TO DIE WITH THE SUN; reescrita de harry potter escrita por SWEETBADWOLF


Capítulo 64
Capítulo 64 — Uma Lembrança Feliz, Harry




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15 de Setembro de 1981, Casa dos Potter.


Lily suspirou cansada observando seu filho com pulmões fortes enfim dormindo naquela tarde de terça feira. James havia ido para o Ministério com Moody para alguma reunião sem sentido e ela havia ficado para cuidar das duas crianças Potter na casa. E agora, depois de quase vinte minutos de Harry chorando, ela se sentia extremamente cansada e com vontade de dormir.

— Mamãe? – chamou uma vozinha suave de trás dela.

Lily se virou e sorriu, um sorriso nada cansado, para sua pequena filha. Sophie estava parada na porta com seu leão de pelúcia no colo, com o shortinho colorido e sua camisa cheia de girassóis, ela era a visão mais adorável para aquela mãe jovem. Deixando Harry para trás para dormir, Lily foi até Sophie e a pegou no colo lhe dando um breve beijo de esquimó, que fez ela rir baixo.

— O que posso fazer por você, minha querida? – perguntou a Potter mais velha andando para longe do quarto de Harry.

— Harrie domiu? – perguntou Sophie.

— Finalmente, sim – concordou Lily com um suspiro. – Mas e você? O que gostaria de fazer?

Sophie ficou em silêncio por um momento, ela parecia pensativa, e quando olhou para os olhos de Lily, parecia tímida.

— Podemos bincar? – perguntou ela. – Eu... To com saudade de você.

E com isso, Lily sentiu seu coração doer. Era verdade que com Harry ainda sendo bebê ela tinha pouco tempo para com Sophie, e só havia piorado depois que souberam que Voldemort estava atrás dele. Com isso, o tempo de Lily com sua outra filha havia diminuído bastante – algo que ela sabia que James havia notado e por isso passava o máximo de tempo que tinha com Sophie. E agora, ouvir Sophie dizer que sentia falta dela, e saber que em alguns dias, ela mandaria sua filha para morar com Remus...

Bem, que se dane tudo ela estava perdendo Tempo precioso longe da sua garotinha do que perto. Tempo esse, que nunca voltaria, e que talvez, ela não teria chance de ter novamente.

— Oh querida – sussurrou Lily abraçando Sophie com força, escondendo o rosto nos cabelos ruivos da filha. – Meu amor, minha filha, me desculpe, me desculpe por ter me afastado.

— Hum, ta tudo bem mamãe – disse Sophie se afastando com um sorriso cheio de dentes de leite no rosto. – Sei que Harrie pecisa mais de você.

— Vocês dois precisam de mim e eu preciso de vocês dois, nem mais e nem menos – disse Lily beijando a testa de Sophie. – O que acha de irmos brincar no jardim? Tá um ótimo dia lá fora.

Sophie gritou animada e bateu palmas com a ideia e Lily riu com ela, tornando a abraça-la com força, tentando transmitir todo o amor que sentia por sua garotinha através daquele abraço.

— Vá preparar uma aventura incrível para a gente enquanto eu preparo uns refrescos e biscoitos, sim? Estarei com você em dois pés de hobbits – disse Lily colocando Sophie de volta no chão e apontando para a porta que levava para o jardim. – Estarei te olhando da janela da cozinha.

— Tá bom, mamãe! Vou peparar uma aventura inquível! – exclamou Sophie e então correu para o lado de fora, onde tinha vários brinquedos.

Lily sorriu com carinho e então correu para a cozinha para preparar algumas coisas para aquela aventura que estava prestes a viver com sua filha. E foi quando ela estava preparando tudo que ela olhou para a janela, e então teve a visão maravilhosa de Sophie preparando tudo com os brinquedos e falando seu amigo imaginário, e quando ela olhou para dentro e acenou para Lily, com um sorriso alegre em seu seu rostinho, uma onde de amor se apoderou pela Potter mais velha. Tão forte que ela teve que respirar fundo.

Schoolbag in hand, she leaves home in the early morning, waving goodbye with an absent-minded smile— cantou Lily baixinho ainda observando Sophie criando uma aventura. Seus olhos se enchendo de água com a magnitude daquilo, daquela cena. –  I watch her go with a surge of that well-known sadness, and I have to sit down for a while. The feeling that I'm losing her forever, and without really entering her world...I'm glad whenever I can share her laughter. That funny little girl.

A magnitude de aquele era seus últimos momentos com Sophie, que ela de fato não iria sair viva daquela história e nem teria chance de ver Sophie crescer, não teria chance de ter muitos momentos de garotas que todas as mães tinham com suas filhas, com a sua própria filha.

De forma rápida e sem pensar muito, ela pegou o refresco e os biscoitos e foi para o lado de fora. Lá, ela colocou tudo em cima da mesa que existia no jardim e foi até Sophie, a pegando no colo e tornando a abraçar ela com força novamente.

— Eu te amo tanto, Sophie – disse Lily segurando as lágrimas e com a voz um tanto quebrada por segurar o choro preso na garganta. – Eu te amo demais, minha filha.

Sophie riu baixo e abraçou Lily de volta, escondendo o rosto no pescoço da mulher mais velha.

— Também te amo, mamãe – sussurrou Sophie com um suspiro. 

Não querendo soltar sua filha ainda, Lily começou a dançar lentamente com ela em seu colo, e tornou a cantar baixo, cantando apenas para Sophie ouvir.

