Meu Amor é Teu escrita por Karry


Capítulo 6
2021


Notas iniciais do capítulo

O capítulo em que CP ficou completamente malucaaaaa, é meu favorito ahahahahahhaha boa leitura.



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2021

Scorpius decidiu duas coisas durante as férias: 1) tudo o que tivesse a sua disposição para poder não pensar em sua mãe ele faria, e 2) ele iria conquistar Rose Weasley nem que sua vida dependesse disso. 

O último Natal foi um misto de emoções para Scorpius, saber que havia perdido a própria mãe acabou com ele, não conseguia raciocinar direito o que o levou a beijar Rose mesmo sabendo que ela estava comprometida. Sim, ela retribuiu boa parte do beijo, mas Scorpius sabia que enquanto Jake estivesse ali ela não estaria pronta para ele. 

Entretanto, Scorpius era paciente, sabia a hora certa de agir e calcularia o tempo certo para começar a se mover. 

Depois do Natal do ano passado, Scorpius foi levado para casa a fim de participar do velório da mãe. McGonagall permitiu que Rose e Albus fossem ao velório se seus pais estivessem de acordo, Scorpius ficou feliz em saber que mesmo Draco Malfoy tendo sido o pior exemplo de pessoa anos atrás, Harry Potter estava ali acompanhando Rose, Albus, Lily, Hugo e… Jake. 

Bem… O ditado já diz: mantenha seus amigos perto e seus inimigos mais perto ainda, né?

Ainda assim, foi bom poder contar com a presença de seus amigos, e Jake, no velório, mesmo que Rose estivesse absurdamente distante e medindo cada passo e cada gesto que fazia perto dele. Scorpius entendeu o recado: ela e Jake ainda estavam firmes e fortes e ele não sabia do beijo. Tudo bem, ele podia viver com o fato de Rose esconder o beijo. 

Todos os professores de Hogwarts optaram por deixar que Scorpius saísse de férias mais cedo. Draco conversou com cada um deles para que deixassem Scorpius fazer os trabalhos e atividades em casa, Draco se certificaria de que ele tivesse um professor particular nesse meio tempo e só voltaria para Hogwarts em Setembro do próximo ano letivo. 

Scorpius aproveitou as aulas particulares e o pouco tempo que podia passar com o próprio pai, Draco se mostrou estar enfrentando um estado depressivo bem caótico conforme os dias sem Astoria passavam. Scorpius estava se ajustando ainda a realidade, a ficha de que a mãe havia mesmo morrido não tinha caído, mas Draco precisava dele. 

A conexão entre Scorpius e Draco nunca esteve tão sólida e forte. Scorpius percebia agora que Draco não era aquele monstro terrível que imaginou, sabia também que Draco não era nenhuma espécie de herói seu, mas Draco era o melhor dos pais, um amigo excelente, bom ouvinte e ótimo jogador de quadribol. 

— Rose Weasley? — gritou Draco, estava sentado sobre a vassoura segurando uma bola entre as mãos, não era um balaço genuíno mas iria servir para os treinos de Scorpius. 

— Sim. — respondeu ele, dando de ombros. 

— Não sei não... — Draco arremessou a bola para ele — Você não disse que ela tem um namorado? Isso não faz sentido.

— Ela tem um namorado ainda — corrigiu Scorpius — Você não confia em mim?

Draco riu. 

— Eu confio até demais, Scorpius, esse é o problema.

— Pois então apenas confie no fato de que herdei as suas habilidades de conquista. 

Scorpius arremessou a bola de volta. Draco teve de voar muito para cima, numa velocidade absurda para conseguir pegá-la. 

— Não, você herdou essa habilidade da sua mãe. 

Estavam agora num momento onde podiam falar sobre Astoria abertamente sem que nenhum dos dois tivesse de chorar. Ainda doía, é claro, e muito. Scorpius suspeitava que essa era uma ferida que nunca cicatrizaria, mas as boas memórias de Astoria eram as que permaneciam na mente dos dois e não a Astoria doente e debilitada dos últimos dias de vida. 

— Você vai jogar essa bola ou não? — gritou Scorpius. 

Draco riu. 

Era bom ver alguém sorrindo naquela casa mais uma vez. 

×

Muitas coisas mudaram na vida de Scorpius, mas Hogwarts não era uma delas. Seu quarto continuava aconchegante, sua cama ainda o aguardava e o abraço de Albus ainda era reconfortante como o abraço de um irmão. 

— Eu senti tanto sua falta! — murmurou Albus, apertando Scorpius contra si. 

— Tenho certeza de que Alice fez um ótimo trabalho te animando. 

Albus riu, soltando Scorpius para poder lhe empurrar. 

— Cara, você está muito diferente — disse Albus, depois de conseguir parar de rir — Tipo, muito diferente mesmo, você andou malhando?

— Sim, vou fazer um teste para o time de quadribol. 

Albus riu mais uma vez e só parou porque percebeu que Scorpius estava mesmo falando sério sobre o time. 

— Você não odeia quadribol?

— Preciso de alguma coisa para desestressar e a posição de batedor é a melhor opção para isso — deu de ombros — Ou… Eu posso dar uma surra em Jake, que tal?

— Você voltou completamente surtado — sorriu Albus — Mas beleza, vai ser bom ter você no time, acho que semana que vem abrem os testes. 

Scorpius sorriu e agarrou Albus pelos ombros enquanto seguiam para o Salão Comunal. 

— Mas me conta, o que eu perdi?

×

Rose ficou sabendo que Scorpius seria monitor da Sonserina por intermédio de fofocas rolando soltas por toda a escola. Teve a decência de se manter em silêncio em todas elas, mas sabia que Jake estava nervoso com o retorno de Scorpius. 

