O noivo de natal escrita por KayallaCullen, Miss Clarke


Capítulo 23
Vigésimo segundo capitulo: O noivo de natal


Notas iniciais do capítulo

Sejam bem vindos ao ultimo capitulo de O noivo de natal.
Primeiro gostaria de agradecer a todos, que me acompanharam até o fim em mais uma história.
Agradeço por cada um que leu essa história, comentou ou simplesmente adicionou nos seus favoritos, essa narrativa foi feita para todos você e espero que todos tenham se divertido e se emocionado com ela.

E um obrigado especial a minha leitora fiel, MelBlack, que sempre me acompanhou em todas as fics que escrevi desde Recomeçar.
Esse ultimo capitulo é para você, amiga, espero que goste.
Sem mais delongas, fiquem com o ultimo capitulo.
Boa leitura.



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—Querida...- ouvi mamãe dizer preocupada abrindo a porta do banheiro, se ajoelhando ao meu lado e me ajudando a levantar do chão, levando-me em direção até a minha cama e pegando um copo de água para mim.

—Como sabia que precisava da senhora? - questionei com a voz rouca de tanto chorar, segurando o copo de água nas mãos e mamãe respirou fundo, antes de colocar alguns dos meus cachos atrás da minha orelha.

—Daniel me implorou antes de ir, que viesse ver como você estava, pois ele a ouviu chorando depois que se trancou no banheiro após a briga dos dois.- mamãe explicou suave e sorri sem humor, colocando o copo de água em cima da mesinha que havia ao lado da cama.

—Para alguém que lida com o perigo todo santo dia, ficar com medo de enfrentar o choro da noiva ou melhor ex-noiva, porque depois disso não vou querer mais nada com ele, é até piada.- disse furiosa e mamãe respirou fundo, antes de colocar suas mãos em cima das minhas.

—Amanda, Daniel me contou que bateu diversas vezes na porta do banheiro para que conversassem, mas não obteve resposta alguma. Ele só parou de insistir, porque sabia que vocês precisavam de um tempo para esfriarem a cabeça, antes que dissessem coisas que magoasse profundamente o outro.

—Como se Daniel Souza, se importasse comigo, mamãe?! Ele preferiu correr para o trabalho quando o chamaram às pressas, do que ficar ao meu lado cumprindo sua promessa. A atitude dele só me mostrou, o quanto não sou importante pra ele...Que fui apenas uma piada de mal gosto para o delegado Souza. Maldita hora, em que o meu caminho cruzou com o dele.

—Não diga isso, querida. Não amaldiçoe seu amor assim, isso é até pecado, porque poucas pessoas tem a chance de experimentar o que os dois têm. Sei que está magoada agora, mas posso ver o quanto o ama e Daniel também. Só não seja tão dura com seu noivo, julgando-o por abandoná-la porque não a ama, vi a forma como Daniel deixou essa casa, querida, e seu noivo estava dilacerado por ter deixa-la ainda mais depois de terem brigado. Além do mais, quando aceitou ser sua noiva, você sabia o quanto o trabalho dele poderia ser exigente. - mamãe disse suave e neguei com a cabeça deixando-a confusa.

Respirei fundo decidindo contar toda a verdade, porque estava cansada de tantas mentiras queria encerrar esse ciclo agora, assim como havia terminado o meu noivado minutos atrás.

—Eu não sabia, mamãe. Na verdade, mal conheço Daniel direito. Não nego que ouvi muito falar dele, porque é o primo mais velho da Sarah, mas nunca o conheci pessoalmente desde que sou amiga da prima dele, isso só aconteceu a quatro semanas atrás. - confessei e minha mãe me olhou confusa, não entendo do que estava falando.

—Como assim, você só o conheceu pessoalmente a quatro semanas atrás, Amanda? Você está brincando, não é? Porque não pode ser possível que tenha ficado noiva de um homem que nem conhece direito? E ainda por cima, o trouxe para dentro da nossa casa para que o conhecêssemos?! Você perdeu o juízo, Amanda Cristina?!- mamãe questionou furiosa, se levantando da cama para me olhar séria e me encolhi automaticamente como se fosse uma criança pequena recebendo uma bronca do seu responsável.

—Eu sei mamãe, não precisa ficar me crucificando, porque já estou fazendo isso. Eu estava desesperada para dar um pouco de felicidade para o vovô, ainda mais depois que o vi tão mal no hospital...Eu não pensei direito, simplesmente agi por impulso...Me perdoa, mamãe...- sussurrei entre lágrimas e mamãe respirou fundo, antes de se sentar novamente na cama e me envolver em um abraço apertado, enquanto chorava em seu peito.