Slipping through my fingers all the time, I try to capture every minute, the feeling in it, slipping through my fingers all the time.— Lily se afastou um pouco e observou o rosto risonho de Sophie cheia de amor e carinho, e lentamente passou a mão por cada pequena parte daquele rostinho fofo e gordo. – Do I really see what's in her mind? Each time I think, I'm close to knowing, she keeps on growing... Slipping through my fingers all the time.

Sophie então se aproximou deu um beijo molhado na ponta do nariz de Lily, fazendo a mãe rir feliz.

— Vamos para a aventura que você preparou? – perguntou Lily baixinho.

Sophie acenou feliz e Lily a colocou no chão. Ela estava se sentando na grama quando Sophie riu, olhando para o lado direito dela como se estivesse alguém ali.

— Do que está rindo, querida? – perguntou Lily bem humorada.

— Meu amigo disse que você é uma mulhe muito en... en... – ela olhou para o lado novamente e então repetiu. –... Encantadora!

Lily riu.

— Oh, bem isso é muito gentil dele de se dizer – comentou Lily tranquila. – Ele que te ajudou a criar essa aventura?

— Uhum! – concordou Sophie parecendo bastante orgulhosa. – David é o melhor com aventuras!

Isso fez Lily parar e olhar para Sophie, totalmente surpresa com o nome que ela havia acabado de dizer, mas sua filha agora estava concentrada no brinquedo em sua frente. Lily então olhou para o lado onde Sophie havia indicado que o “amigo imaginário” estava e olhou com atenção. Ao fazer isso, um arrepio tomou conta de seu corpo e um calor, um toque de segurança tomou em seu coração.

E Lily sorriu, sorriu porque ela não estava vendo quem estava ali com sua filha, mas ela sentia, e particularmente não estava surpresa por ele estar ali. Afinal, ele havia feito uma promessa. E se que aquela fosse a última vez que pudesse dizer algo à ele, então ela só tinha algo para dizer:

— Obrigada, querido – sussurrou ela olhando diretamente para onde sabia que ele estava. – Leva ela pra Terra-Média por mim, tá bom?

E com isso, ela se voltou para sua filha, aproveitando agora cada segundo, minuto, hora, tudo, que ela ainda tinha com Sophie.

 

•°•°•°°•TDWTS•°°•°•°•


01 de Janeiro de 1994, Hogwarts.

Sophie acordou naquela manhã de ano novo e ela se sentia como uma nova pessoa. Descansada, com um sentimento de paz sobre sua mente e seu coração, ela sentia tudo em si brilhar em pura calma e felicidade. Seu sono havia sido de sonhos, que por mais que ela não se lembrasse deles, sabia que haviam sido os melhores que ela já teve em anos.

E ela se sentia tão pronta para aquele novo ano, mais do que isso, sentia-se pronta para os desafios que tinham o nome de Sirius Black e Peter Pettigrew, que ela sabia que teria de encará-los logo.

Ela suspirou e se sentou e quando abriu os olhos deu de cara com seu padrinho, Remus, sentado na beirada da cama olhando para ela em preocupação. Sophie franziu a testa e olhou ao redor.

A cama em que dormia era de casal, e a sala em que estava com certeza não era o dormitório das meninas. Ao seu lado deitado estava Aslan que já estava acordado e olhava para ela com atenção. Um tanto confusa, algo no chão chamou sua atenção, e quando olhou viu seis corpos deitados em colchões, esparramados um no outro.

Olhando com atenção ela percebeu que em um canto estava Castiel e Dean, o Winchester estava abraçado ao corpo do Collins, com o rosto escondido no pescoço do mesmo enquanto Cas o abraçava protetora mente. Em outro canto estavam Charles e Erik, sem surpresa Erik estava abraçando o corpo de Charles de forma protetora enquanto o mesmo estava com o rosto enfiado em seu peito; e no outro canto estavam Harry e Harriet, estes estava em outra posição nada confortável. O pé direito de Harry estava na barriga da corvina enquanto as mãos da mesma estavam estiradas na cara do irmão da Sophie. Um dedo estava quase entrando no olho do garoto.

— Mas que po...

— Eu tentei fazer eles irem dormir nos devidos dormitórios – comentou Remus baixo chamando atenção de Sophie. – Mas estavam preocupados demais com você. Pelo menos consegui o restante me obedecer.

Sophie olhou confusa para o pedrinho.

— Preocupados? Do que? Por que? – perguntou ela sem entender nada. – Estou muito bem, acho que nunca tive um sono tão bom como esse.

Remus concordou parecendo pensativo e ele permaneceu em silêncio por mais um minuto inteiro enquanto parecia pensar. Sophie já estava pronta para questionar o que havia acontecido mas seu padrinho finalmente falou:

— Kange disse que você poderia não se lembrar – comentou ele com um suspiro. – O que você se lembra da noite passada?

Se possível aquela pergunta deixou a Potter mais confusa ainda.

— Como assim o que eu me lembro, Remus? Você estava lá comigo – disse ela sorrindo confusa. – Fomos até a Floresta Proibida para assistirmos o Tempo passar por nosso mundo. Como convidados de David e Sólon...

— Sim... E o que mais?

— Encontramos outros centauros nos esperando na orla da floresta, o líder deles, Kange, se apresentou e à todos ao seu lado. – continuou Sophie. – E então ele nos deu boas vindas e nos levou para dentro da floresta em um lugar onde seria melhor para assistir a passagem do Lobo Mau. No caminho eu... – ela parou e olhou para Aslan que ainda olhava para ela com atenção. – No caminho descobri o verdadeiro nome dele. Grian.

