Coloquei a ultima bola dourada na árvore de natal e dei um passo para trás, podendo assim admirar meu trabalho finalmente virando para olhar Liberdade que estava deitado no tapete da sala acompanhando a minha movimentação com o olhar.

—O que acha Liberdade?  Não sei, mas acho que a nossa árvore está precisando de alguma coisa...- disse pensativa e meu cachorro latiu concordando me fazendo rir enquanto me lembrava do que era. - Tem razão, nossa árvore precisa de alguns laços dourados.

Logo comecei a procurar na caixa em cima do sofá pelo rolo decorado para fazer os laços, ficando confusa por não vê-lo em lugar algum quando tinha a certeza de tê-lo visto horas antes, enquanto colocava as luzes na árvore.

—Olha só mamãe, estou embrulhada para presente. -Ana Cecília disse sorrindo com seus olhos verdes iguais aos meus e sua inocência de quatro anos, toda enrolada com a fita decorada que estava procurando e tudo que fiz foi rir de mais uma travessura da minha filha.

Ana Cecília havia nascido dois anos depois que me casei com Daniel, que era louco pela filha que era a cara dele assim como seus irmãos mais novos, herdando de mim os olhos verdes, os cachos indomáveis e a sua capacidade de sempre se envolver em problemas. Quando soubemos que iriamos ter uma menina, decidimos homenagear as nossas avós, que foram tão importantes na nossa vida.

Já nossos filhos caçulas gêmeos idênticos, Samuel e João, haviam recebido os nomes em homenagem aos nossos avôs, em retribuição a tudo que haviam feitos por nós, principalmente meu avô João, afinal, se não fosse por ele não teria a família linda que tanto amava. Os dois haviam nascido a pouco mais de dois meses, completando a nossa felicidade.

—Mamãe? - minha filha me chamou me trazendo de volta do passado e sorri, antes de ajuda-la a tirar as fitas em volta do seu corpo liberando-a para mais uma aventura.

Enquanto Ana Cecília brincava com Liberdade e os meninos dormiam no carinho duplo que estava na sala, aproveitei para fazer os laços e colocar na árvore, deixando a estrela por último para que fosse colocada na presença de todos da casa.

—É o papai. O papai chegou, mamãe. - minha filha gritou eufórica e correu em direção a porta assim que Daniel passou por ela, pegando-a no colo e enchendo Ana Cecília de beijos fazendo-a rir.

— Estava com tanta mais tanta saudade, mais tanta saudade da minha abelhinha. - Daniel disse amoroso para nossa filha em seu colo fazendo-a rir, por ouvi-lo falar igual a ela.

—Eu também estava com tanta mais tanta saudade, mais tanta saudade do meu papai. Desse tantão assim, papai. - ela disse abrindo os braços o máximos que podia nos fazendo rir.

—E o papai te ama o dobro disso, minha abelhinha. Indo e voltando da lua.

—Puxa, isso é muitão, papai.

—É muito mesmo, meu amor. - Daniel disse amoroso abraçando a nossa pequena em seu colo e beijando a sua bochecha com carinho, antes de colocá-la no chão e Ana Cecilia voltou a brincar com Liberdade, enquanto meu marido segurava em minha cintura me puxando para um beijo cheio de saudade. - Sentiu saudades de mim, senhora Souza?

—Nenhum um pouco. - menti sorrindo e Daniel sorriu, não acreditando em um pouco no que havia falando.

—Na ultima vez em que disse isso e lhe mostrei o contrário, você acabou grávida de gêmeos, lembra? - meu marido sussurrou malicioso, evitando que nossa filha ouvisse a nossa conversa.

—Lembro. E não vamos repetir a dose delegado Souza.

—Por Deus, não. Eu te amo, mas estou satisfeito com os filhos que temos. - ele disse categórico e sorri, passando meus braços por seu pescoço sem desviar dos seus olhos.

—Eu também. Na verdade, estou bem mais do que satisfeita com a família que construímos, abominável homem das neves. -disse suave desviando os olhos de Daniel para olhar nossos filhos.

—Eu também, pequena, nem nos meus melhores sonhos consegui imaginar algo assim.- ele disse amoroso e encostei minha cabeça em seu peito, admirando os frutos do nosso amor.