—Há Amanda, como não poderia te perdoar?! Quando tudo que queria era dar um pouco de felicidade para o seu avô, mesmo que tenha sido da maneira errada, filha. É claro que te perdoo, meu amor e não se culpe por nada, o importante é que reconheceu seus erros e sabe que o que planejou fazer não era certo, mas e o Daniel? Você realmente o ama ou só se senti atraída por ele, por causa das circunstâncias em que foram obrigados a conviver? - mamãe questionou séria e me separei dela para poder ver os seus olhos.

—Não queria ter que admitir, mas mesmo odiando-o agora...Ainda...Sou completamente apaixonada pelo Daniel, mamãe. Seria capaz de tudo por esse homem, mas parece que ele não faria o mesmo por mim, a prova disse é que meu ex-noivo preferiu me deixar e correr para o trabalho. Depois de tudo que passamos, com os passos daquele livro...Como ele pode não me escolher primeiro, mamãe?! Como Daniel pode jogar o amor que sentíamos fora, sem ao menos se importar com os meus sentimentos?!- questionei magoada pelas escolhas do meu ex-noivo e mamãe suspirou, antes de enxugar minhas lágrimas com carinho.

—Filha, posso lhe dá um conselho? - mamãe questionou suave e concordei, antes dela voltar a falar. - Não julgue o homem que ama, muito menos tome alguma decisão com a cabeça quente, filha, dê a chance de Daniel explicar seus motivos, não faça nada do que possa se arrepender depois. Quando estiver mais calma, ligue para ele e tentem conversar um pouco, sem cobranças ou magoas, apenas duas pessoas que se amavam muito e que estão magoadas com a atitude do outro, mas que estão dispostas a se ouvirem para entender o que os levou a brigarem.

—Me desculpe, mamãe, mas não quero ligar e muito ver o Daniel na minha frente. Nosso relacionamento acabou. Não posso mais deixar que alguém que amo, não me trata como prioridade na sua vida. Se ele está agindo assim comigo enquanto somos noivos, imagina quando estivermos casados? Ou pior, como não irá tratar os nossos filhos? Não mesmo, mãe, pra mim já chega. Amanhã mesmo, vou enviar de volta por uma transportadora o anel de noivado para Daniel, porque não quero ter o desprazer de vê-lo novamente.

—Não ter mais nada com ele é o seu direito, Amanda Cristina, mas não acha que seria mais justo devolver pessoalmente o anel para Daniel e dizer que quer romper o noivado?! Depois dele ter se oferecido para ajudá-la, com a história do noivado de mentira é o mínimo que pode fazer, querida.

—Não sei mãe, sinceramente minha cabeça está um caos, não consigo pensar em nada agora.

—Tudo bem, minha filha. Acho que já teve emoções demais para um dia só, você merece um pouco de descanso para colocar a cabeça no lugar. Deite-se um pouco, porque vou cantar pra você dormir. - mamãe disse suave e a olhei confusa, pois ela não cantava pra mim a muito tempo, mesmo sem entender nada simplesmente a obedeci deitando na cama e logo senti seus carinhos em meus cachos enquanto fechava os olhos, ouvindo sua voz suave e tão familiar cantarolar a cantiga de ninar que sempre ouvia quando pequena, antes de adormecer.

❆❆❆❆❆❆❆❆❆❆❆❆❆❆

Acordei no dia seguinte sentindo dor por todo o meu corpo, resultado da noite mal dormida de ontem causada pelo desconforto da minha cama, como se depois de dias dormindo nela só agora estava me dando conta de que o colchão era incomodo, mas no fundo sabia muito bem que não era culpa dele e sim de quem não estava ali.

—Você precisa se acostumar a viver sem ele, Amanda Cristina. Afinal, já vivia muito bem sem seu humor sarcástico, suas piadas horríveis, seu jeito protetor....- disse olhando para o teto e foi impossível não me lembrar de cada momento que tive com Daniel naquela cama, desde as caricias intensas que trocávamos, as conversas no meio da noite ou a forma carinhosa e inconsciente em que me abraçava junto a si no meio da noite.- Pare de pensar nele, Amanda, isso só vai te machucar ainda mais.

Repeti para mim inúmeras vezes, enquanto meu coração se apertava e as lágrimas se acumulavam nos meus olhos, lembrando que jamais teria esses momentos novamente e mesmo que tivesse, não seriam tão verdadeiros e profundos quanto havia sido com ele.

Porque tinha certeza que nenhum outro homem, seria capaz de me amar ou despertar as mesmas sensações que Daniel Souza havia acordado em mim, o que me deixava com mais raiva, por ter entregado meu coração a alguém que no fim não se mostrou digno dele.