Os dois não conversaram sobre o que o retorno de Scorpius significava naquele relacionamento e Jake ainda não fazia ideia do beijo que eles deram no ano passado, mas era melhor assim. Rose nem mesmo tinha visto Scorpius desde que ele tinha chegado à Hogwarts mais uma vez, só sabia dele por meio dessas notícias pela metade e por Alice. 

— Scorpius vai entrar pro time da Sonserina — comentou Alice, estavam com os braços entrelaçados e caminhavam pelos corredores juntas. 

— Ele não odeia quadribol?

— Ah, sei lá, foi Albus quem me contou então é verdade, né? — Alice deu de ombros — Você já viu ele? Parece outra pessoa, está tão bonito. 

— Scorpius sempre foi bonito! — Rose se arrependeu do que disse no minuto em que as palavras saíram de sua boca. 

Alice deu uma gargalhada e cutucou sua cintura.

— Eu sei, mas ele está mais alto e bem mais forte, as meninas da Corvinal não param de falar sobre ele. 

— Isso vai fazer muito bem para o ego dele. — sorriu Rose. 

— Você não viu ele ainda né, Rose?

— Como você sabe? 

Alice soltou o cotovelo de Rose e parou no meio do corredor, estavam frente a frente. 

— Não faço ideia do que aconteceu com vocês, de verdade, mas é muito nítido que você está evitando Scorpius! — sussurrou Alice em tom conspiratório — Eu e Al ainda não sabemos o que rolou, mas eu sugiro que você pare de fugir do Scorpius, ele acabou de perder a mãe!

— Você está falando sério?

— O Jake tem ciúmes dele, é isso? É por isso que você está evitando ele?

— Você está falando sério!

— Rose você não pode fugir disso a vida toda!

— Fugir do que? 

Rose e Alice deram um pulo, era Jake. O sorriso no rosto dele estava amistoso demais, e por isso, Rose supôs que ele não ouvira a menção ao nome de Scorpius na conversa. 

— Ah... E aí, Jake? — sorriu Alice, como se segundos atrás não estivesse colocando Rose contra a parede com qiestionamentos sobre outro rapaz — Rose não quer me ajudar a escolher um presente para Albus, acredita nisso?

Caramba, ela era boa em mentir. E Jake era muito bom em acreditar em todas elas.

— Receio que ela não vai poder te ajudar agora, temos reunião com os outros monitores em cinco minutos. 

— Droga, eu esqueci! — praguejou Rose. 

— Ah não tem problema, a gente conversa outra hora né, Rose?

Rose assentiu, não porque pretendia continuar a conversar sobre aquele assunto com Alice, mas porque precisava ser educada enquanto Jake estivesse observando.

Jake agarrou sua mão, se despediu de Alice com um aceno de cabeça e os dois foram para reunião.

×

De todos os rumores sobre a volta de Scorpius, Rose só gostaria que aquele a respeito de ser um monitor fosse mentira. Não era mentira, é claro, Rose não tinha tanta sorte assim. Sabia muito bem que um dos antigos monitores da Sonserina pediu para ser afastado a fim de focar nos NOMs.

Assim que ela e Jake chegaram à sala dos monitores, Rose sentiu a mão de Jake apertar a sua com mais firmeza, ele estava tenso demais com o retorno de Scorpius e tão perto assim de Rose. Ela não olhou diretamente para onde Scorpius estava, sabia que ele tinha se sentado no sofá oposto ao que ela e Jake estavam porque viu um pouco do cabelo loiro dele que reconheceria em qualquer lugar, mas não voltou a olhar naquela direção.

Jake recostou-se sobre o sofá e colocou um dos braços ao redor dos ombros de Rose. Ele estava tentando mostrar a Scorpius que o namoro dos dois estava firme e forte, Rose o conhecia bem o suficiente, mas deixou que ele o fizesse mesmo assim. Talvez o choque de realidade fizesse bem a Scorpius, para que ele entendesse de uma vez por todas que não deveria beijá-la sem permissão.

McGonagall era quem presidiria a reunião, ela pigarreou para chamar a atenção dos alunos e começou:

— Boa tarde alunos, espero que todos tenham retornado bem das férias. Conforme todos já estão cientes, Cassius Crabble pediu a saída do cargo de Monitor, por isso gostaria de dar as boas-vindas a Scorpius Malfoy, o mais novo monitor da Sonserina. 

Rose não teve para onde fugir, teve de olhar para Scorpius dessa vez. Ele não se levantou, mas ergueu a cabeça em direção a McGonagall e sorriu, Rose sentiu um frio na espinha. 

Alice estava certa, ele estava mesmo muito mais bonito, parecia mais alto e mais forte, o cabelo estava maior e um pouco rebelde. A puberdade e seja lá qual poção mágica ele tomou o fizeram muito bem.

— Obrigado, Professora! 

E Scorpius olhou diretamente para ela. Rose nem teve tempo de desviar o olhar dele sem que Scorpius percebesse, entretanto, ela não foi capaz de desviar os olhos, era magnético. Scorpius sorriu, enviando um arrepio por sua espinha. 

McGonagall continuou a presidir a reunião, não que Rose estivesse prestando atenção em alguma coisa que ela estivesse dizendo, ainda não tinha conseguido parar de olhar Scorpius, tinham ficado alguns meses longe e agora Rose sentia que eram poucas as coisas que podia reconhecer em Scorpius. 

Sim, ele estava mais alto, mais forte, mais bonito, mas obviamente não era só isso. Rose conhecia Scorpius desde o primeiro ano em Hogwarts, sabia de detalhes que até mesmo ele não poderia se dar conta, então foi fácil perceber que algo sobre sua personalidade também havia mudado. 

Rose queria muito poder voltar a falar com Scorpius, deixar algumas coisas a limpo e conversar sobre aquele beijo, mas ainda tinha Jake.

