TO DIE WITH THE SUN; reescrita de harry potter escrita por SWEETBADWOLF


Capítulo 61
Capítulo 61 — A Mentira é Contada




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05 de Dezembro de 1979, Sede da Ordem da Fênix.

James estava de braços cruzados no canto da sala de reunião, tudo estava silencioso naquele lugar que antes era sempre barulhento. Seja barulho de discussões, seja de brincadeiras para aliviar o clima. Mas naquela noite, era como um cemitério. Frio e triste. Com pessoas em luto e cansadas.

Na frente da mesa, agora tão vazia de soldados, estava o primeiro comandante, Alastor Moody, e ao seu lado estava o segundo comandante, Richard Lehnsherr. E só de olhar para os dois, James se sentir doente. Era uma visão deprimente, o quão derrotados os dois pareciam. Mas bem, ele olhou para os poucos membros naquela mesa vivos, todos eles tinham aquela mesma aura.

— Particularmente não queria estar fazendo essa reunião – começou Moody com a sua voz grossa e rude, baixa e triste. – Sendo o comandante de vocês, me vejo na obrigação... Não, no respeito à vocês, de ser sincero. E sendo sincero eu digo que não vejo mais luz nessa luta. Não vejo uma vitória.
“Podemos ganhar, claro que podemos. Nisso ainda acredito porque é o meu maior dever para comigo mesmo e com vocês. Mas não vejo vitória em vencer mais. Eu olho essa mesa, tão vazia de rostos que cuidei e lutei ao lado e simplesmente sei que o resultado final, seja ele qual for, vai estar bem longe de uma vitória. Para mim. E para vocês também.
“Bones, Meadowes, McKinnons, Sanders, Jones... Tantos nomes, tantas famílias mortas.”

Moody parou e deu um longo suspiro, e seus olhos fizeram James se encolher mais no canto daquela parede escura em que estava. Ninguém poderia ver o quão assustado ele estava escondido ali, o com triste e com o coração doendo estava. Ele não podia se mostrar assim, não para seus amigos, seu comandante e... Não para sua Lily. Ele tinha que ser forte, se não por si mesmo, então por eles.

Mas quanto mais Moody falava mais ele sentia vontade de chorar. Ele estava tão cansado.

— Eu sinto muito. – disse Moody por fim, e de maneira derrotada, se sentando na cadeira.

Richard permaneceu de pé, olhando para eles.

— Os números de Comensais da Morte estão crescendo e parece que a cada dia uma marca negra aparece na casa de um dos nossos. – disse Richard baixo mas com sua voz forte. – Tanta... Tanta coisa aconteceu este ano, tantas mortes. Sendo sincero, no dia primeiro de setembro deste ano eu pensei que era realmente o fim, quando, bem, vocês se lembram do que estou falando. – nisso ele olhou para Logan e Marion que se aproximaram mais um do outro.

James prendeu a respiração ao se lembrar daquela noite. Onde seu pequeno homem havia morrido mas de alguma forma, havia voltado. Ele sentia falta daquele garoto, principalmente quando estava com Sophie. James sabia o quanto David estava animado e pronto para crescer estando ao lado de sua filha, mas depois daquela noite, ele viver com Dumbledore era o mais seguro do que em qualquer outro lugar.

— Mas então, de alguma forma, naquela noite, pela primeira vez em tanto tempo, todos viveram – continuou Richard olhando para eles. – Dois patronos apareceram e não só trouxeram a vida de volta para o nosso garoto David, mas trouxe força em meu coração para continuar lutando. Me fez ter algo que Brian sempre teve mais que todos nós, e claramente mais do que eu jamais tive, me fez ter esperança – Brian sorriu com carinho para Richard que piscou para ele. – Esperança do futuro. Para os nossos filhos e os outros.
“E eu concordo com Moody. Quando vencermos, não vai ser como uma vitória. Perdemos demais para isso. Mas pelo menos poderemos trazer honra para nossos soldados caídos. Nossos amigos.
“E talvez, mais de nós morra. Talvez eu morra... Mas farei o possível para levar o máximo desses miseráveis comigo.”

James observou como os poucos integrantes da Ordem se tornaram mais confiantes através das palavras de Richard. Mesmo Logan e Marion, que antes pareciam prontos para largarem tudo, agora estava parecendo prontos para uma nova luta. Remus e Sirius, apesar de cansados se encontevam no mesmo estado. Lily, sua incrível e preciosa Lily, sempre forte estava com a cabeça erguida. Brian olhava para Richard como se ele fosse a pessoa mais maravilhosa que já existiu, e talvez para o Francis, realmente era. Sharon e Alice pareciam tão prontas para lutar, e Frank tinha um pequeno sorriso no rosto, mas como sempre, parecia perdido em pensamentos. Já Peter parecia o mesmo de meses. Derrotado, triste e cansado. James não o julgava, ele se sentia do mesmo jeito.

— Quem vocês acham que eram? – perguntou Logan chamando atenção de todos. – Os donos daqueles dois patronos?

— Uma pantera e um leão – comentou Remus jogando o cabelo para trás. – Nunca conheci alguém com esses patronos.

— Frank tinha uma teoria sobre isso, as pessoas por trás dos patronos – comentou Alice parecendo um pouco animada, o que já tirou mais ainda o clima de cemitério da sala. – Conta, querido.

James sorriu curto ao ver seu amigo poeta corar e negar com a cabeça dizendo que não era nada demais.

— Vamos logo, Longbottom – rosnou Moody revirando os olhos. – Eu gosto das suas teorias.

— Depois dessa, Frank, eu falaria – comentou Marion sorrindo. – É a primeira vez que escuto ele ser tão gentil. E olha que sou a favorita dele.

Moody resmungou baixo. E Frank pareceu ganhar um pouco de coragem com o incentivo do comandante.

— Bem – começou ele devagar. – Era impossível para alguém de fora da Ordem saber sobre aquela localização, e conhecemos todos que fazem parte. E já sendo óbvio que não foram comensais por trás dos patronos então, bem... É realmente ridículo, nem deve ser isso...

— Diga logo, Frank – reclamou Sirius.

— Futuro – disse Frank de forma abrupta. – Digo, alguém do futuro.

James franziu a testa para aquela teoria e olhou para a janela ao seu lado, olhando para o céu que estava – pela primeira vez em muitas noites – cheio de estrelas. Ao longe, bem ao longe, um relâmpago surgiu e se foi, e ele sentiu seu coração acelerar um pouco e os pelos da nuca se arrepiarem. Uma tempestade estava se aproximando.

— Mas quem? – perguntou Sharon curiosa. – E como? Quero dizer, pensei que mexer com o Vira-Tempo seria bem complexo e cheio de regras, sendo uma delas, não interferir com o o que aconteceu no passado.

— Bem, com o Vira-Tempo, sim – concordou Brian pensativo. – Mas toda a magia, a mecânica por trás do Vira-Tempo sempre foi uma bagunça e errada. Criado por alguém que claramente não entendia sobre o Tempo. Não dizendo que eu sei mais, mas bem...

— Hum – resmungou Moody baixo. – Lungbarrow.

— Senhor? – respondeu Marion confusa.

— Não você, o outro – Moody apontou para Logan. – Eu sei que você vem de uma família antiga da Escócia, de uma linhagem distante.

— De fato, sim – concordou Logan. – E sim, eu sei onde você quer chegar. Eu sei um pouco sobre o Tempo por conta da linhagem, mas nada tão avançado como os Tighearna-Ùine saberiam.

— Os... quem? — perguntou Sirius claramente confuso.

— O nome antigo da minha linhagem antes de ser mudado para Lungbarrow – respondeu Logan. – Eu venho de uma linhagem bem longa, bem antiga. Pelo o que foi me ensinado sobre eles, era que para eles não existia apenas um Deus. Principalmente eles acreditavam em duas divindades. O Universo e o Tempo.

— Ainda existem muitos que acreditam mais nessas duas divindades do que em apenas Deus – comentou Moody concordando. – Dumbledore é um que conheço.

