Doce Criada escrita por BlackCat69


Capítulo 3
Capítulo: doce som




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~NH~

Noite de sexta

~NH~

 

O Sr. Uzumaki terminava de tomar sua sopa.

De jantar finalizado, ele ordenou ao mordomo:

— Traga a sobremesa, Kakashi.

— A Sra. Hyuuga não fez hoje, meu amo. Os ingredientes acabaram.

Incomodado, Naruto questionou:

— Por que não providenciaram mais?

— É que semana que vem será a de pagamento, meu amo. O Sr. Kawaki quer que se espere até segunda para a cozinha ser reabastecida. Por enquanto, se aproveitará o que tem na despensa para pôr nas refeições, apenas.

— Até segunda? Grrr. Ora essa, amanhã cedo encarregue alguém de conseguir mais ingredientes para a Sra. Hyuuga. — Pegou sua bengala e bateu a ponta dela, fortemente, contra o piso. — Não me importa quanto custará.

— Mas... o Sr. Kawa...

— Eu me entendo com o meu filho. — Naruto interrompeu.

— Sim, meu amo.

Naruto se ergueu, resmungando baixo, embravecido por se retirar sem sobremesa.

Antes de sair do cômodo, deixou claro:

— Não me siga, quero ficar sozinho hoje.

— Sim, meu amo. — Kakashi obedeceu, e se pusera a retirar a louça da mesa.

O mordomo quem ajudava o patrão a se trocar, mas Naruto era capaz de fazer sozinho, apenas cansava mais se não tivesse ajuda.

 

~NH~

 

Encontravam-se velas em descansos nas paredes, por quase todos os cômodos do casarão.

Existia revezamento entre os criados, um deles acenderia todas as velas antes do pôr do sol, e outro, pela manhã, bem cedo, apagaria as que se mantinham acesas, como também colheria a cera que pudesse ser reaproveitada.

A escada não recebia boa iluminação, mas Naruto nunca teve problema de subi-la ou descê-la durante a noite.

O barulho de sua bengala repercutia mais que o de seus passos.

No findar dos degraus, a iluminação já era maior.

O caminho se bifurcava, uma direção lhe levaria ao corredor de seu quarto, e a outra, ao corredor dos quartos de seus filhos.

Um objeto no chão capturou a vista do Sr. Uzumaki.

Ele se moveu ao oposto de seu quarto, e parou no marco da entrada, do outro corredor.

Fizera um esforço, apoiando a bengala firmemente contra o piso, abaixou-se em uma perna, segurando o joelho, e colheu o objeto.

 

Um coelhinho de pano.

 

Distinguiu.

 

— É da minha filha.

 

Sussurrou, lembrando-se daquele brinquedo feito por Sara.

Sua falecida esposa.

Apreciava saber que sua filha ainda aproveitava um presente da mãe.

O barulho de passos, vindos do outro lado da casa, no andar debaixo, fizera-o recolher abruptamente o braço para dentro de sua longa capa de cor preta.

Ela era tão longa que quando andava, uma ponta dela se arrastava pelo piso.

Os passos pararam de ecoar em poucos minutos.

O Sr. Uzumaki supôs que fosse Kakashi saindo da cozinha, indo se recolher para dormir.

Certo de estar sozinho, Naruto retirou o coelhinho sob a capa, e aproximou o bichinho de seu nariz.

Aspirou o cheiro de sua menina.

 

Sara estava com ela nos braços, e amorosamente repassou-a ao marido.

Miina chorou no primeiro minuto.

Naruto quis devolvê-la à mãe, porém Sara rejeitou, obrigou o marido a manter a pequena nos braços.

E foi aí que o Uzumaki teve uma sensação mágica, assistindo sua filha se acalmar e adormecer em seu colo, sentindo-se segura.

Envolta de lençóis brancos, aquele bebê parecia uma bonequinha de cera.

 

 

As íris azuladas lacrimejaram e um aperto na garganta causou uma dor sufocante ao homem.

Ele caminhou corredor adentro, intencionando colocar o brinquedo ao lado da porta, do quarto de Miina.