Jake que, apesar de todos os defeitos, estava sempre lá por ela, era certeza e companheirismo garantido. Rose não conseguia imaginar como poderia deixar Jake por algo que não passava de uma suposição. Sua cabeça pesava só de imaginar a situação, só agradecia por saber que Scorpius estava lhe dando um tempo para processar tudo. 

— Terra para Rose! — murmurou Jake, sacudindo seu ombro — A reunião já acabou.

Rose agarrou a mão de Jake e se levantou, quase todos os monitores já tinham saído da sala, exceto por ambos e… Scorpius Malfoy. O pânico de estar numa sala trancada somente com eles dois foi o suficiente para fazê-la puxar a mão de Jake em direção a saída. 

— Rose, será que a gente pode conversar? 

Ah, se não era o pior de seus pesadelos tomando forma. 

Rose fechou os olhos com força. Talvez se fingisse não ter ouvido Scorpius ele a deixasse ir em paz, para sua surpresa, no entanto, fora Jake quem interveio em toda essa incômoda situação. 

— Encontro você mais tarde. — assentiu ele, dando um último aperto em sua mão antes de ir embora. 

O rosto de Jake estava neutro, não era como se estivesse com raiva pelo chamado de Scorpius. O coração de Rose estava em uma confusão terrível de sentimentos, queria correr atrás de Jake, mas sentia que não podia mais fugir de Scorpius, principalmente agora que se veriam com ainda mais frequência nas rondas de monitores.

— Você não pode fugir de mim para sempre, Weasley. 

Rose se virou para ele, Scorpius estava perigosamente perto, o que a obrigou a dar dois passos para trás. 

— Não estou fugindo de você, nós acabamos de voltar, só não tive tempo. — mentiu ela, sem conseguir olhá-lo nos olhos. 

— Você não pode mentir para mim também. 

Rose riu, incrédula.

— Não estou mentindo, o que você quer comigo, afinal? — foi mais ríspida do que gostaria, mas isso tudo era culpa de Scorpius que achava graça em fazê-la ficar nervosa. 

— Seu namorado mandou você parar de falar comigo? Ele não tem dó de um cara que acabou de perder a mãe?

Rose ficou tão chocada com a casualidade que levou algum tempo para entender que Scorpius tinha feito uma piada. Os dois se encararam por um momento, Scorpius com um sorriso no rosto e Rose sem conseguir dizer coisa alguma. 

— Scorpius…

— Estou brincando com você, Rose, só quero que a gente volte ao que era antes, eu sinto muito a sua falta! — Scorpius segurou sua mão com delicadeza, Rose deixou que ele a tocasse mesmo sabendo que era um erro fatal, o toque não deixou de ser reconfortante mesmo depois de meses sem sentí-lo, era até perigoso deixar que Scorpius a tocasse, não sabia se poderia controlar um possível segundo beijo — Não vou mentir e dizer que não estou louco para beijar você agora, mas estou controlando meus impulsos e, apesar de Jake não merecer, decidi respeitar o seu relacionamento. 

— Não faça isso comigo... — sussurrou Rose, baixando os olhos, envergonhada. 

Scorpius percebeu um rubor nas bochechas de Rose, teve de conter um sorriso para não deixá-la ainda mais constrangida, mas segurou seu queixo com a ponta dos dedos e ergueu seu rosto para que ela o olhasse nos olhos mais uma vez. 

— Só vou te beijar de novo quando você me pedir, até lá prometo me comportar, mas quero minha amiga de volta. 

Rose engoliu em seco, mas acabou assentindo. 

— Tudo bem. 

— Ótimo! — Scorpius a soltou e se afastou em direção à porta — Preciso ir para o treino de quadribol, mas a gente se fala mais tarde. 

No silêncio da sala dos monitores, Rose teve de se lembrar como era respirar normalmente. Olhou para a porta por onde Scorpius tinha acabado de sair e suspirou. 

Estava ferrada, muito ferrada.

×

Rose não imaginou que existiria uma situação mais constrangedora do que a que precisou viver com Scorpius e Jake na sala dos monitores, mas ela conseguiu se superar com maestria. Estava ocupada guiando alguns alunos primeiranistas e tirando dúvidas quando passaram pelo campo de quadribol, Rose sabia muito bem que poderia ter desviado do campo mas passou por lá com os alunos do mesmo jeito. O time da Sonserina estava treinando e ela era curiosa demais para não aproveitar uma chance de ver Scorpius jogando.

Ela não conseguia distinguir quem era quem com todos os jogadores sentados em suas vassouras tão lá no alto, procurou por Scorpius inconscientemente, mas se deu conta de que sequer sabia qual era a posição dele no time. 

— Bom, aqui é o campo de quadribol, vocês ainda não podem se candidatar para os times mas vão poder assistir a vários jogos ao longo do ano letivo. — Rose apontou para o campo, os primeiranistas o fitaram com um brilho nos olhos — No ano passado a Grifinória ganhou a Taça do Campeonato de Quadribol, quem sabe vocês não presenciem outra vitória esse ano?

Rose planejava dar uma breve volta pelo campo quando o avistou. Scorpius Malfoy carregando um caixote cheio de garrafas de água e… Sem camisa. Ela arfou tão alto que todos os primeiranistas que a acompanhavam se viraram para ver Scorpius também. 

— E aí, Weasley? Veio espiar o treino do time adversário? — sorriu ele. 

Scorpius depositou o caixote com as garrafas no chão ao lado dela e sorriu. A camiseta que deveria estar em seu corpo estava pendurada sobre o ombro dele, Rose não respondeu, mas uma garotinha primeiranista gritou em resposta:

— Ela estava mostrando o campo para nós! 

Rose se lembraria de agradecer a garotinha depois. 50 pontos para a Grifinória pela agilidade. 

Scorpius passou a mão pelos cabelos, não do jeito nervoso e cauteloso que ele costumava fazer quando estava em crises ansiosas e que Rose se lembrava muito bem, mas de um jeito descontraído e brincalhão, como se o fato de Rose não ter aberto a boca desde que ele chegou fosse hilário o suficiente para continuá-la a deixar sem reação. 

