3 dias depois...

P.O.V Da Melanie

— Quero voltar pra casa, já está na hora de irmos embora... Não aguento mais seus pais me olhando daquela maneira, eles gostam da Victoria e não de mim. - Após a festa dos seus pais, decidimos ficar mais um pouco na casa de campo.

Edward irá terminar com a namorada, decidimos ficar juntos e criar o Julian em outra cidade, bem longe de Seattle.

— Amanhã, ok? Partiremos cedo. - Prometou.

— Está bem. - Concordei. - Estou muito feliz. Imensamente feliz por saber que vamos sair de Seattle. Quero ser sua esposa... Vou carregar seu sobremome com orgulho. Quando o Julian crescer, eu quero poder engravidar de novo. Você já é um pai incrível. Consegue imaginar uma misturinha de nós dois? Eu consigo imaginar uma menininha loirinha com os olhos castanhos. - Falei emocionada.

Ele sorriu assentindo.

— Claro que quero ser seu marido, vamos encher a nossa casa de crianças, você e eu não precisamos de mais nada, iremos construir uma família linda. Eu só preciso resolver algumas coisas antes. - Me puxou pela cintura.

— Sempre foi você, sabia? Sempre te amei. Fui tola, eu fiz besteiras...

— É passado, Mel, nada mais importa. - Acariciou meu rosto, fechei os olhos.

Arrumei o nosso filho, saímos para passear com o bebê, decidimos aproveitar o lindo dia e fizemos um pequinique.

— Vou voltar com a terapia, eu não deveria ter deixado de lado. - Colocou o Julian no colo.

— Eu sei, fazer terapia e frequentar o Grupo de Apoio te fazia bem. Você procurou ajuda, tenho muito orgulho disso. Você sempre terá o meu apoio. - Abri a cesta de vime.

— Antes de irmos, teremos que resolver alguns assuntos com o Gibson. Não quero que ele volte a te incomodar, e nem que exija algum direito sobre o Julian, faremos um acordo, mesmo que eu tenha que oferecer uma boa proposta para ele largar de mão e esquecer o menino. - Disse sério.

— Mas se ele não aceitar? - Era a minha maior preocupação.

— Será uma oferta irrecusável. - Garantiu.

Eu tinha medo do Gibson tirar o Julian de nós.

Ficamos ali fora, olhando para o lago enquanto a tarde caía, Julian engatinhava sobre a toalha de mesa florida.

Sam foi embora sem se despedir de mim, ela estava toda estranha. Liguei para a minha mãe e ela nem me atendeu.

Começou a esfriar, já estava escurecendo, recolhemos as coisas do pequinique, peguei o Julian, entramos para evitar que o bebê pegasse sereno.

Dei banho no neném, após dar de mamar, o coloquei para dormir.

Edward desceu para conversar com os pais, eu aproveitei para tomar um banho, depois fui arrumar minhas coisas e as do Julian, porque na manhã seguinte iríamos embora.

O jantar foi preparado pela cozinheira da casa de campo com a ajuda de dona Marissa.

Quando nos reunimos, Ed contou que me assumiria e que iríamos embora de Seattle, e obviamente, seus pais não gostaram da notícia.

Mas tudo já estava decidido.

Comemos em silêncio, o clima estranho e tenso se prolongou.

No entanto, eu estava feliz.

Nada poderia atrapalhar nossos planos.

[...]

P.O.V Da Victoria

— Querida, nem avisou que viria. Que perigo viajar sozinha. Deve estar exausta. - Marissa me recebeu.

Era de noite, foram horas de viagem, dirigi até a casa de campo dos Benson, para poder surpreender o meu namorado.

Eu estava morrendo de saudades do Ed.

Minha mãe já estava melhor, estava em repouso na casa da minha tia.

— Aqui está o presente, infelizmente não pude comparecer à sua festa. - Lhe entreguei a sacola com o presente para os meus sogros.

— Obrigada, querida! - Dona Marissa me abraçou. - O Leonard já está deitado. - Contou.

— Não incomodo não, certo? Eu não me aguentei. Passei a semana toda ansiosa. Onde está o Ed? - Perguntei.

— Está lá em cima. - Respondeu.

— Só quero vê-lo. Tô morrendo de saudades do seu filho. - Eu não via a hora de contar a novidade.

Era uma grande notícia.

Eu estava tão feliz. Eufórica.

— É o terceiro quarto à direita, mas...