— Sim – concordou Logan. – De qualquer forma, pelo que fui ensinado, minha antiga família sempre esteve próxima de ambas divindades. Por isso sabiam mais que qualquer um sobre o Tempo. Hoje em dia, sei os princípios mais importantes.

— Bem, nos diga então – disse Richard. – Talvez a teoria de Frank esteja mais certa do que parece.

— De fato, sim. É uma boa teoria e bate com o que eu sei – comentou Logan pensativo. – Vejam bem, o Tempo ele não é uma linha reta. Ele segue por milhares e milhares de caminhos, e seus caminhos podem levar para outras realidades a serem criadas. Realidades, não universos. Existe apenas um e ele é infinito. De qualquer forma, viajar entre um tempo e outro é possível e assim também é possível modificar algo no passado. Principalmente quando esse algo é um ponto fixo para ser mudado.
“Nessa parte entra o Ponto Fixo e o Ponto Fixo Mudado. O Ponto Fixo apenas seria aquele em que não deve ser alterado de maneira alguma, pois uma mudança nele é capaz de criar uma bagunça terrível, mais do que isso, estaria matando o próprio Tempo e isso não pode acontecer pois o Tempo tem que ser tão eterno quanto o Universo.”

— Então, tipo um evento histórico no mundo? – perguntou Lily. – Não pode ser mudado pois aquele evento foi importante para uma grande mudança?

— Sim. – concordou Logan. – Já o Ponto Fixo Mudado é a mudança de algo que deveria, era obrigatório de acontecer. Supondo que a morte de David seja um ponto fixo mudado, isso significa que, ele morreu, de fato, mas isso deveria ser mudado, pois o ponto fixo ali era ele vivo. Não morto. – disse Logan engolindo em seco, claramente se lembrando daquela noite. – Francamente esse pensamento me deixa um tanto aliviado, pois significa que ele esta vivo no futuro.
“O problema com o Vira-Tempo é que ele só nos faz ficar numa única realidade, enquanto uma viagem no Tempo sem ele significa estarmos indo em várias realidades diferentes. Então o Vira-Tempo nos obriga à deixar aquela realidade do jeito que está. Não modificar ela pois isso faria a própria realidade entrar em colapso e se sentir errada. Duas lembranças que deveriam ser apenas uma, dois momentos que deveriam ser apenas um, etc. É extremamente bagunçado e por isso é tão pouco usado.”

— Isso foi mais interessante que todas as aulas de história em Hogwarts – comentou Alice e Sirius concordou firmemente com ela.

— Isso significa que a minha teoria pode realmente ser real – disse Frank parecendo animado.

— Uhum – concordou Logan sorrindo.

— Mas como seria possível voltar no Tempo sem o Vira-Tempo? – perguntou Richard cruzando os braços.

— Isso é o raro – respondeu Logan. – Apenas bruxos com o sangue carregado não só de magia pura como também com alguma conexão com o próprio Tempo são capazes disso.

— Então – começou Moody –, não só os bruxos que fizeram isso são extremamente poderosos como também são amigos de uma divindade. Hunf. Eles bem que podiam ter ficado por aqui para nos ajudar.

— Acho que não – respondeu Logan sorrindo de lado. – O que estamos vivendo é um ponto fixo. Eu sinto isso. Essas mortes, essa guerra... Temos que vivê-la por nossa conta. Sem mudança.

— O nosso ponto fixo é o mesmo que  outras realidades? – perguntou Brian.

— Não – respondeu Logan. – Que graça teria se em todas as realidades todos os pontos fixos fossem os mesmos? O Universo e o Tempo são mudanças, constantes e eternas.

James ainda olhava para as estrelas enquanto ouvia toda aquela conversa sobre Tempo e Universo. Escutar tudo aquilo fez ele ter esperança para o futuro, pois em seu coração, de alguma forma, ele sabia quem seria a única que voltaria no Tempo e salvaria a vida de David, e se ele estivesse certo, então ele também sabia quem estava com ela naquela noite. Mas além disso, escutar tudo aquilo fez ele mesmo sentir seu coração, mente e alma serem voltados para aquelas duas divindades. Ele nunca foi um de acreditar em Deus, pelo menos, que existia apenas um Deus.

Ele suspirou quando viu uma estrela dourada passar sendo seguida por outro relâmpago. Se fosse verdade, e o Universo e o Tempo fossem as grandes divindades daquele mundo, então fazia sentido outras pequenas divindades também existirem. Buda, Deus, entre outras que ele não fazia ideia mas sabia que provavelmente existiam. E isso era legal.

Em seu coração ele se sentia seguro com aquele pensamento. Com aquela crença. Pois fazia tudo ao redor dele fazer sentido, toda a dor, toda a questão de estar vivo fazia sentido. Pois não era um ser divino controlando tudo porque podia, mas sim duas divindades dando à todos a escolha de todos os caminhos possíveis, e cheias de mudanças.

De certa forma, ele se sentiu um tanto livre com aquela crença se estalando ela seu peito.

— Amor – chamou Lily agora ao lado dele. – Tudo bem?

James se voltou para ela e sorriu com carinho. Gentilmente ele lhe beijou na testa.

— Vai ficar – respondeu ele.

Pois de fato, não importa qual fosse o seu final, ele entendia agora que tudo ficaria bem. Pois tudo continuaria seguindo e isso era perfeito.

 

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15 de Dezembro de 1993, Hogsmeade.

Era o último dia de Hogsmeade antes dos alunos voltarem para suas casas para comemorarem as festas. E estava realmente sendo um dia perfeito desde do início para Sophie – menos a parte em que teve que deixar seu irmão em Hogwarts quando ele claramente queria se juntar na festa para o vilarejo.  Mas apesar daquele sentimento um tanto agridoce, ela ainda estava feliz pois naquele dia não estava sendo uma viagem qualquer. Ela finalmente estava em seu encontro com Olívio.

Também trazia um sentimento ótimo pois enquanto ela estava tendo seu primeiro encontro com o capitão do time, em outro lugar de Hogsmeade, Erik e Charles estavam tendo um encontro também e em outro canto Castiel e Dean também estavam. Nem havia sido algo marcado para se fazer, mas acabou sendo perfeito.

E agora ela e Olívio estavam aproveitando o início do encontro na parte de cima do bar Blaidd Ddrwg, comendo algumas especiarias galesas e conversando sobre vários assuntos. Estava sendo incrível para Sophie conhecer mais sobre Olívio.

— Depois daqui a gente podia ir fazer algumas compras para o Natal – comentou Olívio. – Minha irmã mais velha sempre comenta sobre os doces daqui mas nunca tem tempo para visitar.

— O que ela faz? – perguntou Sophie.

— Jogadora do time de Quadribol Manchester – respondeu Olívio. – Eles estão em temporada de jogos esse ano e ela está sem tempo.

— Vejo que o amor pelo Quadribol vem de família – cantarolou Sophie e Olívio riu concordando.

— Por parte da minha mãe é uma linha enorme de jogadores – disse Olívio. – Mas e você? Sei que seu pai era um grande jogador da nossa casa.

— Isso ele era – concordou Sophie sorrindo com saudade. – Papai amava Quadribol, acho que como eu e Harry amamos hoje em dia, mas do mesmo jeito não era tão fanático como um certo alguém que conheço.

— Culpado. – brincou Olívio rindo.

— Remus sempre diz que eu vôo como ele – disse Sophie com um suspiro. – Acho que não existe elogio maior.

— Sei bem o que quer dizer – concordou Olívio. – Mamãe sempre diz o quão orgulhosa ela é de mim e da minha irmã, nada se compara. – ele sorriu para Sophie e pegou a mão dela. – Tenho certeza que seu pai sente o mesmo por você.

Sophie sorriu de volta para ele e de forma tímida beijou a mão dele.

— Obrigada, Olive – ela agradeceu. – Mas ei, sobre sua ideia de passarmos para fazer umas compras de Natal, eu acho ótima. Ainda tenho que comprar algumas coisas pro meu grupo de estabanados.