Me sentia frustrada comigo mesma, pois quando achei que ia dar um basta nesse ciclo vicioso de relacionamentos ruins, tendo um relacionamento saudável com Daniel, tudo se transformou e acabou do mesmo jeito que meus outros romances. Em brigas, choro e com o meu coração despedaçado, só que dessa vez estava sendo muito mais difícil recolher os pedaços e colá-lo.

Odiava admitir mais era completamente apaixonada por Daniel, o que fazia a dor ser ainda pior, me deixando desesperada sem saber em como lidar com ela.

Foi quando me dei conta que existiam duas Amandas, guerreando dentro de mim.

A Amanda antes do Daniel e a depois dele.

A depois dele, só queria esquecer tudo que passou ao seu lado, voltando a sua vida normal de solteira convicta dedicada ao trabalho, porque havia tido tantas desilusões amorosas que simplesmente desistiu dessa parte da sua vida.

Já a outra depois dele, queria lutar para ter o homem que amava de volta, claro que com uma longa conversa e certezas condições principalmente sobre quais seriam as prioridades dele, antes de envolve-lo em seus braços e beijá-lo apaixonadamente, retomando assim de onde havíamos parado.

Só que havia um pequeno problema nisso tudo, estava tão confusa e com raiva que não conseguia decidir qual Amanda queria ser daqui pra frente e constatar isso me deixava furiosa comigo mesma, por ter caindo novamente no “conto do eu te amo até o fim”.

Furiosa comigo mesmo por ainda sentir algo por ele, virei para o lado e afundei minha cabeça no travesseiro abafando assim meu grito de raiva, mas logo reconheci o perfume incomum que tanto amava desde que o senti pela primeira vez em seu dono.

Determinada, me sentei na cama peguei o travesseiro que estava impregnando com o perfume de Daniel, jogando-o em direção ao guarda roupa que havia no quarto. Em seguida, tirei o anel que ele havia me dado, jogando-o também na mesma direção que o travesseiro enquanto voltava para a cama entre lágrimas, me encolhendo diante da dor que estava sentindo por ser abandonada pelo homem que tanto amava.

Chorei angustiada no meu travesseiro até adormecer de cansaço, depois da noite mal dormida que tive, esperando que tudo se resolvesse milagrosamente assim que abrisse os olhos novamente.

❆❆❆❆❆❆❆❆❆❆❆❆❆❆

Gemi assim que a luz do sol atingiu meu rosto, me fazendo cobrir a cabeça com o lençol tentando de alguma forma bloquear a luminosidade que tanto me incomodava.

—Agora já chega, Amanda Cristina. Não vou deixá-la se consumir em dor sem fazer nada. Trate de levantar dessa cama, tomar banho, trocar de roupa e descer para comer alguma coisa. - ouvi mamãe dizer séria abrindo as cortinas, antes de tirar o lençol do meu rosto e gemi descontente.

—Mãe, por favor, me deixa ficar quieta aqui. - pedi olhando para ela que revirou os olhos, enquanto colocava as mãos na cintura me encarando séria.

—Não vou mesmo, Amanda Cristina, você é a minha filha e não vou vê-la se consumir em dor sem fazer nada. A nossa família está preocupada com você, porque passou a manhã toda trancada nesse quarto apenas chorando e sem comer nada. Acha justo, nos preocupar dessa forma?! Agora, levante dessa cama e reaja, querida. Porque a garota que criei, não se deixaria abater por que o homem que ama a deixou aqui. - mamãe disse séria me trazendo de volta a realidade, enquanto respirava fundo sabendo que ela tinha razão.

Não podia me deixar abater pelas decisões de Daniel.

Ele havia feito a escolha de me deixar pra trás, agora estava nas minhas mãos escolher permanecer deitada na cama sentindo pena de mim mesma ou me levantar dali, enfrentando um dia de cada vez até que toda dor fosse diminuída ao ponto de não sentir mais nada.

Mamãe havia me criado para ser uma mulher forte e independente, agora estava na hora de mostrar que poderia lidar com a situação de cabeça erguida me reerguendo a cada dia.

—A senhora tem razão, vou levantar dessa cama e seguir em frente. Não posso me entregar desse jeito a tristeza, porque não mereço passar por isso e muito menos meus familiares. - disse determinada e mamãe balançou a cabeça concordando, me levantando da minha cama e seguindo em direção ao banheiro para tomar um bom banho, trocar de roupa e descer em seguida para comer alguma coisa, deixando meus familiares um pouco mais tranquilos por me verem reagir depois de tudo que havia passado.

 ❆❆❆❆❆❆❆❆❆❆❆❆❆❆

—Disse que o vestido verde ia ficar lindo em você. - minha prima Laura disse sorrindo, assim que desci as escadas para passar a noite de natal com os meus familiares.

—Jamais duvidei do seu bom gosto, prima. - disse gentil antes de receber um abraço apertado da minha prima, o qual retribui com a mesma intensidade.