— E vocês gostaram do campo? — perguntou ele, agora estava abrindo uma das garrafinhas de água despreocupadamente. 

Os primeiranistas se aglomeraram para conversar com Scorpius, estavam animados para falar com uma das novas estrelas do time da Sonserina. Como era jogar quadribol? Ele seria jogador profissional quando saísse de Hogwarts? Ele conseguia manter o equilíbrio na vassoura mesmo sem as mãos? 

Scorpius respondeu a todos eles com calma, o que acabou lhes deixando com mais e mais vontade de continuar as perguntas, mas Rose precisava intervir, eles teriam aula em breve e não podiam continuar jogando conversa fora com Scorpius pelo resto do dia. 

— Obrigada, Scorpius, mas precisamos ir agora! — disse ela subitamente — Vamos, pessoal?!

Após alguns protestos todos concordaram em ir, Scorpius se despediu de Rose com um abraço apertado e um beijo no rosto. 

Sim, ele estava suado.

Sim, Rose o abraçaria mais uma vez independente do suor se tivesse a chance.

×

A imagem de Scorpius sorridente e sem camisa não saiu da mente de Rose em nenhum momento do dia, sim, ela tentou se ocupar com tudo o que estivesse ao seu alcance mas a maldita imagem de Scorpius Malfoy sem camisa, rindo, bagunçando os cabelos despretensiosamente era demais para ela. Alice reclamou que Rose estava avoada e protestou quando ela não disse o por quê. 

E o que ela diria para Alice afinal de contas? Sabe como é, não consigo parar de pensar naquele tanquinho. Rose não estava tão fora de si ainda para admitir esse tipo de coisa em voz alta.

Como se a imagem por si só já não fosse o suficiente, uma informação adicional sobre a participação de Scorpius no time foi entregue a Rose sem que ela pedisse.

— Scorpius é um ótimo batedor! Eu estava duvidando porque ele nunca gostou de quadribol, mas o cara é bom! — comentou Albus durante o almoço. 

Batedor.

Agora Rose tinha que conciliar a imagem real que ela tinha de Scorpius sem camisa na cabeça com as imagens que seu cérebro estava criando de Scorpius arremessando balaços do outro lado do campo com toda a força. Sua cabeça pesava só de tentar parar de pensar nele, ou nos braços torneados e o corpo em forma trabalhando arduamente.

Pelo menos ele não estava almoçando com ela, Albus e Alice agora. Scorpius teve de conversar com McGonagall para acertar alguns detalhes sobre os meses em que ficou fora e esse era o único tempo livre que tinham, por isso sua ausência. 

Rose estava exausta de ter que guardar para si mesma que os dois já tinham se beijado e que Scorpius só não tentou beijá-la de novo porque ela ainda tinha um compromisso com Jake. Como é que Rose tinha chegado a essa situação? Quem foi que permitiu isso? Os roteiristas da vida dela estavam de brincadeira, era a única explicação.

Alice e Albus ainda estavam conversando enquanto comiam e Rose estava em silêncio, cutucando o prato de comida quando Jake se sentou ao seu lado. Ele a comprimentou com um beijo no topo da cabeça e ela lhe devolveu um sorriso. 

Rose e Jake não tinham conversado sobre o retorno de Scorpius. Na verdade, Rose não achou que fosse necessário mesmo que Jake ainda tivesse alguns momentos de ciúmes quando estavam em sua presença. De modo geral, estavam indo bem, até agora.

— Estava pensando em irmos ao Três Vassouras no fim de semana, o que acham? — perguntou ele. Alice e Albus concordaram sem nem pensar — O que acha, amor? 

— Claro, Scorpius, pode ser!

Nunca houve um silêncio tão ensurdecedor quanto esse. 

Rose percebeu.

Albus percebeu.

Alice percebeu.

Jake com toda certeza percebeu.

— O que foi que você disse? — perguntou Jake rispidamente. 

— Eu disse que pode ser. — arriscou Rose, talvez, se ela desse uma de maluca poderia sair dessa situação. 

Não funcionou, é óbvio.

— Não, você me chamou de Scorpius! — esbravejou ele. 

Ela sabia que não ia funcionar, seria surpresa se Jake caísse nessa.

Rose largou os talheres sobre o prato e se virou para agarrar as mãos de Jake, mas ele se afastou antes que ela pudesse chegar mais perto. O olhar de Jake era incrédulo, mas antes de tudo, raivoso. 

— Foi sem querer! — Rose tentou agarrá-lo mais uma vez sem sucesso — Jake, por favor!

Mas Jake se levantou sem dizer mais nenhuma palavra, saindo pelas portas do Salão Comunal sem parar nem mesmo por um segundo. O silêncio na mesa continuou, Albus e Alice trocaram um olhar cúmplice, mas também constrangido com toda a situação e Rose bufou, apoiando a cabeça sobre as mãos enquanto tentava não chorar de raiva.

— Eu sou uma idiota! — lamentou-se. 

Alice chutou a perna de Albus antes que ele tivesse a chance de concordar.

×

Scorpius estava morto de tão cansado, só queria ir para o quarto, tomar um banho e dormir. Conseguiu conversar com McGonagall sobre as aulas que repôs em casa e sobre os NOMs perdidos, já havia remarcado a data para a nova prestação das provas e sua cabeça latejava de pensar em todas essas questões acadêmicas. No caminho para a Sonserina, conseguiu convencer um elfo doméstico a lhe dar alguma coisa para comer, já que o horário do jantar já tinha acabado. 

Subindo as escadas para seu quarto, Scorpius terminou de mastigar seu "jantar", esperava que Albus e os outros dois garotos com quem dividiam o quarto estivessem dormindo, mas Albus estava sentado em sua cama, fingindo ler sua edição de 'O Grande Gatsby' que ganhou de Rose.