 

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Harry estava andando tranquilamente pelos corredores vazios do castelo um tanto triste por não poder ir para Hogsmeade por culpa de seus tios. E mais ainda por culpa de Sirius Black solto. Ele sabia que se não fosse pelo louco Black, não teria toda essa segurança em cima dele e ele poderia ir para o vilarejo tranquilamente já que Remus estava em Hogwarts e ele mais parente que o Dursley jamais seriam.

— Psiu! Harry!

Ele se virou e viu os gêmeos Weasley e Harriet acenando para ele. Foi até os três que estavam sentados em uma escada e tinham enormes sorrisos no rosto.

— Que é que vocês estão fazendo?  – perguntou Harry, curioso. – Vocês não vão para Hogsmeade?

— Antes de ir viemos fazer uma festinha para animar você – disse Fred, com uma piscadela misteriosa. – Venha até aqui...

O garoto indicou com a cabeça uma sala de aula vazia que ficava logo depois da escada, à esquerda da estátua de um olho só. Harry acompanhou o trio. Jorge fechou a porta sem fazer barulho e se virou, sorrindo, para Harry, enquanto Fred e Harriet estavam quase pulando animados.

— Presente de Natal antecipado para você, Harry – anunciou Jorge, e tirou alguma coisa de dentro da capa com um gesto largo e colocou-a em cima de uma carteira. Era um pedaço de pergaminho, grande, quadrado e muito gasto, sem nada escrito na superfície.

Harry, desconfiando que fosse uma daquelas brincadeiras de Fred e Jorge, ficou parado olhando para o presente.

— E o que é que é isso? – perguntou por fim.

— Isso, Harry, é o segredo do sucesso do nosso grupo – cantarolou Harriet, dando uma palmadinha carinhosa no pergaminho.

— É um legado dos Potter na verdade – disse Jorge sorrindo. – Esse pergaminho é algo feito pelo seu pai e por Remus, sim, exatamente isso que você ouviu. James Potter deu este pergaminho para Sophie...

— Mas já saiba que este pergaminho pertence ao grupo todo. – continuou Fred orgulhoso. – Cada um de nós já usamos e agora, você também poderá usar.

— Estamos passando ele para você porque, bem, nós já sabemos todas as passagens, e caminhos de Hogwarts e percebemos que você precisa dele mais do que a gente. – disse Harriet.

Harry olhou para o pergaminho surpreso mas ainda confuso, afinal, o pergaminho ainda estava em branco.

— Vocês falaram, e falaram mas não me disseram o que esse pergaminho realmente faz. – disse Harry fazendo o trio rir.

— Claro, desculpe Harry. – disse Jorge.

Fred ainda sorrindo pegou a varinha e tocou no pergaminho, dizendo:

— Eu juro solenemente não fazer nada de bom.

Na mesma hora, linhas de tinta muito finas começaram a se espalhar como uma teia de aranha a partir do ponto em que a varinha de Jorge tocara. Elas convergiram, se cruzaram, se abriram como um leque para os quatro cantos do pergaminho; em seguida, no alto, começaram a aflorar palavras, palavras grandes, floreadas, verdes, que diziam:

 

Os senhores, Moony, Wormtail, Padfoot e Prongs, fornecedores de recursos para bruxos malfeitores, tem a honra de apresentar

 

 

O MAPA DO MAROTO


Era um mapa que mostrava cada detalhe dos terrenos do castelo de Hogwarts. O mais notável, contudo, eram os pontinhos mínimos de tinta que se moviam em torno do mapa, cada um com um rótulo em letra minúscula. Pasmo, Harry se curvou para examinar melhor. Um pontinho, no canto superior esquerdo, mostrava que o Prof. Dumbledore estava andando para lá e para cá em seu escritório; a gata do zelador, Madame Nor-r-ra, rondava o segundo andar; e Pirraça, o poltergeist, naquele momento saltitava pela sala de troféus. E quando os olhos de Harry percorreram os corredores que tão bem conhecia, ele notou mais uma coisa. O mapa mostrava um conjunto de passagens em que ele nunca entrara. E muitas pareciam levar...

— ... Diretamente à Hogsmeade – cantarolou Jorge, acompanhando uma delas com o dedo. – São sete ao todo. Até agora Filch conhece essas quatro – ele as apontou. –, mas temos certeza de que somente nós conhecemos estas outras. Não se preocupe com a passagem por trás do espelho no quarto andar. Nós a usamos até o inverno passado, mas já desabou, está completamente bloqueada. E achamos que ninguém jamais usou esta porque o Salgueiro Lutador foi plantado bem em cima da entrada. Mas, esta outra aqui leva diretamente ao porão da Dedosdemel. Nós já a usamos um monte de vezes. E como você talvez tenha notado, a entrada é bem ali do lado de fora da sala, na corcunda daquela velhota de um olho só.

— Moony, Wormtail, Padfoot e Prongs – suspirou Fred, dando um tapinha no cabeçalho do mapa. – Devemos tanto à eles.
 
— Almas nobres, que trabalharam incansavelmente para ajudar novas gerações de transgressores – comentou Harriet solenemente.

— Certo – acrescentou Jorge depressa. – Não se esqueça de limpar o mapa depois de usá-lo...

— ... Senão qualquer um pode ler – recomendou Fred.

— É só bater com a varinha mais uma vez e dizer “Malfeito feito!”, e o pergaminho torna a ficar branco. – terminou Harriet.

— Portanto, jovem Harry – disse Jorge, numa incrível imitação de Percy. –, trate de se comportar.

— Vejo você na Dedosdemel – despediu-se Harriet, piscando.

Os gêmeos deixaram a sala, sorrindo satisfeitos consigo mesmos.

 

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Enquanto Sophie e Olívio estavam no Blaidd Ddrwg, Charles e Erik estavam tendo seu início de primeiro encontro na Madame Puddifoot. Ambos com canecas cheias de chocolate quentes e se conhecendo mais do que já se conheciam naqueles já um ano de amizade.

— ...E é por isso que acho Faunos tão fascinantes – terminou Charles após um tempo de falar sobre o motivo de amar faunos. – Eu nem sei se eles realmente existem mas, eu os amo.

Ele olhou para Erik e corou no mesmo instante pois o alemão estava olhando para ele como se ele fosse a pessoa que pendurou a lua e o as estrelas no céu. Com um sorriso suave em seus lábios finos e os olhos brilhando em algo que parecia muito para Charles ser carinho.

— Hum... – Charles pegou a própria caneca e bebeu o chocolate. – Erik seu chocolate vai esfriar...

— Eu não me importo – respondeu Erik sorrindo.

— Ridículo! O nome é “chocolate quente”, qual é a graça de tomar chocolate quente frio? – retrucou Charles tentando esconder mais ainda suas bochechas vermelhas. – Anda logo, beba seu chocolate.

Erik riu e pegou a caneca.

— Como o meu encontro ordena – brincou ele tomando o chocolate. – Sobre os Faunos existirem ou não, você poderia perguntar para Sophie. Quero dizer, David manda sempre cartas nos Natais falando sobre suas viagens. Talvez ele tenha encontrado faunos.

Os olhos de Charles brilharam alegres e Erik sentiu o coração derreter com aquela visão tão adorável do Francis feliz com a ideia de saber se faunos são reais ou não.

— Eu não tinha pensado nisso! Irei perguntar quando der – disse Charles feliz.

Eles ficaram em um silêncio confortável tomando a bebida quente e sorrindo um para o outro. Erik suspirou e como se tivesse acabado e tomar coragem, ele pegou a mão de Charles que estava em cima da mesa e a segurou, acariciando com o dedão. O Francis olhou para aquele gesto como se fosse algo maravilhoso, e seu sorriso se tornou um pouco mais largo porém ainda tímido.

— Charles – começou Erik num tom baixo.

Charles olhou para ele com expectativa mas o alemão havia parado de falar e agora estava apenas olhando para a mão segurada. Charles podia ver a testa dele franzida, e ele contou cinco vezes em que ele abriu e fechou a boca querendo dizer algo mas acabando por não conseguir. O Francis sorriu suavemente e lhe deu um leve aperto na mão.