Grian ronronou e então se levantou um pouco deitando seu enorme rosto mais próximo de Sophie, e ela não perdeu tempo e já começou a acariciar a juba dele.

— Grian Aslan – disse ela feliz. – Meu sol.

Aslan se esfregou nela contente. Sophie sorriu e então se voltou para Remus que assistia a troca com um leve sorriso no rosto.

— Mais alguma coisa? – perguntou Remus novamente e Sophie revirou os olhos.

— Chegamos no local e esperamos pelo Tempo e então... – Sophie parou e fechou os olbos, passando a mão no rosto, sua lembrança naquele momento estava um tanto borrada porém ela ainda se lembrava de ver e sentir o Tempo quando chegou. Mais do que isso, ela se lembrava da música que tocava cada vez mais alto em sua mente. – O Tempo passou e era lindo... E  tinha... Tinha essa música tão sobrenatural e tão... Calma, pura... Era quase uma música... Eu não sei.

Remus olhava para ela com bastante concentração e Sophie conhecendo ele como conhecia, sabia que ele estava pensando novamente. E naquele momento ela achava que sabia o motivo de tanto mistério naquelas perguntas e preocupação dos amigos.

— Ninguém mais ouviu essa música além de mim, não é? – perguntou Sophie baixo e Remus concordou. A Potter suspirou. – O que aconteceu?

— O Tempo passou, todos estávamos encantados com o que estava acontecendo e olhávamos para o céu. Tudo parecia normal na situação... Mas então, tinha tanta magia ao redor de onde estávamos, e ninguém percebeu você atrás da gente, apenas Aslan e Kange – explicou Remus calmamente. – Nem mesmo Erik sabia dizer o que estava acontecendo com você, o que você estava sentindo, por isso demoramos tanto para perceber.

— Perceber o que?

— Você estava brilhando – respondeu uma voz sonolenta do chão. Era Castiel, que agora estava se sentando com cuidado para não acordar Dean. – Fico feliz em saber que está bem.

— Se eu te disser que eu me sinto melhor do que nunca me senti antes, vocês acreditam? – perguntou Sophie sorrindo. – Porquê é assim que eu me sinto.

— Kange disse que seria assim que se sentiria quando acordasse – comentou Remus.

— E eu brilhava você disse? – perguntou Sophie se voltando para Castiel. – Como assim?

— Lembra quando você brilhou quando teve aquele negócio de almas com o Erik? Ano passado? – perguntou Castiel e Sophie concordou. – Foi quase assim. Porém era bem mais forte, era dourado, quase tão dourado quanto o Tempo passando. E o seus olhos, eles também brilhavam mais do que quando no ano passado e tinha tanta magia ao seu redor, Sophie.

— E então você caiu de joelhos – continuou Remus. – Mais como se ajoelhou por si própria, como forma de respeito ao que estava acontecendo. E, todos os centauros se ajoelharam depois de você.

— Kange disse que todas as criaturas e pessoas que tem crença no Tempo e no Universo se ajoelharam após isso – disse Castiel.

Sophie respirou fundo se sentindo um tanto sobrecarregada com todas aquelas informações.

— E sobre a música? – perguntou Sophie. – Ele falou algo sobre?

— Que música? – perguntou Castiel confuso.

— Bem, enquanto tudo isso acontecia no meu externo – começou Sophie calma. – Na minha mente, meus ouvidos... Eu ouvia uma música tocando. Uma música simplesmente indescritível. E aparentemente só eu ouvi.

— Ele falou sobre – concordou Remus. – Quando você caiu em cima de Aslan, todos ficamos com medo de que você tivesse desmaiado ou coisa do tipo. Mas Kange disse que você estava apenas dormindo, em um sono cheio de paz e sonhos. Um sono carregado da canção de ninar que você escutou.

Sophie franziu a testa e olhou para Grian que estava com os olhos fechados por receber carinho.

— Foi assim que ele chamou? Canção de ninar? – perguntou Sophie.

— Sim. – concordou Remus. – A canção de ninar dos – ele parou e então continuou com certa dificuldade à dizer: – Clann Tìm agus an Cruinne-cè.

Castiel franziu os olhos e deixou a cabeça cair para o lado confuso.

— Isso é gaélico escocês? – perguntou ele.

— Sim, mas não sei o que significa, não sou escocês ou tenho descendência escocesa – respondeu Remus.

— Significa “Filhos do Tempo e do Universo” – respondeu Sophie após pensar um pouco. – Meu gaélico é enferrujado mas ainda sei um pouco.

— Então, a canção de ninar dos filhos do Tempo e do Universo – disse Castiel. – Sabemos que você é uma... Mas, então quem é e outre?

 

•°•°•°°•TDWTS•°°•°•°•


Os únicos, além de Remus e Castiel, com quem Sophie havia decidido falar sobre aquele evento nos dias após, foram Erik e Charles. E ambos haviam ficado tão surpresos e pensativos quanto os outros dois. Claro, o restante do grupo também estavam querendo entender o que havia acontecido no início, porém logo eles tiveram algo mais importante para focar e aquilo eram os estudos. Os N.O.M.s estavam mais pertos do que nunca.