—Estou feliz que esteja reagindo aos poucos, não se preocupe porque isso tudo vai passar lhe garanto. Se precisar de um tempo longe de tudo isso, pode ficar comigo e com o Hugo iremos adorar recebê-la.

—Obrigada, prima, mas em algum momento terei que enfrentar tudo isso de cabeça erguida.

—E você irá enfrentar, mas não hoje, afinal, é natal. Uma noite para confraternizarmos em família, agradecermos por tudo que vivemos até aqui, de bebemos bastante, dançarmos e deixarmos tudo para trás. - Laura cantarolou sorrindo se separando de mim e sorri concordando.

—Você tem razão, definitivamente estou precisando beber um pouco e deixar tudo para trás.

—E nós vamos. - minha prima disse sorrindo, passando seu braço direito por cima do meu ombro, me levando em direção ao jardim onde todos os nossos familiares estavam.

Apesar de não está no clima para festa, tentei ao máximo aproveitar a companhia dos meus familiares, mas houve um momento em que me sentei sozinha e apenas contemplei a movimentação de todo o local, enquanto agradecia pela família incrível na qual tive a sorte de nascer e também por ter encontrado o amor, mesmo que não tenha dado muito certo no fim.

Foi ali que percebi que apesar de toda magoa, ainda amava Daniel tão profundamente e verdadeiramente como antes, querendo-o com a mesma intensidade e me fazendo perceber que não queria terminar o nosso noivado, porque o amava muito e faria de tudo para tê-lo de volta se assim também fosse o seu desejo.

Foi quando me lembrei do anel da avó de Daniel, o mesmo que havia jogado contra o guarda roupa e não me lembrei de procurar depois. Apavorada, me levantei da cadeira e sai correndo em direção ao meu quarto, subindo as escadas com pressa até chegar ao local começando a procurar pelo anel pelo chão no local perto do guarda roupa, sem obter sucesso.

Logo me lembrei de que depois que desci para comer algo ontem, mamãe havia dito que iria arrumar o meu quarto e sai dali rapidamente, indo atrás da minha mãe para saber se ela havia encontrado o meu anel de noivado.

Fui direto para o jardim, procurando-a por todos os lugares ali sem obter sucesso, me deixando ainda mais nervosa ao perceber que talvez tivesse perdido o anel que era da avó do meu noivo.

—Vô, o senhor viu a mamãe? - questionei para o meu avô que estava sentado ao lado do meu pai, fantasiado de papai noel, ajudando-o a distribuir os presentes para as minhas sobrinhas e as crianças da vizinhança.

—Ela disse que ia até a cozinha buscar mais salgados e bebidas com o Neto. - meu avô disse e agradeci, antes de correr para o interior da casa encontrando minha mãe na cozinha dando algumas ordem para o meu irmão e para o marido da minha prima Laura.

—Mãe, a senhora arrumou meu quarto ontem depois que me levantei da cama? - questionei aflita atrás dela que em olhou confusa com a minha pergunta.

—Claro que arrumei, querida, ele estava um caos. Troquei a colcha, as toalhas do banheiro, varri e passei aspirador de pó nele todo. -mamãe listou orgulhosa seus afazeres domésticos e minhas pernas falharam me fazendo perder o equilíbrio, diante da idade que surgiu na minha mente.

—Meu Deus...Meu anel...- sussurrei em choque e corri para o meu quarto, ligando a luz assim que cheguei no local e me ajoelhando no chão em busca do meu anel de noivado. -Por favor, São Loguinho, me ajude a encontrar meu anel de noivado. Se eu encontra-lo, prometo dar três pulinhos, só me ajude, por favor.

Implorava, enquanto passava a mão em todo chão utilizando a lanterna do meu celular para ver melhor, procurando pelo meu anel por todo local sem obter sucesso me deixando desesperada, porque sabia o quanto aquela joia era importante para o meu noivo e muito mais pra mim, porque havia sido o sinal do amor de Daniel por mim.

— Já perdi meu noivo e agora o meu anel de noivado?! O que mais falta acontecer na minha vida, Deus?!- questionei sentada no chão entre lágrimas, sem acreditar que de uma hora para outra minha vida tinha dado uma reviravolta tão grande em tão pouco tempo.

—Está procurando por nós?!- ouvi uma voz conhecida e que sentia muita falta, dizer atrás de mim e virei para ver seu dono, sorrindo de forma amável para mim enquanto segurava meu anel entre seu dedo indicador e polegar.

—Daniel?! Você não tinha voltado para a cidade?! E o que meu anel faz com você? - questionei atordoada vendo-o parado na porta do meu quarto ainda mais lindo do que me lembrava, usando uma camisa social azul escura com as mangas enroladas até os cotovelos, uma calça jeans preta e o cabelo liso escuro penteado de uma forma que deixava uma generosa mecha sob a sua testa, fazendo-o ser um verdadeiro convite ao pecado ambulante.