Ele sabia o quanto era difícil para Erik demonstrar o que sentia e mais ainda dizer em voz alta. Era uma grande diferença entre eles, e estranha até. Pois Charles que cresceu em um lugar onde tinha medo de abrir um “A”, ao redor de seus amigos, ao redor daquele rapaz na sua frente, ele se sentia seguro o suficiente para contar tudo o que sentia, pois sabia que eles estavam ali por ele. E também tinha a questão de que Castiel e Sophie lhe ajudaram muito também nessa questão. Mas Erik, ele percebeu, mesmo sabendo que podia, e tendo crescido com a mãe e os tios em segurança, ainda era difícil de dizer o que queria.

Por isso, Charles, sem medo algum e sentindo o coração acelerar com a resposta que poderia ter, disse:

— Erik, eu gosto de você – disse ele sentindo as bochechas se esquentarem. – Tipo, não apenas como amigos... Claro que eu nutro muito carinho por você como meu amigo mas... Admito que antes de nos conhecermos eu já nutria uma certa admiração e até paixonite porque... Bem, olhe para você, você é incrível. Mas... Desde que nos aproximamos eu sinto que isso que sinto vem evoluindo e eu, Erik eu gosto muito de você.

Erik estava o olhando com a boca aberta e os olhos cinzas esverdeados arregalados. E quando Charles terminou a pequena e simples declaração, o Lehnsherr fechou a boca e piscou várias vezes antes de soltar uma longa respiração.

— Eu... Poxa Charles é a segunda vez que você é mais rápido do que eu em relação à nós dois – disse Erik rindo baixo e apertando um pouco mais a mão de Charles que sorria. – Eu não sou bom nisso, sabe, falar o que eu sinto, se eu gosto de alguém... É mais fácil com a Sophie por conta de sermos irmãos de almas...

— Eu entendo. – disse Charles suavemente tentando ainda acalmar o coração acelerado.

— Mas, por você e, bem, por nós... Eu quero dizer isso – continuou Erik agora olhando bem nos olhos de Charles. – Eu gosto muito de você também. E, bem – ele respirou fundo. – Gostaria de ser meu namorado?

O sorriso que Charles abriu para Erik foi resposta suficiente mas o outro rapaz respondeu em voz alta mesmo assim:

— Eu adoraria.

 

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Após um longo, não tão longo como ele imaginava, caminho pela passagem secreta da bruxa de um olho só, com a sua capa da invisibilidade e o Mapa do Maroto, Harry conseguiu chegar no Dedosdemel e ainda ter – finalmente – a boa sorte de encontrar com Rony, Gabriel, Sam e Hermione dentro da loja de doces.

Agora, após seus amigos terem comprado algumas coisas para ele, os cinco andavam juntos, com Harry no meio e comentando tudo em voz alta. Por serem um grupo de cinco, não era suspeito nada o que eles falavam, indicavam e explicavam para Harry sobre Hogsmeade.

— Então, pera ai – começou Gabriel. – Se o Mapa foi passado para você, então significa que também podemos usá-lo?

— Não vejo porque não – respondeu Harry olhando ao redor distraído. – Em grande parte das vezes os nossos grupos acabam se unindo de qualquer maneira. E eles vivem pegando a minha capa também, então...

— Eu ainda não estou muito animada com isso – comentou Hermione baixo. – Depois de tudo que tão fazendo para te manter em Hogwarts.

— Dá uma folga para ele, Mione – disse Sam calmo. – Com a capa, ninguém pode vê-lo. Ele merece aproveitar isso aqui tanto quanto à gente.

— Obrigado, Sam.

Eles continuaram andando juntos quando viram o aviso em uma parede próxima.

 

“POR ORDEM DO MINISTÉRIO DA MAGIA

 

 

Lembramos aos nossos clientes que até nova ordem, os dementadores irão patrulhar as ruas de Hogsmeade todas as noites após o pôr-do-sol. A medida visa garantir a segurança dos habitantes de Hogsmeade e será revogada quando Sirius Black for recapturado, portanto, é aconselhável que os clientes encerrem suas compras bem antes de anoitecer. Feliz Natal.”

 

 

— Estão vendo só? – falou Rony animado. – Eu gostaria de ver Black tentar entrar na Dedosdemel com dementadores pululando por todo o povoado. Em todo o caso, Hermione, os donos da Dedosdemel ouviriam se alguém arrombasse a loja, não? Eles moram no primeiro andar!


— Tá, mas... Mas... – Hermione ainda parecia estar fazendo força para encontrar outro argumento. – Olha, ainda assim Harry não devia ter vindo a Hogsmeade. Ele não tem autorização! Se alguém descobrir, ele vai ficar enrascado até as orelhas! E ainda não anoiteceu... E se Sirius Black aparecer hoje? Agora?

— Ia ter muito trabalho para encontrar Harry no meio disso aí – comentou Gabriel indicando com os braços ao redor deles, onde vários bruxos, alunos e adultos passavam em meio a neve que já caía. – Vamos, Mione, é Natal. Harry merece uma folga como o Sammy disse.

— Eu odeio o Dean por ter falado esse apelido ridículo – resmungou Sam irritado.

— Qual o problema com “Sammy”? – perguntou Harry sorrindo.

— É idiota. – continuou resmungando o Winchester.

Harry riu baixo e se voltou para Hermione que mordia o lábio, parecendo extremamente preocupada.

— Você vai me denunciar? – perguntou Harry à amiga, sorrindo.

— Não seja ridículo – resmungou Mione revirando os olhos. – Claro que não... Mas sinceramente, Harry...

— Bom, então vamos continuar – disse Rony cortando a garota.

Para Harry, Hogsmeade parecia um cartão de Natal; as casas e lojas de telhado de colmo estavam cobertas por uma camada de neve fresca; havia coroas de azevinho nas portas e fieiras de luzes encantadas penduradas nas árvores. Harry estremeceu; ao contrário dos amigos, ele não estava usando casaco. Os cinco saíram caminhando pela rua, a cabeça abaixada contra o vento que havia se iniciado.

— Ali é o Correio... A Zonko"s fica mais adiante. Podíamos ir até a Casa dos Gritos...

— Vamos fazer o seguinte – sugeriu Gabriel com os dentes batendo. –, vamos tomar uma cerveja amanteigada no Três Vassouras?

O Potter estava mais do que a fim; havia um vento cortante e suas mãos estavam congelando. Então, eles atravessaram a rua e minutos depois entravam na minúscula estalagem. A sala estava cheíssima, barulhenta, quente e enfumaçada. Uma mulher tipo violão, com um rosto bonito, estava servindo um grupo de bruxos desordeiros no bar.

— Aquela é a Madame Rosmerta – informou Rony. –Vou pegar as bebidas, está bem? – acrescentou, corando ligeiramente.

Gabriel e Hermione riram baixo e falaram para Harry:

— O Rony se amarra nela.

Harry riu também. Gabriel foi atrás do Weasley para ajudá-lo, enquanto Harry junto com Sam e Mione foram até o fundo do salão, onde havia uma mesinha desocupada entre uma janela e uma bela árvore de Natal próxima à lareira. Gabriel e Rony voltaram em cinco minutos, trazendo as canecas espumantes de cerveja amanteigada.

— Feliz Natal! – desejou Gabriel com um largo sorriso alegremente, erguendo a caneca.

Harry bebeu com gosto. Era a coisa mais deliciosa que já provara e parecia aquecer cada pedacinho dele, de dentro para fora. Uma brisa repentina despenteou seus cabelos. A porta do Três Vassouras tornou a se abrir. Harry olhou por cima da borda da caneca e se engasgou.

Os professores McGonagall e Flitwick tinham acabado de entrar no bar em meio a uma rajada de flocos de neve, seguidos de perto por Hagrid, que vinha absorto em uma conversa com um homem corpulento de chapéu-coco verdelimão e uma capa de risca de giz – Cornélio Fudge, Ministro da Magia.