Harry, por sua vez, percebeu que quanto mais os N.O.M.s se aproximavam mais os mais velhos se tornavam nervosos e menos brincalhões. Algumas vezes ele tinha certeza que via os olhos do Castiel piscarem várias vezes e ele parecer perdido em outro mundo, mas então o Collins balançava a cabeça e sussurrava que não seria o primeiro a enlouquecer do grupo.

Ainda sim, antes que os estudos consumisse a vida de todos eles completamente, naquela primeira semana de Janeiro, eles foram visitar Hagrid. Mas ao invés da visão feliz que eles esperavam receber, o que encontraram foi um Hagrid completamente em lágrimas.

— Hagrid? – perguntou Harry confuso e um tanto chocado. – O que houve?

— Hagrid, querido – disse Gabriel batendo levemente no barrigão do guarda-caça. – Por que você está chorando? Vamos docinho, nos diga.

— Vocês souberam? – perguntou ele em meio aos soluços e se atirando no pescoço de Erik que estava mais na frente dele do que os outros, e se pondo a chorar no ombro do alemão.

Tendo Hagrid no mínimo duas vezes o tamanho de um homem normal, isso não foi brincadeira. Dean, Castiel e Patrick tiveram que segurar Erik para que o mesmo não caísse para atrás.

— O que? – perguntou Sophie de volta, confusa.

Hagrid puxou Erik para dentro da cabana, e todos seguiram rapidamente. Charles e Teresa ajudaram Hagrid a se sentar na enorme poltrona, e Erik finalmente havia sido solto dos enormes braços do meio-gigante que ainda chorava.

— Acho que não sinto meu corpo – murmurou Erik para Dean.

Hagrid chorando, pegou uma carta que estava em cima da mesa e entregou para Sophie que a pegou e leu em voz alta:

 

“Prezado Sr. Hagrid.

 

 

Dando prosseguimento ao nosso inquérito sobre o ataque do hipogrifo a um aluno seu, aceitamos as ponderações do Prof. Dumbledore de que o senhor não é responsável pelo lamentável incidente. [...]”


— Isso é uma coisa boa! – exclamou Rony sorrindo mas a carta não havia terminado.

“[...]

No entanto, devemos registrar a nossa preocupação quanto ao hipogrifo em pauta. Decidimos acolher a reclamação oficial do Sr. Lúcio Malfoy, e o caso será encaminhado à Comissão para Eliminação de Criaturas Perigosas. A audiência terá lugar em 20 de abril, e solicitamos que o senhor se apresente com o seu hipogrifo nos escritórios da Comissão, em Londres, nessa data. Entrementes, o animal deverá ser mantido preso e isolado.

Atenciosamente...”

— Não tão boa assim – disse Rony baixinho.

— Era o que esperávamos – comentou Sophie olhando a carta com raiva. – Dumbledore comentou comigo sobre isso. Eles... era óbvio que iriam fazer isso! E Lúcio no meio de tudo, claro!

— A gente vai te ajudar, Hagrid – disse Charles cortando Sophie. – Eu, Mione e Sam, nós entendemos como isso funciona.

— Verdade! Tem livros sobre isso na biblioteca, muitos deles vão nos ajudar. – concordou Hermione animada.

— Conta comigo, Hagrid – disse Sam sorrindo suavemente.

— Acreditam mesmo que existe esperança para isso? – perguntou Hagrid em meio aos soluços altos.

— Claro que sim! Sempre há esperança! Mesmo ela sendo pequena. – respondeu Charles sorrindo brilhante para o amigo.

— E a esperança dos tolos, no caso nós, é a mais forte que existe – disse Sophie também sorrindo para o amigo. – Estarei aqui para você também, amigo. Eu não estava lá no dia quando aconteceu, mas como eu já disse para o diretor, eu mentiria por você assim como mentiria por ele.

— E pode contar comigo também. – disse Harry piscando para Hagrid.

— E com a gente. – disse Dean apontando para ele mesmo e Erik.

— Acabar com as palhaçadas do Ministério? – perguntou Patrick sorrindo. – Pode contar com a gente também. – disse apontando para si, Castiel e Teresa.

— E nós! – disseram Fred e Jorge alegres.

— A gente também! – disse Harriet abraçando Rony pelos ombros que também sorria.

— Você é família, Hagrid – disse Sophie. – E família permanece unida.

— Boiolas também, sempre unidos – comentou Castiel.

— E boiolas também – concordou Sophie rindo e fazendo Hagrid gargalhar.

E em meio a gargalhada, Hagrid chorou novamente, mais alto de emoção e em um único movimento, puxou todos os amigos para um enorme abraço. E cada um podia jurar que sentiram os ossos estralarem.

Enfim, quando Hagrid finalmente os soltou e parou de chorar, todos se puseram em uma longa conversa sobre tribunais, defesas, entre outras coisas para ajudar no tribunal. Tudo acompanhado por canecas de chá quente, que Dean havia feito.

— Preciso passar no Três Vassouras! Conversar com alguns amigos! – exclamou Hagrid de repente. – Mas não gosto desse tempo... E esses dementadores fazendo eu me sentir péssimo e tudo o mais. – disse ele com um súbito estremecimento. – Tenho que passar por eles todas as vezes que quero beber alguma coisa no Três Vassouras. É como se eu estivesse de volta a Azkaban...

Todos se encararam. Sabiam que Azkaban era um assunto delicado para o amigo, e nunca haviam comentado sobre como havia sido o tempo dele lá na prisão, no ano passado. Depois de bons minutos de silêncio, Mione, timidamente perguntou:

— É muito ruim lá?