— Oi. — cumprimentou Scorpius.

Scorpius deveria ter notado no segundo em que bateu os olhos em Albus fingindo ler que havia algo de errado, mas decidiu dar o benefício da dúvida ao melhor amigo.

— Oi! — Albus fechou o livro imediatamente — Onde você estava?

— Albus Severus Potter, você sabe exatamente o que eu estava fazendo — Scorpius cruzou os braços sobre o peito e fitou Albus com seu olhar mais intimidador — Desembucha logo, o que é que aconteceu?

— Ok… É que eu não deveria te contar, mas você sabe que eu não consigo guardar segredos de você! — Albus jogou o livro sobre a cama de Scorpius e se sentou, cruzando as mãos sobre o próprio colo — Se eu fosse você eu sentaria para ouvir a notícia.

Scorpius largou a bolsa sobre os pés e se sentou na cama, de frente para Albus. 

— Fala logo, você está me assustando. 

— Eu acho que Rose e Jake terminaram. 

Scorpius engoliu em seco. Era a última coisa que pretendia ouvir depois de um dia tão longo. 

— Você acha? — sussurrou Scorpius entredentes, porque se ele tentasse falar normalmente acabaria gritando de felicidade — Como assim você acha? Me conta isso direito.

— Promete que não vai dizer nada para Alice.

— Ah meu Deus, eu prometo, só fala de uma vez. 

— Bom, a Rose estava toda esquisita hoje, meio avoada, sabe? Alice já tinha reclamado sobre isso, mas eu nem dei bola, enfim, quando nós fomos almoçar o Jake se sentou na mesa conosco e começamos a conversar... — Albus fez um gesto complicado com as mãos — Ele perguntou se a gente queria ir ao Três Vassouras no final de semana e a Rose disse "pode ser, Scorpius". 

Scorpius fitou Albus com a boca escancarada. Ele estava maravilhado com a situação, Rose chamando o próprio namorado por seu nome era uma loucura que ele nunca teria imaginado. Não conseguiu esconder a gargalhada que deu. 

E avoada? Rose estava avoada com o que? Ah, se fosse por causa dele...

— Não ri não, cara. Foi horrível! Eu e Alice não sabíamos onde enfiar a cara.

— Você tá brincando? Como é que eu não vou rir com uma notícia dessas, Al? E aí, o Jake falou o que?

— Ah… Ele ficou puto demais, não conseguiu nem falar direito, a Rose até tentou acertar a situação, mas ele foi embora sem deixar ela dizer nada. 

— Isso é maravilhoso!

— A Rose tá arrasada.

— Ah, droga! — Scorpius deu de ombros, mas se levantou — Eu vou atrás dela.

Albus se levantou, empurrando Malfoy de volta para a cama. 

— Não, senhor! Você não vai falar nada para ninguém, qual parte de 'eu não podia te contar isso' você não entendeu, cacete? — Albus agarrou uma de suas pantufas no chão e arremessou em Scorpius. — Você já acabou com o namoro de Rose, não venha acabar com o meu. 

Mesmo com uma pantufa sobre sua cabeça, Scorpius não conseguia parar de sorrir com a notícia. 

Era o melhor dia de sua vida.

×

Todas as tarefas de Rose do dia já tinham terminado. Ela estava um verdadeiro caco emocional, tentou fugir de todo mundo que procurou trocar mais do que duas palavras com ela e de quem viu a cena horrorosa que protagonizou com Jake. 

Estava envergonhada e decepcionada consigo mesma. Sabia muito bem que era a culpada por Jake estar bravo, ele tinha todo o direito de querer se manter afastado dela. Ninguém merecia estar envolvido em uma confusão de sentimentos como essa, especialmente Jake, porque ele se mostrou sempre tão bom e tão companheiro com ela. 

Ela procurou Jake diversas vezes, o único lugar em que ele não podia simplesmente sair andado e deixá-la falando sozinha era a sala dos monitores, mas Rose não podia tratar de assuntos pessoais lá, então teve de se contentar com Jake tendo a última palavra sobre aquele fim trágico de namoro. 

Jake gritou algo do tipo ‘não quero te ver nem pintada de ouro’ e ordenou que Rose não o procurasse novamente. Foi um completo desastre, mas ela aceitou, o que poderia fazer? Jake não queria mais nada com ela, tinham acabado.

Rose queria se enfiar em um buraco negro e sumir pelo resto do ano, não suportava mais ter de ouvir os rumores sussurrados nos corredores enquanto fingia que estava tudo bem. Era uma catástrofe.

Era um daqueles dias em que só o fato de o cadarço dos tênis desamarrar sozinho já era motivo o suficiente para que ela quisesse jogar alguém da Torre de Astronomia. E lá estava ele, o desgraçado do cadarço desamarrado. Rose teve de se esforçar muito para não gritar de raiva, então apenas bufou enquanto se abaixava para amarrar o cadarço novamente. 

— Rose? 

Ah, ótimo! Rose sabia de quem se tratava antes mesmo de olhar. Ergueu os olhos para a silhueta à sua frente, Scorpius a olhava com curiosidade e um sorrisinho sem vergonha nos lábios.

— O que você quer? — esbravejou ela, se levantando. 

Era mais difícil encarar Scorpius nos olhos agora que ele era embaraçosamente mais alto do que Rose, mas ela o fitou mesmo assim, não estava a fim de gracinha alguma hoje.

— Ai, doeu — Scorpius riu.

— Fala sério, Scorpius! — Rose revirou os olhos, já estava se distanciando dele. 

Scorpius agarrou seu pulso e a puxou para perto dele novamente, não estava mais sorrindo, tinha um olhar preocupado agora. É claro que ele estaria preocupado, Rose estava com uma cara péssima e muito irritadiça. Scorpius apertou a mão em seu pulso, com gentileza. 

