O noivo de natal escrita por KayallaCullen, Miss Clarke


Capítulo 22
Vigésimo primeiro capitulo: Os cinco passos para a felicidade matrimonial da vovó Cecília part. 2


Notas iniciais do capítulo

Sejam bem vindo a mais um capitulo de O noivo de natal, que está repleto de fortes emoções.
Sem mais delongas, respirem fundo e aproveitem o capitulo de hoje.
Boa leitura.



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Já não aguenta mais dar um passo se quer, na caminhada que fazia ao lado de Daniel pela área de vegetação que cercava toda a chácara. Enquanto estava basicamente me arrastando pelo terreno acidentado, sem folego e extremamente suada, meu noivo caminhava na maior elegância como se estivesse nos corredores de um shopping, com ar condicionado para todos os lados.

Naquele momento odiei Daniel por ser tão perfeito e bem mais preparado que eu, além dele sempre ter razão em tudo, principalmente quando sugeriu que não aguentaria o ritmo da caminhada. Sem forças para dar nem mais um passo, me sentei em um velho tronco de árvore largado no meio da floresta, enquanto Daniel amarrava um pedaço de fita vermelha em um tronco, algo que ele vinha fazendo desde que começamos a nossa caminhada.

—Já chega. Não aguento dá mais nem um passo dentro dessa selva, podemos, por favor, voltar pra casa?! E porque você fica amarrando essas fitas vermelhas nas árvores, durante a nossa caminhada? - questionei cansada enquanto Daniel dava um nó na fita, certificando-se de que ela não sairia do lugar, antes de caminhar em minha direção e se ajoelhar na minha frente.

—Estou amarrando as fitas para sabermos o caminho de volta, pois tenho certeza que você nunca andou por esse lado da chácara. Estou errado? - ele questionou suave afastando alguns cachos molhados da minha testa, antes de tirar a mochila das costas abri-la e me oferecer uma garrafa de água, que peguei rapidamente de suas mãos fazendo-o rir. -Devagar, pequena, ou acabará se engasgando. E estamos quase chegando, falta só mais alguns passos.

—Não... Mesmo. - disse assim que terminei de tomar um bom gole de água. -Vamos Chegar a onde?! Se continuarmos nesse ritmo, acabaremos chegando na cidade...Espera, você tem pelo menos a vaga noção para onde estamos indo?

—Claro que tenho. Enquanto jogava com o seu avô, ele me contou que nos fundos da chácara há um riacho onde ia com a sua avó quando jovens para verem o pôr do sol ou o nascer dele, João sugeriu que levasse você até lá porque tinha certeza que iria gostar do lugar. Depois de tudo que me disse ontem sobre querer estar perto dela de alguma forma, achei que ia gostar de estar no mesmo lugar em que sua avó adorava ficar quando vinha para a chácara. - Daniel explicou suave e senti meus olhos se encherem de lágrimas, diante da preocupação do meu noivo em querer me fazer ficar próxima da minha avó depois de tudo que lhe confessei ontem.

—Há Daniel Souza, se você não existisse teria que ser inventado...E espero que esteja preparado, porque vou te beijar até perder o folego. - disse sincera deixando a garrafa de água ao meu lado fazendo Daniel sorrir malicioso com a minha fala, mas antes que pudesse colocar em prática o meu desejo vi meu noivo me olhar de forma preocupada me deixando confusa.- Que foi? Não vai me dizer que não quer me beijar, porque estou toda suada e descabelada?! Esperava mais de você, delegado Souza.

—O que?! Claro que não. Só pelo amor de Deus, não faça movimentos bruscos, Amanda Cristina. - Daniel disse baixo olhando para o meu ombro e segurei a respiração, temendo pelo que podia estar ali.

Por favor, que não seja uma aranha, implorei em pensamento tentando não imaginá-la em cima de mim, porque odiava aranhas e suas patinhas peludas e asquerosas.

—Por favor, me diga que não é uma aranha, porque morro de medo delas. - sussurrei apavorada para meu noivo que negou rapidamente com a cabeça, enquanto pegava uma vareta no chão e se aproxima de mim com ela.

—Claro que não, é uma linda “borboleta”, amor. Agora, preciso que fique quietinha enquanto a tiro, porque não queremos que a “borboleta” fique estressada e a pique sem querer. -Daniel mentiu na minha cara aproximando a vareta do meu ombro, enquanto começava a chorar apavorada com a minha morte eminente por causa de um bicho que odiava.

—Daniel...-sussurrei apavorada olhando nos olhos do meu noivo, que tentava expressar tranquilidade no olhar, mas no fundo podia ver que ele estava tão assustado quanto eu.

