Wild Hearts - Concluída escrita por Julie Kress


Capítulo 3
Tarefas


Notas iniciais do capítulo

Hey, pessoal!!!

Mais um capítulo.

Espero que gostem!!!



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P.O.V Da Sam

Foi estranho me juntar à mesa com toda aquela gente na hora do jantar. Tia Grace postou a mesa com a ajuda das noras, Veronica e Lorena. Era um verdadeiro banquete completo para aquela cambada de pessoas famintas. Foi quando um homem com mais ou menos a idade do meu tio chegou, e não estava sozinho, ele se juntou à nós com o rapaz que conheci mais cedo, só podia ser o seu pai, o capataz da fazenda.

Até que eles se pareciam.

Uma tigela grande fumaçando foi colocada no centro da mesa bem comprida. O cheiro forte e muito bom fez o meu estômago se agitar, implorando por comida.

Eu estava prestes a pegar o prato quando tio Mark levantou de supetão, anunciando que teria uma oração de agradecimento pelo pão de cada dia e que era a vez do primogênito Maximus puxar as palavras gentis e agradecidas...

Cristões.

Nunca fui de rezar, ainda mais agradecer por comida. Nem mesmo no Dia de Ação de Graças.

Todos nós demos as mãos, eu estava entre Miranda e Colton, somente abaixei a cabeça fingindo ser uma daquelas boas moças que vão à missa aos domingos.

Só fui uma vez na vida

— Senhor, obrigado pela fartura da noite, agradecemos o pão nosso de cada dia... - Primo Maximus deu início à oração de agradecimento. - Amém! - Só ouvi atentamente quando ele encerrou.

O que foi um alívio, a prece demorou.

— Amém! - Eu estava mesmo faminta.

Um rebuliço começou, eram barulhos de pratos e talheres batendo, arrastar de cadeiras, todos se servindo ao mesmo tempo. Nunca coloquei comida no meu prato, sempre tivemos em casa empregados para nos servir à vontade.

Fiquei ali parada esperando tia Grace me servir. O que não aconteceu, ela só colocou comida para os netos. As crianças ocuparam a pequena mesa que parecia ter sido feita sob medida para elas.

— Você não tem mãos, prima? - A voz irritante de Aubrey chegou aos meus ouvidos.

— O que disse? - Encarei sua cara de debochada.

— Mãe, a Sam não sabe colocar comida no prato dela! - Disse em voz alta com a intenção de me envergonhar.

Todos olharam para mim, até mesmo o capataz e o filho faz-tudo, intrigados.

O homem de semblante sério se chamava Leonard.

Como já faziam parte da família há bastante tempo, eles estavam ali na mesa.

— Oh, querida, por quê não me pediu ajuda? - Tia Grace fez menção de levantar.

— Não precisa, tia. Sei me servir sozinha. - Menti forçando um sorriso.

Sob os olhares deles, eu enchi meu prato com o conteúdo da tigela de barro, era ensopado de carne com batata.

Dispensei os pãezinhos caseiros e a salada de repolho. Também havia outras comidas típicas sobre a mesa, coisas que eu nem sabia o nome, faziam parte da culinária sulista.

[...]

Tive que encher uma caneca de alumínio para poder escovar os dentes. Não tinha água encanada, tio Mark explicou que eles enchiam baldes e barris d'água para o fornecimento geral. Ou seja, nada de chuveiros e água quentinha e relaxante, eu iria acabar morrendo congelada durante os banhos.

O banheiro residencial era um cubículo com uma privada simples, tinha uma cortina de plástico cobrindo o box e como não dava água na descarga, o jeito era manter um balde sempre cheio de água para jogar na privada.

Outra tortura foi tentar dormir na rede, o que me deu uma agonia à noite toda, o tecido áspero pinicando minha pele sensível, a manta de dormir nem chegava perto dos meus lencóis e edredons quentinhos, senti frio mesmo estando coberta da cabeça aos pés.

Quase morri de susto no dia seguinte, o canto do galo me fez despertar abruptamente e quase fui ao chão com o pulo que dei. O bicho estava empoleirado no parapeito da janela aberta, com certeza foi obra da Aubrey sabendo que a ave iria me assustar.

Saí da rede me atrapalhando toda, por pouco não beijei o chão, embolei aquela coisa e dei um jeito de deixar pendurada num lado só da parede enrolando o tecido nas cordinhas compridas.

O galo cantou novamente torturando os meus ouvidos, ele era enorme e estufava o peito, ouvi alguém gritar e espantar ele que saiu voando e sumindo de vista.

Eu não sabia que galos eram capazes de voar...

Fui dar uma espiada pela janela, ainda estava um pouco escuro lá fora, nem sinal de raios solares.

Que horas são? 5h da manhã? Céus, eu acordei com as galinhas.... Logo eu que costumo acordar às 11h:30min.

