TO DIE WITH THE SUN; reescrita de harry potter escrita por SWEETBADWOLF


Capítulo 63
Capítulo 63 — O Tempo; O Lobo Mau




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O dia estava começando a cair. O sol estava descendo, começando à se esconder de trás das várias montanhas que existia naquele lugar que ele considerava um dos mais próximos ao paraíso. Ele colocou as mãos nos bolsos de sua calça e apreciou a vista, cantarolando consigo mesmo. Aquela era uma noite importante, não apenas por já saber sobre o que se tratava, mas ele também conseguia sentir, em seus ossos, alma, sangue, mente e coração. Todo o seu ser estava em uma estranha sintonia com aquela noite.

Ele respirou fundo e fechou os olhos, sentindo o doce vento quente com uma pitada de frio ao redor daquela noite de verão. O cheiro agradável das folhas e flores, a natureza em si, fazia ele se sentir mais relaxado e tranquilo, não só para aquela noite mas também para o novo ano que estava para acontecer. Havia sido um ano difícil para ele, tantas perdas que ele tentou evitar, criaturas que tiveram que encarar sua ira ao invés de aceitarem a chance por redenção que ele insistia em sempre lhes dar... Ele sempre se sentia cansado, como parte de sua energia, sua magia fosse tirada de si toda vez que perdia.

Mas, apesar do lado ruim, sempre havia o lado bom. E felizmente aquele ano teve seus lados bons aos montes.

Ele sorriu de lado e abriu os olhos, sendo agora apreciado com a visão do horizonte natural sendo iluminado pela lua e pelas inúmeras estrelas no céu. Não apenas isso como também as criaturas magicas daquela região iluminavam-se e com isso iluminavam tudo ao redor. E atrás dele, onde estaria a grande floresta, ele sabia que também estava se iluminando em uma cor azul brilhante e escura, representando o que aquela noite era.

O Tempo estava próximo.

— Tempestade? – chamou uma voz feminina atrás dele.

David Alec T. Lungbarrow se virou calmamente, olhando para a centauro sorrindo suavemente. Seus olhos castanhos brilhavam – algo que ele não percebia – mais do que nunca pois a magia em seu sangue estava se eletrificando com a proximidade do Tempo.

— Sim, Laszlia?

— Sólon está te aguardando – respondeu Laszlia.

David sorriu e acenou com a cabeça em agradecimento. A jovem centauro se virou e se afastou, de volta para a floresta que tinha suas folhas de árvores nas cores azuis. David se indirieitou e olhou para o céu novamente, e naquele breve momento o coração dele correu pelos céus, de volta para Hogwarts, de volta para ela. E novamente ele se perguntou se Sophie Potter sentia a sua falta, tanto quanto ele sentia a dela.

Já estava deixando de ser estranho para ele, sentir tudo aquilo que sentia por sua amiga com quem ele nunca conversou pessoalmente mas que de certa forma, desde do momento em que a reconheceu quando ela estava na fila de seleção, acabou sendo o seu maior porto seguro. No começo foi tão assustador, e ele ficou com tanto medo que sem surpresa alguma acabou correndo para o mais longe que podia, sem nem mesmo avisar ou se despedir, deixando apenas notas e uma corrente com ela como lembrança.

O sentimento de ser Ícaro estava tão forte na época e ainda existia nos dias recentes, não tão forte como antes mas ainda existia. O engraçado é que mesmo ele fugindo de medo, ele ainda enviou a carta naquele primeiro Natal longe de Hogwarts, e então enviou novamente no próximo e no próximo. O egoísmo de não querer ser esquecido, o desejo de ter um lugar na vida dela, mas mais que isso, o anseio que sua alma sempre parecia gritar para ela, que sua magia sempre parecia brilhar para. Ele não sabia o motivo mas naquele momento em diante ele já estava tranquilo em apenas aceitar e esperar.

— Perdido em pensamentos novamente – disse a voz velha e suave de Sólon se aproximando. – E olhando para os olhos do Universo, pensamentos profundos devem ser.

David sorriu e virou a cabeça, olhando para seu já velho amigo centauro ao lado dele. O centauro de cor azul puro, barba longa e preta e cabelos brancos estava com um sorriso tranquilo no rosto e seus olhos brancos olhando para ele cheio de conhecimento e calma.