— Você quer conversar? — deu de ombros como se não estivesse interessado em nada que ela teria para dizer, mas estava sim, estava doido para ouvir as maravilhosas notícias saindo de seus lábios — Posso te dar um abraço daqueles que só eu sei dar. 

Rose suspirou, derrotada, finalmente assentiu. Scorpius a puxou em direção à Torre de Astronomia, mas entrelaçou seus dedos aos dela. Ele engoliu em seco aliviado ao perceber que Rose não se separou dele, deixando que ficassem de mãos dadas durante todo o percurso. 

A Torre de Astronomia estava vazia, é claro. Scorpius se sentou e puxou Rose para se sentar à sua frente, ainda estava com a mão entrelaçada à dela. Rose desviou os olhos dos dele, fitando a passagem diante da sacada logo ao lado deles, Scorpius se deu ao luxo de encará-la enquanto ela não via. 

Linda, absurdamente linda, até mesmo quando não estava em seus melhores dias. Scorpius tentou entender como não reparou nisso desde o primeiro dia em que botou os olhos nela, Rose era esplêndida, estava ali sempre que ele precisava, era engraçada, inteligente, muito teimosa e tinha as melhores recomendações literárias. Perfeita e imperfeita em todos os sentidos, tão Rose que Scorpius se surpreendia em não perceber desde o início o quão louco ele era por ela.

Rose deve ter percebido que Scorpius estava olhando para ela por muito tempo sem dizer nada porque resmungou:

— Você prometeu que só me beijaria se eu pedisse, então não tente nada, senão vou bater em você! 

Scorpius riu.

— Eu sempre cumpro minhas promessas, Weasley, estou ofendido com a desconfiança.

Rose se virou para olhá-lo nos olhos. 

— Você nunca gostou dele, né?

— Quem?

— Jake.

— Não, ele não era bom o suficiente para você. — Scorpius negou com a cabeça, sabia que não precisaria mentir para Rose, nunca precisou. Rose suspirou profundamente, não tinha certeza se Scorpius sabia sobre sua briga com Jake, mas a julgar pelos rumores que continuavam circulando pelos corredores, ele deveria saber de todos os mínimos detalhes. — Sei o que você deve estar pensando, e não, eu também não acho que sou bom para você, Rose, porque tenho certeza de que ninguém nunca vai estar aos seus pés, mas… Eu acho que sou o que chega mais perto disso. 

Rose riu, não conseguiu evitar. 

— É sério? — apertou a mão dele — Você me trouxe aqui para dizer isso?

Scorpius deu de ombros, se permitindo rir também. 

— Eu queria saber como você está, te deixar desabafar, eu estava falando sério quando disse que queria minha amiga de volta, Rose.

— Sim, eu sei, é bom ter você por perto. 

Scorpius permaneceu em silêncio, imaginou que Rose fosse dizer mais alguma coisa, mas ela também se calou. Era reconfortante estarem na presença um do outro mais uma vez, sem a pressão dos sentimentos dando as caras e os fazendo questionar tudo o que saísse de suas bocas. 

— Scorpius…

— Sim?

— Acho que estou aliviada, você sabe… De não estar mais namorando Jake, era exaustivo evitar você. 

O coração de Scorpius bateu descompassado, aquilo era o mais próximo de uma confissão de amor que Rose faria para ele no momento. 

— E eu estou aliviado que você não vai mais me evitar. 

Rose o olhou no fundo dos olhos, podia sentir aquela força magnética que rondava Scorpius desde o primeiro ano, como se todo o mundo perdesse o sentido no momento em que os dois ficavam a sós, só a companhia dele importava em momentos como esse. Inconscientemente, os olhos de Rose fitaram os lábios de Scorpius, se lembrou da exata sensação maravilhosa que era a de beijá-lo e se obrigou a fechar os olhos quando sentiu o coração bater rápido. 

— Acho que quero te beijar — sussurrou Rose. 

Scorpius riu.

— Você acha ou você tem certeza?

— Eu tenho certeza que quero, mas acho que não devo. 

Rose se arrepiou por inteiro quando sentiu que Scorpius segurou seu rosto com uma das mãos, deixando o polegar roçar sobre seu lábio inferior daquele jeito tão familiar.

— Você precisa pedir, Rose, ou não vou poder te beijar!

É como diz o ditado: quem está na chuva é para se molhar e para quem já está molhado, mais um pingo é besteira. 

Rose abriu os olhos, Scorpius estava a centímetros de distância, os olhos cinzentos fervendo de desejo, do mesmo jeito que ela se sentia. Não pensou duas vezes, beijar Scorpius agora parecia uma situação de vida ou morte. 

Não foi como da última vez, foi melhor, porque desta vez Rose estava preparada e pronta para receber o beijo. Agarrou Scorpius pela nuca, beijando-o com força, ele segurou sua cintura, puxando-a para seu colo e fazendo com que Rose entrelaçasse as pernas ao redor de sua cintura. 

O tempo pareceu congelar, a única coisa em órbita era a união que Scorpius e Rose haviam se tornado agora, tão bem encaixados um no outro que pareciam ter feitos para estar juntos desde o início. 

Era mágico, era perfeito, eram Scorpius Malfoy e Rose Weasley.

×

O jantar tinha acabado de ser servido quando Alice se lembrou de que duas pessoas não estavam ali.

— Onde você acha que eles estão? — perguntou.

— Quem? 

— Rose e Scorpius, né? De quem mais eu estaria falando? 

Alice bufou, olhando ao redor do salão. Jake estava em um canto da mesa da Grifinória, sozinho, parecia terrivelmente abalado, mas não levantou a cabeça em direção a Alice, deveria estar com muita vergonha. 

— Tadinho do Jake! — suspirou ela. 

— Se você está com dó, leva para casa! — resmungou Albus, espetando um pedaço de frango com o garfo. 

Alice riu.