Numa fração de segundo, Samuel e Hermione, ao mesmo tempo, tinham posto as mãos na cabeça de Harry e feito o amigo escorregar do banquinho para baixo da mesa. Pingando cerveja amanteigada e se encolhendo para sumir de vista, Harry, agarrado à caneca, espiou os pés dos professores e de Fudge caminharem até o bar, pararem e, em seguida, darem meia-volta e se dirigirem para onde ele estava. Em algum lugar acima de sua cabeça, Hermione sussurrou:

Mobiliarbus!

A árvore de Natal ao lado da mesa se ergueu alguns centímetros do chão, flutuou de lado e desceu com um baque suave bem diante da mesa dos garotos, escondendo-os dos professores. Espiando por entre os ramos mais baixos e densos, Harry viu quatro conjuntos de pés de cadeira se afastarem da mesa bem ao lado, depois ouviu os resmungos e suspiros dos professores e do ministro ao se sentarem. Em seguida, ele viu mais um par de pés, usando saltos altos, turquesa, cintilantes, e ouviu uma voz de mulher.

— Uma água de Gilly pequena...

— É minha. – disse a voz da Profª Minerva.

— A jarra de quentão...

— Obrigado – disse Hagrid.

— Soda com xarope de cereja, gelo e guarda-sol...

— Hummm! – exclamou o Prof. Flitwick estalando os lábios.

— Para o senhor é o rum de groselha, ministro.

— Obrigado, Rosmerta, querida – agradeceu a voz de Fudge. – É um prazer revê-la, devo dizer. Não quer nos acompanhar? Venha se sentar conosco...

— Bem, muito obrigada, ministro.

Harry acompanhou os saltos cintilantes se afastarem e retornarem. Seu coração batia incomodamente na garganta. Por que não lhe ocorrera que este era o último fim de semana do trimestre também para os professores? E quanto tempo eles ficariam sentados ali? Ele precisava de tempo para voltar discretamente à Dedosdemel, se quisesse estar na escola ainda aquela noite... A perna de Hermione deu uma tremida nervosa perto dele.

Bem, era a só a sua sorte, como ele já estava se acostumando.

 

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Sophie e Olívio haviam acabado de sair do Dedosdemel com uma sacola cheia dos mais variados doces para a irmã do rapaz quando eles avistaram, saindo da pequena biblioteca em frente, Castiel e Dean com duas sacolas de presente.

— Mas olhem só o que o vento nos trás – gritou Castiel do outro lado. – Minha esposa.

Sophie riu junto com Olívio e junto eles foram se aproximar do outro casal.

— Bem, bem, marido – disse Sophie sorrindo. – Me traindo tão perto do Natal.

— Por favor, você não pode me julgar – retrucou Castiel apontando para Olívio. – Está fazendo o mesmo, sua sirigaita.

— Nesse b.o, eu não me meto – brincou Olívio. – E você, Dean?

— Fico fora também, foi me prometido um dia de beijos, não um dia de jogar na cara de todos que sou apenas um amante – disse Dean.

— Sirigaita é a mãe, seu idiota – disse Sophie batendo de leve no peito do garoto de olhos azuis.

— Nah, ela é pior – Castiel deu de ombros piscando para os amigos e o namorado. – Mas bem, como fazemos com esse chifre que acabamos de descobrir que temos?

— Não é chifre se for um relacionamento aberto – cantarolou Olívio como alguém que não quer nada.

— Oooh eu gosto do jeito que o capitão pensa – comentou Castiel balançando as sobrancelhas.

— Relacionamento aberto é o que temos então – concordou Sophie rindo, e então abraçando Castiel de lado. – Como está sendo o encontro de vocês?

— Tranquilo – respondeu Dean calmo. – Não estamos planejando ficar muito também, viemos mesmo para fazer as últimas compras de Natal – nisso levantou a sacola que segurava. – Então voltar para uma das nossas salas comunal e, você sabe, quentes e confortáveis.

— Não seja tão explícito, querido – disse Castiel, passando a mão no braço de Sophie, cima para baixo repetidas vezes para mantê-la quente. – Crianças por perto. E vocês? Primeiro encontro, eh? Como está indo?

Olívio olhou para Sophie, querendo saber a opinião dela.

— Incrível – respondeu ela com um suspiro, olhando para o rapaz mais velho que estufou o peito. – Oi! Nada de se exibir. Mas realmente está sendo ótimo.

— Bom – disse Dean. – Porque se estivesse sendo ruim, Olívio eu lhe digo que eu não responderia pela surra que meu namorado lhe daria.

— Acho tão romântico quando ele fala essas coisas – cantarolou Castiel com um suspiro. – Mas bem, e Charles e Erik? Viram eles? Alguma notícia?

— Nada – respondeu Sophie. – E demos uma boa volta depois de sairmos do Blaidd Ddrwg, né, Olive? – o capitão concordou. – Mas nada deles.

— Eles estão sendo mais espertos que a gente, aproveitando um ao outro ao invés de ficar fofocando com os amigos – comentou Dean fazendo os outros rirem. – É verdade, graças a encontrar vocês, agora sei que não passo de um amante.

— E eu pensando que teria alguma chance real aqui – comentou Olívio também.

— Vida de amante é triste.

— Calem a boca vocês dois – disse Castiel rindo para eles. – Querida – olhou para Sophie que ainda estava em seus braços. – Irei continuar com o meu encontro mas prometo que a noite serei todo seu.

— É bom você ser mesmo – piscou Sophie para ele. – Logo vamos voltar para Hogwarts também, mais tarde tenho que me encontrar com Dumbledore. Ele me quer ao lado dele numa reunião com o Ministro.

— Boa sorte – comentou Dean. – Vi ele e alguns professores passando para o Três Vassouras.

— Obrigada pelo aviso, iremos evitar ir lá então – disse Sophie. – Vejo vocês mais tarde?

— Com certeza – concordaram os dois.

Castiel deu um selinho nela e abraçou. Após a conversa que eles tiveram dias atrás, a aproximação dele com ela e vice-versa se tornou bem mais forte que antes.

— Esquentarei a cama para você – flertou ele.

— Tá bom, chega vocês dois – reclamou Dean puxando Castiel e se aproximando de Sophie, dando outro selinho na amiga. – Pra igualar.

— Um dia – começou Sophie. – Alguém vai falar que praticamos alguma espécie de antro onde somos todos namorados. Marquem minhas palavras.

 

•°•°•°°•TDWTS•°°•°•°•


— Então, o que é que o traz a esse fim de mundo, ministro? – perguntou a voz de Madame Rosmerta.

Harry viu a parte de baixo do corpo de Fudge se virar na cadeira, como se verificasse se havia alguém escutando. Depois respondeu em voz baixa:

— Quem mais se não Sirius Black? Imagino que você deve ter sabido o que houve em Hogwarts no Dia das Bruxas?

— Para falar a verdade, ouvi um boato. – admitiu Madame Rosmerta.

— Você contou ao bar inteiro, Hagrid? – perguntou a Prof. Minerva, exasperada.

— Não brigue com ele, querida – disse Madame Rosmerta. – Quem mais ouvi mesmo foram os alunos que vem e vão. Sabe como eles são fofoqueiros.

— Infelizmente.

— O senhor acha que Black continua por aqui, ministro? – perguntou Madame Rosmerta.

— Tenho certeza! – respondeu Fudge laconicamente.

— O senhor sabe que os dementadores já revistaram o meu bar duas vezes? – falou Madame Rosmerta, com uma ligeira irritação na voz. – Espantaram todos os meus fregueses... Isto é muito ruim para o comércio, ministro.

— Rosmerta, querida, gosto tanto deles quanto você – disse Fudge, constrangido. – É uma precaução necessária... Infelizmente, mas veja só... Acabei de encontrar alguns. Estão furiosos com Dumbledore porque ele não os deixa entrar nos terrenos da escola. Claro que não posso culpá-lo, afinal, esses mesmo dementadores quase mataram Harry Potter e Sophie Potter.