Ouvi risadas das meninas enquanto tomava banho, prendi meu cabelo e lavei minhas partes íntimas dando gritinhos e pulinhos, a água do balde estava super fria, me causava calafrios.

Saí do banheiro enrolada na minha toalha fofinha e saltitei correndo para pegar uma muda de roupa decente, hidratei meu corpo. Coloquei um short jeans desfiado, um Cropped básico sem estampa, e calcei minhas lindas botas de salto, vesti uma jaquetinha jeans amarrando ela acima do umbigo.

Soltei meus cachos, caprichei no rímel e no gloss labial sabor cereja.

— Bom dia. - Saudei todos quando cheguei para o café-da-manhã.

Até a bebê estava acordada no colo da mãe.

Os rapazes me olharam, vi o meu primo Rick arregalar os olhos para mim e engolir em seco.

Até que ele era gatinho.

— Alguém quer mais coalhada? - Tia Grace ofereceu.

Além do queijo artesanal e do bolo de fubá, a mesa estava farta com pães, suco, geléia, mel, tortinhas e leite fresco.

Tive que provar a tal coalhada para não fazer desfeita. Quase vomitei com o cheiro daquilo... A aparência daquela coisa era medonha.

O gosto pior ainda...

Eu só comia torrada integral com Nutella, ovos temperados e Waffles no meu café-da-manhã.

[...]

— Freddie vai te passar as tarefas e te auxiliar quando for preciso. Ele vai te ensinar tudo e qualquer dúvida que tiver, tire com ele, Sam. - Meu tio já estava de saída, me informou antes de ir para a caminhonete.

Ele tinha que buscar uma encomenda na cidade.

Logo o filho do capataz surgiu em meu campo de vista, trajando mais uma camisa xadrez e sua calça jeans surrada, botas de borracha, chapéu preto e claro, ele carregava um balde, meus tios contaram que o rapaz e o pai moravam ali no casebre atrás do celeiro.

Tio Mark se despediu de mim, vi Colton ir com ele.

As crianças corriam pelo terreno alegres, davam gritinhos e risadinhas.

Vi tia Grace e as noras estendendo roupas nos varais, Phoebe estava com a bebê no colo, Miranda jogava milho para as galinhas que estavam soltas, Amy regava as plantinhas e Aubrey era a única sentada, devorando o que parecia ser uma fatia de bolo.

— Pronta para conhecer a fazenda, dona? - Sobressaltei com o susto.

Olhei para trás dando de cara com o moreno musculoso.

— Sim. - Assenti rapidamente.

E nosso tour pela roça começou.

Ele me levou para ver o celeiro.

— Todas as ferramentas, ração dos animais, alimentos em sacas, sementes e feno ficam aqui. - Abriu a enorme porta-dupla.

O celeiro era espaçoso demais, tinha compartimentos lá em cima, lenha, o chão era de terra batida e o ambiente cheirava à folhas secas e madeira fresca.

Depois ele me levou para o estábulo. Haviam cavalos lindos.

— Oh, meu Deus! Vocês tem pôneis! - Apontei para o bichinhos bonitinhos.

— São potros. - Me corrigiu.

— O que é um potro? - Perguntei confusa.

— Potros são filhotes de cavalos. - Respondeu.

— Own, eles são tão fofinhos. - Me aproximei da baia.

Em seguida, fomos para o curral.

— Aquela vaca está grávida? - Apontei para uma vaca malhada com a barriga super inchada.

— Prenha. Ela está prenha. - Voltou a me corrigir.

— E quando nascem os bebês dela? - Vi ele entrar no curral para colocar a ração vitaminada.

— Ela espera um único bezerro. - Explicou.

— E se forem gêmeos? - Indaguei.

Ele apenas riu e foi encher os compartimentos de alimentos.

O faz-tudo me levou para ver os porcos, o cercado era muito espaçoso cheio de lama fedida.

— Olha os três porquinhos! - Apontei para o trio de filhotes cor de rosa.

— Nasceram mês passado. - Contou se apoiando no viveiro feito de tábuas.

— O que devo fazer? Já listou minhas tarefas? - Perguntei.

Ele me olhou da cabeça aos pés e torceu a boca.

— Vai ter que tirar essas botas e colocar as galochas. As da Amy devem servir em você  - Avisou.

— Ai, não! - Balancei a cabeça.

— Vem comigo, a primeira tarefa é recolher os ovos. - Me informou.

Minutos depois...

— ELAS QUEREM ME MORDER! - Saí correndo do galinheiro.

— Galinhas não mordem! Elas só bicam! Você puxou as penas delas por acaso? - O moreno veio atrás de mim, apressado.

— Freddo, eu não volto mais lá nem amarrada! Toma isso! - Lhe empurrei a cesta de vime.

