Um Reino de Monstros Vol. 1 escrita por Caliel Alves


Capítulo 5
Capítulo 1: Páginas em branco - Parte 4




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O líder da Guarda Municipal de Monstros dividiu o seu grupo em dois.

— Eu quero que um grupo siga comigo e o outro vá pelo lado esquerdo, eles parecem estar indo para a parte antiga da cidade. Leona lidera o outro grupo.

— Não me dê ordens, capitão, além do mais, eu não vou deixar escapatória para eles, miau.

Todo o grupo parou de correr e prestou uma exagerada continência.

— Sim senhor, capitão Nipi.

Nipi tinha dois metros de altura e bateu em seu peito com os punhos soltando um longo rugido. Humanos e monstros ficaram em silêncio.

— Não fiquem aqui me bajulando, seus inúteis! Vão atrás daqueles dois e os capturem.

Dessa vez não houve continências e os monstros seguiram as suas ordens. A perseguição continuou.

A guarda de monstros era constituída de caveiras e uma alma de gato, que por sua vez liderava o segundo grupo. Nipi guiava o seu bando até certo ponto, depois os seus guardas passaram a correr na sua frente.

Nipi também demonstrava cansaço após vencer uma grande distância, mas continuava a correr, e com uma pausa de seus comandados, ele passava a liderança.

O capitão como um mapinguari, tinha uma forma simiesca igual um gorila de pêlos escuros. Seu corpo forte era coberto por uma pesada armadura de prata com ombreiras arredondadas. Havia desenhos em alto relevo no peitoral. O seu elmo tinha uma barbatana metálica no alto da cabeça.

— Capitão Nipi, não acha que essa perseguição está indo longe demais?

— O que quer dizer com isso, sua caveira covarde?

— Não é covardia, senhor, mas veja em que direção eles estão se dirigindo.

Apontando para as ruas ao longe, a boa infraestrutura do centro da cidade deu lugar a um lugar cheio de casas em ruínas e ruas esburacadas. Nipi parou o grupo.

— Capitão Nipi!

O mapinguari pegou a caveira pelo pescoço ossudo e a estrangulou.

— Meu... Meu capitão... Perdoe-me pelo meu atrevimento... Argh...

— Com certeza, seu guarda imprestável. Eu, como capitão dessa guarnição, não admito que alguém questione ou desafie as minhas ordens, muito menos um soldadinho como “você”. Você sabe por que me deram o controle dessa cidade?

— Eu peço perdão... Arf... não meu capitão... não faça isso... Arf...

O suor escorria pelo rosto descarnado do monstro, as outras caveiras apenas tremiam.

— Não fazer o quê? Isso?

Com toda a selvageria, Nipi pegou o pobre guarda, o suspendeu acima da cabeça e o quebrou dando-lhe uma joelhada. A coluna se partiu e os ossos da caveira viraram pó.

— Mais alguém quer desistir de perseguir aqueles dois?

— Não, senhor!

A resposta veio de todo o grupo, satisfeito com a obediência, ele aproveitou para fazer um pequeno discurso.

— Eu sou o capitão Nipi, chefe da Guarda Municipal de Monstros do Baronato de Flande. Conquistei esse cargo através de confiança. Embora os meus soldados não passem de inúteis, consegui manter a ordem. Os humanos nos respeitam e mesmo os possíveis rebeldes já foram capturados. Os que ainda resistem estão em número reduzido. Ninguém poderá nos derrotar. Então, caveiras, marchem rumo à glória do nosso grande reino.

As caveiras comovidas passaram a aplaudir. O aplauso saia como um som de chocalho.

— Vamos capturar aquele tolo que acha que pode fugir de nós, e aquele garoto também.

— Ele parece ser um rebelde, meu capitão.

Nipi pensou no que uma das caveiras dissera. O encapuzado era um bom alvo, já o garoto lhe garantiria informações importantíssimas sobre o inimigo. O guarda disse:

— Não o reconheci como alguém dessa cidade, nem das circunvizinhas. Pode ser um espião trazendo informações.

— Excelente, se continuar assim eu posso promovê-lo a tenente, hein.

— Obrigado, meu capitão.

— Às vezes vocês me aprecem até monstros confiáveis, será que resta algum cérebro nessas cabeças ocas, hã? Huhuhuhuhuhuhuhuhu.

— Imagina, capitão, obrigado.

A caveira agradeceu o elogio, mas por dentro sentia ódio do mapinguari. Os guardas viviam sendo maltratados por ele, e morriam em suas mãos por qualquer motivo. Mas se eles não quisessem receber punições, deveriam adorar o capitão Nipi como se ele fosse o próprio rei Zarastu.

Muitas vezes os guardas pensaram em removê-lo da liderança, mas não tinham poder para desafiá-lo, e o único monstro que tinha esse poder, não tinha interesse nenhum em tomar o lugar de Nipi.

O mapinguari não demonstrava nem um pouco de cansaço, e a cada momento, chegava mais perto dos dois humanos que perseguia.

— Vocês podem até correr, mas não podem se esconder.


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