—Sim, sou eu. O seu anel está comigo, porque assim que entrei sua mãe me entregou dizendo que deveria devolvê-lo a você, porque estava com pena da sua cara de desesperada em busca dele...Só não entendi porque ele estava com ela inicialmente.- Daniel disse olhando nos meus olhos e cruzei os braços nervosa, porque meu coração começou a bater no meu peito como se estivesse prestes a pular nas mãos do homem em minha frente, deixando claro que ele pertencia ao delegado.

—Olha aqui, abominável homem das neves, não te devo satisfação alguma. Disse que se saísse por essa porta era melhor nem voltar e você fez a sua escolha, saiu por ela sem ao menos olhar para trás, para ver o estrago que deixou...Que bom que está com o anel da sua avó, porque ia mesmo manda-lo de volta, para não ter o desprazer de olhar na sua cara de novo....- disse sentindo as lágrimas caiam de meus olhos e gemi furiosa, enxugando-as e virando de costas porque não queria dá a chance de Daniel ver o estrago que havia feito comigo.- Só...Me deixa em paz...Porque não quero ficar em um relacionamento, no qual não sou a prioridade, Daniel. Já estive em muitos assim e estou exausta de ser a que ama demais, sem ser amada da mesma forma.

—Não diz isso, pequena...Você se tornou minha prioridade desde que a vi...Jamais quis te magoar dessa forma, amor, só que eu precisava ir para...- ele começou a explicar e virei para vê-lo interrompendo-o furiosa.

—Não quero saber quais foram os motivos que o levaram para longe de mim. Tudo que quero agora é que vá embora e nunca mais cruze o meu caminho. Se tivesse um pouquinho de vergonha na cara, jamais teria voltado.

—Eu voltei por você, Amanda Cristina, assim como fui embora por sua causa. - Daniel disse sério e o olhei confusa, sem entender do que ele estava falando.

—Do que você está falando?

—Nunca desisti de descobrir onde havia parado o homem que enganou vocês, por isso depois que pegava no sono profundo me levantava da cama e passava a noite em claro trabalhando de forma remota com a minha equipe, revirando cada detalhe do caso da agência até que meus investigadores descobriram o local do possível esconderijo dele. Ordenei que a inteligência da polícia fizesse um esquema de vigilância vinte e quatro horas, para descobrir toda a rotina do acusado e logo descobrimos seus aliados assim como o local onde toda o seu dinheiro era guardado. Foi embora naquele dia, porque fazia questão de prender pessoalmente aquele bandido que tirou todas as suas economias e das minha prima...Jurei que tentei explicar tudo isso, mas você começou a me acusar de algo que não era verdade e novamente nossos gênios explosivos entraram em cena nos fazendo discutir de novo, mas no momento em que percebi o que havia feito e tentei reverter já era tarde demais. Você já estava trancada no banheiro me odiando e chorando sem parar...Não sabe o quanto foi torturante, ouvi-la chorar por minha causa sem poder fazer nada...Achei que fosse morrer, Amanda. - Daniel soluçou com dor com os olhos cheios de lágrimas, me deixando sem saber o que dizer diante da sua fala.

—Por favor, pare de ficar falando isso pra mim...Não me faça acreditar nisso...Você me abandonou, Daniel, essa é a pura verdade. Você não tem o direito de vir até aqui e mentir pra mim desse jeito, isso é cruel e desumano sabia?! Sabe o quanto sofri por sua causa?! Só estou em pé agora na sua frente, por causa da minha família porque eles não mereciam me ver no fundo do poço por alguém que não me amava.

—Pequena, por favor, não fala assim... Eu te amo com tudo que sou e deixa-la para trás, foi como deixar o meu coração aqui...Nunca pensei que fosse capaz de amar tanto alguém como amo você, Amanda Cristina. Juro por Deus, por São Jorge e pelo amor que sinto por você e por quem mais quiser que eu jure, que não estou mentindo pra você. Estou falando a mais pura verdade...Espere, isso aqui pode confirmar o que estou falando. - ele disse enxugando as lágrimas que haviam caído dos seus olhos, respirando fundo e tirando algo do bolso da calça jeans que estava usando.

Assim que estava com um rolo de papel pardo em mãos, Daniel caminhou em minha direção tentando desamassar o rolo que se transformou em um envelope, antes de parar a uma distância aceitável de mim e oferecer o envelope para mim que o olhava desconfiada.