Cauteloso, pisava com maior suavidade possível, tal como apoiar a extremidade da bengala, com menos firmeza que o comum.

Conforme se aproximava da porta, uma sonoridade suave atingiu seus ouvidos.

A voz feminina compunha uma música de ninar, sem letras.

Apenas um doce ritmo.

O som que acompanhava a voz indicava que a moça usava uma cadeira de balanço.

O Uzumaki não soube dizer quanto tempo ficou ali escutando, hipnotizado pela música.

Envolvera-se tanto, que quando a música cessou, ele levou alguns segundos para se dar conta de que precisava sair dali, antes que se deparasse com a babá de sua filha. Haja vista que pelos leves barulhos seguintes, identificava que a Sra. Hyuuga punha a menina na cama.

Não conseguiu manter sua pressa e cautela sincronizadas, suou frio, distanciando-se do quarto de Miina.

Praguejou em pensamento, quando causou dois rangeres de madeira, mas não cessou.

Praguejou novamente em pensamento, notando que continuava segurando o coelho de pano.

No dia seguinte, lhe restaria, por meio da governanta, devolver à filha.  

 

~NH~

 

Dentro do quarto, Hinata jurou escutar passos.

Ficou um pouco preocupada.

Pois até então ninguém demonstrou hábito de andar por aquela região da casa, naquele horário tardio da noite.

No final daquele corredor só existiam os quartos dos filhos do Uzumaki.

 

 

~NH~

Sábado

~NH~

 

 

Meado da manhã, o segundo filho do Uzumaki se situava distante de casa.

Fora do ambiente a céu aberto, divertia-se cercado de árvores.

— Eu sou o rei do mundo!

Exclamou de pé no balanço, segurando-se firmemente nas cordas.

Desprovia-se de casaca, e as cores cinza e azuis de tonalidade clara, predominavam nas vestes.

Ordenava ao seu exército imaginário:

— Vamos súditos! O inimigo se aproxima!

Um barulho vindo do mato fez o menino parar de se balançar.

Ele se sentou, com uma perna de cada lado do balanço, as mãos segurando a mesma corda. 

Uma parte do mato se sacudia.

Menma III engoliu a seco.

Sempre brincara sozinho naquele lugar, ninguém aparecia ali.

Só podia ser um bicho.

E pelo modo como movia o mato, devia ser uma grande criatura.

Lembrou-se da última caçada com Kawaki, na qual avistou um lobo à beira de uma correnteza.

 

“Estas vendo aquelas águas, Menma III? Depois delas, é o território dos lobos. Eles não atravessam as águas, porque aprenderam que depois delas, a região é visitada por caçadores.”

 

Recordou-se das palavras do irmão.

Se não podia ser lobo por perto, o que seria?

Quando pensou em correr, a figura por trás do mato se revelou.

O alívio embrulhou o menino, tratava-se da babá segurando sua irmãzinha.

— Bom dia, Sr. Menma III. — Gentilmente, Hinata cumprimentou. Seu vestido e toucado apresentavam as cores habituais: branco e azul claro. Miina usava um vestidinho rosado. — Ainda bem que escutei os seus gritos, quase me perdi na floresta.

Envergonhada, riu de si mesma.

Com um lencinho, limpou a face de Miina que suava.

O menino emudecido e curioso as observou durante um momento.

Perguntou:

— O que fazem aqui?

— Ah, bem... o coelho de Miina sumiu. Estamos procurando o leprechaun. A Sra. Miina acha que foi ele quem pegou o coelho.

A curiosidade de Menma III foi mais atiçada, questionou-a imediatamente:

— O duende?

— Claro, Sr. Menma III, não conheço ninguém além do duende que tenha esse nome.

— A... a senhora acredita em leprechaun?

— Sendo sincera, Sr. Menma III, eu nunca pensei se acredito ou não em duendes, mas não custa conferir.

— Como sabe que minha irmã acha que foi ele? Miina não fala.