—Eu sei, pequena, só tente não se mexer e feche os olhos...Que tudo dará certo. - ele assegurou pra mim e fiz o que Daniel pediu, rezando para que tudo terminasse o mais rápido possível.

Enquanto tentava controlar os tremores de medo que se apossavam do meu corpo, senti algo ser apoiando em meu ombro por breves instantes que pareceram horas, antes de não haver mais nada ali, temendo que a tal da “borboleta” tivesse saindo do meu ombro, parado em outro lugar do meu corpo.

—Pronto, pequena, pode abrir os olhos a “borboleta” já foi embora. - ouvi Daniel assegurar e abri os olhos devagar, temendo ser atacada pelo bicho e suas patinhas peludas novamente.

Com cuidado, olhei para o meu ombro direito onde havia sentindo algo ser apoiando, provavelmente o galho, respirando aliviada por não ter nada ali antes de me levantar em um pulo e me agarrar a Daniel, olhando para todos os lados da floresta com medo de que a “borboleta” me atacasse.

—Amanda? - ele questionou preocupado enquanto me segurava a Daniel, como se minha vida dependesse disso.

—Vamos embora daqui, antes que a “borboleta” volte com as suas amigas peludas, querendo sede meu sangue. -implorei nos braços de Daniel que beijou meus cabelos com carinho, acariciando minhas costas devagar tentando me acalmar do susto que havia levado.

—Não precisa ficar com medo, amor, se a “borboleta” voltar com as amigas peludas dela, vou te proteger de todas elas, prometo. - prometeu suave e agradeci ainda abraçada a Daniel, aproveitando a sensação de segurança e paz que meu noivo tanto transmitia.

Depois que me acalmei, Daniel me questionou se ainda gostaria de continuar a nossa caminhada até o local do riacho e concordei, pois não iria voltar depois de toda a caminhada que havíamos feito aqui, enfrentando até “borboletas” assassinas que queriam nos impedir de concluir a nossa missão.

—Nossa...- sussurrei maravilhada assim que chegamos ao local e tive certeza que havia valido a pena caminhar por horas e enfrentar “borboletas” assassinas, para chegar aqui e ver uma vista tão linda quanto aquela.

O pequeno riacho possuía as águas cristalinas, nos permitindo ver as pedras e alguns peixes no fundo, sendo cercado por incontáveis árvores que dançavam ao sabor do vento deixando o clima mais ameno e aconchegante, típicos de lugares arborizados. Contando com uma pequena faixa de terra em sua beirada, onde poderíamos nos sentar e admirar aquele lugar tão especial, no qual meus avôs visitavam quando mais jovens.

—Coloca nossa nisso, pequena. - Daniel sussurrou sem fala ao meu lado me fazendo rir, enquanto entrelaçava sua a minha.

—Que tal se arrumássemos nosso piquenique na beira do rio, para aproveitarmos melhor o lugar. - sugeri a ele que concordou, enquanto caminhávamos de mãos dadas até a faixa de terra que havia na beira do riacho.

Escolhemos um local para o nosso piquenique livre de pedras e com um pouco de grama, em seguida Daniel tirou a mochila das costas e me entregou, logo a abri e comecei a tirar a toalha que havia trago e as iguarias que havia pegando na cozinha, antes de sairmos para a nossa caminhada.

Estendi a toalha no chão com a ajuda de Daniel, arrumando todas as comidas que havia trago que incluíam algumas frutas, frios, fatias de bolos e pães, uma garrafa de suco e outra de água, antes de nos sentarmos em cima da toalha e descansarmos um pouco da caminhada que fizemos, desfrutando das iguarias preparadas por minha mãe.

—Tirando a parte de caminhar por horas e o ataque da “borboleta” peluda, até que está sendo divertindo esse primeiro passo. - Confessei para Daniel, antes de comer uma uva.

—Sim, tenho que admitir que foi muito divertido e educativo. - Daniel disse suave, antes de morder sua maçã me deixando confusa.

—Educativo, como? - questionei curiosa comendo outra uva e tive que esperar meu noivo terminar de mastigar, para responder a minha pergunta.

—Foi educativo, porque agora sei que a minha noiva tem pânico de aran... “borboleta” peluda. - Daniel se corrigiu rapidamente assim que olhei feio para ele. -Você nunca me contou sobre esse medo.

—Nunca?! Que estranho, devo ter esquecido, mas e você tem medo de alguma coisa? - questionei olhando-o com curiosidade, porque era difícil pensar que um homem daquele tamanho e que trabalhava em uma profissão tão perigosa, pudesse ter medo de algo.