—Por favor, Amanda, só abra e leia...Me dê um voto de confiança, em nome de tudo vivemos. - Daniel implorou me olhando desesperado com o envelope em nosso meio, enquanto lágrimas caiam de seus olhos e respirei fundo, antes de pegar o envelope nas mãos abrindo-o em seguida.

Demorei algum tempo para tentar entender os termos jurídicos, mas assim que passei por eles abri os olhos em choque ao entender do que se tratava aquela documentação.

Em um documento o juiz encarregado do caso, havia assinado uma ordem para a recuperação e devolução de todo o dinheiro que havia sido recebido no esquema da agência de turismo de fachada, aos clientes lesados pela mesma.

No outro documento estava o espelho de um extrato bancário com um saldo cheios de zeros, do qual nem parei para ler mentalmente a quantidade daqueles números, já em outra papelada havia outro extrato bancário contendo essa vez o valor integral que havia pagado para a agência de fachada, mas o que me deixou ainda mais chocada foi a data de todos aqueles documentos que estava no final da folha.

Todas correspondiam a um dia antes e outro depois de Daniel ter me deixado, confirmando assim o que ele havia falando antes.

—Tentei acelerar o máximo possível a devolução do seu dinheiro de vocês, por que queria dar as duas esse presente de natal, mas essas coisas demoram por que o dinheiro ainda está sendo considerado como prova no inquérito, mas a partir do dia quatro de janeiro ele estará disponível na conta das duas novamente.- Daniel explicou nervoso diante do meu silêncio, enquanto desviava os olhos dos documentos para vê-lo com lágrimas nos olhos, sem saber o que lhe dizer diante de tudo que ele havia feito por mim sem saber.

—Eu não sei o que dizer ou pensar sobre isso.- disse atordoada me sentando na cama com os papeis em mãos, tentando entender que Daniel só havia ido embora por minha causa, para recuperar o dinheiro que tanto lutei para juntar para poder realizar a viagem que tanto planejei com a minha melhor amiga.

Sem dizer nada, Daniel ajoelhou na minha frente me olhando com os olhos cheios de lágrimas, antes de segurar as minhas mãos nas suas sem deixar de me olhar.

—Sei que não tenho o direito de pedir isso, depois de tê-la feito sofrer tanto mas...Me perdoa, Amanda...Me perdoa por não ter explicado desde o inicio o que estava fazendo...Me perdoa por deixa-la sozinha, achando que era o melhor para a sua segurança, porque sabia muito bem que seria capaz de se colocar em perigo, apenas para bater no bandido que a enganou...Principalmente, me perdoa por tê-la feito sofrer com a minha ausência e com a suposição de que a havia deixado. E por favor, Amanda, me aceita de volta...Me deixe estar ao seu lado de novo...Me deixe fazê-la feliz como prometi que faria...Me deixe mostrar que você é e sempre será a prioridade na minha vida, nem que para isso tenha que demonstrar todos os dias...Só me deixa fazer parte da sua vida de novo, minha pequena.- Daniel implorou entre lágrimas me olhando nos olhos e fechei os olhos, me permitindo pensar alguns instantes se valia mesmo a pena tê-lo de volta.

Logo a resposta apareceu na minha mente, como se estivesse em um letreiro em neon me dando a certeza de que sabia o que dizer naquele momento para Daniel. Abri os olhos e vi os olhos escuros dele me encarando de volta, ansiosos e aflitos pela resposta que daria a seguir a qual poderia ou não nos colocar no mesmo rumo ou em rumos diferentes.

—Como poderia não perdoar o homem que fez de tudo por mim desde que me conheceu, Daniel?! Que aceitou ser meu noivo de mentira, apenas para me ajudar?! Que demonstrou o quanto me amava em cada gesto, desde que descobriu tal sentimento?! Que virou noites em claro, para encontrar o bandido que me roubou assim como o dinheiro que perdi?! Mesmo magoada, uma parte de mim sempre acreditou que você seria incapaz de me deixar, mas você me conhece bem então, ouvi a minha raiva por um tempo, antes de perceber que ainda te amava loucamente...Por isso, eu te perdoo de todo o meu coração e te aceito de volta, Daniel Souza.- disse sincera entre lágrimas olhando para o homem na minha frente que chorou sem parar diante da minhas palavras, enquanto o envolvia em um abraço apertando dizendo o quanto o amava e o enchendo de beijos que logo foram correspondidos da mesma forma, apaixonada e entregue de antes.

—Eu te perdoo, amor...E eu te amo tanto, pequena...Prometo fazê-la feliz, pelo resto das nossas vidas. Prometo, jamais deixar que o meu trabalho ou qualquer outra coisa seja prioridade, porque a única prioridade da minha vida será você, nosso relacionamento e nossos três filhos, nada além de vocês. Acredita em mim? - Daniel questionou, assim que nos separamos para respirar e sorri concordando.