— Pode-se dizer que sim – concordou David jogando o cabelo para trás e voltando a olhar para o céu. – É uma bela noite.

— É sempre uma bela noite, meu amigo – disse Sólon ainda sorrindo. – Mas sim, esta é uma bela noite. E logo ela será marcada pelo Lobo Mau, a única companheira do Universo.

David sentiu um arrepio subir por todo seu corpo e soltou uma longa e trêmula respiracão.

— Imagino que nesse momento, muitos estão prontos para ver – comentou David sentindo o coração bater forte no peito.

— Não para isso – discordou Sólon. – Todos que estão esperando, estão tão nervosos quanto você nesse momento. Alguns por motivos de medo, outros por preocupação, outros sem rumo, inseguros.... E você, que está uma mistura de tudo e nada.

— E você pode me culpar? – retrucou David com um bufo. – Eu sei o quanto isso significa para o mundo, para a história. É só... Está tudo tão calmo e o que está para acontecer é a prova que tudo vai mudar.

— Jovem uisge— começou Sólon sempre calmo e sempre sábio –, hoje já foi uma mudança do ontem, e o amanhã será uma mudança do hoje. Tudo está sempre mudando. A passagem do Tempo pelo Universo é mais do que a prova da constante mudança. São escolhas a serem feitas, são vidas a nascerem e a morrerem, canções chegando ao fim e outras iniciando.
“Mudar, para o bem ou mal, sair do calmo e ir para o caótico é apenas a história sendo contada, mas vai unicamente de você a decidir sobre o que vai fazer sobre isso.”

— Minha escolha – concordou David sorrindo. – Eu gosto de ter escolhas.

Sólon olhou para David novamente e então com o dedo indicador deu leves batidinhas na testa do rapaz de dezoito anos, como sempre fazia desde que se conheceram.

— Lembre-se sempre disso, David – disse Sólon, sua voz agora séria e firme. – Lembre-se que apesar do que vier, você sempre teve escolhas. Sempre será sua decisão sobre qual final você escolher.

David engoliu em seco e acenou com a cabeça sem dizer nada, entendo que aquilo era algo que ele só iria entender no futuro. Sólon voltou à sorrir e bateu levemente na bochecha dele.

— Agora – começou o centauro suavemente e tornando à olhar para o céu. –, tem algum pedido que queira me fazer antes do Tempo chegar?

David riu baixo e revirou os olhos. Era óbvio que aquele velho centauro saberia que ele queria fazer um pedido. As vezes isso fazia ele pensar em seu padrinho, a energia misteriosa e caótica que Sólon e Dumbledore teriam juntos em uma sala daria à David dores de cabeça por anos.

— Na verdade sim – disse David e então deu um suspiro.

Uma parte dele tinha medo de fazer aquele pedido, afinal, dependendo da resposta, isso poderia quebrar seu coração que já era terrivelmente frágil. Mas outra parte dele, aquela que era guiada pela música que tocava em sua mente, implorava para ele fazer o pedido, com a certeza de que a resposta seria mais que boa. Seria fantástica.

Sólon, abençoado seja, esperou pacientemente por ele enquanto ele tinha aquela pequena guerra de dúvida e certeza. Medo e coragem – que ele não tinha muito mas estava ganhando naquele momento, o que era raro. Um minuto inteiro foi preciso até ele enfim decidir.

— A pessoa que eu convidei que está em Hogwarts... Eu gostaria de saber se ela está... Se ela está esperando pelo Tempo. Você pode me dizer?

Sólon cantarolou baixinho e fechou os olhos.

 

•°•°•°°•TDWTS•°°•°•°•


Sophie andava tranquilamente naquela noite estrelada em direção a Floresta Proibida. Atrás dela seu grupo vinha conversando um com o outro todos animados com o que estavam para presenciar. Hagrid e Remus também estavam com eles, os dois adultos conversando sobre toda essa crença sobre Tempo e Universo. Mas Sophie não estava escutando nenhum deles.

Por mais que ela estava andando tranquilamente, parte dela estava sem sentindo nervosa e até mesmo com um pouco de medo com toda aquela questão do Tempo estar passando. Na carta de David, ele havia dito que era sinal de que a história estava chegando o fim, e o que quer que isso significasse, fazia todo o corpo dela se arrepiar.