— O que é isso? 

— Ué, o que você quer que eu diga? O cara nem deixou Rose dizer nada. 

— Ai, fala sério, Al! Você acha mesmo que tem explicação? Ela chamou o namorado pelo nome do cara que ele morria de ciúmes! É imperdoável. 

Albus deu de ombros, enfiando um garfo cheio de comida na boca.

— Eu quero que ele se dane, estou na torcida por Scorpius.

— Desde quando? Você literalmente deu uma camiseta autografada de quadribol para o Jake no dia em que se conheceram!

— É, eu estava sob uso de remédios fortes então, porque não me lembro disso. 

Alice o empurrou com o ombro, compartilhando uma risada com Albus. 

— Você acha que Scorp e Rose já se beijaram?

— É claro que não, Scorpius teria me contado. 

— Hm… Não sei não, eu acho que eles escondem bem. 

— Tudo bem, você quer apostar?

Se Albus fosse inteligente teria usado qualquer palavra que não fosse apostar com Alice. 

— Ok, quero aquele chapéu bonito que vimos na loja perto da casa dos seus pais se Rose e Scorpius já tiverem dado um beijo.

Albus agarrou a mão da namorada e balançou.

— E se eu estiver certo, quero que você me apresente aos seus pais como seu namorado.

Ih…

— Qual é, Albus, você sabe que não posso contar ainda.

— Mulher, nós estamos juntos desde… Sei lá… O primeiro ano? Arranca esse curativo de uma vez, eles vão entender que você cresceu. 

Alice ia argumentar, quando um Scorpius esbaforido se sentou à mesa da Sonserina. Estava descabelado, com as bochechas vermelhas e um sorrisão ridículo no rosto.

— Eu acabei de beijar Rose Weasley e foi mil vezes melhor do que a primeira vez.

Alice e Albus se mantiveram calados, mas foi Alice quem quebrou o silêncio primeiro com uma gargalhada.

— Eu sabia! — sacudiu Albus pelos ombros — Você está me devendo um chapéu.

— Que merda é essa, Scorpius? Como assim melhor do que a primeira vez? — retrucou Albus — E cadê a Rose?

Scorpius balançou as mãos. 

— Depois eu explico isso, eu quero saber… E eu vou considerar a sua opinião também, Alice, quanto tempo é respeitoso o suficiente com o otário ali para pedir Rose em namoro sem que ele fique todo ofendidinho? 

— Espera mais uns dois anos e pede em casamento de uma vez. — brincou Alice.

— Eu quero que você vá à merda, eu te contei que ela chamou o cara pelo seu nome e é assim que você me retribui? Com segredos e mentiras? Eu achei que nós tínhamos uma relação verdadeira — esbravejou Albus, cortando um pedaço de carne com raiva.

— Você contou para ele! — Alice arfou, indignada — Albus, seu sem vergonha.

— Eu não podia esconder isso dele, né, meu amor? — murmurou Albus para Alice, se virando para lançar um olhar mortal ao amigo — Mas é bom, porque eu não vou te contar mais nada, seu traidor! 

— Pelo amor de Deus eu estou falando sério, estou completamente apaixonado por aquela mulher, não aguento mais não poder gritar para o mundo inteiro que eu gosto dela, vocês precisam me ajudar! — Scorpius agarrou uma mão de cada. 

Alice e Albus trocaram um olhar, e então assentiram. 

Era a missão Scorp-Rose em andamento.

×

Rose decidiu que passaria o Natal em casa naquele ano. Não pensou em como Scorpius reagiria à notícia, mas achou que seria a coisa certa a se fazer. 

As coisas na cabeça de Rose ainda estavam muito confusas: ela gostava de Scorpius, conseguia sentir isso em casa suspirada que dava perto dele, em cada ronda que faziam juntos e a cada vez que ele roubava um beijo seu, era bom, era certo, mas ela não podia ficar com ele, pelo menos não agora. Seu término vergonhoso com Jake ainda era muito recente, e, além disso, ela não queria que ele pensasse estar certo quanto a sua relação com Scorpius. Mesmo que, tecnicamente, ele estivesse certo.

Precisava de um tempo para pensar e entender as coisas sozinha, devia isso a si mesma. 

— Vocês estão namorando e você vai passar o Natal longe…?

— Ok, primeiro: nós não estamos namorando. — Rose enfiou um suéter na mochila e se virou para Alice. — E segundo: você vive deixando Albus para passar o Natal com a família!

— É diferente! 

— É diferente porque é com você? — Rose revirou os olhos. — Eu preciso de um tempo para mim, Alice, para colocar a cabeça em ordem e dar uma respirada longe de toda essa confusão que a minha vida amorosa se transformou, Scorpius vai entender. 

— Você ainda não contou para ele? 

— Não tive tempo, nós estávamos ocupados com as funções de monitores, as provas e todas as outras milhões de coisas que decidiram acontecer justamente nesse ano, estou exausta.

— Esse ano foi uma loucura mesmo, né? Aposto que a Lufa-lufa ganha a Taça das Casas!

Alice deu de ombros, não estava com vontade de discutir com Rose quando ela tinha tão na ponta de língua razões pelas quais perturbá-la também. 

Rose só teria algumas poucas horas para se despedir de Scorpius, logo teria de encontrar a família e Hugo já estava ansioso para comer o jantar preparado por Molly – ele exigiu que Rose não se atrasasse ou as coisas ficariam feias entre os dois. 

Scorpius estava esperando por ela em frente ao retrato da Mulher-Gorda, os dois estavam conversando quando Rose saiu pelo quadro, recebendo represálias da pintura por interromper a conversa tão animadora que tinha com ele. Scorpius se desculpou e tentou agarrar a mão de Rose, que ela puxou para si mesma com vergonha. 