—Acredito, amor. Prometo ser mais compreensiva de agora em diante, entender que você não é apenas o meu noivo e o homem que amo, fora dos meus braços você tem responsabilidades das quais precisa honrar e não estar comigo algumas vezes, não significará que me deixou de lado ou que não sou a sua prioridade. Prometo, tirar menos conclusões precipitadas, ouvi-lo mais e dizer sempre quando algo me incomoda, sem acusações ou brigas, vamos sentar e conversar para que possamos esclarecer qualquer problema juntos, antes que ele nos separe. Claro que só vou fazer isso, se estiver de acordo. O que acha? - questionei olhando em seus olhos e Daniel sorriu surpreso diante das minhas palavras, enquanto enxugava suas lágrimas.

—Não vejo solução melhor do que essa, pequena. - ele disse sincero e sorri feliz por nosso acordo, antes de estender minha mão direta a Daniel deixando-o confuso.

—Agora, poderia devolver o meu anel de volta? Sei que não foi muito adulto da minha parte, jogá-lo contra o guarda roupa, mas estava tão furiosa com você que não raciocinei direito, mas assim que me dei conta do erro que cometi vim correndo atrás dele e quase tive um infarto, quando descobri que mamãe havia arrumado meu quarto.

—Você o quer mesmo de volta?

—Claro que quero, você me deu em sinal do seu amor por mim...E além do mais, vou adorar esfregar na cara das outras professoras do colégio que acham que vou morrer solteira, que vou me casar com um verdadeiro gato que é louco por mim.- segredei fazendo Daniel rir e virei para vê-lo séria.- Você e louco por mim, certo?

—Há pequena, você não faz ideia do quanto. - Daniel sussurrou com a voz rouca, me olhando com os olhos mais escuros que o normal, enquanto tirava meu anel do bolso da frente da sua calça jeans e o deslizava no dedo anelar da minha mão direita, beijando-a com carinho antes de segurar em sua camisa puxando-o para os meus lábios.

Logo num piscar de olhos meus, já estávamos deitados na cama nos beijando de forma desesperada, enquanto abria os botões da camisa de Daniel jogando-a em qualquer lugar do quarto, deslizando minhas mãos por suas costas afundando minhas unhas nelas gemendo de prazer assim que sua boca deixou a minha para beijar meu pescoço, descendo para o meu colo exposto de maneira sutil pelo decote do vestido que usava, mas antes que pudesse me perder mais um pouco nas sensações de prazer que meu noivo estava me proporcionando ele se afastou de mim, se levantando da cama e gemi frustrada por ter meu desejo negado novamente.

—Por Deus, Daniel, chega dessa tortura toda de esperar o momento certo para transarmos. Será que não vê o quanto está me deixando doida?! Desse jeito, vou acabar morrendo de tanto desejo homem?! É isso que você quer, amor?!- questionei revoltada olhando-o séria enquanto ele negava com a cabeça sorrindo, caminhando em direção a porta do meu quarto e trancando-a antes de voltar para os meus braços.

—Não é isso que eu quero, amor. Também não aguento mais esperar pelo momento certo, só de estar com você sei que qualquer hora é o momento certo e não quero transar com você, Amanda, quero fazer amor com você. Quero amá-la como jamais foi nessa vida, quero beijar cada pedaço seu e descobrir tudo o que gosta, quero fazê-la feliz nessa noite e em todas as outras que estivermos juntos, meu amor, mas pra isso precisava fechar a porta do quarto para que ninguém nos incomodasse, porque não pretendo dividi-la hoje com mais ninguém. Isso se estiver de acordo é claro. Você está? - ele questionou rouco me olhando com desejo e gemi desesperada, para experimentar todas as sensações que as palavras e os olhos de Daniel prometiam.

—Mais do que de acordo. - disse rápido fazendo-o rir, antes de nos beijarmos apaixonadamente, nos entregando finalmente ao amor que sentíamos pelo outro.

❆❆❆❆❆❆❆❆❆❆❆❆❆❆

—Onde você vai, pequena?! - Daniel pediu suave segurando a minha cintura, me impedindo de levantar da cama.

—Só vou ver qual é o último passo do livro. - expliquei e Daniel me olhou descrente me fazendo rir.

—Agora, Amanda Cristina?! Não sei se percebeu, mas ainda não cansei de amá-la. Então, volte para essa cama logo, antes que a amarre nela.

—Vai ser rápido, vai dizer que também não está curioso? -questionei olhando em seus olhos e Daniel balançou a cabeça concordando, aproveitei que ele havia concordado e levantei da cama enrolada no lençol pegando o livro dentro do guarda roupa e voltando para a cama, sentando ao lado do meu noivo abrindo na página que parei, antes de começar a ler.