Quase fui morta por um bando de galinhas sanguinárias.

Só consegui pegar um ovo, olhei para a meleca nas minhas mãos.

— AI QUE NOJO! É TITICA DE GALINHA! - Esfreguei na camisa dele.

A cesta caiu e o ovo espatifou no chão.

— Meu nome é Freddie! - Me corrigiu impaciente.

— Tanto faz, vai lá pegar os ovos. Essas galinhas estão possuídas. Uma delas voou para cima de mim! - Eu estava apavorada.

Ele revirou os olhos e resmungou.

— Mas é muito medrosa mesmo. - Disparou para dentro do galinheiro me arrastando junto. - Vou te ensinar a pegar um ovo! - Estava irritadinho?

[...]

— Pega as tetas da vaca e aperta assim, é desse jeito que ordenha. - Estava me ensinando.

— É assim que você costuma apertar os peitos de uma mulher? - Fiz piada.

— Olha moça, não provoca não! - Me fuzilou.

— E se ela me acertar um coice? - Fiquei temerosa.

— As patas traseiras estão bem amarradas. - Mostrou.

Sentei num banquinho, puxei o balde de latão, fiz um coque no cabelo, arregacei as mangas da jaqueta jeans e peguei nas tetas da pobre vaca...

— Que agonia! - Senti a textura estranha, lisa e macia demais.

— Agora vai apertando do jeito que mostrei... - Me instruiu.

Segui as dicas.

A bichinha mugiu mais agoniada que eu e o leite morno espirrou no meu rosto, me lambuzando toda.

Devo ter apertado forte demais.

— EITA, DIACHO! - O rapaz urrou, devia ser algo do vocabulário do linguajar dele, ele tombou a cabeça soltando uma estrondosa gargalhada.

Olhei para o baldinho, levantei depressa e joguei o leite nele, o líquido o acertou de cheio, ele mesmo havia tirado enquanto me ensinava...

— Tá ficando doida, mulher? Oxi, é até pecado desperdiçar alimentos! - Me repreendeu com aquele sotaque bem forte.

— Fica aí ordenhando vacas! Você deve entender bem do assunto, seu brutamontes! - Chutei o baldinho vazio e passei por ele de cabeça erguida.

Caipira nenhum iria rir da minha cara.

[...]

— Vê por onde anda, princesinha, tem estrume de gado por todas as partes. - Avisou me seguindo.

— Estou exergando muito bem... AAAHHH, PISEI EM BOSTA DE VACAS! - Gritei horrorizada.

Minhas botas ficaram atoladas. Eu devia ter colocado as benditas galochas.

— Quem mandou ser tão desatenta e teimosa? Eu te avisei! - Disse me fazendo revirar os olhos.

— Cala boca e me ajuda aqui! Que nojo! Porcaria de estrume! Vou ter que jogar fora as minhas botinhas! - Choraminguei.

Ele me olhou entediado, resmungou e veio me ajudar.

— Já vai pedir arrego, princesinha? - Me puxou com indelicadeza.

— Não me segura assim! Sai pra lá, seu grosso! Me viro sozinha! - Avisei o fuzilando.

— Para mim, cara a feia é fome. - Como ousava?

— Então, você sempre está morto de fome? - Retruquei.

— Vem logo, patricinha, ainda temos muito o que fazer! - Me apressou.

A próxima tarefa era cuidar da horta.

[...]

— Não aguento mais... - O calor estava de matar.

Eu suava como estivesse acabado de sair de uma sauna.

Olhei para o faz-tudo, sua pele brilhava de suor, ele estava com a camisa desabotoada, mas já estava acostumado com o trabalho no campo.

Minhas mãos estava imundas, sujas de terra escura. Minhas unhas ficaram um horror.

Ele me passou um cantil.

— Não vou colocar a boca aí. - Me recusei a tomar água.

Ele deu de ombros e bebeu, se refrescando.

Minha boca secou, eu estava com tanta sede.

— Me dá logo isso! - Puxei o cantil dele.

Tomei o que restou da água num gole só e não foi o suficiente...

— Melhor a gente entrar, você vai acabar ficando igual um camarão. - Olhou para mim.

O calor era insuportável e o Sol ardia em minha pele.

— Claro. Vamos! Tô doida para tomar um banho refrescante! - Falei.

— Vai ter que tirar água do poço. - Avisou.

Ninguém merecia aquilo.

Eu ia acabar ficando com as mãos calejadas.

Além de acordar cedo, eu teria que ajudar nas tarefas todos os dias.

Não nasci pra essa vida de campo. Só quero voltar para o conforto da minha casa.


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Notas finais do capítulo

E aí???

Gostaram do Freddie ensinando a loira???

A Sam que lute hahahahaha

Até o próximo. Bjs



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