— O pior lugar do mundo... – respondeu Hagrid parecendo assombrado pelas lembranças. – Frio... cinza. Não sei descrever. – abaixou a cabeça para os joelhos.

Prosseguiu um silêncio triste pela cabana, quando Hagrid disse em tom baixo, quase pensativo:

— Pensei em deixar Bicuço ir embora... Tentar fazê-lo fugir... Mas como é que a gente explica para um hipogrifo que ele tem que se esconder? E... E tenho medo de desrespeitar a lei... – ele ergueu os olhos para os garotos, as lágrimas outra vez escorrendo pelo rosto. – Não quero nunca mais na vida voltar para Azkaban.

Todos se olharam e foi Castiel que colocou a mão no ombro de Hagrid e olhando nos olhos do professor, disse no tom mais sério que ele já havia usado:

— E você não vai. Não vamos deixar.

 

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Quando as férias haviam acabado, e os alunos estavam de volta para um novo semestre, Harry havia ficado animado pois significava que o jogo da Grifinória com a Corvinal estava próximo e também significava que as aulas para ele aprender o feitiço do Patrono também estavam chegando. Foi alguns dias depois de todos os alunos voltarem, que Olívio havia o procurado na sala comunal da Grifinória.

— Teve um bom Natal? – perguntou ele e, em seguida, sem esperar resposta, se sentou, baixou a voz e disse: – Andei pensando durante o Natal, Harry. Depois da última partida, entende. Se os dementadores forem ao próximo... Quero dizer... Não podemos nos dar ao luxo de você... Bem...

Olívio parou, parecendo constrangido.

— Já estou cuidando disso. – falou Harry depressa. – O Prof. Lupin prometeu que me ensinaria a afastar os dementadores assim como Sophie. Devemos começar essa semana. Ele falou que teria tempo depois do Natal.

— Ah – respondeu Olívio, o rosto se desanuviando. – Bom, nesse caso... Fico feliz, eu não queria realmente perder você como apanhador, Harry já encomendou uma vassoura nova?

— Não.

Quê!? É melhor você se mexer, sabe, não vai poder montar aquela Shooting Star contra o time da Corvinal!

— Olívio...

— Tem que ser uma vassoura boa! Muito boa! Uma Nimbus 2001 com certeza serve! – continuou Olívio animado.

— Eu tenho uma Firebolt – cortou Harry depressa.

Olívio parou de falar e encarou Harry. O Potter mais novo estava realmente vendo o goleiro e capitão do time raciocinar o que ele havia dito.

— Você tem... uma Firebolt.... – disse Wood devagar.

Harry nunca havia visto o capitão tão feliz quanto naquele momento. Era como se ele tivesse realizado um sonho de Olívio.

— Nós ganhamos! Sophie tem a Löwin e você tem uma Firebolt! HÁ! A TAÇA É NOSSA! – gritou Olívio fazendo todos os alunos da Grifinória olharem para ele. – Harry esteja pronto, pois logo nossos treinos irão começar! Preciso contar aos outros e preparar mais estratégias! Esse ano é nosso! Nossinho! – e saiu praticamento saltitando como uma gazela.

— Uau... – comentou Rony se sentando ao lado de Harry que ainda estava assustado pela reação do capitão da Grifinória. – Ele finalmente enlouqueceu.

 

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As aulas recomeçaram no dia seguinte. A última coisa que alguém ia querer fazer era passar duas horas lá fora em uma fria manhã de janeiro, mas Hagrid providenciara uma fogueira cheia de salamandras para alegria dos alunos, que passaram uma aula incomumente boa juntando madeira e folhas secas para manter o fogo alto enquanto os bichinhos, que adoram chamas, subiam e desciam pelas toras embranquecidas de calor.

A primeira aula de Adivinhação do novo trimestre foi bem menos divertida; a Profª Sibila estava agora começando a ensinar quiromancia à turma e não perdeu tempo para informar Harry de que ele possuía a menor linha da vida que ela já vira.

Mas era à aula de Defesa contra as Artes das Trevas que ele estava ansioso para chegar; depois da conversa com Olívio, queria começar as aulas antidementadores o mais cedo possível.

— Ah, é verdade – disse Remus quando Harry o lembrou da promessa no final da aula. – Vejamos... Que tal às oito horas da noite na quinta? A sala de aula de História da Magia deve ser suficientemente grande...

— Ele parece bem, não é? – perguntou Mione quando eles iam para a próxima aula. – A lua está próxima e ele parece bem tranquilo.

— Talvez seja a poção. Talvez realmente esteja ajudando ele. – comentou Gabriel. – Como estão indo com Hagrid?

— Bem.. ele ainda não sabe como agir e as vezes acaba errando em algumas partes mas Charles é bem paciente, assim como a genre – respondeu Sam.

— Charles está acabado. As lições e os N.O.M'S chegando está deixando ele muito distraído. – comentou Mione.

— Todos do quinto ano estão assim. Até Erik que sempre foi tão calmo as vezes parece um tanto nervoso – respondeu Harry divertido. – Porém acho que nenhum deles ainda ficou louco né? O tanto que eles falam sobre isso, provavelmente vai ser algo bem... Estranho para acontecer.

— Estou falando para vocês, meu irmão vai ser o primeiro a enlouquecer – cantarolou Gabriel puxando um pirulito do bolso. – Ele já com quase todos os sinais de que está perdendo. Eu só me pergunto qual vai ser o surto dele...

