Like a Vampire Extra: Untold Tales escrita por NicNight


Capítulo 7
Dois irmãos




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2011

Irmandades são díficeis, independente de idade ou raça. Isso é um fato.

Algumas relações só são… um pouco mais difíceis de se explicar.

Isso era o que Kino usava pra explicar que Mun e ele não eram exatamente irmãos biológicos nem exatamente irmãos adotivos, pelo menos.

Coisa que ele tinha que explicar pelo menos pra 5 intrometidos diferentes por dia que eles saíam.

Estava exausto.

Fechou a porta de casa, deixando a mochilinha cor de rosa de Mun no sofá.

—Vou lá na vizinha pegar o almoço de hoje!- Ele gritou.- Vou trancar a porta também, então não pense em pular a janela! 

—O.k!- Mun respondeu do quarto, bem alto.

Kino suspirou, antes de trancar a porta por dentro e se teletransportar pra uma casa duas ruas acima da sua.

A porta já foi destrancada, e ele foi entrando:

—Boa tarde, Yuuri, já vim pegar o almoço! Como está? Que bom! Eu também vou bem! Então vou indo, bye!

—O que te faz pensar que eu vou te deixar ir sem ao menos conversar comigo.

Yuuri era um homem de cerca de 40 anos. O cabelo meio sem corte loiro queimado, olhos castanhos e uma pele pálida. Usava uma roupa toda preta, e as mãos esguias estavam cruzadas na frente do corpo.

Kino bufou.

—Yuuri, você de verdade não precisa me fazer um questionário toda vez que eu venho aqui.

—É claro que eu preciso. Olha sua roupa.

Kino olhou sua calça jeans rasgada, os tênis pretos. A blusa com uma estampa de Friends e uma blusa xadrez vermelha por cima.

Além do cabelo preto bagunçado e os olhos vermelhos, estava bem.

—O que tem de errado com a minha roupa?

—Parece um protagonista fajuto daqueles filmes que você me mostra.

—Obrigado por provar meu ponto que eu estou me vestindo perfeitamente bem.- Kino pareceu ofendido- Enfim. Almoço.

Yuuri revirou os olhos e entregou uma caixa nas mãos dele:

—Precisa mudar um pouco mais sua roupa com o passar do tempo. Vão começar a suspeitar que você não envelhece.

—Pra eles eu sou só um cara de dezesseis anos emancipado ainda, relaxa. Tenho tudo sob controle.- Kino comentou.

—Não se esqueça de ficar de olho em Mun, pra ver quando o crescimento dela vai parar.- Yuuri aconselhou.

—Ela não está nem perto da puberdade ainda, cara. De novo: Relaxa. Tudo sob controle.

Kino abriu a caixa, e pareceu satisfeito:

—Macarronada. Ela vai gamar.

Yuuri pareceu confuso.

—Gamar tipo gostar. Ah, cara. Pra alguém que tá vivendo entre os humanos você tá bem por fora mesmo. Enfim. Não achou sangue?

—Não consegui caçar esse fim de semana. E você mesmo me falou que não queria dar sangue humano pra menina.- Yuuri respondeu.

—Tá. Hoje eu me viro. Mas por favor, vê se arruma pra mim.- Kino fechou a caixa de novo- Ah, lembra de marcar a consulta com ela.

—As presas cresceram de novo?!

—Ela mordeu o dedo de uma professora e saiu sangue. Depois enviaram ela de volta pra casa porque ela "ficou agitada".- Kino suspirou.

Yuuri suspirou.

—Bem, eu vou indo. Se eu deixar a Mun em casa por mais de 5 minutos, ela pula a janela e corre até a padaria pra comprar doce.

—A força e velocidade estão despertando então…

—E você tá começando de novo.- Kino revirou os olhos- Enfim! Tchau, Yuuri!

—Sakamaki!- Yuuri o chamou, meio alarmado- Você sabe que precisa contar pra ela o mais rápido possível.

—Ela nem tem seis anos ainda.- Kino retrucou.