Não a deixei terminar de falar, ela tentou me chamar, eu logo subi a escada apressada, agradecendo pela informação.

Terceiro quarto à direita.

Cheguei no quarto onde meu namorado estava, a porta não estava trancada, só girei a maçaneta e abri a porta bonita.

Derrubei a caixinha com o presente especial que preparei com tanto carinho e amor.

Ed não estava sozinho.

Estava na cama com a Melanie.

Ambos sem roupas.

— Victoria! - Me lançou um olhar de pânico, ficando até pálido.

— Como pôde fazer isso comigo? - Alternei o olhar entre eles.

Ela saiu da cama e começou a se vestir.

— Calma, vou explicar tudo. - Ele também tratou de se vestir, se atrapalhando todo.

Melanie se aproximou. Me controlei para não partir para cima dela.

Trocamos olhares, saí do caminho, ela foi embora sem falar nada.

— Victoria, não planejei nada disso, simplesmente aconteceu! - Era muita cara-de-pau mesmo.

— Depois de tudo que passamos juntos? Você me trai com a sua ex? Eu confiei em você! Acreditei que me amava. Que teríamos um futuro juntos! - A pior decepção.

Ele estava me traindo com aquela mulher...

— Sinto muito...

— Não! Você não sente! Você é um canalha. Brincou com meus sentimentos! Eu te ajudei... Fui boa com você... Fui a única pessoa no Grupo de Apoio que mais acolheu você lá dentro... Viajei horas para te encontrar na cama com aquela piranha? Porque é isso que ela é. Uma vadia! - Esbravejei.

Comecei a sentir tanta raiva e repulsa.

Mágoa... Desgosto.

— Victoria, eu gosto de você, de verdade...

— Mentiroso! Você não presta, Edward! Você e ela são iguais. Se merecem! - Cuspi as palavras.

Me abaixei para juntar a caixinha de presente, estava enfeitada com um laço branco.

Minhas mãos tremiam.

Eu o amava e ele só me machucou.

— Você realmente não merecia, se eu pudesse voltar no tempo... - Lamentou.

Meu corpo de repente ficou quente, estremeci sentindo algo ondular em meu ventre, até transpirei.

Aquele mal-estar só piorou.

Uma pontada aguda... A dor veio.

Larguei a caixinha novamente, me curvei tremendo, mais contrações... Cólicas horríveis.

— Você está bem? - Tocou meu ombro.

— Abra a caixinha... - Falei fraca, com a voz embargada.

Ele o fez relutante e encontrou o lindo par de sapatinhos unissex.

— Vim te fazer uma surpresa... - Gemi e fiquei tremendo curvada no chão.

— Victoria! - Se desesperou.

— O meu bebê... Nosso bebê! Estou perdendo... Ai!  - Chorei descontroladamente.

Eu sentia a vida dentro de mim se esvaindo aos poucos.

Gritei de dor e tristeza, sentindo minha calcinha encharcar.

Eu sabia... Sabia que estava sangrando.

Ed me pegou no colo, minhas pernas estavam úmidas.

— A culpa é sua... Você causou isso... - Mesmo fraca e agonizando, falei.

— MÃE! PAI! - Berrou pedindo ajuda, atravessou o corredor comigo.

— Meu bebê... Meu bebê... Meu bebê... - Toquei minha barriga.

Eu queria tanto aquela criança.

— Victoria, fica comigo, não feche os olhos... Você não pode... Fica comigo... O bebê... - Desceu a escada quase correndo.

— Nunca irei te perdoar por isso... Nunca! - Trinquei os dentes.

Eu queria machucá-lo.

A culpa iria matá-lo por dentro.

Seus pais apareceram.

Melanie estava na sala, se aproximou assustada.

— Edward... O que aconteceu? - Olhou para mim, apertei a camisa dele.

Meu ventre estava queimando por dentro.

Eram dores horríveis.

— Saia da frente, porra! - Esbravejou com ela furioso. - Pai, liga o carro, precisamos levá-la ao hospital. Victoria está sangrando... Ela está tendo um aborto! - Explicou arrasado.

Ed estava chorando. Estava desolado.

Sua mãe nos acompanhou, Melanie ficou na casa de campo.

Leonard pegou a caminhonete.

— Me perdoa... Eu não sabia... Victoria, fique acordada, eu... - Sua voz foi sumindo.

Minha cabeça rodou e meus olhos pesaram.

Eu sabia que o bebê não havia resistido.

Minha gestação tinha só dois meses.

Não lutei para me manter acordada.