Ao lado dela, Aslan ronronou e Sophie olhou para ele com um sorriso leve, acariciando sua juba.

— Estou bem – disse ela. – Só nervosa.

Aslan esfregou seu enorme rosto no corpo dela e Sophie riu baixo, colocando o braço sobre a cabeça dele e seguindo andando para a floresta. E enfim quando chegaram, esperando por eles, sete centauros estavam presentes. Enquanto o grupo todo parou, Sophie continuou andando com Aslan até estar na frente dos sete.

— Sophie Potter, jovem madainn— disse um centauro de aparência mais velha, porém ainda jovem. Seus olhos eram roxos e sua cor era totalmente preta, já seus cabelos e barba tinham a cor ciano. Ele acenou com a cabeça para Sophie e então olhou para Aslan – E Grian.

Sophie franziu a testa em confusão e olhou para Aslan, e ficou surpresa ao vê-lo acenar com a cabeça para o centauro e ficar em toda a sua altura. Não de maneira ameaçadora mas mais como se ele estivesse se provando ser digno daquele nome que foi chamado. O centauro continuou:

— Sou Kange, líder dos centauros das florestas da Escócia e o grande protetor das florestas, águas e animais destas terras.

— É uma honra conhecê-lo – disse Sophie dando uma breve reverência.

— Assim como é para mim em conhecê-la – disse Kange abrindo um pequeno sorriso. – Normalmente não somos tão aberto com humanos, principalmente para assistir tais eventos de grande importância para a história. Mas você e seus amigos são convidados de Sólon, e por isso lhes dou as boas vindas.

— Obrigada – agradeceu Sophie sorrindo. – É... Iremos ver o Tempo passar aqui ou...

— Apesar daqui ter uma boa vista – Kange olhou para o céu com um sorriso calmo. – Iremos levar vocês para um melhor. É uma experiência à qual devo assistir ao lado dos meus, e não poderia fazer isso estando aqui.

Sophie concordou, percebendo cada vez mais o quão importante aquilo era. Kange acenou com a mão para o restante do grupo se aproximasse mais e assim que eles fizeram, o centauro líder começou a apresentar os outros seis centauros.

— Este é Denahi, meu irmão mais novo e um dos protetores dos animais da Escócia – apontou para um centauro da cor roxa e cabelos e barba azuis, de olhos rosas que sorriu para Sophie largo e fez uma breve reverência a qual ela respondeu – Essa é Tanana, nossa curandeira e espírita – apontou para a mulher centauro ao lado dele, era azul marinho e tinha uma aparência mais velha, seus cabelos roxos já estava começando a ficar brancos e seus olhos eram totalmente brancos mas Sophie achava nada perturbador, ao contrário, o sorriso gentil que ela carregava fez Sophie se sentir bem vinda.
“Byue, um dos protetores das águas das florestas da Escócia” ele apontou para outro centauro ao lado de Tanana, esse era completamente rosa e seus cabelos e barba era pretos como a noite mais escura, seus olhos eram verdes. “Sora, umas das protetoras das florestas” uma centauro laranja escuro ao lado de Denahi, cabelos brancos mas com uma aparência bem jovem, e olhos amarelos. “Lonan, meu grande conselheiro e um dos protetores dos animais” dessa vez era um centauro marrom ao lado de Sora, seus cabelos e barba eram vermelhos e seus olhos eram ciano. “E por fim, Tadan, meu primogênito e um dos protetores das águas, futuramente se tornando protetor das terras da Escócia.” Era um centauro mais novo que os outros, branco, olhos roxos e cabelo ciano.

— É uma honra conhecer cada um de vocês assim como também é uma honra vocês nos aceitarem em seu lar – disse Sophie calma e então apresentou cada um que estava atrás dela como forma de respeito. – Atrás de mim estão meu padrinho e pai, Remus Lupin, meu irmão de sangue, Harry Potter, meu irmão de alma Erik Lehnsherr, e Charles Francis, Castiel Collins e seu irmão Gabriel, Dean Winchester e seu irmão Samuel, Patrick Jane, Teresa Lisbon, Harriet Lovegood e sua irmã Luna, Fred e Jorge Weasley e seus irmãos Ronald e Ginerva, Hermione Granger e por fim, o guarda caça e Guardião das chaves e terrenos de Hogwarts, Rúbeo Hagrid. Eles são a minha família.