— Vamos para a Torre de Astronomia? — pediu ela, as bochechas já completamente ruborizadas só de imaginar a possibilidade de Jake pegá-los tão perto um do outro. Scorpius apenas assentiu e deixou que Rose fosse à frente.

Estava vazio, como Rose já suspeitava que estivesse, esse era o lado bom de ser uma Monitora, conseguia saber exatamente em que horários as salas e cantos mais obscuros de Hogwarts estariam vazios. 

Scorpius agarrou sua cintura assim que chegaram e Rose deixou que ele a puxasse para si e depositasse um beijo em seus lábios. Rose retribuiu, não era capaz de resistir a Scorpius.

— Você não vai me deixar pegar sua mão em público porque está com raiva da Sonserina? — brincou ele. — Eu não fui o único responsável por chegar a final do Campeonato de Quadribol. 

Rose sorriu.

— Desculpe, eu só… Ainda não sei se estou pronta para isso. 

— Você não pode deixar Jake te assombrar pelo resto da vida... — murmurou Scorpius, acariciando sua bochecha com o polegar e olhando bem no fundo de seus olhos. — Além do mais, eu sou o melhor batedor de Hogwarts, ele é quem deveria ter medo de cruzar o nosso caminho. 

A menção ao nome de Jake foi tão natural e tão repentina que a pegou de surpresa. Rose se desvencilhou de Scorpius, dando as costas a ele e se voltando para a paisagem que se estendia pela janela. 

— Scorpius… Eu preciso de um tempinho para pensar — confessou Rose num sussurro.

— Por quê? Você não gosta mais de mim? 

Scorpius parou ao lado de Rose, não havia urgência em sua voz. Ele estava sim apavorado com a possibilidade de Rose não querer mais nada com ele, já havia se acostumado com sua presença e com seus beijos, não conseguiria nunca estar pronto para se afastar dela.

Para sua alegria, Rose o fitou chocada.

— O quê?! Scorpius, não! Eu amo… Amo estar com você, amo a sua companhia, o problema não é você, sou eu.

Scorpius sorriu.

— Eu não sabia que você era adepta dos clichês, Rose Weasley.

— E eu não sou, não estou terminando com você! — o rosto de Rose estava tão vermelho que Scorpius temia que fosse explodir. — Mas eu estou um caco emocional, ainda não estou pronta para ser a namorada que você precisa.

Scorpius riu, colocando uma mecha de cabelo atrás da orelha de Rose.

— Quem falou em namoro? — brincou. 

Rose tapou o rosto com as mãos, já não aguentava mais parecer uma criança apaixonada perto de Scorpius.

— Você não está facilitando para mim, Scorpius. 

Scorpius puxou as mãos de Rose para longe do rosto dela e beijou a ponta de seu nariz.

— Eu não estou cobrando nada de você, Rose, esperei seis anos para ter você e vou esperar mais quantos forem necessários. 

×

‘Querido Hugo,

Espero que esteja se divertindo neste Natal e comendo tudo o que tem direito. Não quero ser inconveniente, mas Albus me disse que você poderia me ajudar. 

É um pedido estranho, entretanto, sei que você é o único capaz de realizar. 

Rose tem um livro chamado ‘Um Conto de Natal’ que dei para ela de presente quando nos conhecemos, será que você poderia roubá-lo e me mandar? 

Prometo que não estou planejando nada ruim, é uma surpresa para Rose! 

Com carinho,

Scorpius Malfoy’.

 

‘Malfoy,

Você muito se engana se pensa que vou invadir o quarto da minha irmã para roubar a droga de um livro. Procure outro jeito de fazer a surpresa. 

Sem carinho,

Hugo Weasley.’

 

‘Caro Hugo,

Nem mesmo por 30 galeões e um presente de Natal a sua escolha? Talvez uma vassoura nova? Um passarinho me contou que a sua quebrou.

Estou desesperado!

Com carinho, 

Scorpius Malfoy.’

 

‘Caríssimo e Excelentíssimo senhor Scorpius Malfoy, 

O livro já chegou? Deu um trabalhão para entrar no quarto da Rose sem que ela percebesse! Depois a gente combina a vassoura que você me prometeu.

Com muito carinho,

Hugo Weasley.’

 

‘Minha Rose Weasley, 

É horrível passar um Natal longe de você quando já me acostumei com o cheiro do seu cabelo e a temperatura da sua pele, me dói fisicamente. Não sei nem se deveria te mandar uma carta, já que você me pediu um tempo para ficar sozinha e lidar com tudo. 

Foi mais forte que eu. 

Se te conheço bem, sei que você está toda vermelha daquele jeitinho adorável, então vou mudar de assunto. 

Albus estava nervoso em passar o Natal com meu pai, não sei qual era a impressão que ele tinha dos Malfoy, mas os dois se adoraram. Meu pai não para de conversar com ele e Albus simplesmente não consegue parar de me cutucar embaixo da mesa para dizer que Draco Malfoy é o máximo (como se eu já não soubesse disso). 

Foi o primeiro natal sem minha mãe, fiquei com medo de que o clima ficasse esquisito, mas você conhece Albus, ele tem um dom especial de abrilhantar os lugares por onde passa. Você também tem esse mesmo poder, Rose, acho que é por isso que me apaixonei por você em primeiro lugar.

Enfim, estou falando demais e sendo mais piegas do que gostaria, se Albus lesse essa carta estaria rindo da minha cara. 

Feliz Natal, Rose. Espero que esteja bem e se divertindo. 

Com amor, 

Seu Scorpius.’ 

 

‘Meu Scorpius,

Você ainda vai me matar com uma carta dessas, sabia? 

Estou tão feliz em saber que Albus e seu pai estão curtindo o natal, o seu pai merece. 

Feliz Natal, Scorpius.

Com amor, 

Sua Rose Weasley. 

P.S. Também sou ridiculamente apaixonada por você, mas péssima com as palavras, em Hogwarts posso demonstrar com alguns beijos, o que acha?’


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