— “Inicialmente quero parabeniza-los por chegarem até o ultimo, sei que não foi uma tarefa fácil, mas se chegaram até aqui é porque acreditam no amor que os uniu. E como quinto passo, apenas aproveitei a companhia do outro a cada instante, tenham um momento especial e lembrem-se sempre de tudo que aprenderam durante a realização dos passos. Desejo-lhes felicidades e uma longa vida juntos, repleta de amor, companheirismo, felicidades e muitos filhos.” - disse terminando de ler e sorri ao ouvir Daniel respirar aliviado ao meu lado, por não precisarmos fazer praticamente nada no quinto passo.

—Graças a Deus, já estava apavorado de novo com essa história de cinco passos.

—Não precisa se preocupar, praticamente terminamos só está faltando uma coisa, pode pegar a caneta que está em cima da mesinha de cabeceira ao seu lado, amor. - pedi e Daniel concordou, pegando a caneta e me entregando, enquanto passava as folhar até chegar na página reservada aos noivos que concluíram os passos. -Preparado para encerramos esse momento e começarmos um novo, delegado Souza?

—Mais do que pronto, pequena, estou ansioso por isso. - Daniel segredou e sorri, antes de assinar nossos nomes, permitindo que fizemos parte da história da minha família assim como vários dos meus familiares.

❆❆❆❆❆❆❆❆❆❆❆❆❆❆

Depois do Natal sugeri a Daniel que fossemos passar o ano noivo com a sua família, isso se eles concordassem em me receber tão em cima da hora em um momento tão intimo e reservado como as festas de fim de ano, mesmo alegando que sua família não se incomodaria com isso insisti que meu noivo ligasse para seus pais e perguntasse se poderíamos ficar com eles durante a virada de ano.

E sem hesitar meus sogros responderam que sim, me deixando feliz e com o coração tranquilo por permitir que Daniel passasse esse momento tão especial quanto a chegada de um novo ano ao lado dos seus familiares.

Antes de partimos em direção a casa de praia do meu noivo, conversei com minha família sobre a minha decisão e eles concordaram, me deixando feliz por terem compreendido o meu lado.

Todas as vezes que via a casa de praia, que agora sabia ser de Daniel, perdia o folego e agora não seria diferente. O lugar era lindo, como se fosse saindo de um daqueles roteiros de lua de mel vendidos pelas agências de turismos ou pelos clichês românticos.

Fomos recebidos com festa por Liberdade que latia e pulava em nos, demonstrando não só o quanto estava feliz em nos ver e o quanto sentia a nossa falta. A família de Daniel também ficou extremamente feliz em vê-lo ali, principalmente seus sobrinhos que comemoraram o fato do tio poder estar presente na última partida de futebol do ano, tradicional dos Souza.

 Quando achei que estava sobrando diante de tantos abraços e beijos direcionados para meu noivo, sua mãe segurou a minha mão e me puxou para um abraço coletivo com todos, deixando-me emocionada por ver que realmente era aceita por todos apesar de estar com Daniel a pouco tempo.

—Não canso de dizer o quanto esse lugar é lindo. - disse atordoada parada em frente a varada do quarto de Daniel que tinha uma visão privilegiada do mar, assim que viemos deixar as nossas malas no local.

—Nesse ponto tenho que discordar de você, pequena. - Daniel disse suave me abraçando por trás e beijando meu pescoço, fazendo meu corpo se arrepiar com seus toques. - Você é muito mais linda do que esse lugar, ainda mais quando estou amando você.

—Daniel...A sua família toda tá lá embaixo...- sussurrei tentando me fazer de forte, mas quando se tratava de Daniel, não havia nada do que fizesse para resistir. Principalmente agora, que sabia muito bem como era maravilhoso ser amada por ele.

—Nos sabemos ser discretos, como ninguém, pequena. Lembra de alguns dias atrás? Quando estávamos na casa da sua família e nos amamos pela primeira...Segunda...Terceira...- ele começou a tentar contar as vezes em que fizemos amor, não só no natal mas nos outros dois dias em que ficamos a mais com a minha família e virei para beijando, ficando na ponta dos pés interrompendo a sua contagem.

Sem interromper nosso beijo, Daniel me pegou no colo me levando em direção a sua cama para nos amarmos novamente, antes de descermos para comemorar a chegada de um novo ano, trazendo consigo a esperança de boas novas e de uma nova fase em nossas vidas.

A de noivo, completamente apaixonados e comprometidos um com outro.

Nos conhecendo um pouco mais a cada dia, antes de darmos o grande passo de mãos dadas em direção ao altar, continuando assim a nossa caminhada lado a lado aprendendo a respeitar e entender o outro, enquanto erámos felizes e construíamos a nossa própria família.


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