Time Reversal/Reversão do Tempo escrita por LadyIce


Capítulo 9
Capítulo 9 - Olhos Bem Fechados




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Maio, Ano 798 do Calendário Universal

Elizabeth e Siegfried conseguiram após algumas investigações achar um grupo de cultistas atuando em Odin.  Eles tiveram que entrar no grupo. Após algumas conversas aqui e ali com várias pessoas conseguiram ir a um local de reuniões. Siegfried e Elizabeth adentraram no local e receberam vestes longas com túnicas. Escutaram vários trechos da antiga bíblia do catolicismo. As palavras pareciam tão profundas, palavras de amor e esperança. As pessoas ao redor eram simples e da baixa nobreza. Após o culto eles ofereceram um pequeno copo com água dizendo ser santificado. Sem escolha eles beberam. Elizabeth fez sinal a Siegfried que a seguiu. Ela tirou um aparelho que analisou a amostra.

— Tiroxina - ela pegou uma pistola e injetou em Siegfried e depois nela mesma - vai cortar o efeito.

Eles entregaram as vestes e saíram normalmente do local. Elizabeth falou a Siegfried:

— Malditos, eles fazem lavagem cerebral nas pessoas. As seduzem com palavras de paz, amor e esperança, mas na verdade são uns pecadores.  Precisamos chegar aos locais onde os militares e nobreza frequentam.

Eles visitaram por mais alguns dias aquele local, até que Elizabeth obteve informações implantando aparelhos no escritório do bispo responsável pelo templo.

— Consegui alguns dados sobre outros locais deles em Odin e outros em Phezzan. - Elizabeth disse a Siegfried - Mas o curioso é um local que não aparece nenhuma informação, geralmente os outros tem a lista de nomes de fiéis que frequentam, endereço, tudo. Este aqui não tem nada.

— Então deve ser este o local que a alta cúpula se reúne - disse Siegfried- precisamos entrar lá.

— O único nome é Blue Star, isso te lembra algo em Odin? Algum local?

— Não me vem nada a mente.

— Vou fazer a busca no banco de dados pra ver se encontramos algo. - ela acionou uma tela diante de si e digitou alguns dados, mexendo os dedos em busca de informações. - Aqui só aparece que é um bar, que coisa estranha, não deve ser.

— Deixe-me ver - Siegfried olhou o mapa e a localização do bar, e então teve uma lembrança. Ele estava no gabinete com Reinhard quando um dos nobres veio oferecer seu apoio na última guerra civil. Após o encontro ele disse a Reinhard que havia um local onde os nobres frequentavam para diversões.

“- Vossa Excelência pode encontrar o que quiser lá para seu prazer - disse o nobre”

“- Meu prazer são as batalhas - respondeu Reinhard.”

“- Mas um homem tem outras necessidades, caso deseje vá neste local - ele disse a localização e o nobre deu um cartão. - Com licença Excelência - ele saiu.”

“Reinhard rasgou o cartão, Kircheis o conhecia bem para saber que não seria daquela forma que ele ficaria com uma mulher.”

— É este o local - afirmou o jovem ruivo a Elizabeth, ela se surpreendeu.

— Como sabe?

Ele contou a história a ela, dizendo ter visto o nome do local antes de Reinhard picotar o cartão.

— Vamos investigar melhor então. Você e Zimmermann vão para uma diversão - por um momento ela viu Siegfried ficar ruborizado. Com certeza ele nunca tinha ido num ambiente assim.

“Ele fica tão lindo assim.” - Elizabeth pensou.

Ela então contatou Zimmermann para a missão, iriam averiguar o funcionamento do local.

 

Zimmermann era um homem alto e magro de cabelos negros e olhos azuis escuros, estava vestido como um autêntico nobre e todo elegante. Mas quando Elizabeth viu Siegfried seu coração acelerou demais, apesar dele estar com os cabelos negros e sem as ondulações, ele colocou um cabelo a mais na parte de trás de forma a prender num elegante laço vermelho, estava muito atraente.

— Vou acompanhar tudo do carro do lado de fora. Coloquem nossos dispositivos em locais chaves e peguem todos os dados que precisarmos.

Os dois homens concordaram e rumaram para o Blue Star. Elizabeth ficara do lado de fora no carro que tinha vidros escuros. Siegfried e Zimmermann entraram no bar, logo foram recepcionados por uma bela moça que indicou uma mesa para eles. Os dois pediram cerveja e começaram a olhar em volta. Havia muitas garotas lindas, a maioria junto a um nobre. Algumas sentadas no colo de alguns deles e rindo outras tomando uma bebida junto e ainda outras sendo acariciadas. Eram claramente prostitutas de luxo. Uma moça loira se aproximou deles e passou a mão pelos ombros de Siegfried.