—Tenho muito medo de dipirona. Tenho calafrios só de pensar nela. - Daniel segredou fingindo estar com medo e foi impossível não começar a rir da sua cara, porque havia sido uma piada muito engraçada e totalmente inesperada. - Pode admitir, Amanda Cristina, garanto que não irá doer...Essa minha piada foi incrível, não foi?!

—Ok. Admito que ela foi muito boa, para um principiante. - disse assim que me recuperei da crise de riso e Daniel sorriu vitorioso, me fazendo rir da sua empolgação como se tivesse acabado de ser o único ganhador da mega da virada.

—Bom, já que fiz a melhor piada do ano, diga-se de passagem, acho que mereço ganhar um prêmio, não acha pequena? - Daniel questionou me olhando com segundas intenções e concordei.

—Sim, abominável homem das neves. O que gostaria de ganhar como prêmio? - questionei para Daniel que me olhou de forma demorada, como se tentasse apreciar cada detalhe que havia em mim, se demorando em meus lábios e sorri suave entendendo qual era o prêmio que meu noivo desejava.

Lentamente deixei minhas uvas de lado, me aproximando de Daniel com cuidado criando um certo mistério, deixando-o ansioso para estarmos novamente nos braços um do outro. Assim que estava perto o suficiente dele, acariciei a ponta do meu nariz com o seu descendo por seu rosto e pescoço, fazendo o caminho inverso com beijos que o faziam gemer de contentamento e antes que pudesse perceber, meu noivo interrompeu minhas caricias com um beijo apaixonado que nos fez deitar na toalha, aproveitando melhor os carinhos que trocávamos.

Só nos separamos quando o ar se fez necessário, mas continuamos deitados na toalha com minha cabeça repousada em seu peito, observando o balançar das folhas das árvores por causa do vento e o barulho da água fluindo pelo riacho na nossa frente.

—Qual será o próximo passo do livro? - Daniel questionou curioso quebrando o nosso momento de silêncio para a contemplação do lugar.

—Não, sei, mas que tal se déssemos uma olhada juntos? Porque não sei você, mas estou curiosa para saber qual serão os outros passos.

—Por mim, tudo bem. - Daniel disse e sorri animada me separando dele, mas antes que pudesse me afastar meu noivo me puxou novamente para seus braços me dando um beijo suave, me liberando em seguida para pegar a mochila, onde havia deixado o livro dos cinco passos enquanto ele se sentava na toalha.

Abri a mochila, tirando do seu interior o livro antigo da minha família, desamarrando a fina tira de couro que o fecha e abrindo na página em que havia parado de ler, antes de começarmos a nossa pequena aventura pela floresta.

Respirei fundo, antes de começar a ler o que estava inscrito abaixo da primeira instrução que havia lido no meu quarto.

— “Espero que tenham concluindo com sucesso o primeiro passo. Ele serviu para que pudessem conhecer as limitações um do outro, para que assim possam respeitá-las e aceita-las como parte das pessoas que amam. Reflitam alguns instantes sobre isso e digam para o outro, o que aprenderam com esse primeiro passo.” - terminei de ler e fechei o livro, respirando fundo e encarando Daniel para fazer o que havia sido pedido.- Bom, aprendi que sou uma negação em caminhadas e que não gosto nem um pouco delas, mas aprendi também que ter alguém ao seu lado que te ama de forma incondicional, respeita o seus limites mesmo podendo ultrapassá-los e que te protege de “borboletas” peludas, vale mais do que qualquer riqueza no mundo.

—Puxa, superar esse seu discurso será muito difícil, pequena. - Daniel segredou suave assim que se recuperou da minha fala e sorri agradecida para ele. -Aprendi que minha noiva é péssima em esportes ao ar livres, mas está tudo bem, porque não mudaria nada nela. Porque a amo do jeito que é, sem mudar nada nela. Caminhar com você pela floresta, seguindo o seu ritmo sem ultrajá-la, temendo que se perdesse ou se machucasse, me fez ver que não preciso ter pressa para conquistar o mundo, posso ir devagar que ainda conseguirei chegar aonde desejo.

—Eu fiz isso por você? De verdade? - questionei emocionada olhando nos olhos de Daniel que sorriu concordando.

—Isso e muito mais, pequena. - ele disse sincero e sorri emocionada, antes de me inclinar para dá um leve beijo no meu noivo, me afastando em seguida para ler o segundo passo.

