam ficar o mais desconfortáveis possível.

— Agora que estamos aqui, será que eu poderia saber a razão? — Os encarava, esperando por uma resposta. Tim e Seeley eram os responsáveis pelo seu interrogatório. — Porque, certamente, eu estou enlouquecendo tentando descobrir porque, raios, eu estou aqui e algemada. — Levantando as mãos para o alto, ela sacudiu as algemas.

— Me diga você, Rose? — Tim a encarou sério. — Por que pensa que está aqui?

— Nós estamos no escritório do FBI ou no divã de um analista? — Respirou fundo e sacudiu a cabeça, tentando manter-se calma, pois, independentemente de qualquer coisa, Rose jamais deixaria que percebesse o quanto estava apavorada. — Preciso de um advogado? — Quis saber.

— Só se for culpada! —d isse Seeley abrindo sua ficha. — Rose Tyler, 28 anos, pai e mãe desconhecidos, esteve em diversos lares adotivos, passagens por reformatórios... É, você foi uma adolescente problema. — comentou ao ler o arquivo.

— “Adolescente problema”. — repetiu. — Odeio essa expressão. — Respirou fundo novamente. — Mas, sim fui um problema, porém, é mais fácil nos culpar do que admitir as falhas do sistema. — Riu de raiva. — Vai por mim, eu não era o único problema. Existiam monstros piores.

— Aos 18 foi presa pelo FBI. — disse virando uma página. — Hackeou o sistema de segurança da Casa Branca e roubou o equivalente a um milhão em títulos do tesouro americano. — Booth leu a informação boquiaberta e lentamente, como quem tenta acreditar no que seus olhos veem. Aquela era a primeira vez que ele tinha contato com a informação. Seu crime foi abafado pelo FBI, e ninguém além dos agentes envolvidos, e o próprio presidente, sabiam do acontecido.

— Culpada! — disse em deboche, levantando as mãos ainda algemadas. — Mas já paguei por isso e a ainda ajudei a reformular os protocolos de segurança. — Sorriu falsamente. — Ah, não sei se você vai achar anotado aí, mas trabalhei com o FBI também e, por minha causa, a lista de hackers presos é a maior dos últimos dez anos. — Fingiu orgulho. — Colocaram também que passei dois anos usando aquela tornozeleira de monitoramento? Não podia chegar perto de nenhum aparelho eletrônico que nada funcionava. Assistir TV era um saco.

— Sem atividades suspeitas até o ano passado. — Booth ignorou as gracinhas que Rose fez e continuou a ler.

— Opa! — Rose reagiu à informação. — Como assim “até ano passado”?

— Sua assinatura digital apareceu em diversas invasões de sistemas bancários pelo país no último ano, um total de 200 milhões de dólares e, nessa madrugada, mais de cem contas do Banco Nacional Norte Americano foram zeradas, totalizando um roubo de 100 milhões de dólares. — Tim apoiou seus cotovelos na mesa e encarou Rose com ar de riso. — Achou mesmo que não estaríamos te monitorando?

— Ficou entediada? — Booth a olhou com um sorriso debochado.

— Não fui eu! — afirmou. Porém sua voz não passava de um sussurro. Em sua mente ainda tentava compreender o que acabara de ouvir.

— Os padrões de assinatura são exatamente com os seus, Rose. — Tim alterou-se, ele não acreditava na cena de Rose. — Não minta. Não há como ser outra pessoa.

— Não estou mentindo. — falou alto, sentindo raiva da acusação. — Podem ir até a minha casa e procurar o que quiserem, não fui eu. Eu não fiz isso!

— Enquanto te trazíamos para cá, uma equipe vasculhava seu apartamento. — Booth respondeu, fechando o dossiê de Rose.

—  E encontraram alguma coisa? — questionou.

— Nada —o agente a olhou sério, seu olhar era intimidador. — Onde está seu laptop?

— Eu nem sequer tenho celular, quem dirá um laptop. — Levou às mãos ao rosto. — E não acharam nada, porque não há nada para achar. — Foi taxativa. — Vocês pegaram a pessoa errada.

— Onde estava ontem entre 01:00 e 03:00 da manhã? —Tim retomou as rédeas da situação.

— Dormindo! — respondeu desviando o olhar, com vergonha de assumir sua recaída.

— Dormindo? — Riu. — Conveniente, não?

— Você precisa ser mais específica, Rose. —Tim disse, percebendo o comportamento nervoso da mulher. — Se colaborar podemos pedir uma redução de pena.