 

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Oito horas da noite de quinta-feira, Harry saiu da Torre da Grifinória para a sala de História da Magia. Quando chegou, a sala estava escura e vazia, mas ele acendeu as luzes com a varinha e já estava esperando havia uns cinco minutos quando o Remus apareceu, trazendo uma grande caixa, que depositou no chão.

— Que é isso? – perguntou Harry.

— Outro bicho-papão – respondeu Remus calmamente tirando a capa. – Andei passando um pente fino no castelo desde terça-feira e por sorte encontrei este aqui escondido no arquivo do Sr. Filch. É o mais próximo que chegaremos de um dementador de verdade, o bicho-papão se transformará em um dementador quando o vir, então poderemos praticar. Posso guardá-lo na minha sala quando não estiver em uso; tem um armário embaixo da minha escrivaninha de que ele vai gostar.

— Tudo bem... – disse Harry procurando falar como se não estivesse nada apreensivo, mas apenas feliz pelo padrinho ter encontrado um substituto tão bom para um dementador real.

— Agora, antes de praticarmos, você tem alguma pergunta sobre o feitiço? – perguntou Remus se sentando em cima da caixa e encarando Harry.

— O que ele faz com o Dementador?

— Bem, quando funciona corretamente, ele conjura um Patrono, que é uma espécie de antidementador, um guardião que age como um escudo entre você e o dementador.

Harry teve uma súbita visão de si mesmo agachado atrás de um vulto do tamanho de Hagrid segurando um enorme bastão. Mas balançou a cabeça, tirando aquela imagem de sua mente. Remus continuou:

— O Patrono é um tipo de energia positiva, uma projeção da própria coisa de que o dementador se alimenta: esperança, felicidade, desejo de sobrevivência, mas ele não consegue sentir desesperança, como um ser humano real, por isso o dementador não pode afetá-lo. Mas preciso preveni-lo, Harry, de que o feitiço talvez seja demasiado avançado para você. Muitos bruxos habilitados têm dificuldade de executá-lo... apesar que Sophie fez um grande trabalho naquele dia, ainda sim, você viu como ela ficou depois dele.

— Que aspecto tem um Patrono? – perguntou Harry, curioso.

— Cada um é único para o bruxo que o conjura.

— E como se conjura?

— Uma lembrança feliz, Harry. Você só precisa de uma lembrança feliz e se concentrar totalmente nela. Apenas isso. – respondeu Remus sorrindo. – Acha que consegue?

Harry respirou fundo e concordou.

— Sim.

— Feche os olhos – disse o professor gentilmente. – Concentre-se em uma lembrança, uma lembrança feliz.

Várias lembranças dele com Sophie, com os amigos, com Remus inundaram sua mente e dentre todas ele escolheu a vez em que ele e Sophie voaram juntos na casa dos Weasley.

— Já tem uma? – Remus perguntou e Harry concordou com a cabeça. – Pegue a varinha e deixe que essa lembrança tome conta de você. Fique bem relaxado e depois diga o feitiço: Expecto Patronum.— continuou Remus devagar e calmo.

Expecto Patronum.— disse Harry ainda de olhos fechados.

— Muito bom. – dito isso, ele se levantou do grande bau e Harry abriu os olhos. – Vamos começar? Prepare a varinha.

Harry levantou a varinha em direção ao caixa. As mãos estavam suando e o coração batia dolorosamente no peito. Concentrou-se totalmente na lembrança e de como a risada de Sophie fazia ele mesmo rir e sentir feliz, era bom mas havia algo querendo atrapalhar essa lembrança. Era o sentimento de que, a qualquer momento, ele retornaria a ouvir a voz de sua mãe.

Remus levantou a tampa da caixa.

Um dementador se ergueu lentamente da caixa, o rosto encapuzado virado para Harry, uma mão luzidia, coberta de cascas de feridas, segurando a capa. As luzes em volta da sala de aula piscaram e se apagaram. O dementador saiu da caixa e começou a se deslocar silenciosamente em direção a Harry, respirando profundamente, uma respiração vibrante. Uma onda de frio intensa o engolfou...

Expecto patronum!— berrou Harry. – Expecto Patronum!

Mas a sala e o dementador foram se dissolvendo... Harry se viu caindo outra vez por um denso nevoeiro branco, e a voz de sua mãe mais alta que nunca, ecoava em sua cabeça...

.
.
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“Harry não! Harry não! Por favor... farei qualquer coisa...” “Afaste-se! Afaste-se, garota...”

.
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— Harry! Harry! Vamos acorde, por favor – era voz de Remus. – Eu sabia que era uma má ideia, por favor Harry, acorde!

Harry de repente recuperou os sentidos. Estava deitado de costas no chão. As luzes da sala tinham reacendido. Ele não precisou perguntar o que acontecera. Olhou para Remus e viu que o mesmo estava com os olhos cheios de preocupação e não pode deixar de se sentir culpado.

— Desculpe... – murmurou, se sentando e sentindo o suor frio escorrer por dentro dos óculos.

— Não seja ridículo, não precisa pedir desculpas. Você está bem? – perguntou Remus se sentando ao lado do garoto.

— Estou bem... eu acho... – disse Harry baixo.

— Aqui, coma isso. Vai ajudar – disse Remus entregando um sapo de chocolate. – Eu não esperava que conseguisse de primeira, ficaria assombrado. Coma e tentaremos de novo, está bem?

— Sim.

— Só por curiosidade, o que pensou? Qual foi a lembrança que escolheu? – perguntou Remus.