Kange acenou com a cabeça, um sorriso suave enfeitando seu rosto.

— Como família da jovem madainn, vocês são bem vindos para essa noite – disse Tanana, sua voz velha mas cheia de gentileza. – Por favor, venham conosco, é um caminho um tanto longo mas a floresta irá nos ajudar. O Tempo está chegando.

Todos concordaram, e os centauros se viraram e voltaram para dentro da floresta, Sophie com Aslan ao lado foram em frente com o grupo dos seguindo.

— Sophie Potter, por favor, ande ao meu lado – pediu Kange gentilmente, andando à frente de todos.

Sophie olhou para trás, um tanto preocupada em se afastar muito de sua família. Não que ela não confiasse naqueles centauros, mas mais por conta do histórico que ela tinha com a Floresta Proibida. Byue e Sora se aproximaram dela antes que ela ficasse mais preocupada.

— Não se preocupe, jovem madainn  – disse Byue calmo. – Estaremos ao lado deles, nada de mau vai-lhes acontecer enquanto estivermos ao lado.

Sophie olhou para eles novamente e com o aceno de que estava tudo bem ela se afastar de cada um deles, ela sorriu e se voltou para os dois centauros.

— Obrigada – ela agradeceu e então partiu para ficar ao lado de Kange, com Aslan fielmente ao seu lado. – Oi.

— Como se sente? É uma noite importante para qualquer criatura presenciar, mas principalmente um humano – disse ele calmamente.

— Acredito que isso significa que muitos humanos não vão ver isso acontecendo...

— Hum – cantarolou Kange. – Muitos de vocês estão mais focados em fugirem da vida do que presenciá-la, senti-lá. Então sim, muitos não irão assistir.

Sophie concordou.

— Acho que estou uma mistura de tudo – respondeu ela por fim. – É algo tão grande acontecendo... Não só no mundo como também em todo o Universo. Acho que... Mais do que tudo me faz entender o quão pequeno todos somos.

— Mas também somos gigantes – Denahi do outro lado de Kange. – Não crie esse dualismo em sua mente, jovem madainn. Não podemos ser apenas uma coisa de dois lados, se for esse o caso, seríamos criaturas incompletas. Somos os dois lados, e com isso, ao mesmo tempo que somos pequenos, também somos gigantes.

Sophie cantarolou baixinho pensando que aquilo de fato fazia sentido.

— Você ainda é jovem, madainn— veio a voz de Tanana ao lado de Aslan, Sophie a olhou e sorriu com o sorriso ainda gentil presente naquele rosto. – Tem bastante pequenas coisas para viver e ainda está vivendo em um amanhecer.

— O que isso significa? – perguntou Sophie sentindo um pequeno arrepio subir por seu corpo.

— Significa que você ainda está no começo – respondeu Kange. – Assim como a Tempestade Iminente, que ainda é um jovem uisge, está caminhando para ser o que é, você está no começo. E então estará no fim. E o Tempo e o Universo lhes darão a escolha.

— Escolhas... – sussurrou Sophie. – Eu gosto de ter escolhas. – ela disse sorrindo para os centauros que sorriram de volta para ela.

Aslan ronronou baixo, ele ainda andava em toda sua altura e força.

— Verdade, Grian – disse Tanana como se estivesse respondendo ao ronronar do leão. – Falta pouco para ela passar. E estamos quase chegando.

— Por que vocês o chamam de Grian? – Sophie perguntou confusa.

Quando Sophie disse “Grian”, Aslan parou e olhou para ela, e assim os outros centauros também pararam. A Potter olhou para o leão e suspirou ao ver como os olhos dele olhavam para ela com uma mistura de amor e saudade.

— Aslan pode ter sido o nome que você deu à ele – disse Tanana calmamente. – E o nome que ele aceitou de bom grado e honra por ter sido você a dá-lo, mas Grian, é história. Uma história que foi escrita, e então foi esquecida... E será lembrada.