— Duas vezes – disse McGonagall numa voz irritada. – E como eu poderia ensinar alguma coisa com aquelas criaturas o tempo todo por ai?

— Aprovada! Apoiada! – disseram Flitwick e Hagrid.

— Mesmo assim – disse Fudge em tom de dúvida –, eles estão aqui para proteger vocês todos de coisa muito pior... Nós todos sabemos o que Black é capaz de fazer...

— Sabem, eu ainda acho difícil acreditar – disse Madame Rosmerta pensativamente. – De todas as pessoas que passaram para o lado das trevas, Sirius Black é o último em que eu pensaria... Quero dizer, eu me lembro dele quando era garoto em Hogwarts. Se alguém tivesse me dito, então, no que ele iria se transformar, eu teria respondido que a pessoa tinha bebido quentão demais.

— Você não conhece nem metade do que ele fez Rosmerta – disse Fudge com impaciência. – A maioria nem sabe o pior.

— Pior? – exclamou Madame Rosmerta, a voz animada de curiosidade. – O senhor quer dizer pior do que matar todos aqueles coitados?

— Isso mesmo.

— Não posso acreditar. Que poderia ser pior?

— Você diz que se lembra dele em Hogwarts, Rosmerta – murmurou a Profª Minerva. – Você se lembra quem era os dois melhores amigos dele?

— Claro – disse Madame Rosmerta, com uma risadinha. – Nunca se via um sem os outros, não é mesmo? O número de vezes que os todos estiveram aqui, ah, me faziam rir o tempo todo. Um grupo incrível! Peter Pettigrew, Sirius Black, Brian Francis, Richard Lehnsherr, Remus Lupin e James Potter!

Harry deixou cair a caneca com estrépito. Rony e Gabriel deu-lhe pontapés.

— Exatamente – concordou a Profª Minerva. – líderes de uma turminha que me deu muita dor de cabeça. Se não fosse por Lehnsherr e Lupin que os mantinha em controle na maior parte do tempo, eu estaria mais velha do que já estou hoje. Todos muito inteligentes, é claro, na verdade excepcionalmente inteligentes, mas, principalmente acho que nunca tivemos uma dupla de criadores de confusões igual a James e Sirius...

— Se tornaram irmãos de alma, certo? – perguntou Madame Rosmerta.

— Sim – concordou Profª Minerva. – Black e Potter, Francis e Lehnsherr e Lupin e Evans. Os últimos irmãos de alma que conheci... Bem, antes era. Agora os últimos são Sophie e Erik Lehnsherr.

— Oh! – exclamou Madame Rosmerta. – Essa eu não sabia. Que maravilhoso.

— Todos eles eram inseparáveis – O Prof. Flitwick entrou na conversa. – Inseparáveis! Tão juntos quanto o grupo que Sophie criou neste tempo dela em Hogwarts. Vejo muito nos de hoje com ela com os do passado se querem saber. Ainda sim, o que se construiu ali naquele grupo do James Potter, era algo muito mais que amizade.

— Claro que eram. – concordou Fudge. – Potter confiava em todos eles de olhos fechados. Nunca duvidou de nenhum deles. E claro, principalmente em Black por ser seu irmão de alma. E depois de Hogwarts, James se casou com Lily. E então, eles escolheram Black para padrinho de Sophie e Harry. Lupin acabou sendo apenas de Sophie, por conta de uma pequena complicação que teve naquela época, não havia dado tempo para colocarem Lupin como padrinho de Harry, então é apenas Black. O garoto nem tem idéia disso, é claro. Vocês podem imaginar como isto o atormentaria.

— Por que Black acabou se aliando a Você-Sabe-Quem? – cochichou Madame Rosmerta.

— Foi muito pior do que isso, minha querida... – Fudge baixou a voz e continuou numa espécie de sussurro grave. – Muita gente desconhece que os Potter sabiam que Você-Sabe-Quem queria pegá-los. Dumbledore, que naturalmente trabalhava sem descanso contra Você-Sabe-Quem, tinha um bom número de espiões úteis. Um deles avisou-o e ele, na mesma hora, alertou James e Lily, Dumbledore aconselhou os dois a se esconderem. Bem, é claro que não era fácil alguém se esconder de Você-Sabe-Quem. Dumbledore sugeriu aos dois que teriam maiores chances de escapar se apelassem para o Feitiço Fidelius.

— Como é que é isso? – perguntou Madame Rosmerta, ofegando de interesse, O Profº. Flitwick pigarreou.

— Um feitiço extremamente complexo – explicou com a sua vozinha fina –, que implica esconder o segredo, por meio da magia, em uma única pessoa viva. A informação é guardada no íntimo da pessoa escolhida, ou fiel do segredo, e torna-se impossível encontrá-la, a não ser, é claro, que o fiel do segredo resolva contar a alguém. Enquanto ele se mantiver calado, Você-Sabe-Quem poderia revistar o povoado em que Lily e James viviam durante anos sem jamais encontrá-los, mesmo que ficasse com o nariz grudado na janela da sala deles!

— Então Black era o fiel do segredo dos Potter? – sussurrou Madame Rosmerta.

— Naturalmente – respondeu a Profª. Minerva. – James Potter contou a Dumbledore que Black preferiria morrer a contar onde eles estavam, que Black estava pensando em se esconder também... e eles também não podiam contar para Remus pois o mesmo já estava tomando conta de Sophie. Então queriam manter ela na mesma segurança total que podiam. Naquele tempo Brian e Richard já haviam morrido. E Dumbledore estava passando por uma caminhada dura cuidando de David Lungbarrow, mas ainda sim ele ficou próximo dos Potter. E continuou preocupado. Eu me lembro que ele próprio se ofereceu para ser o fiel do segredo dos Potter.

— Ele suspeitava de Black? – exclamou Madame Rosmerta.

— Foi bem depois das mortes de Brian e Richard que ele começou a ter certeza de que alguém intimo dos Potter tinha mantido Você- Sabe-Quem informado dos movimentos do casal – respondeu a Profª Minerva sombriamente. – De fato, ele vinha suspeitando havia algum tempo de que alguém do nosso lado virara traidor e estava passando muita informação para Você-Sabe-Quem.

— Mas James Potter insistiu em usar Black?

— Insistiu – disse Fudge com a voz carregada. – E então, pouco mais de uma semana depois de terem realizado o Feitiço Fidelius...

— Black traiu os Potter? – murmurou Madame Rosmerta.

— Traiu. Black estava cansado do papel de agente duplo, estava pronto a declarar abertamente o seu apoio a Você-Sabe-Quem, e parece que planejou fazer isso assim que os Potter morressem. Mas, como todos sabem, Você-Sabe-Quem encontrou sua perdição no pequeno Harry Potter. Despojado de poderes, extremamente enfraquecido, ele fugiu. E isto deixou Black numa posição realmente muito difícil. Seu mestre caíra no exato momento em que ele, Black, mostrara quem de fato era, um traidor. Não teve outra escolha senão fugir...

— Vira-casaca imundo e podre! – exclamou Hagrid tão alto que metade do bar se calou.

— Psiu! – fez a Profª Minerva.

— Eu o encontrei! – rosnou Hagrid. – Devo ter sido a última pessoa que viu Black antes dele matar toda aquela gente! Fui eu que salvei Harry da casa de Lily e James depois que o casal morreu! Tirei o garoto das ruínas, coitadinho, com um grande corte na testa, e os pais mortos... E Sirius Black aparece naquela moto voadora que ele costumava usar. Nunca me ocorreu o que ele estava fazendo ali. Eu não sabia que ele era o fiel do segredo de Lily e James. Pensei que tivesse acabado de saber da notícia do ataque de Você-Sabe-Quem e vindo ver o que era possível fazer. Estava tremendo, branco. E vocês sabem o que eu fiz? EU CONSOLEI O TRAIDOR ASSASSINO! – bradou Hagrid.

— Hagrid, por favor! – pediu a Profª Minerva. – Fale baixo!