— Uma em que Sophie e eu estamos voando juntos na casa dos Weasley. Antes de eu entrar no meu segundo ano. – respondeu Harry tristemente ao perceber que a lembrança não havia sido forte.

— Isso não foi forte o bastante, nem chegou perto – disse Remus sério. – Pense em uma... melhor. Está bem?

— Está piorando – murmurou Harry de repente. – Eu a ouvi mais alto dessa vez... E ele... Voldemort.

Remus parou e Harry percebeu que ele havia prendido a respiração. O garoto sabia que não era por medo do nome de Voldemort, mas sim pelo fato dele ter ouvido sua mãe implorando pela vida. Pela vida de Harry.

— Harry, se você não quiser continuar, vou compreender muito bem...

— Eu quero! – exclamou Harry com vigor, enfiando o resto do sapo de chocolate na boca. – Tenho que continuar! O que vai acontecer se os dementadores aparecerem na partida contra Corvinal? Não posso me dar ao luxo de cair novamente da vassoura. Só não perdemos o jogo da última vez por causa da Sophie. Se perdermos essa partida, perderemos a Taça de Quadribol!

Remus suspirou.

— Muito bem, então... – disse ele. – Talvez queira escolher outra lembrança, uma lembrança mais feliz que essa primeira.

Harry fez um esforço mental e concluiu que sua emoção quando Grifinória ganhara o Campeonato das Casas, no ano anterior, fora decididamente uma lembrança muito feliz. Segurou a varinha com força, outra vez, e tomou posição no meio da sala.

— Pronto? – perguntou Lupin segurando a tampa da caixa.

— Pronto – disse Harry, tentando por tudo encher a cabeça de pensamentos felizes sobre a vitória de Grifinória, em lugar dos pensamentos sombrios sobre o que ia acontecer quando a caixa se abrisse.

— Já! – disse Lupin destampando a caixa. A sala ficou gelada e escura mais uma vez. O dementador avançou deslizando, inspirando com força; a mão podre estendida para Harry...

Expecto Patronum!— berrou Harry. – Expecto Patronum! Expecto Pat...

Um nevoeiro branco obscureceu seus sentidos...

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Vultos grandes e difusos moveram-se à sua volta...

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Então ele ouviu uma nova voz, uma voz de homem, gritando em pânico...

“Lily, leve Harry e vá! É ele! Vá! Corra o mais longe que puder, querida! Não olhe para trás! Eu o atraso...”

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Os ruídos de alguém saindo aos tropeços de uma sala... Uma porta se escancarando... Uma gargalhada aguda...

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— Harry! Harry. Acorde...acorde amigo...

Remus dava tapinhas em seu rosto.

Desta vez levou um minuto até Harry entender por que estava deitado no chão empoeirado de uma sala de aula.

— Ouvi meu pai... – murmurou Harry com a voz quebrada. – É a primeira vez que o ouço, ele tentou enfrentar Voldemort sozinho, para dar à minha mãe tempo de fugir...

O garoto de repente percebeu que havia em seu rosto lágrimas misturadas ao suor. Olhou para Remus e sem saber o que fazer o abraçou apertado, em segundos os braços de Remus estavam em volta dele.

— Está tudo bem, eu estou aqui – disse Remus baixo para o garoto.

— Ele tentou salvar mamãe e eu... ele morreu acreditando que a mamãe havia escapado... – sussurrou Harry com o rosto na roupa de Remus.

— Não estou surpreso. Ele sempre foi o herói do grupo – comentou Remus com um sorriso triste no rosto. – Tá tudo bem, eu estou aqui, Harry.

Ele se sentia tão triste, era a primeira vez que ouvira a voz do pai e não era dessa forma que queria ter ouvido. Depois de tudo que havia escutado sobre ele, sobre o sorriso e alegria que o mesmo sempre tinha, ouvi-lo daquela forma, implorando para sua mãe fugir e deixá-lo...

— Se você quiser parar... – disse Remus devagar. – É muito avançado... não devia ter aceitado essa ideia, Harry.

— Não – disse Harry se afastando e secando os olhos, depois olhando para o padrinho que o olhava tristemente. – Eu não estou pensando em lembranças alegres o bastante, espera, eu sei que eu tenho...

Harry ficou em silêncio, havia uma memória. Ele sempre teve ela, mesmo antes de conhecer Sophie e Remus. Já havia sonhado várias vezes com a mesma cena quando era pequeno. Ele estava em uma sala, ele estava no colo de sua mãe, com seu pai e Sophie fazendo caretas para ele rir. Mesmo antes de entrar naquele mundo, sempre  quando tinha aquele sonho, ele se sentia feliz, realmente feliz.

— Tem uma outra... ela é bem distante... eu tive sonhos com ela quando criança. É a que mais me faz feliz e que me fazia bem quando eu era pequeno... mesmo achando que ela não era real. – disse Harry devagar. – Mas é complicado.

— É muito forte?

Harry olhou para Remus e concordou.

— Então vamos tentar – disse Remus. – Uma última vez.

Os dois se levantaram e Remus se posicionou ao lado da caixa.

— Está pronto?

— Pode abrir – disse Harry apontando a varinha na direção da caixa.

 

•°•°•°°•TDWTS•°°•°•°•


Enquanto Harry treinava o feitiço do Patrono com Remus, Sophie se encontrava seguindo um caminho diferente. Em direção à Floresta Proibida, com Aslan ao seu lado, ela seguia um tanto calma, mas com a mente cheia de perguntas.