— “Agora que perceberam que podem caminhar juntos pelas dificuldades da vida, está na hora de serem francos um como o outro... Como segundo passo, contém um segredo que ninguém mais sabe e que deverá ficar apenas entre vocês, esse o passo será um teste de confiança. Então, comecem a falar. Uma dica: uma boa garrafa de vinho ajuda a desinibir qualquer um.” - disse terminando de ler e olhando para Daniel que estreitou os olhos, como se estivesse avaliando o pedido inusitado do livro. - Bom, é agora ou nunca...Se contarmos nossos segredos aqui e agora, temos que prometer que não vamos contá-los a mais ninguém. Promete?

—Prometo, Amanda. - Daniel prometeu e respirei fundo, tomando coragem para o que diria a seguir.

—Como queria ter uma garrafa de vinho agora em mãos...- sussurrei para mim mesma, antes de respirar fundo tomando coragem para o que iria dizer a seguir. -Ninguém sabe disso, porque preferi assumir a culpa do que entregar meu irmão, porque já era uma pessoa queimada mesmo diante de todo mundo, mas...Quem estava dirigindo o trator que derrubou o muro da igreja foi o Neto e não eu...Assumi a culpa, porque meu irmão bebeu demais e achou que conseguiria dirigir o trator, o que não deu muito certo. Como Neto tinha acabado de completar a maior idade, meu irmão iria preso ao contrário de mim que só levou uma advertência da policia local além de pagar o conserto do muro da igreja.

—Amanda... Isso é muito sério. Seu irmão sabe disso? -Daniel questionou sério e neguei com a cabeça.

—Eu acho que não, porque ele estava muito bêbado, com certeza não se lembra de nada e sei que é sério, mas ninguém saiu ferido e todo o prejuízo material foi pago na época. Devo ressaltar que a igreja ganhou um muro muito melhor do que tinha. Então, pelo amor de Deus, Daniel, estou pedindo para deixar o delegado Souza de lado e ser apenas o meu noivo, guardando esse segredo comigo, levando-o para o seu tumulo assim como eu pretendo fazê-lo.- implorei olhando para os olhos escuros do meu noivo que concordou.

—Tudo bem, pequena, prometo não contar nada a ninguém e nem julgá-la, estou aqui como seu noivo, o homem que te ama e não como o delegado Souza, tenho certeza que se estivesse no seu lugar faria a mesma coisa. - ele me assegurou e respirei aliviada, por saber que Daniel me entendia. -Bom, acho que agora é a minha vez. Só a minha irmã sabe disso, porque ela me acobertou na época, mas quando tinha quinze anos menti para os meus pais dizendo que passaria o final de semana na casa da Mari, enquanto nossos pais estavam viajando a trabalho...Só que na verdade, fui para a casa de praia que ganhei dos meus avôs com a minha namorada na época...E bem...Perdi a minha virgindade com ela lá.

—Oh...Daniel...Estou chocada. Meu Deus, por essa eu não esperava. Você só tem cara de bom menino, Adalberto. E eu achando que a perdida era eu. - disse sorrindo chocada para o meu noivo que corou sem graça. - Como você consegue ficar tímido, depois de me contar uma coisa dessas, homem?!

—Não tenho a menor ideia, mas você não pode contar isso pra ninguém. Sei que já faz anos, mas tenho certeza que minha mãe me mataria se descobrisse que fui sem a autorização dela, quando adolescente, pra casa de praia e ainda por cima transei por lá. E ainda sobraria para a Mariana, por ela ter me acobertado na mentira. Então, se não quiser ficar viúva antes de casar, segredo absoluto.

—Sei que não tive muito tempo com ela, mas a sua mãe não parece ser tão assustadora assim.- disse e Daniel riu negando, me deixando confusa.

—Com quem você acha que aprendi a fazer meu olhar de “delegado assustador”, com a dona Helena. - ele me alertou sério e o olhei desconfiada, sabendo que aquilo só podia ser exagero dele. Porque quando conheci Helena Souza, mãe de Daniel, quando o pai do meu noivo veio examiná-lo depois de ter caído do sofá, ela me aparentou ser a pessoa mais doce e gentil que já conheci, não aparentando em nada ser a “mãe assustadora” que Daniel dizia.

—Isso é porque você não conhece a peça, pequena. Minha mãe é um amor de pessoa, mas tira ela do sério pra você ver o que acontece, eu não recomendo. -meu noivo segredou pra mim e sorri concordando, pois não conhecia tão bem a minha sogra para discordar do filho dela que conviveu com ela desde que nasceu.

—E então, sua prima vez foi boa pelo menos? Pra valer o risco de ser morto pela sua mãe? - questionei curiosa fazendo Daniel sorrir, como se lembrasse com nostalgia daquele momento.

—Sim, foi muito boa. Eu só tinha a teoria, porque conversei com meu pai antes, mas a minha namorada era um ano mais velha, sabia muito bem o que fazer, porque já tinha transando antes...Foi muito mais fácil do que achei que seria.