— Como é que eu ia saber que ele não estava abalado com a morte de James e Lily? Que estava preocupado era com Você-Sabe-Quem! Então ele disse: – “Me de o Harry, Hagrid. Sou o padrinho dele, vou cuidar dele junto com Remus. É lá que ele tem que ser cuidado. Somos a única família dele”... Ah! Mas eu tinha recebido ordens de Dumbledore, e disse não, Dumbledore tinha me mandado levar Harry para a casa dos tios. Black discordou, mas no fim cedeu. Me disse, então, que eu podia pegar a moto dele para levar Harry. “Não vou precisar mais dela”, falou. Eu devia ter percebido, naquela hora, que alguma coisa não estava cheirando bem. Black adorava a moto. Por que estava dando ela para mim? Por que não ia precisar mais da moto? A questão é que a moto era muito fácil de localizar. Dumbledore sabia que ele tinha sido o fiel do segredo dos Potter. Black sabia que ia ter que se mandar àquela noite, sabia que era uma questão de horas até o Ministério sair à procura dele. Mas e se eu tivesse entregado Harry a Black, hein? Aposto como ele teria jogado o garoto no mar no meio do caminho. O filho dos melhores amigos dele! Mas quando um bruxo se alia ao lado das trevas, não tem mais nada nem ninguém que tenha importância para ele...
“Ah se Voldemort tivesse conseguido! Se Harry não tivesse o derrotado! Sophie seria a próxima da lista! Minha doce Sophie! Imaginem que tragédia?! Sem Harry e Sophie em Hogwarts?! No mundo?! Aaah!”

Ele abaixou a cabeça e começou a chorar baixinho. Flitwick acariciou a mão enorme do gigante enquanto falava baixinho para ele se acalmar.

À história de Hagrid seguiu-se um longo silêncio. Então, Madame Rosmerta falou com uma certa satisfação.

— Mas ele não conseguiu desaparecer, não foi? O Ministério da Magia o agarrou no dia seguinte!

— Ah, se ao menos isso fosse verdade – lamentou Fudge com amargura. – Não fomos nós que o encontramos. Foi o pequeno Peter Pettigrew, outro amigo dos Potter. Com certeza, enlouquecido de pesar e sabendo que Black fora o fiel do segredo dos Potter, Peter foi pessoalmente atrás dele.
     
— Pobre Peter – disse a Profª Minerva. – Ele já não era mais o mesmo muito antes disso. Depois de perder Hannah Sanders, foi como arrancar uma parte dele. Ela não era sua irmã de alma, obviamente, mas parte de sua vida. Morta, ela e toda a família pelas mãos dos Melder.
“Peter sempre foi o mais tímido de todos, mas ainda sim tão cheio de vida e esperança naquela luta toda que era aquela guerra antes da morte do amor da sua vida. Ele não estava bem à altura daquela grupo em termos de talento. Muitas vezes fui severa demais com ele. Podem imaginar agora como me... Como me arrependo disso...” – sua voz parecia a de alguém que apanhara de repente um resfriado.

— Vamos, Minerva – consolou-a Fudge, com bondade. – Pettigrew teve uma morte de herói. Testemunhas oculares, trouxas, é claro, depois limpamos a memória deles, nos contaram como Pettigrew encurralou Black. Dizem que ele soluçava: “Como isso foi acontecer, Sirius? Tudo o que fomos? O que éramos? Como tudo morreu assim? Isso sempre vai me matar” e também dizem que Sirius respondeu: “Ainda existia esperança! Ainda existia chances de vencermos! Eu confiei em você! Confiamos em você!” provavelmente fingindo-se de bom moço e culpando Peter. Há! Então Pettigrew fez menção de apanhar a varinha. Bem, naturalmente, Black foi mais rápido. Fez Pettigrew em pedacinhos...

A Profª Minerva assoou o nariz e disse com a voz embargada:

— Menino burro... Menino tolo... Nunca teve jeito para duelar... Deveria ter deixado isso para o ministério...

— E vou dizer uma coisa, se eu tivesse chegado ao Black antes de Pettigrew, não teria apelado para varinhas, eu teria despedaçado ele aos bocadinhos. – rosnou Hagrid.

— Você não sabe o que está dizendo, Hagrid. – disse Fudge com severidade. – Ninguém, a não ser bruxos de elite do Esquadrão de Execução das Leis da Magia, teria tido uma chance contra Black depois que ele foi encurralado. Na época, eu era ministro júnior no Departamento de Catástrofes Mágicas, e fui um dos primeiros a chegar à cena depois que Black liquidou aquelas pessoas, nunca vou me esquecer. Ainda sonho com o que vi, às vezes. Uma cratera no meio da rua, tão funda que rachou a tubulação de esgoto embaixo. Cadáveres por toda a parte. Trouxas berrando. E Black parado ali, dando gargalhadas, diante do que restava de Pettigrew... Um monte de vestes ensangüentadas e uns poucos, uns poucos fragmentos...

A voz de Fudge parou abruptamente. Ouviu-se o barulho de cinco narizes sendo assoados.

— Alguns disseram que havia mais alguém naquela rua antes de Black matar Pettigrew e todos os outros... Alguém magro, e com uma aparência cheia de arrogância e muito elegante – continuou Fugde. – Alguns disseram que foi esse bruxo que matou todas aquelas pessoas enquanto Sirius matava Peter. Porem grande maioria diz o contrário, que foi Black tudo. O que me leva à acreditar que os que dizem o contrário estavam confusos demais para entender o que viram. “Bem, aí tem você, Rosmerta.” disse Fudge com a voz carregada. “Black foi levado por vinte policiais do Esquadrão de Execução das Leis da Magia e Pettigrew recebeu a Ordem de Merlim, Primeira Classe, o que acho que foi algum consolo para a coitada da mãe dele. Black tem estado preso em Azkaban desde então.”

Madame Rosmerta deu um longo suspiro.

— É verdade que ele é doido, ministro?

— Eu gostaria de poder dizer que é – disse Fudge lentamente. – Acredito que é certo que a derrota do mestre o desequilibrou por algum tempo. O assassinato de Pettigrew e de todos aqueles trouxas foi trabalho de um homem desesperado e acuado, cruel... Sem sentido. Mas eu encontrei Black na última inspeção que fiz à Azkaban. Vocês sabem que a maioria dos prisioneiros lá ficam sentados no escuro resmungando; não dizem coisa com coisa... Mas fiquei chocado com a aparência normal de Black. Conversou comigo muito racionalmente. Me deixou nervoso. Deu a impressão de estar meramente entediado, estranhamente ele perguntou o dia e o ano em que estávamos, e depois se eu já tinha acabado de ler o meu jornal, com toda a tranqüilidade, disse que queria dar uma olhada nas notícias. Fiquei realmente espantado de ver o pouco efeito que os dementadores estavam causando nele, e, vejam, ele era um dos prisioneiros mais fortemente guardados do lugar. Dementadores à porta da cela dia e noite.

— Mas para que o senhor acha que ele fugiu? – perguntou Madame Rosmerta. – Por Deus, ministro, ele não está tentando se juntar a Você-Sabe-Quem, está?

— Não seja boba, minha querida. Você-sabe-quem está morto. Não vai mais voltar. – disse Fudge com a voz carregada de certeza. – Não, Black não fugiu para algo do tipo. Mortos ficam mortos e ponto. Não, a minha teoria é outra e por isso tanta guarda em Hogwarts. Eu acredito que ele está atrás de Harry, para se vingar, sabem.
“Hunf... E em pensar que Sophie conviveu mais tempo com ele. Ela sabe a história toda sobre o que Sirius fez. Pobre garota! Tão parecida com a mãe e com o pai...”

— Sophie é forte, Ministro. Se tem uma coisa que eu me orgulho é de como ela está se tornando alguém, uma bruxa forte e maravilhosa! – disse Minerva que parecia estar sorrindo. – Assim como Harry. Apesar de tudo, eu vejo o talentoso aquele garoto é.