— Quer diversão? - ela abaixou e sussurrou no ouvido dele - posso fazer muitas coisas com você.

Siegfried ficou envergonhado e totalmente paralisado.

“Não deveria ter vindo nesta missão.”

A garota viu que não teria resposta ali e foi para o lado de Zimmermann.

— Talvez seu amigo - ela sorriu e passou a mão pelo rosto dele.  Zimmermann tirou uma nota de dinheiro, os olhos da mulher brilharam.

— Venha cá - Zimmermann ordenou e ela se aproximou e ele a fez se inclinar para falar.  - Estamos procurando outro tipo de diversão, há outros locais na casa?

— Temos uma ala com os rapazes se preferirem.

— Não, queremos outra coisa.

A mulher os olhou tipo sabendo a que se referiam.

— Não posso ajudar sobre isso - Zimmermann tirou mais duas outras notas e mostrou a ela.

— Só posso dizer que na parte inferior deste bar tem alguns encontros especiais. Mas restrito a pessoas com acesso especial.

Zimmermann entregou o dinheiro a ela que foi embora, ele virou um gole da cerveja e disse a Siegfried:

— Desconfio que a entrada para o local que a garota falou não é por aqui, como tem acesso restrito deve ser um local onde as pessoas que frequentam entram de forma discreta.

— Concordo, acho que precisamos mapear o local.

Eles ficaram mais um tempo, apenas bebendo e logo saíram, olharam para os lados e entraram no carro. Elizabeth já os aguardava, eles conversaram sobre suas suspeitas.

— Richard faça o mapeamento desta localização e mande os resultados para nós - ela avisou para ele que estava em órbita com a Brunhild camuflada. Em poucos minutos os resultados apareceram na tela.

Elizabeth jogou os dados na tela para eles verem.

— Wow, olhem isso, tem uma área grande no subterrâneo. - ela apontou para uma lateral- isto não conecta a nada na parte de cima do bar, deve ser esta a entrada. Precisamos nos aproximar dela - ela parou e pensou um pouco. - Tive uma ideia, você talvez não goste Siegfried, mas acho que vai funcionar. Zimmermann fique aqui e esteja preparado para qualquer coisa. - ela estava com um vestido típico que as mulheres em Odin usavam, ela abriu mais o decote e puxou para mostrar os ombros - Vamos Siegfried, te explico lá fora.

Eles desceram do carro, ela foi para perto dele.

— Passe a mão pela minha cintura - ele novamente ficou envergonhado - vocês nesta era são devagar, vamos não mordo - ela resolveu desligar os fones e pediu para ele desligar o dele.

— Por que desligar?

— Não me sinto a vontade para o que vou fazer com plateia.

Siegfried ficou cada vez mais apreensivo.

“O que ela pretende?”

Eles andaram por arcos sustentados por pilastras e no final havia uma porta, eles deduziram ser a entrada que procuravam. Ela encostou numa das pilastras e o puxou para si.

— Fique assim, iremos observar se alguém chega e entra.

Ele ficou completamente sem graça com a proximidade do corpo dela. Elizabeth tentava se distrair olhando os lados se alguém aparecia e finalmente vinha um casal, mas o mais estranho é que usavam máscaras. Elizabeth sussurrou no ouvido de Siegfried.

— Estão vindo quando eu der sinal os atacamos, agora me beija - ele ficou indeciso - ela o puxou e o beijou, era um beijo tão intenso quanto o que ela sentia, Siegfried precisou se afastar um pouco para tomar fôlego. Ela o beijou novamente, desta vez em menos intensidade, e os olhos dela ficaram aberto observando o casal passar por eles. Ela soltou Siegfried e fez sinal para ele pegar o homem e ela cuidaria da mulher. Os dois ao mesmo tempo atacaram o casal e derrubaram ambos. Elizabeth indicou uma entrada escura que havia ali para colocar os corpos desacordados.

— Você é louca Elizabeth.