— Redução de pena? — Arregalou os olhos. Eles realmente estavam considerando prendê-la. — Mas eu não fiz nada! — Protestou.

— Como você explica as invasões então? — Tim a questionou. Rose estava agitada, seu coração batia rápido e suas mãos suavam.

— Qualquer pessoa pode ter usado. — respondeu desesperada. — A assinatura está na rede, os códigos, provavelmente, foram copiados e guardados, a internet é uma terra sem lei, e alguém, percebendo a inatividade, resolveu usar, julgando ser seguro. — Olhou novamente para Tim.  Eu não fiz nada, Tim. — Socou a mesa e na mesma hora sentiu a dor, sua mão ainda não havia se recuperado de mais cedo. — Ai, merda! — Segurando a mão contra o corpo, Rose segurava as lágrimas de dor e desespero.

— Todas as evidências levam a você, Rose. — Booth afirmou, percebendo que ela estava confusa e com dor. — Onde você estava ontem à noite, Rose? — repetiu a pergunta.

— Em casa. — Não havia mais o que dizer.

— Alguém para confirmar? — Booth perguntou.

— Não! — respondeu com pesar.

O interrogatório foi interrompido por um oficial que entrou carregando um saco de evidências com uma garrafa de uísque pela metade e um frasco vazio de comprimidos analgésicos.

— Isso foi encontrado na casa dela. — O homem falou e saiu em seguida.

— Isso explica o cheiro de álcool. — disse Booth pegando a garrafa, que ainda estava no saco.

— Certos hábitos são bem difíceis de largar. — Rose disparou encarando o objeto. — Eu precisava me divertir.

— Você tem um jeito bem perigoso de fazer isso. — Booth tinha o espanto estampado em seu rosto. — Foi isso que você tomou ontem?

— Sim! — Admitiu envergonhada.

— Você poderia ter morrido. — Booth disse sério, encarando Rose, que mantinha seus olhos fixos na garrafa.

— Que diferença faria? — Retribuiu a seriedade do olhar. — Você fala como se alguém fosse sentir falta. Pai e mãe desconhecidos, lembra?

— Talvez seu namorado. — Tim pegou o arquivo de cima da mesa e abriu. — Qual é mesmo o nome dele? Nick... — Buscou a informação.

— Nick Stokes.  — Rose contou. — Vai por mim, ele seria a última pessoa a sentir minha falta. — Desmontado a pose de confiança e força, Rose estava visivelmente esgotada.

— Onde podemos encontrá-lo? — Booth quis saber e Rose gargalhou.

— Espero que no inferno. — respondeu. — Não estamos mais juntos.

— Desde quando? — Tim perguntou.

— Desde ontem à noite. — Respirou fundo. — E esse é o meu álibi. — Apontou para a garrafa e o frasco de remédio em ciam da mesa. — Estava chapada demais para conseguir, se quer, ligar a luz, e levantar do chão da cozinha e dormir na cama.

— Seu cúmplice te deu uma volta? — Booth fez o comentário, para ele foi engraçado, para Rose foi uma facada.

— Ele não era meu cúmplice, ele era meu namorado e sim, ele me deu uma volta. — disse com raiva e viu os agentes se interessarem. — Roubou dos anos da minha vida. — Percebendo que nada vinha da informação, seguiram com o questionamento.

— Por um acaso você conhece essa mulher? — Mostrou a foto e Rose  reconheceu o rosto de imediato.

— Sim, ela trabalha comigo, o nome dela é Elisabeth.  — falou aflita. — Aconteceu alguma coisa com ela? Carlos disse que ela não foi trabalhar hoje.

— Essa mulher se chama Morgan Brody, não Elisabeth, e ela tem um caso com o seu namorado há um ano. — Booth respondeu e percebeu o choque. — Assim que os roubos começaram, colocamos um destacamento para te seguir e, digamos, que eles se divertiam bastante quando você estava trabalhando.

— Isso é mentira. — Recusava-se a acreditar. Rose começava a repudiar aquele comportamento e a se odiar.

— Bem, não é do nosso feitio fazer fofocas, mas... — debochou Booth.

— Ótimo, até o FBI sabia que eu estava sendo traída, menos eu. — bufou. — É, sou digna de pena mesmo.

— Auto piedade não faz seu tipo, Rose. — Tim disse indo até a porta. — Descanse um pouco, voltaremos mais tarde.

Os agentes saíram e a deixaram na sala sozinha e, assim que a porta fechou, Rose não pode mais segurar as lágrimas.

 


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