— Mas e Remus? Como ele ficou no meio disso tudo? – perguntou Madame Rosmerta.

— Forte como sempre foi – respondeu Minerva novamente. – Cuidando de Sophie como mãe e pai e agora tomando conta de Harry.

— Um homem honroso! É o que eu digo que ele é! – disse Cornélio.

Ouviu-se um leve tilintar de copo em madeira. Alguém pousara o copo.

— Sabe, Cornélio, se você vai jantar com o diretor, é melhor voltarmos para o castelo. – sugeriu a Profª Minerva. – Se não me engano, Dumbledore chamou Sophie para esse jantar.

— Eu acredito que Dumbledore quer que Sophie seja como ele. – comentou Hagrid sorrindo.

— Do tanto de vezes que Dumbledore chama ela, provavelmente ela seguirá os passos do diretor – disse Fudge com um certo ar de orgulho. – Um último brinde! À Sophie Potter, futura diretora de Hogwarts!

Ouviu-se barulhos de canecas e copos batendo entre si e então um por um, os pares de pés à frente de Harry retomaram o peso dos seus donos; barras de capas rodopiaram no ar e os saltos cintilantes de Madame Rosmerta desapareceram atrás do balcão do bar. A porta do Três Vassouras tornou a se abrir, deixando entrar mais uma rajada de flocos de neve e os professores desapareceram.

— Harry? – Os rostos de seus amigos surgiram embaixo da mesa. Os quatro o encararam, sem encontrar palavras para falar.

Harry apenas olhava para os dois amigos sem saber o que sentir. Naquele momento ele só queria estar com Remus.

 

•°•°•°°•TDWTS•°°•°•°•


Sirius estava em pé em frente a uma janela que dava uma visão de boa parte de Hogsmeade, já estava anoitecendo e a lua minguante já se fazia presente no céu, iluminando enquanto a neve caía, cobrindo todos os quantos de branco. A Casa dos Gritos estava silenciosa, e tal silêncio fazia ele divagar em meio as lembranças. Lembranças dos tempos em que os Marotos se divertiam em Hogsmeade ou naquela mesma casa em que ele se encontrava. Foram momentos felizes, momentos que ele guarda com toda a força no coração.

Sirius queria que aqueles momentos tivessem durado para sempre, queria poder ter a chance de viver aqueles momentos novamente. Mas ele não podia, os tempos mudaram e com isso, sentimentos ruins. Desde do momento em que eles haviam saído de Hogwarts, desde do momento em que lutaram na primeira Guerra.

— Ainda tínhamos chance de vencer, seu garoto estúpido – sussurrou ele triste olhando para o céu. – Droga, Peter.

 

•°•°•°°•TDWTS•°°•°•°•


Remus suspirou e parou de encarar a lua crescente, olhou para o lado e viu Aslan o encarando. Sorrindo ele acariciou a juba do leão.

— Estou começando a ficar com tédio – disse ele para o leão. – O que acha de irmos para o salão principal? Os alunos já devem estar lá.

Quando se virou para a saída da sala, a porta foi aberta devagar e Harry apareceu. O rosto parecia pensativo e até mesmo triste. Os olhos verdes do garoto se encontraram com os dele, parecia estar querendo lhe dizer algo mas ao mesmo tempo parecia estar em conflito consigo mesmo.

— Harry? Não esperava vê-lo aqui – disse Remus se aproximando do garoto. – Tá tudo bem? Os outros já chegaram?

— Já... estão... no salão principal, conversando sobre Hogsmeade. Menos Sophie. Ela está com Dumbledore. – respondeu Harry ainda parecendo pensativo. – Eu... Bem, eu queria falar com você.. se não estiver ocupado?

— Nunca estou ocupado para você – disse Remus sorrindo gentil para o afilhado. – Vem, vamos nos sentar. Quer chá ou água?

— Água, por favor. – respondeu Harry entrando e fechando a porta em seguida.

Assim que os dois estavam sentados, Harry com um copo de água em mãos e Remus com uma xícara de chá. De frente, um para o outro, Harry suspirou e olhando nos olhos do lupino, falou:

— Eu tenho uma pergunta. – disse ele devagar. – É sobre Sirius Black.

Por essa ele não esperava. Harry nunca havia comentado muito sobre Sirius com ele, na verdade, Remus sempre fazia questão de nunca comentar muito sobre Sirius. Era mais fácil para ele do que... Bem, mentir.

— Hum, e o que seria? – perguntou erguendo uma sobrancelha.

— Eu tenho me perguntado.. o porquê de todos estarem tão preocupados comigo por conta de Black – dizia Harry olhando atentamente para Remus. – Quer dizer, matou doze trouxas e seguia Voldemort mas ele não é único. Você mesmo me dizia que vários seguidores de Voldemort ainda estão soltos, e ninguém parece se preocupar com eles. Então... por que essa preocupação toda com Black? Quer dizer... não foi ele que matou meus pais, certo?

Remus realmente não sabia onde Harry queria chegar mas por algum motivo, sentia-se testado. Como se, existisse uma resposta certa para a pergunta.

— Talvez todos estejam assim por ele ter fugido de Azkaban. Ninguém nunca fugiu de Azkaban antes. – respondeu Remus sério e largando a xícara na mesa. – Na verdade, eu não estou preocupado sobre Black. Enquanto você estiver aqui, está seguro.

— Também não estou preocupado. – respondeu Harry. – Você o conheceu? Eu ouvi dizer que ele estudou em Hogwarts na mesma época em que meu pai... isso significa que junto com você também.

Remus agora havia percebido onde Harry queria chegar. O garoto havia descoberto, de alguma maneira, sobre a suposta traição de Sirius. E agora ele se via numa situação complicada. Ele poderia usar esse momento para dizer a verdade para Harry, contar que Sirius era, na verdade, inocente, ou deixar que Harry acreditasse na mentira. Agora, por que era tão difícil dizer a verdade para Harry? Pelo simples motivo que ele mesmo não sabia o plano de Sirius, sendo assim, ele não poderia garantir que Harry tentasse fazer algo impulsivo para ajudar o Black e no final acabasse por estragar tudo. Se ao menos ele soubesse o que Sirius tinha em mente, então ele poderia dizer a Harry e juntos de Sophie, os três arrumarem uma maneira de mostrar a inocência de Sirius mas, bem, ele estava tão no escuro quanto Harry.

— Eu achava que o conhecia – resolveu apenas por responder isso. Curto e simples. – Não passe o seu tempo pensando em Sirius Black, Harry. Natal está chegando, não vale apena pensar em Black.

Harry suspirou e concordou. Olhou para o lado e por fim disse:

— Ele os-traiu. – Remus fechou os olhos tristemente para essa frase. – Traiu você e Sophie. E todos amigos que você amava. Por culpa dele... – Harry olhou para os joelhos, os punhos fechados e os olhos lacrimejados. – Ele era amigo deles... ele era seu amigo... e ele traiu... – Suas bochechas estavam vermelhas e e seus olhos cheios de raiva, pequenas lágrimas sendo derramas no rosto. – Espero que ele me encontre, Remus. Porque nessa hora, eu vou estar pronto. Porque quando ele me encontrar... eu vou matá-lo. – disse olhando firme para o rosto de Remus.

Remus encarou Harry com o coração doendo de tristeza. Essa era a última coisa que ele queria; Harry não merecia sentir tanto ódio, assim como Sirius não merecia sofrer por tanto ódio. Remus sem perceber, começou a chorar e Harry rapidamente foi ao encontro do padrinho, o abraçando forte e chorando junto com ele.

Harry sentindo raiva, tristeza, e medo. Remus sentindo-se perdido, confuso, triste e com saudades dos amigos. E enquanto eles se abraçavam, perceberam era ali que ambos precisavam estar, nos braços um do outro. Harry prometendo silenciosamente que vingaria os pais e Remus pelo que Sirius fez. E Remus prometendo proteger e cuidar para que Harry não tomasse nenhuma decisão errada. Ele teria que ficar de olho naquele Potter mais ainda agora.


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