Sophie ouviu aquilo e se aproximou mais de Aslan, ficando cara à cara com aquele leão que se tornou o mundo inteiro dela desde do primeiro ano em Hogwarts, em uma noite de Halloween. Halloween um dia que foi lhe tirado tudo, acabou sendo o dia em que foi lhe dado o mundo. Seu maior protetor, seu maior amigo, seu leão. Aquele que à escolheu.

— Grian – sussurrou Sophie sorrindo para ele. – Esse é o seu verdadeiro nome. Seu primeiro nome.

O leão ronronou baixo e contente, acenando com a cabeça.

— Bom, acho que podemos fazer o passado e o presente viverem juntos – disse Sophie acariciando a juba dele e o olhando nos olhos. – Grian Aslan. Eu gosto, e você?

Aslan juntou o rosto com o dela e Sophie passou os braços em volta de sua juba, o abraçando apertado. De alguma forma, ela sentia como se tivesse acabado de encontrar seu leão depois de muito tempo separada dele.

 

•°•°•°°•TDWTS•°°•°•°•


— E então? – perguntou David se sentindo cada vez mais com medo. – Ela está lá?

Sólon abriu os olhos e olhou para David, um sorriso aberto e feliz presente em seu rosto velho.

— Ela está lá, Tempestade – respondeu Sólon tocando no ombro do rapaz que sentia que poderia cair no chão de alívio que estava sentindo. – Pode descansar agora, pois ela é real e espera por você.

David fechou os olhos e soltou uma longa respiração a qual estava prendendo desde do momento em que pediu para Sólon lhe dizer se Sophie estava do outro lado para assistir aquele evento. Ele sentiu o coração bater tão forte e uma onda de emoção invadir sobre ele, afinal, com a confirmação de Sólon, que Sophie estava lá, isso significava realmente que ela era real, que ela se importava, e oh, ela lia as cartas que ele mandava.

De repente, toda aquela solidão que ele sentia em seu coração, desde da noite em que Dumbledore lhe contou sobre a morte de seus pais, ela foi reduzida, e ele só conseguia se sentir abraçado, se sentia importante para alguém que não era aquele que o criou. E quando ele menos esperava, um alto soluço saiu de sua boca e foi quando ele percebeu que estava chorando. Ele abriu os olhos, e mesmo com a visão embaçada, ele podia ver Sólon em sua frente. O centauro gentilmente colocou uma mão na nuca dele e a outra em seus ombros, o puxando para perto e então o abraçando forte.

Pela primeira vez em tempos David se permitiu ser aquele que era abraçado e não aquele que dava os abraços. Ele escondeu o rosto no pescoço de Sólon e se permitiu chorar. Um choro que era uma mistura de tristeza, de alívio, felicidade, de tudo que sentia – menos a dor, menos o luto, pois esses ele ainda tinha medo de se permitir sentir.

— Shii, está tudo bem, jovem uisge— sussurrou Sólon ainda o abraçando. – Eu sei que o seu coração foi roubado naquela noite, mas isso está no passado agora. Você não está mais sozinho. Pegue seu coração de volta e cuide dele, cuide dele até ela te encontrar, e deixe o Tempo e o Universo os guiar para o lugar que vocês pertencem.

David respirou fundo e trêmulo, se sentia mais leve e também mais calmo. Uma grande parte dele estava surpreso com aquela resposta de si mesmo mas uma outra pequena parte de si, sabia que era uma reação esperava. Depois de tantas perdas naquele ano, tantas dúvidas e até mesmo tanta solidão, era óbvio o quanto saber que a garota que ele considerava sua melhor amiga, realmente se importava.

— Como se sente? – perguntou Sólon se afastando e o olhando nos olhos.

David secou as lágrimas caídas em sua bochecha e suspirou.

— Leve – respondeu baixo. 

Sólon sorriu e cantarolou.

— Bom, em uma noite tão bela como essa e tão importante, se sentir leve é bom – disse ele batendo levemente na bochecha do rapaz. – Agora vamos, jovem uisge, o Tempo está chegando. Falta bem pouco agora.

David concordou e deixou Sólon ir na frente. Ficou parado por mais um tempo e olhou para o céu estrelado, aquele infinito e lindo céu cheio das mesmas estrelas que estavam sob a cabeça de Sophie. Tão longe um do outro, e ao mesmo tempo, tão perto.

— Obrigado, Sophie. – ele sussurrou para ela. – Obrigado. – ele sussurrou para o Universo.