— Sabia que não ia gostar. Mas confesse que foi bom - estava escuro o suficiente para não ver o rosto dele. - Eles pegaram as máscaras e colocam no rosto, ela revistou o casal e achou um cartão, que devia ser o de acesso aquela entrada. Elizabeth aplicou uma pequena pistola no pescoço dos dois. - Vão dormir até amanhã. Vamos. - ela se ajeitou para ficar bem apresentável e não mais ter a aparência de uma prostituta. Eles andaram até onde seria a porta de entrada, Elizabeth buscou o local para inserir o cartão e o colocou, logo uma luz verde discreta acendeu e a porta se abriu. Na entrada havia uma escadaria com luzes que se acederam com a presença deles. Eles começaram a descer, ela se segurou no braço do jovem ruivo já que não era tão acostumada aos saltos. Ela havia tomado da mulher desacordada.

— Conseguimos entrar - ela falou baixinho.

Ao final da escada havia um enorme tapete vermelho era um imenso corredor dividido em várias salas com um vidro transparente na frente. Do lado de fora várias pessoas olhando para dentro, todas elas com máscaras. Ao começarem a andar pelo corredor, Elizabeth e Siegfried não estavam preparados para o que veriam.

— Por Odin - ela balbuciou.

Siegfried arregalou os olhos e ficou completamente constrangido, sem saber para onde olhar.

— Vamos seguir em frente até o fim do corredor - Elizabeth falou pra ele, puxando-o.

“Nobreza sórdida, até onde vão para terem seus prazeres saciados?” - pensou Kircheis.

Cada sala tinha alguém ou grupo se drogando e muito sexo. Mulheres com homens, mulheres com mulheres, homens com homens, era um vale tudo.

Ao chegarem ao fim do corredor encontraram um enorme salão com várias pessoas de pé escutando uma pessoa com uma túnica falando ao público sobre como a nobreza tinha que retornar com seu poder e que Reinhard fora o grande culpado de todos estarem naquela situação.

— Criaremos uma nova ordem, onde os senhores estarão no topo comandando. Mas para isso temos que derrubar aquele pivete loiro - ele levantou as mãos e a túnica caiu e eles viram seu rosto.

— Arcebispo De Villier - disse ela sussurrando para o jovem ruivo.

Todos seguravam uma bebida que foi dada a Siegfried e Elizabeth também e brindaram.

— Prosit!

Elizabeth fez sinal para Kircheis a seguir, indicando um pequeno local longe de outros olhos.

— Malditos cultistas, eles falam o que eles querem ouvir, depois de fisgá-los usam drogas para controlá-los e fazerem praticarem seu terrorismo e depois os descartam como papéis. Hipócritas malditos, pregam a moralidade e olha este lugar! - os olhos dela estavam em fúria, era o mesmo temperamento de Reinhard, o corpo dela tremia de ódio. Siegfried percebeu que algumas poucas pessoas começaram a olhar para eles, um homem se dirigia para onde estavam. Sem pensar duas vezes ele pegou Elizabeth e a beijou, apertando-a contra si. Ela aos poucos acabou se acalmando e cedendo nos braços dele. Siegfried vai até o pescoço dela e sobe até o ouvido.

— Se acalme as pessoas estão nos observando e suspeitando. Precisamos sair daqui.

Elizabeth queimava por dentro de tantas emoções sentidas e contraditórias, era o ódio pelos cultistas de um lado e aquele sentimento por Siegfried de outro.

Eles permaneceram abraçados até todos se desinteressarem, o jovem ruivo a pegou pelo braço e começou a percorrer o caminho para as escadas. Ao terminarem de subir, instalaram vários dispositivos e quando estava tudo pronto, Elizabeth passou o cartão e eles saíram rapidamente em direção ao carro.

— Pegaremos estes malditos um a um, nenhuma máscara irá esconder a real identidade deles - disse ela.

— Precisamos avisar Reinhard para acabar com este local - falou Kircheis.

— Nós o faremos, mas vamos coletar os dados primeiro.

De volta a sua cabine na Brunhild do futuro, Elizabeth deitada em sua cama ficava pensando sobre tudo que aconteceu. Mas a figura de Kircheis a perseguia.

“Não posso, não posso, não quero. Droga temos um abismo de 50 anos e ele ama outra mulher.” Mas era inevitável o que sentia.

“Eu amo ele.”

 

Setembro, Ano 798 do Calendário Universal

 

Elizabeth vai até Reinhard bem no final do dia, breve começaria a operação Ragnarok ela sabia que ele deveria estar bem ocupado e foi exatamente o que o oficial que a atendeu disse.