— Quando eu procurava pelo coelho, ela me apontou o leprechaun que tem dentro de meu livro de contos. Achei uma boa ideia, nós conferirmos aqui na floresta, Sr. Menma III.

Hinata desacreditava em criaturas fantasiosas, porém se divertia alimentando a imaginação de crianças. 

E procurar o leprechaun pela floresta era uma boa distração para Miina que não ficava triste pela ausência do coelho.

A ruivinha se ocupava admirando a bravura de sua babá e apreciava o passeio.

— Mas Kawaki proíbe que saia dos limites dos campos.

— Bem, pela manhã eu fico no quarto da Sra. Miina, até um pouco antes do almoço, e durante esse período ninguém nos visita. — Em timbre divertido, acrescentou: — E a governanta está em Bielog, adiantando as compras da semana que vem, pois o Sr. Uzumaki pediu uma porção de biscoitos só pra ele, então ela foi apressada conseguir mais ingredientes. Aproveitei para dar essa escapadinha com a Sra. Miina.

Sorriu orgulhosa de saber que até o dono da propriedade se encantara pela sobremesa.

— Meu pai?

Menma III se surpreendeu. Moveu suas pernas, pondo-as em um único lado do balanço.

Cada mão retornou a segurar uma corda.

— Ele gosta de biscoitos?

— É o que se percebe, Sr. Menma III.

A babá lamentou ao analisar a surpresa do menino.

O Sr. Uzumaki deveria ser um estranho ao pequeno, uma pena.

— Poderia guardar segredo, de minha escapadinha, Sr. Menma III?

Hinata perguntou, distanciando-se do assunto.

Pensativo, o menino não gostaria de guardar segredo do irmão, no entanto, encantava-se mais, ao conhecer um adulto que gostasse de fazer coisas divertidas, coisas divertidas apreciadas por crianças.

Ele se rendeu:

— E-eu não direi nada, Sra. Hyuuga.

— Perfeito, agradeço muito, Sr. Menma III. Bem, eu não quero interromper sua guerra. — Ela se preparou para partir. — Espero que ainda dê tempo de o Sr. Menma III destruir os inimigos.

— Os inimigos fugiram. — O pequeno dissera, apertando as mãos na frente da barriga. Abriu e fechou, alternadamente, cada polegar. Um comportamento de timidez. — Eu poderia acompanhá-las?

As sobrancelhas da babá se realçaram e um belo sorriso floresceu.

— Claro, o Sr. Menma III me parece ser um bom explorador. Assim não me perderei.

A face do menino se iluminou, afastou as mãos, e se distanciou do balanço, procurando algo pelo solo.

Encontrou um galho comprido, e tomou a frente das damas.

— Me sigam, duendes habitam bem no interior da floresta e em lugares fechados. — Com o galho, começou a bater no mato que vinha pela frente. — Sei onde podemos procurar.

Hinata sorridente seguiu o menino, Miina colocou um dedo na boca, observando a cabeleira loira do irmão.

 

~NH~

 

Foi um passeio divertido aos três procuradores de leprechaun.

Eles se esqueceram do objetivo da andança, haja vista que Menma III se empolgou, explorando mais e mais lugares.

Ele fizera uma trilha de pedrinhas, evitando que se perdessem.

Encontraram um pequeno lago, e uma casinha abandonada.

Encantaram-se com uma raposa vermelha, seguiram-na até alguns metros do sopé de uma montanha.

Uma correnteza impedia que chegassem até a montanha.

Menma III avisou que depois daquelas águas, iniciava-se o território dos lobos.  

Hinata se arrepiou, e decidiu que deveriam regressar.

Na volta, a babá apressou o ritmo, julgando ser tarde para o almoço, acabaram perdendo a hora.

 

 

~NH~

 

 

Dez minutos depois de retornar de Bielog, Shizune recebeu de Kakashi o coelho de pano, ele lhe repassou a ordem de entregar para a Sra. Miina.

A governanta se surpreendeu de o Sr. Uzumaki ter se ocupado em juntar um brinquedo de Miina, mas em seguida, considerou que fosse uma das coisas deixadas por Sara.