—Pelo jeito, mesmo depois dos anos essa garota ainda é especial para você. - disse com ciúmes e Daniel me olhou surpreso, antes de sorrir com carinho pra mim.

—É sim. Afinal, ela foi a minha primeira namorada e a primeira garota com quem dormi, por isso não posso negar a importância dela. Agora espera, não acredito que esteja com ciúmes de uma garota do meu passado?! Que eu nunca mais vi na vida, pequena.

—Admito que estou, mas a culpa não é minha se você ficou falando todo derretido e sorrindo feito um bobo, ao lembrar da primeira garota que esteve na sua cama. - disse enciumada e Daniel sorriu amoroso pra mim, antes de me puxar para mais perto dele colocando uma mecha do meu cabelo atrás da minha orelha.

—Não posso negar que ela foi importante na minha vida, mas foi no passado, pequena. Você é o meu presente e o meu futuro, a única mulher que desejo ter não só na minha cama, mas como a minha companheira de vida e mãe dos meus filhos...Porque você, Amanda Cristina Avelar Nunes é o amor da minha vida.- Daniel disse sincero, sem desviar os olhos dos meus e senti as lágrimas se acumularem em meus olhos.

—Você também é o amor da minha vida, Daniel Adalberto Guimarães Souza. - disse emocionada olhando nos olhos do meu noivo, antes de ser beijada por ele de forma apaixonada até nos separarmos por falta de ar.

—Bom, agora que já cumprimos os dois primeiros passos que tal se fossemos para o terceiro? - questionei assim que recuperei meu folego depois dos beijos que troquei com Daniel.

—Por mim tudo bem, pequena. - ele disse e concordei, me afastando dele para pegar o livro esquecido em cima da toalha e respirando fundo, antes de ler de onde havia parado.

— “Contar seus segredos mais íntimos, permite que tenham confiança para dividir seus sonhos, medos e angustias com o outro, pois um casamento é isso...Confiar e amar, dividindo tudo com o seu parceiro. Então, agora que já confiam ainda mais no outro, está na hora de seguirem para o próximo passo. O terceiro passo, ainda estará relacionado ao exercício de confiança e respeito, então digam para o outro três defeitos que seu parceiro tem e que te levam a loucura...Enquanto ouvem seus noivos falando seus defeitos, vocês não podem interferir em hipótese alguma. E uma dica: sejam sinceros e não tentem atenuar nada.” - li e fechei o livro com cuidado tentando entender o que aquele ritual pretendia, nos unido nos dois primeiros passos para nos dividir no seguinte.

—Não sei você, mas como é que as pessoas da sua família se casaram depois de fazer esse ritual?! Porque não tem noivado que resista, depois que os noivos dizem na cara um do outro seus defeitos. Me desculpe antepassados dos Avelar Nunes, mas não vou listar os defeitos da descente de vocês, porque se não sabem quero muito transar com ela e se atender seu pedido, tenho certeza que isso não vai acontecer tão cedo ou melhor nunca.- Daniel disse categórico olhando para o céu e revirei os olhos, diante da sua reação exagerada.

—Não exagera, Daniel. Não vai ser três defeitos, que irá me fazer ficar com raiva ao ponto de não querer transar com você. Vai, pode respirar fundo e dizer meus três defeitos de uma vez, prometo que não vou ficar zangada.

—Tem certeza disso, Amanda?

—Claro que tenho. E você ouviu o livro, não tente atenuar nada.

—Tudo bem...Meu Deus, ela vai me matar... São Jorge, me proteja. - ouvi Daniel sussurrar de olhos fechados e sorri revirando os olhos, diante do seu exagero.

Meu noivo respirou fundo algumas vezes, abrindo os olhos para me ver, antes de começar a falar.

—Seu primeiro defeito que me leva a loucura, é a sua irresponsabilidade...Parece que você não pensa nas suas atitudes, não avalia as consequências dos seus atos, Amanda Cristina. Seu segundo defeito que me leva a loucura, é sua capacidade de se envolver em problemas em um piscar de olhos meus...Você é literalmente um letreiro em neon com os dizeres “Amanda, a rainha das confusões”, eu realmente não consigo entender como consegue essa proeza, pequena. Seu terceiro e último defeito que me leva a loucura, e ouvi-la me chamando de Adalberto, porque todo mundo sabe o quanto odeio ser chamado por esse nome...Sem ofensas, vovô.- meu noivo disse olhando para o céu se desculpando com o avô falecido, antes de respirar aliviado como se tivesse tirado um peso das suas costas, enquanto o olhava de braços cruzados. -Deus, isso foi tão relaxante, me sinto até mais leve.