Dando mais uma respirada funda, ele abriu um sorriso e foi atrás de Sólon para dentro da floresta.

Ao entrar naquela floresta que ele já estava muito familiarizado, ele sentiu uma mudança no ar. O vento batia diferente pelas árvores e em seu rosto, e ele conseguia sentir o seu sangue se eletreficar, quase como se estivesse ganhando vida, a música em sua mente havia mudado, uma outra totalmente diferente das que ele já estava acostumado estava tocando, e ele sabia que não pertencia a pantera preta, Löwin, que aparecia em seus sonhos.

A magia que existia dentro dele também estava vibrando e quando ele respirou fundo, ele conseguia sentir o mundo girando, conseguia sentir o Tempo ao seu redor.

— Vamos, Tempestade, ela já está aqui – disse Sólon puxando David pelo braço.

 

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Sophie estava com sua família junto dos outros centauros naquela parte aberta da floresta quando começou. Primeiro foi a música em sua mente que havia mudado, não era mais aquelas que ela já estava acostumada, e ela já sabia que não pertencia ao leão em seus sonhos, Alec. Era tão diferente, tão... Cheia de tudo e nada e tão paterna e materna, quase como uma... Canção de ninar.

E então seu sangue, ela começou a sentir seu sangue a se iluminar, assim como sua magia. Seu coração trovejava no peito, e seus ouvidos ouviam sussurros de uma música sendo cantada bem longe...

E ela sentia, de alguma forma, ela sentia o Tempo ao seu redor.

— Lobo Mau está aqui – disse Denahi olhando para o céu. – Sintam, o Lobo Mau chegou.

E no mesmo instante todos os centauros olharam para o céu, assim como a família de Sophie. Mas ela não conseguia, não ainda, pois ela sabia que não era o momento de olhar para o céu ainda. De alguma forma ela sabia. A música tanto em sua mente quanto em seus ouvidos estava ficando mais alta e mais próxima, e a cada momento cada pequena parte dela sentia vontade de voar, de ir para casa.

 

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— Sintam, minha família, vejam também – disse Sólon olhando para o céu, seus braços erguidos com seu pedaço de pau na mão também voltado ao céu. – O Lobo Mau está passando! A criação da Vida e da Morte! Companheira eterna do Universo! O Tempo está aqui!

Todos ao redor de David comemoravam e aplaudiam, olhando para o céu esperando pela passagem do Tempo. E ele sabia que em todo o Mundo, todos aqueles que acreditavam, também estavam olhando, também estavam sentindo.

A música na mente e nos ouvidos de David estava chegando em um nível mais elevado do que ele jamais presenciou. Estava consumindo o seu corpo, assim como toda a sua magia. Ele sentia, sua alma, seu coração, sua mente, tudo em si, tudo estava se iluminando e explodindo em vários tipos de emoções, sentimentos. Ele estava se sentindo tão vivo.

E então ele sentiu, como um aviso em seu coração, que ele deveria olhar para o céu naquele momento. E assim ele o fez.

E lá estava. Passando em uma luz dourada única, brilhando mais que qualquer estrela, mais que o próprio sol, o Tempo seguia pelo céu. E não era nem rápido e nem devagar. E então a música estava em seu ápice e tudo dentro de David explodiu enquanto Lobo Mau passava por sua cabeça.

Os olhos de David Tighearna-Ùine estavam brilhando como nunca antes, os olhos antes castanhos estávamos agora cinzas como uma furiosa e grandiosa Tempestade, uma tormenta que nenhum inimigo gostaria de ter em seu caminho. E ele sentia lágrimas caírem por seus olhos pois naquele momento ele estava vendo tudo.

A história que havia sido escrita, que havia sido esquecida e que ainda estava para ser lembrada. Não só isso como ele também via o futuro. Ele estava vendo tudo.

 

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Sophie Leòmhann Soillsichte estava olhando para o Lobo Mau passando no céu, seus olhos estavam mais iluminados do que a vez em que ela e Erik descobriram ser irmãos de alma. Os antes olhos verdes castanhos eram agora dourados como o sol, e eles estavam derramando lágrimas também, pois assim como David, ela também estava vendo tudo.