—Mas…

—Yuuri. Ela é minha irmã. Eu que decido quando ela vai estar preparada pra ouvir a verdade, ok?

Yuuri concordou:

—Claro.

Kino se teletransportou direto pra sala de sua casa, antes de destrancar a porta e a abrir e fechar de novo de forma barulhenta:

—Cheguei! E hoje é dia de macarronada!

Mun cantarolou alguma coisa em vitória do seu quarto, e Kino sorriu:

—Aceita suco de framboesa?

Mun se enfiou na porta. Era extremamente pequena, o cabelo castanho claro era curto e os olhos vermelhos grandes. Usava uma roupa totalmente rosa, com estampa de coelhinho.

—Por que a gente só toma suco de framboesa aqui?- Mun perguntou, falando meio embolado.

Sua dicção nunca fora das melhores.

—Eh…porque eu achei que você gostava.

—Nhé.- Mun deu de ombros- Mas eu quero macarronada! Macarronada!

—Senta na mesa que eu já sirvo!- Kino comentou.

Mun correu pra cadeira, quase se virando nela antes de sentar. Rápido demais.

Kino colocou as duas marmitas no microondas, e pegou a caixa de suco da geladeira.

—Por que você não cozinha pra gente nunca?

Kino serviu um copo de suco pra ela, pegando uma faca da gaveta:

—Da última vez que eu tentei fazer feijão, você disse que tinha gosto de peido.

Mun riu alto.

Kino fincou a faca no dedo, rasgando uma boa parte. Deixou gotas de sangue caírem no copo e depois mexeu com a própria faca, a jogando na pia.

—Mas tinha mesmo!- Mun falou.- Inclusive, eu tô com um dente bambo! Ó!

Ele olhou pra irmã cutucando um dos seus dentes da frente, que balançou.

—Cuidado! Tem que deixar ele cair naturalmente!

O microondas apitou, e Kino rapidamente pegou as duas marmitas e colocou na mesa. Voltou pra pia e levou o copo de suco pra mesa.

Mun comeu bem rápido, enquanto ele lavava a mão e colocava um band-aid no dedo.

—Posso jogar enquanto eu como?- Mun perguntou.

—Não.

—Você joga enquanto come!

—Só quando eu tô sozinho.- Ele se sentou na frente dela.- Não é o caso agora!

Mun riu de novo.

—E aí, como foi a escolinha?- Kino perguntou, comendo uma garfada do macarrão.

—Boa!- Mun respondeu- Quer… quer dizer. Mais ou menos.

Kino se preocupou:

—Mais ou menos? Quem eu tenho que mat… conversar?

—É que trocaram a professora.- Mun respondeu- Aí ela resolveu perguntar pra todo mundo sobre… sobre as profissões do pai.

Kino fez uma careta. Que merda.

—E o que você falou?- Kino perguntou, apoiando os braços na mesa.

—O que eu sempre falo, ué! Que papai e mamãe não moram aqui, mas eu tenho um irmãozão que faz tudo!

Kino sorriu.

—E a professora?

—Ela me chamou pra… conversar depois da aula.- Mun respondeu- Perguntou o que tinha acontecido com meus pais.

Kino a olhou meio de forma triste.

—Eu disse que sei lá. Aí ela… ela disse que eu era muito nova.

Ficaram um tempinho em silêncio.

—Foi… ruim ver todo mundo falando de família toda. E eu só falei de você.

—Mun.- Kino a olhou- Nossa mamãe… tá lá no céu. Por causa de umas pessoas muito ruins. E o nosso papai… um dia vai chegar. Ele só tá meio longe, mas quando lembrar da gente, puff! Vai chegar.

Mun o olhou meio chorosa.

—Mas por enquanto, não precisa ter vergonha, viu? Eu sou sua família. E sempre vou ser.

Mun sorriu:

—Obrigada, maninho!

—De nada, maninha!- Kino ironizou o apelido.

Mun o encarou por alguns segundos.

—Eu posso jogar Angry Birds agora?

Kino bufou:

—Você é impossível. Mesmo.


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