—Já acabou, Adalberto?! Que ótimo. E você tinha razão, depois disso não vou transar tão cedo com você. Espero que esteja preparado, porque escolhi os seus piores defeitos para jogar na sua cara, abominável homem das neves. - disse furiosa olhando para o meu noivo que me encarava confuso, diante da minha reação depois de ter dito que não ficaria zangada com ele.

— Seu primeiro defeito que me leva a loucura, é a sua responsabilidade excessiva...Meu Deus, você precisa urgentemente deixar de ser tão certinho, Daniel, tenta fazer uma loucura, pelo menos uma vez na vida homem, isso vai te fazer bem. Seu segundo defeito que me leva a loucura, é a sua incapacidade de não colocar um rolo de papel higiênico no banheiro quando o outro termina. Pelo amor de Deus, é tão difícil assim tirar o rolo vazio e colocá-lo no lixo, depois colocar um novo?! Será que vou ter que fazer um manual ilustrado pra você, homem de Deus?! E seu terceiro e pior defeito que me leva a loucura, ou pelo menos pensar em esganá-lo várias vezes, é dizer que precisamos esperar o momento certo para transarmos...Será que você não percebe que não quero esperar coisa nenhuma?! Que quero passar dias trancada em um quarto sendo amada por você, sem me importar com o mundo lá fora?! Escute o que estou dizendo, Adalberto, algum dia ainda vou te trancar em um quarto e fazer loucuras com você...Puxa, você tem razão, isso realmente é libertador.

E antes que pudesse dizer mais alguma coisa, Daniel caminhou em minha direção envolveu sua mão direita em meus cabelos, me puxando para um beijo avassalador deixando-me surpresa de diante da sua ousadia, porque ele jamais havia me beijado daquela forma tão louca e entregue.

 Como Daniel era mais alto, tive que ficar na ponta dos pés para corresponder a sua urgência, antes que meus pés protestassem pela posição incomoda, meu noivo segurou na minha cintura e me levantou alguns centímetros, sem interromper o nosso beijo. Enquanto aproveitava para passar minhas pernas na sua cintura, me agarrando ao delegado como se minha vida dependesse disso.

Assim que estava nos seus braços, Daniel andou alguns centímetros antes de apoiar minhas costas no que parecia ser um tronco de árvore dada a sua aspereza na minha pele, mas não me importante com isso, tudo que queria era continuar desfrutando do pequeno lapso de loucura do homem que amava. Nos beijamos até que nosso desejo fosse saciado e a respiração se tornasse escassa, obrigando a nos afastarmos para podermos respirar.

—Você me acha...Tão chato assim? -Daniel questionou sem folego com a testa encostada na minha, me deixando culpada por ter dito aquilo.

—Não, apesar de me levar a loucura, todos os seus defeitos me fazem te amar ainda mais...Menos o do papel higiênico. - segredei fazendo-o rir, antes de beijar meus lábios com carinho se afastando em seguida.

—Vou tentar melhorar essa parte, prometo. E me perdoe, se a ofendi dizendo os seus defeitos não foi a minha intenção, pequena.

—Eu sei que não foi amor, me perdoe também por tudo que lhe disse, jamais quis te magoar, abominável homem das neves. -disse sincera olhando nos olhos de Daniel, antes de nos beijarmos de forma apaixonada, selando assim o nosso pedido de perdão.

Assim que nos separamos, voltamos de mãos dadas para a toalha nos sentando enquanto pegava o livro nas mãos, para ver qual seria o próximo passo da felicidade matrimonial da vovó Cecília.

—Preparado para o quarto passo, amor? -questionei olhando para Daniel que me olhava temeroso.

—Nem um pouco, e se esse “livro da discórdia” disfarçado de 5 passos para felicidade, nos colocar com o outro de vez?

—Também estou com medo dessa possibilidade, mas precisamos confiar no amor que nos uniu, não acha, Daniel?

—Você tem razão, não podemos deixar o “livro da discórdia”, acabar com o nosso amor.

—Nunca deixaremos nada acabar com o nosso amor. - disse sincera segurando sua mão direita e Daniel concordou, beijando minha mão antes de soltá-la.

Respirei fundo, abrindo o “livro da discórdia”, como meu noivo havia apelido o livro dos meus ancestrais, retomando a leitura de onde havia parando antes de começarmos a falar sobre os defeitos do outro que nos levavam a loucura.