Sua família não estava percebendo o que estava acontecendo com ela. Nem mesmo Erik estava sentindo o que ela estava sentindo naquele momento. O único que estava a observando era Kange, ele estava apenas esperando.

Sophie ainda estava olhando para o Tempo que passava, e através da música que sentia tocando, não mais apenas em sua mente e ouvidos mas também em seu coração e alma, e sentindo todo o carinho, todo o amor, todos sentimentos bons que alguém poderia sentir, ela só pode ser capaz de pensar em uma coisa para se fazer.

Ela se ajoelhou. Se ajoelhou perante ao Tempo e ao Universo. Perante a grandiosidade que o tudo era, perante a honra que sentia por ser parte daquela história tão importante. Ela se ajoelhou.

 

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E no mesmo instante que Sophie se ajoelhou, David fez o mesmo. Caindo de joelhos. E todos os centauros ao seu redor também se ajoelharam.

Ele então fechou os olhos e deixou a cabeça cair, enquanto cruzava as duas mãos fechadas sobre seu joelho e escutava aquela canção doce e gentil, uma canção de ninar, enquanto todo o seu corpo começava a brilhar assim como seus olhos. E na sua mente, a presença do Tempo estava dando lugar para a presença da sua própria esposa, que também cantava para ele, e lhe sussurrava as mais doces e gentis palavras de amor, e coragem e força.

No meio disso, o sono estava caindo sobre ele. Ele queria descansar, ele precisava descansar.

 

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Sophie estava com a cabeça baixa, os olhos fechados e as mãos cruzadas firmes sobre seu joelho. Ela sabia que os outros centauros também estavam ajoelhados, e ela sabia que sua família estavam preocupados com ela, tentando entender o que estava acontecendo, e o porquê seu corpo brilhava tanto.

Mas nada ao seu redor estava importando mais. Apenas as músicas que tocavam, o Tempo terminando sua passagem, e a voz de seu marido dizendo as palavras mais doces sobre amor, força e coragem. Enquanto a canção de ninar tocava, ela se sentia ficando cada vez mais com sono. Mais com vontade de descansar.

Ela não se lembraria de nada que havia acontecido quando acordasse no dia seguinte. Do passado e do futuro. Ou quem era seu marido. Nada, apenas sua canção de ninar estaria presente em sua memória. E ela estava bem com isso.

Grian estava ao seu lado, como sempre esteve desde do início, meio, fim. E só em saber que ele estava ali para pegá-la, Sophie já se sentia pronta para dormir. E foi com um último sussurro de amor, de cuidado e de boa sorte do Tempo que já estava deixando aquele mundo, e com seu marido lhe desejando doces sonhos, Sophie se deixou cair. Ela nunca chegou ao chão, pois Grian estava lá.

 

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David sorriu, ele ainda estava se segurando para não se deixar cair no sono, mas então ele sentiu a presença de Gealach. Seu fiel amigo, que esteve com ele desde do início, meio e fim, e que eles perderam um ao outro... Seu maior protetor finalmente o havia encontrado e como sempre, ele sentia totalmente seguro para cair naquele sono ao qual a canção de ninar desejava que ele entrasse.

E sabendo que Gealach estaria lá para pegá-lo, e ouvindo os últimos sussurros do Tempo, e de sua esposa lhe desejando “boa noite”, David se permitiu cair. E ele nunca chegou ao chão, pois Geal o havia pegado como sempre havia feito e sempre faria apartir daquele momento.

 

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Enquanto o Tempo estava passando por eles, David e Sophie se sentiam mais vivos do que nunca. E quando eles caíram no sono após a passagem do Lobo Mau, eles dormiram como mortos, pacíficos e em paz.

 

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“Psique não é inteiramente limitada pelo espaço e tempo. Você pode ter sonhos ou doses do futuro, você pode ver mais longe do que as esquinas, e coisas assim. Apenas a ignorância recusa tais fatos. É bem evidente que eles existem e que sempre existiram. Eles mostram que a psique, ao menos uma parte dela não depende desses limites. E daí? Se a psique não é obrigada a viver no tempo e no espaço apenas, e obviamente não vive, então a psique não está sujeita àquelas leis, o que indica uma continuação prática da vida, uma espécie de existência psíquica além do tempo e do espaço.”

 

 

— Carl G. Jung

 


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