— Avise por favor que tenho informações urgentes do interesse dele e de todo o império. Diga que Elizabeth von Braun o procura.- ela foi bem enfática a ponto do oficial ficar com um certo receio, imediatamente o oficial fez alguns contatos e finalmente ele recebeu uma resposta.

— Pode ir Srta. Ele vai recebê-la.

Ela começou a andar em direção ao escritório de Reinhard. No caminho cruzou com Paul von Oberstein, ele definitivamente não lhe causava boa impressão. Elizabeth continuou em frente com a cabeça erguida.

“Será que Reinhard já me perdoo?” - ela pensou.

Ele estava em seu escritório sozinho, o guarda a deixou entrar e saiu em seguida.

— Elizabeth.

— Excelência.

Os dois se olharam. Ela observou que ele usava o medalhão, o mesmo medalhão que ela herdara e estava em seu cofre na nave.

— O que veio tirar de mim desta vez?

— Não faça isso. Pare de agir como uma criança mimada.

Os olhos de Reinhard se enfureceram.

— Como ousa? Eu...eu... - ele perdeu a fala

— Preste atenção, eu perdi minha família que é sua também, voltei e fiz tudo para te proteger, eu daria minha vida pela sua de bom grado e você sabe disso. Quando vai perceber que só lhe desejo o melhor? - ela se aproximou aos poucos. - Permita que as pessoas se aproximem - ela tocou a mão dele - Por favor, não se isole dentro de si. Não o abandonamos - ela apertou mão dele.

Reinhard estava tão irado, zangado, mas no fundo era consigo mesmo. Aquela garota conseguia de alguma forma desmoronar a barreira que ele criou em torno de si. Ele sentiu o calor das mãos dela indo para a sua, lembrava tanto Annerose.

De repente a porta se abriu e Elizabeth reconheceu de imediato Hilda. Rapidamente ela soltou a mão de Reinhard, mas tarde demais, ela tinha visto.

— Perdão Excelência. Trouxe alguns documentos.

— Srta Mariendorf permita apresentar a Srta Elizabeth von Braun. Ela era amiga de Kircheis.

— Prazer Srta. - disse Hilda a cumprimentando, a seguir ela deixou a papelada sobre a mesa - vou deixá-los retorno quando vossa Excelência terminar. Prazer Srta. von Braun - Hilda então deixou o recinto.

Reinhard apontou o sofá para Elizabeth e ele se sentou à sua frente.

— O que a traz aqui?

— Investigamos pontos de ação dos cultistas aqui em Odin e achamos um local frequentado pela alta nobreza e pessoas de alta patente militar. Estamos ainda trabalhando na lista de nomes, é bem complicado - ela relatou a aventura dela e Siegfried.  A cada detalhe ele parecia mais enojado. Ela lhe repassou um pequeno dispositivo. - Aqui tem os dados e o local.

— Passarei para Kessler tomar providências.

— Assim que eu tiver os nomes dos outros frequentadores também irei lhe repassar.

— Como está Kircheis?

— Ele está bem e ajudando bastante. - eles ficaram num silêncio quebrado por ela -preciso ir Excelência, obrigada por me receber, sei que está se preparando para algo grande, a operação Ragnarok.

— Não há como esconder nada de você.

Ela se levantou e Reinhard também, ambos se despediram, ela estava quase na porta, quando retornou e num impulso o abraçou com força.

— Lembre-se que ... que eu o amo - ela o soltou o olhando nos olhos e sorrindo em seguida saiu.

“Eu precisava tanto de você agora Reinhard, mas terei de cuidar disso sozinha” - Elizabeth pensou e riu ironicamente- “Em menos de 24 horas admiti que amo dois homens.”

Reinhard ficou da mesma forma que estava com os braços no ar, sem saber processar tudo aquilo. Aos poucos ele abaixou os braços.

Hilda aguardava em outra sala e estava intrigada com aquela mulher, nunca a tinha visto e Reinhard nunca falara dela.

“Quem é ela? Algo haver com o Almirante Kircheis? ”

Não sabia explicar, mas aquilo a inquietava demais. Hilda soube que ela havia partido, então retornou a sala. Reinhard parecia desconcertado, nunca o vira assim.

— Algo que possa ajudar Excelência?

— Não, está tudo bem Srta Mariendorf.

— A Srta von Braun parece que causou...um certo impacto.

— Ela sempre causa - Reinhard suspirou e só então se tocou que soltou algo que não deveria - apenas esqueça Srta. Mariendorf, isto não é da sua conta. 

 


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