— “Sei que falar os defeitos do outro devem ter levados a uma discussão acalorada, mas peço que tenham calma e respirem fundo. O amor não é feito só de afinidades, mas também de diferenças e são elas que nos fazem escolher todo dia quem amamos. Peçam perdão um para o outro pelas palavras duras que disseram, digam que aceitam os defeitos do outro apesar deles, jamais deixaram de amá-lo e que tentaram melhorar os seus próprios defeitos. Se precisarem de um tempo para perdoar o que foi dito por ambos, tudo bem, o tempo é o melhor conselheiro de todos. Jamais deixem de pedir perdão para o outro depois de algum desentendimento, porque antes do amor o casal deve ter respeito pelo outro sempre.” - terminei de ler e olhei para Daniel que me olhava, da mesma forma apaixonada e devotada de antes. - Me perdoa, Daniel, se te magoei dizendo seus defeitos. Eu te amo e aceitos os seus defeitos, pois eles não me farão deixar de amá-lo e prometo melhorar os meus próprios defeitos.

—Eu te perdoo de todo coração, Amanda. Me perdoe também, se a machuquei dizendo seus defeitos. Eu te amo profundamente e aceito cada um deles, pois fazem parte da mulher que amo e jamais deixarei de amá-la por isso. Prometo, que irei melhorar os meus defeitos. - meu noivo disse sem desviar os olhos dos meus e sorri amorosa para ele.

—Eu te perdoo de todo o coração, Daniel. - disse sincera e sorrimos apaixonados para o outro, antes de voltar ao “livro da discórdia” que estava nas minhas mãos. -Pronto, para o quarto passo, abominável homem das neves?

—Nem um pouco, mas seja o que Deus quiser. -Daniel disse temeroso e sorri, antes de respirar fundo e voltar minha atenção para o livro em minhas mãos.

— “Agora que já passaram pelo passo mais difícil deste livro, a sinceridade. Que tal relaxarem um pouco tendo um encontro?! No qual poderão desfrutar da companhia um do outro, assim como da confiança fortalecida nos passos anteriores. Aproveitem cada instante que puderem, para estar ao lado do outro, se conhecendo melhor e relembrando o porque de terem se escolhido para um passo tão grande, como o casamento. Tenham um bom encontro, pombinhos.” - disse fechando o livro assim que terminei de ler fazendo Daniel rir aliviado, me fazendo rir também.

—Finalmente um refresco, porque os últimos dois passos foram estressantes.

—Nem me fale. E então, onde pretende me levar para o nosso primeiro encontro? - questionei curiosa para o delegado colocando o livro na mochila, encerrando por hoje essa história de passos para a felicidade, pois merecíamos um descanso depois do diluvio de emoções que vivemos por causa dele.

—Que tal um cinema? Com muita pipoca, refringente e doces? Podemos encerrar o programa, jantando em algum restaurante que tem na cidadezinha, antes de chegarmos à chácara.

—Eu iria adorar, amor. Posso escolher o filme?!- implorei para Daniel que sorriu concordando.

—Você pode escolher o que quiser, pequena.

—Então, vou querer ver o novo filme do homem aranha. - disse segura da minha decisão fazendo Daniel rir empolgando, antes de me beijar apaixonadamente.

—E mais uma vez, me apaixono por você de novo, pequena. Muito obrigado Deus, por colocar no meu caminho uma mulher que ama os mesmos filmes de super-heróis que eu. - Daniel disse olhando para o alto me fazendo rir surpresa, porque nunca havia encontrado um cara que gostasse tanto de super-heróis quanto eu.

—Mentira, que você gosta do homem aranha?!

—Sou louco pelos heróis da Marvel, nunca perdi uma estreia na vida, a não ser essa porque estava trabalhando e não tive um tempo pra ir ao cinema.

—Somos dois, meu amor. Vamos logo arrumar essa bagunça e voltar para casa, porque estou louca pra ver esse filme. - disse empolgada fazendo Daniel rir, enquanto arrumávamos tudo rapidamente e começávamos a fazer nosso caminho de volta de mãos dadas seguindo as fitas vermelhas que meu noivo amarrou nas árvores, para marcar o nosso caminho de volta.

❆❆❆❆❆❆❆❆❆❆❆❆❆❆

—Pelo jeito, o encontro de vocês foi realmente muito bom. - mamãe disse sorrindo maliciosa para nós, fechando a revista que estava lendo sentada ao lado do meu pai no sofá, assim que passamos pela porta da frente por volta das oito da noite.

—E como mamãe, o filme foi incrível e emocionante. Depois Daniel me levou para jantar e passeamos um pouco pela pracinha da cidade, antes de voltarmos para cá. - disse feliz soltando a mão do meu noivo, para dar um beijo de boa noite nos meus pais.