Já não era mais uma noite fria. Era fresca e calma, as estrelas no céu eram várias e a lua minguante era linda iluminando tudo ao redor. Sophie parou de andar por um breve momento e apreciou o céu, observando com atenção, quase que procurando qualquer resquício da passagem do Tempo... Mas não havia nada. Apenas estrelas e o céu num azul escuro profundo. E isso fez ela pensar o quão ignorante a maioria do mundo era naquele momento, o quanto tantas pessoas jamais saberiam o que havia passado por aqueles céus.

Ela ainda estava pensando se contava sobre os eventos daquela noite para com Dumbledore. Parecia ser o tipo de assunto que ele saberia o que dizer... Porém, também parecia o tipo de assunto que ele ficaria em silêncio com aquele brilho nos olhos de um bom velhinho que sabe tudo.

Ela respirou fundo e fechou os olhos, sentindo tudo que estava ao seu redor. E ao fazer isso, ela podia ouvir, bem no fundo de sua mente, aquela mesma canção que foi cantada para ela na noite de ano novo. A canção de ninar.

— Aproveitando a paz da noite, jovem madainn— disse uma voz grave e escocesa na frente dela. Kange.

Sophie abriu os olhos e sorriu para o centauro que a olhava com um leve sorriso no rosto.

— Ar puro, sempre bom apreciar o que a natureza nos dá, não é? – perguntou ela e Kange riu baixo acenando com a cabeça.

— De fato. – disse ele com um suspiro e então olhando para o céu. – Hum, interessante, Saturno está brilhante hoje.

Sophie olhou para o céu também, esperando ver o que o centauro também estava vendo, mas sabendo que não seria capaz.

— E o que isso significa? – perguntou Sophie baixinho.

— Inseguranças, dificuldades, medos... – comentou Kange calmo. – Existem muitos significados para os planetas brilharam. Dependendo do local, do contexto... Da história. Mas o que Saturno está dizendo para mim é que você está indo para um caminho árduo mas necessário. Quebrando quem você acha que é, se perdendo e então se encontrando. Começando este ano... Você se sente insegura sobre o que viveu naquela noite.

— Por que o Tempo cantou para mim? – perguntou Sophie baixinho com a testa franzida.

— Coisas extraordinárias acontecem com as pessoas – respondeu Kange ainda olhando para o céu.

Sophie bufou e negou com a cabeça. Kange então olhou para ela.

— Qual o problema? – ele perguntou e então a olhou com mais atenção. – Você pensa que não merece essa honra.

Sophie engoliu em seco e olhou para o chão. Aslan se aproximou dela.

— Eu sou apenas a irmã do Harry... Só isso... – sussurrou ela por fim.

Kange cantarolou e voltou a olhar para o céu.

— Não deve ser eu a responder grande parte das suas perguntas, Sophie Potter – disse o centauro, sua voz sempre calma. – E algumas delas serão você mesmo a descobrir. Como eu disse, Saturno brilha essa noite pois sua jornada para ser quem você é destinada para ser começa essa noite. Assim como Júpiter brilhou naquela noite em que você e seu irmão vieram na floresta para caçar quem matava os unicórnios.
“A propósito, agradeço por ter expulsado aquela criatura repulsiva das minhas terras.”

Sophie acenou com a cabeça, mas sem perceber muito. Estava focada no que estava lhe sendo dito.

— Júpiter brilhou naquela noite pois era a noite em que o jovem uisge estava nascendo, seguindo seu caminho para ser quem sempre foi destinado – disse Kange. – A Tempestade Iminente.

Sophie sentiu seu corpo se arrepiar por completo e magia em seu sangue vibrar. No mesmo instante um raio riscou o céu rapidamente e sumiu na mesma velocidade.

— E hoje, nessa noite estrelada, no ano em que o Tempo passou, e com Saturno brilhando no céu – Kange olhou nos olhos de Sophie. – Você nasce e começa seu caminho para ser quem realmente é, A Estrela do Amanhã.

Sophie olhou para o céu e fechou os olhos, respirando fundo. E dessa vez foi uma música diferente que tocou em sua mente e ela sabia que não pertencia ao Tempo, ou Alec... Era o Universo.

Sophie suspirou e abriu os olhos que estavam cheios de lágrimas por sentir o tamanho da magnitude que era aquilo. Ela olhou para Kange e ele lhe sorriu.

— Você tem um caminho e tanto pela frente, madainn— disse ele se aproximando e juntando a testa com a de Sophie. – Lhe desejo toda a vida do Universo e a luz das Estrelas em seu caminho, e o crescimento do Tempo em sua jovem mente. Mas que seu coração e alma permaneçam puros, nighean na Cruinne agus Ùine.

Sophie se afastou de Kange e pôs a mão direita acima de seu próprio peito e então estendeu para o centauro, o que fez o sorriso dele se tornar maior.

— Que Ele reine e as Estrelas brilhem mais fortes através de toda e qualquer Escuridão; e que o Lobo Mau nunca deixe de cantar. – disse Sophie. – Que o Universo abençoe seu caminho através das florestas e as estrelas sempre guiem você para o caminho mais iluminado. Até o nosso próximo encontro, Kange.

— Foi uma honra, jovem madainn. – e com isso ele se virou, voltando para a floresta. – E lembre-se, Saturno brilha hoje por você.

Sophie sorriu e dando um tapinha no corpo enorme de Grian ao seu lado, ela se virou e voltou para o castelo, com seu fiel leão ao lado.


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