A Sra. Hollingshead foi ao quarto da Sra. Miina, estava vazio.

Foi ao quarto da babá, também vazio.

Descendo a escada, escutou a chegada de alguém, e se apressou em receber quem fosse.

— São vocês.

Shizune avistou a babá e as duas crianças.

Séria, aproximara-se deles e entregou o coelho às mãos pequeninas da ruiva.

Somente naquele momento, os três se recobraram que procuravam pelo duende na floresta.

A governanta quis saber:

— Onde estavam?

— Passeando, apenas. Perdi a noção das horas, isso não retornará a acontecer, Sra. Hollingshead. — A Hyuuga se desculpou.

— Bem, não importa, vocês estão suados, Sra. Hyuuga dê um banho na Sra. Miina, e depois vá ajudar na cozinha que está movimentada. O almoço está atrasado, tivemos um problema com a sege.

— Imediatamente, Sra. Hollingshead.

— Serve para você, Sr. Menma III, banhe-se.

O menino assentiu, e enquanto ele e a babá se apressavam para o banho, trocaram um olhar cúmplice, transmitindo a mensagem um para o outro, de que aquele dia foi divertido.

 

 

 

~NH~

Durante a noite.

~NH~

 

 

Naruto assim que terminou o jantar, pegou sua bandeja de biscoitos e se retirou para seu quarto, tomado de satisfação em ter tanta sobremesa para saborear.

Porém no meio do caminho, entregou-se à curiosidade.

Não esquecera a sensação agradável de escutar aquela voz delicada.

Queria escutar a babá pronunciando algumas palavras.

Aproximou-se, lentamente.

Daquela vez, ele ficaria somente alguns segundos.

Na frente da porta, escutou a babá contando uma história.

Era de fato, uma voz encantadora.

E uma emoção lhe brotou no peito, ao escutar o riso de sua menina.

 

Miina se divertia!

 

Dentro do quarto, a cadeira de balanço se posicionava de frente para a porta.

A babá lia seu livro, e inventava alguns trechos, nos momentos, nos quais movia sua visão à fresta da porta.

Notava a sombra de alguém, parado na frente do quarto.

A perolada ocultou seu nervosismo para não assustar Miina que se divertia com a história.

Quando a menina dormiu, Hinata parou de se balançar na cadeira e percebeu a sombra recuando.

Alguém se distanciava, devagar, para não ser percebido.

Naruto pestanejava, em sua mente, desacreditado consigo mesmo, por se demorar pela segunda vez.

 

 

~NH~

Domingo

~NH~

 

 

Bem cedo, Hinata estava pronta para visitar sua família, mas antes de partir, quisera um momento em particular com a governanta.

Abordou-a sobre o que a incomodava e quando terminou de falar, a mulher mais velha teve um breve momento silencioso.

— Alguém a espiando? Escute, Sra. Hyuuga. É uma acusação grave, muito grave.

— Eu sei que é difícil acreditar, Sra. Hollingshead. Já é de meu conhecimento que os criados trabalham juntos há anos, existe um elo de confiança imenso entre vocês, por isso eu não me arriscaria a mentir.

— Bem, eu confio na pessoa quem me a recomendou, Sra. Hyuuga. E há uma punição em lei, para quem recomenda profissionalmente uma pessoa de má índole. Não quero acusá-la de difamação. Então... somente posso acreditar que seja um engano.

— Não é engano, na primeira vez, escutei passos se distanciando, e na segunda vez, virei a cadeira de frente para a porta. Sei o que vi perfeitamente, Sra. Hollingshead. Tinha alguém na frente do quarto.

Shizune coçou o queixo, e após uma breve reflexão, decidiu:

— Da próxima vez, mandarei alguém vigiar a entrada do corredor, escondidamente. Está bom assim, Sra. Hyuuga?

— Perfeitamente, Sra. Hollingshead.

Momentos mais tarde, quando Hinata se encontrava na sege, ansiosa para rever a família, também compartilhou um lamento, esperando que Miina não se chateasse com sua ausência.


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