—Que bom, querida. Vocês precisam se divertir e aproveitar a companhia do outro, antes dos filhos chegarem. - meu pai aconselhou desviando seus olhos do livro que lia e concordamos, antes do celular de Daniel começar a e ele nos pedir licença para atender.

—Carol, me contou que você pediu o livro dos cincos passos para a felicidade matrimonial da vovó Cecília? Não me diga que está pensando, em fazer o ritual da nossa família? - mamãe questionou curiosa e sorri negando, deixando-a confusa.

—Pensando não, mamãe, estamos fazendo.

—Não brinca e como está sendo? - ela questionou curiosa e até meu pai parou de ler para acompanhar a nossa conversa.

—Uma verdadeira montanha russa de emoções, mas o importante é que estamos conseguindo nos entender, apesar de tudo. - assegurei para os meus pais que respiraram aliviados me fazendo rir.

—Que bom, querida. Me lembro do dia em que realizei os passos com seu pai...Nunca senti tanta raiva de uma pessoa, como senti dele, mas depois de cabeça fria conseguimos conversar e percebemos que nosso amor era maior do que qualquer raiva.- mamãe disse amorosa entrelaçando sua mão a do meu pai que a beijou com carinho, enquanto ficava encantada pelo amor tão lindo dos dois do qual era fruto.

—Desculpe interromper a conversa de vocês, mas Amanda, será que poderíamos conversar no quarto? - Daniel questionou sério aparecendo na sala com o celular nas mãos e concordei.

Dei um beijo de despedida nos meus pais, antes de subir as escadas ao lado de um Daniel extremamente tenso, o que me deixou preocupada de que pudesse ter acontecido alguma coisa com a sua família.

Assim que entramos no quarto que estávamos ocupando desde que chegamos aqui, meu noivo fechou a porta atrás de si e indicou que nos sentássemos na cama, me deixando ainda mais nervosa e temerosa sobre o que ele tinha para me contar.

—Você está me assustando, Daniel, por acaso aconteceu alguma coisa com a sua família? Meu Deus, é com a Sarah, não é? Ou pior, é com o Liberdade? - questionei apavorada diante dessas alternativas e meu noivo negou, não me deixando mais calma diante da sua afirmação. - Então, qual é o motivo de você está tão sério desse jeito?

—Eu preciso voltar pra casa, Amanda. Houve uma reviravolta em um dos casos que trabalho e preciso estar na delegacia, para acompanhar tudo de perto. - Daniel explicou e neguei com a cabeça, me levantando da cama atordoada com a sua notícia.

—Você não pode voltar, Daniel. Se não lembra, você escolheu passar as festas de fim de ano comigo...Você deixou a sua família de lado para ficar comigo...E agora, vai me deixar porque recebeu um telefonema da delegacia?! Faça-me o favor, Daniel, e honre a sua palavra comigo. - disse indignada e ele estreitou os olhos para me ver.

—Você acha que quero quebrar a promessa que lhe fiz?! É claro que não, Amanda, mas isso é o meu trabalho. Não posso simplesmente dizer que não vou, tenho responsabilidades na delegacia para cumprir, porque não posso deixar de ser o delegado Souza, apenas para agradar a minha noiva. Você gostando ou não, jamais abrirei mão do meu trabalho, para satisfazer um capricho seu. - ele disse furioso e balancei a cabeça concordando, caminhando em direção a sua mala e jogando-a em cima da cama, enquanto Daniel me olhava de forma séria.

—Já que escolheu seu trabalho a mim, então arrume suas coisas e vá de uma vez. Porque não vou ficar me humilhando pedindo que fique, quando claramente jamais serei a prioridade na sua vida. E acho bom não estar mais aqui, quando sair do banheiro. - disse severa e Daniel tentou dizer algo, mas não lhe dei ouvidos caminhando apressada em direção ao banheiro, me tranco nele. Assim que tive certeza que estava sozinha, deixei a dor me consumir por inteira me fazendo cair no chão aos prantos, por novamente não ter sido a prioridade de alguém.

Por ter dado tudo de mim novamente para alguém que não me fazia sua prioridade, só que dessa vez doeu bem mais do que das outras, pois Daniel era o amor da minha vida e ser deixada de lado por ele, era quase uma dor física que me fazia soluçar me encolhendo no chão frio do banheiro, tentando me manter de alguma forma inteira durante a tormenta que estava passando.

 


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Notas finais do capítulo

O que dizer desse capitulo?!
Uma hora a gente ri, se emociona e termina passando raiva...
O que será que vai acontecer agora com esses dois?

Beijos e não percam o penúltimo capitulo amanhã.



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